O SANTO ROSÁRIO
O SANTO ROSÁRIO
Pintura: Escuela Sevillana - Séc. XVI - Nuestra Señora del Rosario.
OBS.: antes de tudo, deixo registrado meu máximo respeito e reverência pela atividade sacerdotal e hierarquia do Clero, bem como pelos estados de vida consagrados a Deus, por meio das Ordens Religiosas. Em especial, o Sacerdócio é, independentemente do caráter de quem faz uso de suas incumbências, uma missão sagrada, ungida por Deus e, portanto, digna de toda admiração e reverência. Por isso, qualquer indivíduo, mormente um leigo, ao dirigir-se a um homem nessa posição, deve ter a mais alta prudência possível nos pensamentos, atos e palavras: 1) Porquanto não lidará com um comum, mas ungido e escolhido do Altíssimo e, por ser Padre, dotado da graça e responsabilidade de ministrar Sacramentos e perdoar pecados em nome do Criador; 2) Porque tem ele as mãos consagradas — as únicas com permissão ordinária para tocar a Sacratíssima Eucaristia, que é Nosso Senhor Jesus Cristo, Deus Vivo com o Pai e o Espírito Santo. Portanto, se em alguma conjuntura, um Ministro do Todo Poderoso comete um erro de proporção tal que põe em risco a salvação de uma e/ou mais almas — e/ou mesmo a dele —, é dever do fiel católico rezar por esse Padre ou Bispo, antes de tudo; e, se possível, exortá-lo (docilmente) no que concerne a redimir-se dos equívocos, a consertar o que for possível e seguir os preceitos da Fé, Tradição e Doutrina da única e genuína Igreja de Deus: que é Una, Santa, Católica e Apostólica. Paralelamente a isso, há situações em que não há meios de exortar direta e/ou pessoalmente tal Clérigo (quiçá por já ter ele falecido ou ser uma pessoa de difícil acesso). Também ocorre de um ensinamento errôneo do catolicismo ser proliferado em larga escala, por meio de um livro, audiovisual, etc., advindo de um Sacerdote. Nesse caso, mesmo que o Padre possa ser contatado, as proporções de seu erro são incomensuráveis e, assim sendo, muito difíceis de serem revertidas, a não ser por milagre. Então, nessa conjuntura, é obrigação do católico fiel (que tem conhecimento do fato) fazer tudo o que for possível para minimizar os danos dessa problemática proliferação massiva (segundo suas condições para tal), com o mais alto respeito, magnanimidade e toda sabedoria de que dispõe seu ser, de modo a alertar seus irmãos na Fé acerca de tais equívocos e incentivá-los a não cometê-los, conquanto, sem deixar de amar em Cristo o autor dos equívocos (porque a Santa Igreja nos ensina a odiar o pecado, mas a amar o pecador), intercedendo por ele e sem cair no erro de condená-lo, porque só Deus é juiz, principalmente de seus ungidos.
OBS.: escreve São Paulo a Tito: “adverte-os que sejam sujeitos aos magistrados e às autoridades, que lhes obedeçam, que estejam prontos para toda a boa obra; que não digam mal de ninguém, nem sejam questionadores, mas modestos, mostrando toda a mansidão para com todos os homens. Também nós, outrora, éramos insensatos, rebeldes, desgarrados, escravos de paixões e prazeres, vivendo na malícia e na inveja, dignos de ódio e odiando os outros. Mas, quando se manifestou a bondade de Deus, Nosso Salvador, e o Seu amor pelos Homens, não pelas obras de justiça que tivéssemos feito, mas por Sua misericórdia, salvou-nos, mediante o Batismo de regeneração e de renovação do Espírito Santo, que Ele difundiu sobre nós, abundantemente, por Jesus Cristo, Nosso Salvador, para que a justificação obtida por Sua graça nos torne, em esperança, herdeiros da Vida Eterna. Esta é uma verdade infalível e quero que a afirmes, para que procurem ser os primeiros nas boas obras aqueles que crêem em Deus. Estas coisas são boas e úteis aos Homens. Foge, porém, de questões loucas, de genealogias, de disputas e de contestações sobre a Lei, porque são inúteis e vãs. Foge do herético, depois da primeira e segunda correção, sabendo que um tal homem está pervertido e peca, como quem é condenado pelo seu próprio juízo." (Tt 3,1-11) Isso quer dizer que o fiel católico tem de abster-se de toda e qualquer discussão inútil, supérflua, vã e/ou que ponha em dúvida Verdades da Fé — a menos que seja para defendê-Las.
OBS.: contudo, depreende-se de tais sábias palavras do Santo Apóstolo que é obrigação de todo seguidor de Cristo não envolver-se em querelas estapafúrdias, bem como defendê-Lo e propagá-Lo sempre que possível, com sabedoria e parcimônia, como o fez São Paulo, inclusive perante São Pedro, o primeiro Papa: "catorze anos depois, subi novamente a Jerusalém, com Barnabé, tomando também comigo a Tito. Subi, em consequência de uma revelação; conferi com eles o Evangelho que prego entre os gentios e (conferi) particularmente com aqueles que eram de maior consideração, a fim de não correr ou de não ter corrido inutilmente. Ora, nem mesmo Tito, que estava comigo, sendo grego, foi obrigado a circuncidar-se, e isto por causa dos falsos irmãos, que se intrometeram a espiar a liberdade que temos em Jesus Cristo, para nos reduzirem à escravidão (querendo obrigar-nos à observância dos ritos mosaicos), aos quais, nem um só instante, cedemos, para que permaneça entre vós a verdade do Evangelho. Quanto, porém, àqueles que tinham grande autoridade, (quais tenham sido noutro tempo, não me importa, pois Deus não faz acepção de pessoas) esses, digo, que tinham grande autoridade, nada me impuseram. Antes, pelo contrário, tendo visto que me tinha sido confiado o Evangelho para os não circuncidados, como a Pedro para os circuncidados (porque quem fez de Pedro o Apóstolo dos circuncidados também fez de mim o Apóstolo dos gentios), e tendo reconhecido a graça que me foi dada, Tiago, Cefas e João, que eram considerados as colunas (da Igreja), deram as mãos a mim e a Barnabé, em sinal de comunhão, para que fôssemos aos gentios, e ele aos circuncidados, (recomendando) somente que nos lembrássemos dos pobres (da Judeia); o que eu fui solícito em cumprir. Mas, tendo vindo Cefas a Antioquia, eu lhe resisti na cara, porque merecia repreensão, pois que antes que chegassem alguns de Tiago, ele comia com os gentios, mas, depois que chegaram, retirava-se e separava-se (dos gentios), com receio dos que eram circuncidados. Os outros judeus imitaram-no na sua dissimulação, de sorte que até Barnabé foi induzido por eles àquela simulação. Porém eu, tendo visto que eles não andavam direitamente, segundo a verdade do Evangelho, disse a Cefas, diante de todos: "se tu, sendo judeu, vives como gentio e não como judeu, por que obrigas os gentios a judaizar?" Nós somos judeus, por nascimento, e não pecadores dentre os gentios." (Gl 2,1-15) Aqui São Paulo comprova que, em dadas conjunturas, é pertinente a exortação em privado. Em outras, a correção pública é necessária.
OBS.: corrobora, pois, tal verdade o mesmo Bem-Aventurado: “eu te conjuro, diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de vir julgar os vivos e os mortos, pela Sua aparição e por Seu Reino: proclama a palavra, insiste, no tempo oportuno e no inoportuno, refuta, ameaça, exorta com toda paciência e Doutrina. Pois virá um tempo em que alguns não suportarão a Sã Doutrina; pelo contrário, segundo os seus próprios desejos, como que sentindo comichão nos ouvidos, se rodearão de mestres. Desviarão os seus ouvidos da verdade, orientando-os para as fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em tudo, suporta o sofrimento, faze o trabalho de um evangelista, realiza plenamente o teu ministério. Quanto a mim, já fui oferecido em libação, e chegou o tempo de minha partida. Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a Fé.” (2Tm 4,1-7)
OBS.: todavia, havendo renúncia contumaz, por parte dos interlocutores, em relação às verdades de Fé, que seja feita a vontade de Nosso Senhor: “depois disto, o Senhor escolheu outros setenta e dois, mandou-os, dois a dois, adiante de Si, por todas as cidades e lugares onde Ele estava para ir. Disse-lhes: "grande é, na verdade, a Messe, mas os operários poucos. Rogai, pois, ao Dono da Messe que mande operários para a Sua Messe. Ide. Eis que Eu vos envio como cordeiros entre lobos. Não leveis bolsa, nem alforje, nem calçado, e pelo caminho não saudeis ninguém. Na casa em que entrardes, dizei primeiro: a paz [esteja] nesta casa. Se ali houver algum filho de paz, repousará sobre ele a vossa paz; de contrário, tornará para vós. Permanecei na mesma casa, comendo e bebendo do que tiverem; porque o operário é digno da sua recompensa. Não andeis de casa em casa. Em qualquer cidade em que entrardes, e vos receberem, comei o que vos puserem diante; curai os enfermos que nela houver, e dizei-lhes: está próximo de vós o Reino de Deus. Mas, em qualquer cidade em que entrardes, e vos não receberem, saindo para as praças, dizei: até o pó da vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós; não obstante isto, sabei que o Reino de Deus está próximo." (Lc 10, 1-11)
OBS.: assim, sejamos discípulos, apóstolos, anunciadores, servos desse mesmo Cristo Jesus, de modo santo, sábio, piedoso, modesto e ordenado, como finaliza a questão Santo Tomás de Aquino: “duas coisas se devem distinguir nas discussões sobre a Fé: uma, relativa a quem discute; outra, aos ouvintes. Relativamente àquele, é preciso que se lhe leve em conta a intenção. Se discutir, duvidando da Fé e não lhe tendo como certas as verdades, que procura examinar por meio de argumentos, por certo peca, como dúbio na Fé e infiel. Digno de louvor será, porém, se discutir sobre a Fé para refutar erros, ou mesmo como exercício. Relativamente aos ouvintes, devemos distinguir se os assistentes [espectadores] à discussão são instruídos e firmes na Fé, ou se simples, e a tem vacilante. Pois, certamente, nenhum perigo há em se discutir na presença de sábios e firmes na Fé. Quanto aos simples, porém, é mister distinguir [ponderar a respeito]. Porque, ou são provocados e repelidos pelos infiéis, como os judeus, os heréticos ou os pagãos, que se esforçam por lhes corromper a Fé; ou de nenhum modo são provocados nessas questões, como nas terras onde não existem infiéis. No primeiro caso, é necessário discutir sobre a Fé publicamente, desde que se encontre quem seja idôneo e capaz para tal e possa refutar os erros. Pois assim, os simples na Fé se fortalecerão e os infiéis ficarão privados do poder de enganar; e, ao contrário, o fato mesmo de se calarem os que deviam se opor aos corruptores da verdade da Fé seria confirmação do erro. Por isso, Gregório diz: assim como falar incautamente incrementa o erro, assim o silêncio indiscreto abandona ao erro os que deviam ser ensinados. No segundo caso, porém, é perigoso disputar [debater] sobre a Fé na presença dos simples, cuja crença é mais firme quando nada ouviram diverso daquilo que creem. Por isso não convém [que] ouçam as palavras dos infiéis, que disputam contra a Fé. (...) O Apóstolo não proíbe totalmente a discussão, senão só a desordenada, que se faz, antes, pela contenção das palavras [vaidade e verborragia] do que pela firmeza das expressões. (...) A lei citada proíbe à discussão pública sobre a Fé, procedente de dúvidas relativamente a esta [questionamento de Sua veracidade]; não, porém, a que visa conservá-la. (...) Não se deve discutir sobre os artigos da Fé, como duvidando deles, mas para manifestar-lhes a verdade e refutar os erros. Por isso é necessário, para a confirmação da Fé, disputar, às vezes, com os infiéis — ora defendendo a Fé, conforme aquilo da Escritura: sempre aparelhados para responder a todo o que vos pedir razão daquela esperança que há em vós, ora para convencer os errados, segundo, ainda, a Escritura: para que possa exortar conforme à Sã Doutrina e convencer aos que [A] contradizem.” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, Parte II, Seção II, Questão 10, Artigo 7)
OBS.: “Artigo 1: se a correção fraterna é ato de caridade. - A correção do delinquente é um remédio que devemos aplicar contra o pecado cometido. Ora, o pecado cometido pode ser considerado à dupla luz: como nocivo ao pecador e como contribuindo para o mal de outros, que são lesados ou escandalizados pelo pecado; ou, ainda, enquanto nocivo ao bem comum, cuja justiça perturba. Logo, dupla há de ser a correção do delinquente. Uma, que remedeie [o] pecado enquanto mal do próprio pecador. — E essa é propriamente a correção fraterna, ordenada à emenda do delinquente. Ora, livrar alguém de um mal é ato da mesma natureza que lhe buscar o bem. Mas buscar o bem do próximo é próprio da caridade, que nos leva a querer e a fazer bem ao nosso amigo. Por onde, também a correção fraterna é um ato de caridade, pois nos leva a repelir o mal do nosso irmão, que é o pecado. — (...) Outra correção é a que remedeia ao pecado do delinquente, enquanto causa o mal dos outros, e, sobretudo, enquanto danifica o bem comum. E tal correção é ato de justiça, da qual é próprio conservar a retidão justa entre um e outro indivíduo. (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, Parte II, Seção II, Questão 33, Artigo 1)
OBS.: “Artigo 4: se alguém está obrigado a corrigir o seu Prelado. - A correção, ato de justiça, aplica a coerção da pena. [Isto] não cabe ao súdito, em relação ao Prelado. Mas a correção fraterna, ato de caridade, incumbe a todos, relativamente a qualquer pessoa para com quem se deve ter caridade, se nela se encontrar o que deva ser corrigido. Pois, o ato procedente de um hábito ou potência abrange tudo o que está contido no objeto dessa potência ou hábito, assim como a visão abrange tudo o que está contido no objeto da vista. Mas, havendo o ato virtuoso de adaptar-se às circunstâncias devidas, a correção que os súditos aplicarem aos Prelados deve ser feita de modo congruente, não o corrigindo com protérvia e dureza, mas com mansidão e reverência. [Como diz] o Apóstolo: não repreendas com aspereza ao velho, mas adverte-o como [a um] pai. Por isso Dionísio repreendeu ao monge Demófilo, por ter corrigido um sacerdote irreverentemente, maltratando-o e expulsando-o da igreja. Donde a resposta à primeira questão: toca-se indebitamente no Prelado quando ele é repreendido com irreverência... (...) E isso é significado pelo contato do monte e da arca, proibido por Deus. Resposta à segunda: resistir na cara, em presença de todos, excede o modo da correção fraterna; e por isso Paulo não teria assim repreendido a Pedro se não lhe fosse igual, de certa maneira, na defesa da Fé. Mas advertir oculta e reverentemente também pode fazê-lo quem não é igual. Por isso o Apóstolo escreve que os súditos advirtam o seu Prelado, quando diz: dizei a Arquipo: cumpre o teu ministério. Devemos, porém, saber que, correndo iminente perigo a Fé, os súbitos devem advertir os Prelados, mesmo publicamente. Por isso Paulo, súdito de Pedro, repreendeu-o em público, por causa de perigo iminente de escândalo para a Fé. E assim diz a Glosa de Agostinho: o próprio Pedro deu aos maiores o exemplo de, se porventura se desviarem do caminho reto, não se [dedignarem] ser repreendidos, mesmo pelos inferiores. Resposta à terceira: presumir-se melhor, absolutamente, que o seu Prelado é soberba presunçosa. Mas julgar-se melhor, em algum ponto, não é presunção, porque não há ninguém nesta vida que não tenha algum defeito. Donde devemos concluir que quem admoesta caridosamente o seu Prelado, não se considera por isso maior que ele, mas lhe vai em auxílio a ele, que, quanto mais ocupa um lugar superior, a tanto maior perigo se acha exposto, como diz Agostinho.” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, Parte II, Seção II, Questão 33, Artigo 4)
OBS.: a correção fraterna é de preceito e, por conseguinte, está presente na Fé Católica desde sua origem, com Jesus Cristo. Santo Tomás de Aquino, o mais notável entre os Doutores da Santa Igreja, em sua Suma Teológica, aborda magistralmente o tema (Secunda Secundae, Questão 33, Artigos 1 a 8). Eis alguns trechos: “a correção fraterna constitui objeto de preceito. (...) Como já dissemos, há dupla forma de correção. — Uma é ato de caridade e tende à emenda do nosso irmão delinquente, por simples advertência. E essa correção pertence a todos que têm caridade, quer seja súdito, quer Prelado. — Há, porém, outra correção, que é ato de justiça, e visa o bem comum. E este é realizado, não só pela advertência fraternal, mas também, às vezes pela punição, para o temor levar os outros a abandonarem o pecado. E essa correção pertence somente aos Prelados, que não só têm que advertir, mas, ainda, corrigir punindo. (...) A correção, ato de justiça... coerção da pena, não cabe ao súdito, em relação ao Prelado. Mas a correção fraterna, ato de caridade, incumbe a todos, relativamente a qualquer pessoa para com quem se deve ter caridade, se nela se encontrar o que deva ser corrigido. Pois o ato procedente de um hábito ou potência abrange tudo o que está contido no objeto dessa potência ou hábito, assim como a visão abrange tudo o que está contido no objeto da vista. Mas, havendo o ato virtuoso de adaptar-se às circunstâncias devidas, a correção que os súditos aplicarem aos Prelados devem ser feitas de modo congruente, não o corrigindo com protérvia e dureza, mas com mansidão e reverência. Donde o dizer o Apóstolo: não repreendas com aspereza ao velho, mas adverte-o como o pai. Por isso, Dionísio repreendeu ao monge Demófilo, por ter corrigido um Sacerdote irreverentemente, maltratando-o e expulsando-o da igreja. (...) Resistir na cara, em presença de todos, excede o modo da correção fraterna; e por isso Paulo não teria assim repreendido a Pedro se não lhe fosse igual, de certa maneira, na defesa da Fé. Mas advertir oculta e reverentemente também pode fazê-lo quem não é igual. Por isso o Apóstolo escreve que os súditos advirtam o seu Prelado, quando diz: dizei a Arquipo: cumpre o teu Ministério. Devemos, porém, saber que, correndo iminente perigo a Fé, os súditos devem advertir os Prelados, mesmo publicamente. Por isso Paulo, súdito de Pedro, repreendeu-o em público, por causa de perigo iminente de escândalo para a Fé. E assim diz a Glosa de Agostinho: o próprio Pedro deu aos maiores o exemplo de, se porventura se desviarem do caminho reto, não se dedignem ser repreendidos, mesmo pelos inferiores. (...) Presumir-se melhor, absolutamente, que o seu Prelado, é soberba presunçosa. Mas julgar-se melhor, em algum ponto, não é presunção, porque não há ninguém nesta vida que não tenha algum defeito. Donde devemos concluir que quem admoesta caridosamente o seu Prelado não se considera por isso maior que ele, mas lhe vai em auxílio a ele, que, quanto mais ocupa um lugar superior, a tanto maior perigo se acha exposto, como diz Agostinho. (...) Quando a necessidade nos obrigar a repreender alguém, reflitamos se se trata de um vício tal que nunca tivemos — que somos Homens e poderíamos tê-lo tido; ou que é um vício tal que já tivemos e, de presente, não temos — e, então, não percamos a memória da comum fragilidade, para fazermos a correção, não com ódio, mas com misericórdia. Se, porém, nos encontrarmos no mesmo vício, não repreendamos, mas gemamos juntamente e convidemos o pecador à penitência comum. Ora, daqui se conclui claramente que, se o pecador corrigir com humildade o delinquente, não peca nem se expõe à nova condenação — salvo se, agindo assim, pareça condenável à consciência do irmão ou, pelo menos, à sua, quanto a pecado passado. (...) Sobre a acusação pública dos pecadores é preciso distinguir. Pois, ou os pecados são públicos ou ocultos. — Se públicos, não devemos somente corrigir o pecador, para que se torne melhor, mas também dar satisfação aos outros, que os conheceram, para não se escandalizarem. Por isso, tais pecados devem ser repreendidos publicamente, conforme aquilo do Apóstolo: aos que pecarem, repreende-os diante de todos, para que também os outros tenham medo — o que se entende dos pecados públicos, diz Agostinho. Se, porém, os pecados forem ocultos, então se aplicará o dito do Senhor: — se teu irmão pecar contra ti... pois, quando te ofender publicamente, em presença dos outros, já não pecará só contra ti, mas também contra os outros, que também se ofende. Mas, como os pecados, mesmo ocultos, podem causar ofensa ao próximo, é necessário, ainda, neste ponto, distinguir. — Certos pecados ocultos causam dano ao próximo, corporal ou espiritualmente; por exemplo, se alguém trata ocultamente de entregar a cidade aos inimigos; ou se um herético desviar, privadamente, os outros da Fé. E como quem assim peca ocultamente não só peca contra uma determinada pessoa, mas também contra as outras, é necessário se proceda logo à repreensão pública, para o referido dano ser reparado — salvo se houver razões sérias de pensar que os males em questão possam ser conjurados de pronto, por uma advertência secreta. Há outros pecados, porém, que redundam só no mal do pecador e daquele contra o qual ele peca, ou porque este é somente o prejudicado por ele, seja, embora, só pelo conhecimento. E, então, devemos somente ir em auxílio do irmão pecador. E, assim como o médico do corpo deve restituir a saúde ao doente, se puder, sem amputar nenhum membro, mas, se o não puder, cortando o membro menos necessário, para conservar a vida do todo, assim também quem se esforça por emendar o próximo deve, se puder, emendá-lo na sua consciência, para se lhe conservar a boa reputação.”
OBS.: é mister ressaltar: a Igreja é Una, Santa, Católica e Apostólica. Eis o que diz sua Profissão de Fé (Credo/Símbolo). Por conseguinte, depreende-se que é Ela inequívoca, inerrante, infalível, imaculada, perfeita — precipuamente porque é o Corpo Místico de Cristo (que é Deus e indefectível), sendo Ele a cabeça e os fiéis católicos os membros ["Ele é a cabeça do corpo da Igreja; é o princípio..." (Cl 1,18)]. Logo, se há qualquer situação problemática dentro da Santa Igreja Católica, nada tem a ver com a Instituição de per si; nada disso tem relação com Seus Santos Dogmas e com Sua Santa Tradição, os quais são divinos e, desse modo, genuínos, irrepreensíveis e inspirados pelo Espírito Santo (Paráclito). De fato, qualquer situação negativa que, porventura, venha a ocorrer advém senão de falha por parte dos membros constituintes da Santa Igreja de Deus e não Dela enquanto Fé (Corpo Doutrinal), os quais, esses sim, passíveis de pecado e queda, por sua natureza humana, limitada e ferida com o pecado original — diferentemente da Santa Igreja Católica, que é impecável, de natureza sobrenatural e Corpo Espiritual da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, Nosso Senhor Jesus Cristo, refriso.
OBS.: uma simplória, mas pertinente analogia: a medicina é uma prática extremamente importante. Eis uma ciência que, por definição, tem por primeiro objetivo fornecer todo o possível para maximizar a qualidade da vida humana e minimizar os riscos que a ameaçam. Se, por exemplo, um médico é abortista, está indo de encontro a tal referido princípio basilar, o qual rege sua profissão. Ora! Se, ao invés de salvar vidas, ele as ceifa, isso não faz da medicina algo mau, só porque um de seus membros o é — ou vários; ou mesmo a maioria. Não tem qualquer relação com a razão de ser dessa importante Ciência. Há de se observar os princípios que alicerçam o objeto de reflexão e não as casuísticas inerentes a ele. Da mesma maneira, acontece com a Santa Igreja Católica, única e verdadeira religião de Deus: Sua santidade e indefectibilidade indiscutíveis e sobrenaturais devem ser separadas dos atos humanos e suscetíveis a erros, por parte de alguns de Seus membros. Julgar o todo a partir de uma de suas partes constituintes é grave equívoco. Assim como, por exemplo, se uma santa família de trabalhadores tem um de seus dose membros corrompido por pecados e envolvido com ilicitudes. Isso não faz dela um clã de criminosos. Generalizar o que é isolado e tornar regra o que é exceção é conduta miseravelmente errônea. Diz o sábio adágio: “o abuso não tolhe o uso.”
OBS.: detenho-me nessas considerações introdutórias por dois motivos: 1º) A fim de respaldar as exortações que no presente documento registro, na condição de simples fiel católico, pecador miserável e um dos últimos na hierarquia do Exército de Deus, mas ciente de meus direitos e deveres enquanto servo de Nosso Senhor, concernentes ao meu estado de vida — admoestações essas as quais são ação respaldada pela Santa Tradição Católica bi-milenar, nesse Vale de Lágrimas; 2º) Para que todo aquele que, ao acessar os conteúdos presentes neste comonitório e encontrar relatos de alguma defectibilidade por parte de qualquer membro da Santa Igreja Católica, não caia no absurdo erro de interligar tal negativa conjuntura mencionada às Santas Doutrina e Tradição Católicas e Suas respectivas diretrizes. Real espelho de proceder no catolicismo é, em suma, Nosso Senhor Jesus Cristo, a Santíssima Virgem Maria, Sua Mãe, e Seu Bem-Aventurado esposo, São José. Quem os imita tem a certeza de trilhar o caminho mais curto aos Céus, sem a mínima dúvida. Em oposto, o que age em dissonância com a Sagrada Família, incide em perigoso erro e, destarte, não reflete a Santa Igreja de Deus, Suas Leis e ensinamentos advindos da própria Santíssima Trindade.
OBS.: em citações, colchetes vermelhos são intervenções de minha autoria, as quais, a contragosto, tenho de fazer. Alguns textos são traduzidos mecanicamente e, por conseguinte, demandam algumas edições em seus conteúdos. Há, outrossim, conjunturas com erros de tradução, gramaticais, de ambiguidade, de desenvolvimento confuso, escassez de informação, etc. Para esses e outros peculiares casos, sinto-me na delicada, porém necessária obrigação de intervir, de modo que o escrito chegue ao leitor da forma mais inteligível e correta possível, com o mínimo de intervenção e o máximo de originalidade. E, a quem interessar, fica sempre exposta a origem do registro, com link e/ou bibliografia, a fim de que se saiba onde encontrar a fonte por meio da qual acessei a respectiva informação.
OBS.: dôo ao máximo todo o pouco que sei. E, quando não for o suficiente, que o misericordiosíssimo Deus Trino complemente. Amém!
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ORAR E REZAR SÃO AÇÕES DIFERENTES?
Observe-se o que explicam (com adaptações) alguns sites especializados em etimologia:
• De acordo com o site "Origem da Palavra" (LINK):
=> Orar: vem do latim “orare”; também advém do termo “os”, concernente a “boca”. Já o prefixo “or” é uma base indo-europeia. Por fim, orar significa “pronunciar uma fórmula ritual”. Inicialmente, significava “falar”. Depois, adquiriu particularmente o sentido de “falar em público”, “discursar”. Daí vêm nossas palavras “oratória” e “orador”, bem como o verbo “orar”. Com o advento do Cristianismo, passou a ter também o significado de “falar à Divindade”, “rogar”.;
=> Rezar: é oriundo do latim “recitare”, que significa “declamar”, “recitar”, “dizer em voz alta”. O prefixo “re” é igual a “de novo”. “Citare” que quer dizer “citar”, “conclamar”.
• Segundo o site "Dicionário Etimológico" (LINK):
=> Orar: tem origem no latim "orare", que, por sua vez, tinha o sentido de “pronunciar uma fórmula ritual”, “fazer uma súplica”, “proclamar um discurso”, “pedir”, “rogar”, “pleitear”, “advogar”. Essas duas últimas acepções estão presentes nos cognatos "oração" (do latim "oratione") e “orador”, da linguagem jurídica. Mas o verbo, por influência do latim da Igreja Católica, tomou para si também o sentido de “suplicar a Deus”, “rezar”.;
=> Rezar: advém do latim "recitare", que significa “ler em voz alta”, “recitar”. E, também, por influência do latim da Igreja Católica, agregou a si o sentido de “recitar ou ler orações”.
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O QUE ENSINA A SANTA DOUTRINA,
ACERCA DA ORAÇÃO?
Eis um trecho do Catecismo Romano do Sacrossanto Concílio de Trento (1566 d.C.), a respeito da oração:
“1 – Importância da doutrina sobre a oração
Entre as obrigações do ministério pastoral, a mais necessária para a salvação do povo fiel é o ensino da prece cristã. Certamente, grande número de pessoas ficará sem conhecer sua natureza e eficácia, se o pastor não fizer por explicá-la com religiosa perseverança. Por isso, o principal empenho do pároco está em conseguir que seus piedosos ouvintes compreendam o que devem pedir a Deus e de que maneira o devem fazer. Ora, todos os requisitos dessa oração tão necessária se encontram naquela fórmula divina, que Cristo Nosso Senhor quis ensinar aos Apóstolos e – por eles e seus sucessores – a todos os que dali por diante abraçassem a Religião Cristã. Seu teor e sentido devem gravar-se de tal maneira no espírito e coração que nos ocorram com a maior facilidade. Para facultar aos párocos os meios de ensinarem aos fiéis ouvintes essa espécie de oração, vamos dar aqui os pontos essenciais, tirados de autores que se ocuparam largamente do assunto, com a máxima competência. Se precisarem de outras explicações, podem os pastores hauri-las dessas mesmas fontes.
2 – Necessidade da oração
I) Como dever rigoroso:
O primeiro ponto que se deve ensinar é a absoluta necessidade da oração. A prescrição de rezar não foi formulada como simples conselho, mas antes como um dever rigoroso. Cristo Nosso Senhor o inculcou nos termos seguintes: 'é preciso orar sempre.' A Igreja também dá a entender a necessidade de rezar, naquela espécie de prefácio à Oração Dominical: 'exortados por ordens salutares e guiados por norma divina ousamos dizer...'
Já que a oração era necessária para os cristãos e como os discípulos Lhe haviam pedido expressamente: 'Senhor, ensinai-nos a rezar', o Filho de Deus prescreveu-lhes uma forma de oração e deu-lhes, ao mesmo tempo, a esperança de alcançarem o que pedissem.
Ele mesmo se tornou um modelo vivo de oração, pois não só a praticava assiduamente, mas até ficava a rezar durante noites inteiras.
Os Apóstolos, por sua vez, não deixaram jamais de transmitir as normas dessa obrigação aos que se convertiam à fé de Jesus Cristo. Com a maior insistência se punham São Pedro e São João a exortar os fiéis a esse respeito. Atentando à sua importância, o Apóstolo [São Paulo] lembra aos cristãos, em muitas passagens, a salutar necessidade de fazer oração.
II) Como meio para se conseguir o que se precisa
De mais a mais, sendo tantos os bens e auxílios de que havemos mister para a salvação do corpo e da alma, devemos recorrer à oração como única e melhor intérprete de nossa indigência, como nossa intermediária em todas as nossas necessidades. Uma vez que Deus a ninguém deve coisa alguma, não nos resta outro recurso senão impetrar por meio de orações aquilo de que necessitamos; pois Deus nos deu a oração como meio indispensável para lograrmos o objeto de nossos desejos.
III) Como meio de se conseguir graças extraordinárias
Há, sobretudo, algumas coisas que não podemos indubitavelmente conseguir sem o auxílio da oração. Existe, por exemplo, nas sagradas preces, uma virtude extraordinária que promove eficazmente a expulsão dos demônios; pois, de uma casta de demônios, consta que só pode ser expulsa mediante o jejum e a oração.
Por isso, privam-se de ótima ocasião de conseguir graças singulares todos aqueles que se não dedicam ao exercício habitual da oração fervorosa e frequente. São Jerônimo observava: 'está escrito: ‘dar-se-á a todo aquele que pede’. Portanto, se a ti não é dado, o único motivo de se não dar é o deixares de pedir. Sendo assim, pedi e recebereis.''" (Catecismo Romano do Sacrossanto Concílio de Trento, 4ª Parte, Capítulo 1º, 1566 d.C., Pág. 477.)
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A seguir, um trecho do Catecismo Maior, assinado por São Pio X (1835 d.C. – 1914 d.C.), sobre a oração:
“Da oração em geral
252) De que trata a segunda parte da Doutrina Cristã?
A segunda parte da Doutrina Cristã trata da oração em geral e do Pai-Nosso, em particular.
253) Que é a oração?
A oração é uma elevação da alma a Deus, para adorá-Lo, para Lhe dar graças e para Lhe pedir aquilo de que precisamos.
254) Como se divide a oração?
A oração divide-se em mental e vocal. Oração mental é a que se faz só com a alma; oração vocal, a que se faz com as palavras acompanhadas da atenção do espírito e da devoção do coração.
255) Pode dividir-se de outra maneira a oração?
A oração pode também dividir-se em particular e pública.
256) Que é a oração particular?
A oração particular é a que faz cada um em particular, por si ou pelos outros.
257) Que é a oração pública?
A oração pública é a que fazem os ministros sagrados, em nome da Igreja e pela salvação do povo fiel. Pode-se chamar pública também a oração feita em comum e publicamente pelos fiéis, como nas procissões, nas peregrinações e na Igreja.
258) Temos, nós, esperança fundamentada de obter, por meio da oração, os auxílios e graças de que necessitamos?
A esperança de obter de Deus as graças de que necessitamos é fundamentada nas promessas de Deus onipotente, muito misericordioso e fidelíssimo, e nos merecimentos de Jesus Cristo.
259) Em nome de quem devemos pedir a Deus as graças de que necessitamos?
Devemos pedir a Deus as graças de que necessitamos em nome de Jesus Cristo, como Ele mesmo nos ensinou e como pratica a Igreja, a qual termina sempre as suas orações com estas palavras: 'Per Dorninum nostrum Jesurn Christurn', que quer dizer: 'por Nosso Senhor Jesus Cristo'.
260) Por que devemos pedir a Deus as graças em nome de Jesus Cristo?
Devemos pedir as graças em nome de Jesus Cristo porque, sendo Ele o nosso mediador, só por meio Dele podemos aproximar-nos do trono de Deus.
261) Se a oração tem tanta eficácia, como é que tantas vezes não são atendidas as nossas orações?
Muitas vezes as nossas orações não são atendidas ou porque pedimos coisas que não convêm à nossa eterna salvação ou porque não pedimos como deveríamos.
262) Quais são as coisas que principalmente devemos pedir a Deus?
Devemos, principalmente, pedir a Deus a sua glória, a nossa salvação e os meios para consegui-la.
263) Não é também lícito pedir bens temporais?
Sim, é também lícito pedir a Deus os bens temporais, sempre com a condição de que sejam conformes à sua santíssima vontade e não sejam obstáculo à nossa eterna salvação.
264) Se Deus sabe tudo aquilo de que necessitamos, por que devemos rezar?
Embora Deus saiba tudo aquilo de que necessitamos, quer, todavia, que nós Lho peçamos, para reconhecermos que é Ele que dá todos os bens, para Lhe testemunharmos a nossa humilde submissão e para merecermos os seus favores.
265) Qual é a primeira e a melhor disposição para tornar eficazes as nossas orações?
A primeira e a melhor disposição, para tornar eficazes as nossas orações, é estar em estado de graça ou, não o estando, ao menos desejar recuperar esse estado.
266) Que mais disposições se requerem para bem orar?
Para bem orar requerem-se, especialmente, o recolhimento, a humildade, a confiança, a perseverança e a resignação.
267) Que quer dizer orar com recolhimento?
Quer dizer: pensar que estamos a falar com Deus; e, por isso, devemos orar com todo o respeito e a devoção possíveis, evitando, quanto for possível, as distrações, isto é, todo o pensamento estranho à oração.
268) Diminuem as distrações o merecimento da oração?
Sim, quando nós mesmos as provocamos ou não as repelimos com diligência. Se, porém, fizermos quanto podemos para estarmos recolhidos em Deus, então as distrações não diminuem o merecimento da nossa oração, mas até o podem aumentar.
269) Que se requer para fazermos oração com recolhimento?
Devemos, antes da oração, afastar todas as ocasiões de distração e, durante a oração, devemos pensar que estamos na presença de Deus, que nos vê e nos ouve.
270) Que quer dizer orar com humildade?
Quer dizer: reconhecer sinceramente a nossa indignidade, incapacidade e miséria, acompanhando a oração com a compostura do corpo.
271) Que quer dizer orar com confiança?
Quer dizer que devemos ter firme esperança de sermos atendidos, se daí provier a glória de Deus e o nosso verdadeiro bem.
272) Que quer dizer orar com perseverança?
Quer dizer que não nos devemos cansar de orar se Deus não nos atender imediatamente, senão que devemos continuar a orar ainda com mais fervor.
273) Que quer dizer orar com resignação?
Quer dizer que nós devemos conformar com a vontade de Deus, que conhece melhor do que nós quanto nos é necessário para a nossa salvação eterna, ainda mesmo no caso em que as nossas orações não fossem atendidas.
274) Atende Deus sempre as orações bem feitas?
Sim, Deus atende sempre as orações bem feitas, mas da maneira que Ele sabe ser mais útil para a nossa salvação eterna e não sempre segundo a nossa vontade.
275) Que efeitos produz em nós a oração?
A oração faz-nos reconhecer a nossa dependência, em todas as coisas, de Deus, supremo Senhor; faz-nos progredir na virtude; alcança-nos, de Deus, misericórdia; fortalece-nos contra as tentações; conforta-nos nas tribulações; auxilia-nos nas nossas necessidades; e alcança-nos a graça da perseverança final.
276) Quando devemos especialmente orar?
Devemos orar especialmente nos perigos, nas tentações e no momento da morte; além disso, devemos orar frequentemente e é bom que o façamos pela manhã e à noite – e no princípio das ações importantes do dia.
277) Por quem devemos orar?
Devemos orar por todos; isto é, por nós mesmos, pelos nossos parentes, superiores, benfeitores, amigos e inimigos; pela conversão dos pobres pecadores, daqueles que estão fora da verdadeira Igreja e pelas benditas almas do Purgatório.” (Catecismo Maior de São Pio X, 1912 d.C., Parte 2, Capítulo 1, Pág. 49.)
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Após se considerar o exposto, penso estar claro e muitíssimo provado que não há distinção entre os verbos “orar” e “rezar”, como asseveram — erroneamente — alguns, sobretudo do âmbito protestante.
Defendem que orar é o ato de se fazer espontaneamente uma oração, enquanto rezar é ação mecânica de uma prece já existente. Tal absurdo não procede; não é defendido pela Santa Doutrina; em mais de dois mil anos de Santa Tradição jamais houve defesa de tal distinção; e os próprios textos supracitados corroboram que ambos os verbetes são análogos; trata-se de palavras utilizadas alternadamente em contextos idênticos; ou seja, são iguais.
O verbo “to pray”, do idioma inglês, traduzido para a língua portuguesa, significa “orar”, “rezar”, “fazer uma prece”. O mesmo ocorre com “pregare”, do italiano. E no castelhano, tal qual no português, existem ambos os verbetes — e com os sentidos exatamente idênticos.
Refriso: cai por terra mais um mito protestante, o qual defende a diferença entre “orar” e “rezar”. Aliás, não são poucos os descendentes do maligno Lutero que acusam os católicos de estarem errados ao rezarem. Bradam eles que isso significa “repetir preces”, “fazer orações prontas”, que é incorreto, inefetivo, desagrado a Deus... E afirmam que certo é orar, o que, segundo eles, quer dizer “fazer orações espontâneas, sem repetitividade.” Todavia, tais descabidas alegações não passam de histeria teológica, advindas de inimigos da Santa Igreja de Cristo — e, muitíssimo provavelmente —, néscios em teologia.
Declarações feito essas são totalmente desprovidas de alicerce teológico e filosófico. Obviamente, jamais ratificadas pela Santa Tradição dos Apóstolos, pelas Santas Escrituras e pelos Magistérios Ordinários e Extraordinários da Santa Igreja Católica Apostólica. E miserável é o indivíduo que se inclina a tais sofismas e a estes adere: ou atesta sua ineptidão quanto ao tema ou malícia em seu proceder ou ambos.
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BREVE EPÍTOME DA ORIGEM BÍBLICA
“A origem da palavra 'bíblia' é remota. A forma mais antiga de livro de que se tem notícia era um rolo de papiro, planta abundante às margens do rio Nilo, usada pelos antigos egípcios, gregos e romanos para escrever. A palavra grega para papiro era 'biblos', derivada do nome do porto fenício de Byblos, hoje Jubayl-Líbano, através do qual o papiro era exportado. O plural de "biblos", em grego, era 'ta biblía', que significava literalmente 'os livros', e que acabou entrando para o latim eclesiástico para designar o conjunto de Livros Sagrados que compõem a Bíblia. (Fonte: www.dicionarioetimologico.com.br: LINK)
As Sagradas Escrituras são constituídas por 70 Livros Sagrados Revelados, dos quais 43 compõem o Velho Testamento (antes de Cristo - a.C.) e 27 formam o Novo Testamento (depois de Cristo – d.C.).
A linha temporal de formação da Bíblia compreende o ano 1100 a. C. ou 1200 a. C. até 100 d. C.
Alguns biblistas apontam como sendo o Livro de Jó o mais antigo escrito bíblico. Outros afirmam ser o Cântico de Débora, no Livro dos Juízes (Jz, 5). Porém, é unânime a opinião de que o último texto é o Livro do Apocalipse, registrado pelo Apóstolo São João.
O Catálogo Sagrado foi canonizado no Sacrossanto Concílio de Hipona-África, a 393 d.C. durante o Concílio Regional de Hipona (África). Antes disso, a Santa Igreja, desde os Apóstolos, fazia uso da Septuaginta, primeira tradução grega do Antigo Testamento original, em hebraico. — O nome “Septuaginta” é uma referência aos cerca de 70 tradutores que participaram do processo, datado entre o Século III a.C. e o Século I a.C..
“Desde o Século IV até o Século XVI, a Bíblia era a mesma para todos os cristãos. A diferença ocorreu durante a Reforma Protestante, quando Martinho Lutero renegou 7 livros do Antigo Testamento (Tobias, Judite, 1 Macabeus, 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, trechos de Daniel e Ester) e a carta de São Tiago, do Novo Testamento. Lutero renegou tais livros porque eram fortemente contrários à sua doutrina. Por causa de uma das colunas de sua doutrina, a ‘sola fide’ (somente a fé), Lutero alterou o famoso versículo ‘mas o justo viverá da fé” (Rm 1,17) para ‘mas o justo viverá somente pela fé’. E renegava a Carta de São Tiago, [a qual] ensina que somente a fé não basta; as obras [são necessárias]. Devido ao prestígio que a Carta de São Tiago tinha, Lutero não obteve sucesso ao excluir tal [Santo] Livro. Quanto ao Antigo Testamento, os protestantes, então, revolveram ficar com o catálogo definido pelos Judeus da Palestina. Este catálogo Judaico foi definido por volta de 100 d.C., na cidade de Jâmnia-Palestina, e estes foram os critérios estabelecidos pelos judeus, para formarem seu ‘cânon bíblico’: o livro não poderia ter sido escrito fora do território de Israel; o livro teria que ser totalmente redigido em hebraico; o livro teria que ser redigido até o tempo de Esdras (458 a.C. - 428 a.C.); o livro não poderia contradizer a Torá de Moisés (os 5 Livros [Sagrados] de Moisés). Devido à enorme conversão de judeus ao cristianismo, principalmente os judeus de língua grega, é que os judeus que não aceitaram a Cristo desenvolveram um judaísmo rabínico, isto é, um judaísmo ultranacionalista, para frear a conversão das comunidades judaicas ao cristianismo. Com este ‘cânon bíblico’, era proibida [,no mínimo,] a leitura de todo o Novo Testamento, que mostra fortemente o cumprimento da [grande divina promessa da vinda] do Messias, [Jesus] Cristo. Muitos dos originais hebraicos de alguns Livros [Sagrados] foram perdidos, existindo somente a versão grega [do período] da definição do cânon judaico. Isto significa que Livros [Sagrados] como Eclesiástico e Sabedoria, escritos por Salomão, não foram reconhecidos pelos judeus de Jâmnia, além de outros [Santos] Livros, que foram escritos em aramaico durante o domínio caldeu e persa. Recentemente, os arqueólogos encontraram em Qruman, no Mar Morto, o original hebraico do Livro do Eclesiástico. Estes Livros [Sagrados] do Antigo Testamento, que não foram unanimimente aceitos pelos judeus, são chamados [por eles] de deuterocanônicos. Os protestantes entram, então, em grande contradição, pois aceitam a autoridade dos judeus da Palestina, para o Antigo Testamento, [mas] não aceitam [essa] mesma autoridade para o Novo Testamento. Aceitam a autoridade da Igreja Católica para o Novo Testamento, [mas] não aceitam [essa] mesma autoridade para o Antigo Testamento. Os Apóstolos, em suas pregações, utilizavam a versão grega dos Livros [Sagrados] antigos. Note que das 350 citações que o Novo Testamento faz dos Livros do Antigo Testamento, 300 [delas] se referem aos livros [desprezados pelos judeus, os quais por eles são chamados de] deuterocanônicos.” (Fonte: www.bibliacatolica.com.br: LINK)
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A VERDADEIRA BÍBLIA
E AS PERNICIOSAS FALSIFICAÇÕES
Uma importante observação: São Jerônimo (Eusébio Sofrônio Jerônimo/Jerônimo de Estridão — 347 d.C. – 420 d.C.), o grande tradutor da Bíblia, foi um grande gênio singular, grande santo e faz parte do seleto grupo dos Doutores da Igreja.
Confessor, exegeta, historiador, tradutor de documentos teológicos e poliglota (versado em latim, grego, hebraico e aramaico). São Jerônimo foi um Sacerdote eremita, de ilibadíssima reputação, por sua admirável jornada eclesiástica.
A pedido do próprio Papa Dâmaso I (305 d.C. – 384 d.C.), iniciou a tradução dos originais das Sagradas Escrituras para a língua latina (idioma eclesiástico).
A Bíblia de São Jerônimo, conhecida como Vulgata (significa “divulgação popular”), até hoje é considerada a mais fidedigna aos originais e a de maior prestígio entre os proeminentes especialistas de todos os tempos.
De quantos homens assim se tem notícia, nos tempos atuais ou no decurso da própria História mundial? Não muitos, senão Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino e outros poucos.
Então, quem são esses que se arrogam o direito de desmerecer o incomensurável trabalho de São Jerônimo? Seguidores dos perniciosíssimos Lutero, Calvino, Zuínglio e Henrique VIII?
De um lado, instrumentos de Deus. Do outro, instrumentos do maligno. Faça-se a escolha e arque-se com ela!
Há um só Deus Trino, que é perfeito e coerente, o qual, por conseguinte, tem apenas uma Igreja, que é Una, Santa, Católica e Apostólica (tripartite: Militante, na Terra; Padecente, no Purgatório; e Triunfante, nos Céus), a qual, por sua vez, tem somente uma Bíblia, a Vulgata, cujas traduções devem, em caráter irrevogável, ser autorizadas exclusivamente pela Santa Sé.
Portanto, toda e qualquer “bíblia protestante” não passa de perniciosa falsificação da genuína Palavra de Deus.
É dever de todo católico que, por qualquer motivo que seja, tenha como propriedade algum exemplar dessa maligna e ardilosa fraude, queimá-la ou entregar-lha a um Sacerdote, para que esse dê ao terrível objeto a devida destinação.
Por fim, aos que investem contra o catolicismo, uma importante advertência: aqueles que têm compromisso com a verdade, voltem seus espíritos a ela, debrucem-se em estudos oriundos de material autêntico e incontestavelmente verossímil, e enveredem-se ao caminho da salvação, que é um somente: a Santa Igreja Católica, a qual é respaldada pelos abundantes milagres e sinais, ratificada pelos genuínos registros e confirmada pela História. — “Extra Ecclesiam nula sallus” (“fora da Igreja não há salvação”).
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A CONJUNTURA DAS REPETIÇÕES
E A ERRÔNEA INTERPRETAÇÃO
DAS SAGRADAS ESCRITURAS
POR INIMIGOS DA SANTA IGREJA
A Bíblia é a compilação dos Livros Sagrados Revelados, escritos em três idiomas: aramaico, hebraico e grego.
O Evangelho de São Mateus, por exemplo, tem seu original na língua grega. E, em Mt 6,7, ínscios (ou mal intencionados — ou ambos) tomam o termo grego πολυλογίᾳ (polylogia), que significa “muitas palavras”, e erroneamente o traduzem como “vãs repetições”. Desonestidade intelectual? Espiritual? Desconhecimento? Tudo?
No grego, o verbete polylogia pode ser melhor compreendido se desmembrado e analisado parte a parte: primeiro, individualmente; e, depois, conjuntamente. Poly: muito, bastante; logia: palavra; polylogia: muita palavra.
O termo polylogia, portanto, tem a acepção de tagarelice, verborragia, prolixidade, verborreia... ou seja, repetições inúteis e inadequadas. Isso não tem qualquer relação com orações repetidas, uma vez que são essas, na verdade, uma expressão fervorosa de súplica, de oferta, de agradecimento, de louvor, de adoração (quando a Deus) e veneração (quando à Santa Maria e demais hierárquicas celestiais). E, nesse caso, o ato de se repetir uma ou mais preces não se trata da tentativa de convencer a Deus pela quantidade de vezes que se Lhe invoca, mas de demonstração formal de fé em Sua misericórdia e poder — e, também, de explicitação do grande desejo por aquilo que se almeja lucrar com tais oblações.
Reflita-se: um filho, quando deseja imensamente algo do pai, vai a ele, pede uma só vez, dá de ombros e vai embora? Ou pede a mesma coisa, insistentemente, enfatizando-se o quanto possível a demanda daquilo que se almeja obter?
A resposta é muito óbvia, para além de sensata e lógica, já que repetição (quando adequada) implica em obstinação, insistência e crença na obtenção do que se quer.
Na bíblia protestante (que nada mais é que um livro maldito, uma vez que se trata da falsificação da Palavra de Deus), encontra-se, em Mt 6,7, a seguinte tradução: “e, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos.”
Na Bíblia católica, traduzida por São Jerônimo para o latim (língua mais popular do mundo na época do Império Romano), a partir de todos os originais (gregos, hebraicos e aramaicos), registra-se o texto de Mt 6,7 da seguinte forma: “nas vossas orações não useis muitas palavras, como os gentios, os quais julgam que serão ouvidos à força de palavras.”
Uma indispensável observação: essa passagem menciona os pagãos: “(...) como os gentios, os quais julgam que serão ouvidos à força de palavras.” Remete-nos, também, ao episódio da disputa entre Elias e os profetas do deus pagão Baal (1 Rs 18, 20-46).
Os pseudoprofetas invocaram o nome do demônio Baal, de manhã até o meio-dia. Percebendo que não respondia, passaram a bradar e a se ferir com espadas e lanças, como era seu costume, até se cobrirem de sangue. Criam que seriam ouvidos “à força de palavras.”
É pertinente mencionar que, no mencionado trecho do Evangelho segundo São Mateus, Jesus fala da hipocrisia: “quando orais, não sejais como os hipócritas, que gostam de orar em pé, nas sinagogas e nos cantos das praças, a fim de serem vistos pelos Homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.” (Mt 6,5)
Nesse versículo, o Bom Mestre nos chama à reflexão quanto ao perigo da demagogia e da vaidade — mal dos que almejam admiração por uma piedade e exercício oracional que não têm (e, ainda que os tivessem, a humildade e discrição vos nortearia o proceder e jamais o alarde).
Destarte, é evidente a mensagem do Messias, quando diz: “nas vossas orações não useis muitas palavras, como os gentios, os quais julgam que serão ouvidos à força de palavras.” Alerta-nos para o grave erro de se rezar inapropriadamente, com subliminares e espúrias intenções, em ação desordenada e anticatólica.
Jesus proclama essas preciosas lições no Sermão da Montanha (Mt 5-7). Observe-se o trecho em voga (até então, exposto em fragmentos) de modo mais completo. Culmina com o ensinamento da oração do Pai-Nosso (uma prece pronta, feita e ensinada pelo Salvador, para ser repetida) — mais uma pedra de tropeço à protestante argumentação da repetitividade, já que o próprio Cristo manda que se lha reze ao dirigir-se o católico ao Pai.
Eis a passagem de Mt 6, 1-13: “guardai-vos de fazer as boas obras diante dos Homens, com o fim de serdes vistos por eles. Doutra sorte não tereis direito à recompensa do vosso Pai, que está nos Céus. Quando, pois, dás esmola, não faças tocar a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos Homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Mas, quando dás esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita, para que a tua esmola fique em segredo e teu Pai, que vê (o que fazes) em segredo, te pagará. Quando orais, não sejais como os hipócritas, que gostam de orar em pé, nas sinagogas e nos cantos das praças, a fim de serem vistos pelos Homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, ora a teu Pai, em segredo; e teu Pai, que vê (o que se passa) em segredo, te dará a recompensa. Nas vossas orações não useis muitas palavras, como os gentios, os quais julgam que serão ouvidos à força de palavras. Não os imiteis, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós Lho peçais. Vós, pois, orai assim: Pai nosso, que estais nos Céus, santificado seja o Teu nome. Venha o Teu reino. Seja feita a Tua vontade, assim na Terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai, hoje. Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.”
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ALGUMAS REPETIÇÕES NAS SAGRADAS ESCRITURAS
• Perguntemo-nos, com sinceridade: se fosse realmente a repetição que o Senhor estivesse condenando, em Mt 6,7, a reprovaria em um versículo e, em seguida, a endossaria ensinando Ele mesmo uma oração para ser repetida ao Pai (Pater Noster)?;
• Jesus não condena a repetição, evidentemente. Ele, inclusive, o fez em suas rezas. E isso se pode constatar em algumas passagens bíblicas, como a narrativa do Jardim das Oliveiras, no Evangelho de São Marcos: “tendo-se retirado novamente, pôs-se a orar, repetindo as mesmas palavras.” (Mc 14,39). E, no Antigo Testamento, há também inúmeros registros dessa prática;
• No Livro dos Salmos, temos inúmeras repetições de versículos e até estrofes inteiras. No Salmo 135, a expressão “porque Sua misericórdia é eterna” é repetida em todos os versículos, ou seja, 26 vezes — pode, inclusive, servir como ladainha, que é uma reza grupal, onde, a cada invocação, os fiéis repetem uma jaculatória;
• No Salmo 29, a expressão "voz do Senhor" é repetida sete vezes;
• No Salmo 45, a expressão "Senhor dos Exércitos" é repetida três vezes;
• Em Jo 17, Jesus usa muitas palavras e expressões repetitivas. A palavra “Pai”, por exemplo, foi utilizada sete vezes. Já o verbete “mundo”, 19 vezes.;
• Nosso Senhor, instantes antes de expirar, em Sua Paixão e sob morte de cruz, repetiu trechos de dois Salmos: Sl 21,2; Sl 30,6. Ei-los, respectivamente: “Meu Deus, Meu Deus, por que Me abandonastes?"; "Pai, nas Tuas mãos encomendo o Meu Espírito.”;
• Encontra-se em Mt 26,30: "depois do canto dos Salmos, saíram para o Monte das Oliveiras." Essa passagem conta que Cristo repetia orações dos Salmos, o que era praxe no judaísmo, sobretudo na Páscoa;
• Lê-se, também, em Mt 7,7-8: "pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Porque todo o que pede, recebe; o que busca, encontra; e a quem bate, abrir-se-á." Eis outra mostra de repetições, ditas pelo próprio Jesus. Os verbos “pedir”, “buscar” e “bater” são repetidos;
• Está em Lc 18, 1-7: “disse-lhes também uma parábola, para mostrar que importa orar sempre e não cessar de o fazer: ‘havia, em certa cidade, um juiz que não temia a Deus nem respeitava os Homens. Havia também, na mesma cidade, uma viúva que ia ter com ele, dizendo: ‘faz-me justiça contra o meu adversário!’ Ele, durante muito tempo, não quis atender. Mas, depois, disse consigo: ‘ainda que eu não tema a Deus nem respeite os Homens, todavia, visto que essa viúva me importuna, far-lhe-ei justiça, para que não venha, continuamente, importunar-me.’’ Então, o Senhor acrescentou: ‘ouvis o que diz esse juiz iníquo? E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que estão clamando a Ele de dia e de noite, e tardará em os socorrer?” Nesse trecho da Bíblia, o Bom Pastor corrobora, novamente, a repetição de preces e explica que se um juiz injusto atende uma súplica honesta repetida, tanto mais Deus, que é justo e misericordioso. O juiz da parábola atendeu as preces porque não aguentou a insistência. Deus atende a prece repetitiva por misericórdia, quando vê que a repetição não é mera sucessão de palavras, mas repetições ardentes e sinceras, advindas de um coração contrito, de uma alma com Fé, que Nele tudo espera, crente em Sua misericórdia — e que busca estar em comunhão com o Pai e viver segundo Sua vontade;
• Há em 1 Ts 5,17: "orai sem cessar." A Santa Escritura, outra vez, ratificando e encorajando a repetição de preces a Deus. E quando se diz “sem cessar” podemos entender que há repetição. Quem consegue pedir uma mesma graça com palavras diferentes, por muitas vezes? É impossível! Deus quer muitas preces e, consequentemente, nelas haverá repetição;
• Um outro exemplo é Lc 10,21: "naquela mesma hora, Jesus exultou no Espírito Santo, e disse: ‘graças Te dou, ó, Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondestes essas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelastes aos pequeninos. Assim é, ó, Pai, porque assim foi do Teu agrado. Todas as coisas Me foram entregues por Meu Pai; e ninguém sabe quem é o Filho, senão o Pai; nem quem é o Pai, senão o Filho — e aquele a quem o Filho quiser revelar.’ Depois, tendo-se voltado para Seus discípulos, disse: ‘ditosos os olhos que vêem o que vós vedes, porque Eu vos afirmo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vós vedes e não viram, ouvir o que vós ouvis e não o ouviram.’" Cristo, outra vez, faz uso de repetições em Suas preces, como ratifica essa passagem bíblica: "...Pai, Te dou graças”... “...Pai, bendigo-Te..." E observe as múltiplas repetições do verbo “ver”, ao final da alocução de Nosso Senhor Jesus Cristo;
• No último Santo Livro da Bíblia, em Ap 4: "depois disso, tive uma visão: uma porta estava aberta no Céu e a voz, aquela primeira voz que eu tinha ouvido, como de trombeta, falava comigo dizendo: ‘sobe aqui e mostrar-te-ei as coisas que devem acontecer depois dessas. Logo caí em êxtase. E eis que um trono estava colocado no Céu, sobre o qual estava alguém sentado. Aquele que estava sentado era, no aspecto, semelhante a uma pedra de jaspe e de sardônica; e, em volta do trono, estava um arco-íris que se assemelhava à cor de esmeralda. Em volta do trono, (estavam outros) vinte e quatro tronos e sobre esses tronos estavam sentados vinte e quatro anciãos, vestidos de roupas brancas, (tendo) em suas cabeças coroas de ouro. Do trono partem relâmpagos, vozes e trovões. Diante do trono ardem sete lâmpadas ardentes, que são os sete espíritos de Deus. Em frente do trono há como que um mar de vidro, semelhante a cristal, e, no meio do trono e em volta do trono, quatro animais cheios de olhos por diante e por detrás. O primeiro animal é semelhante a um leão; o segundo, semelhante a um novilho; o terceiro tem o rosto como de homem e o quarto é semelhante a uma águia que voa. Os quatro animais têm, cada um, seis asas e, em volta e por dentro, estão cheios de olhos e não cessam, dia e noite, de dizer: ‘Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Onipotente, o que era, que é e que vem. E, quando aqueles animais dão glória, honra e ação de graças ao que está sentado sobre o trono e que vive pelos séculos dos séculos, os vinte e quatro anciãos prostram-se diante do que está sentado no trono e adoram o que vive pelos séculos dos séculos e lançam as suas coroas diante do trono, dizendo: ‘Tu és digno, ó, Senhor, nosso Deus, de receber a glória, a honra e o poder, porque criastes todas as coisas e, pela Tua vontade, é que elas receberam a existência e foram criadas.’" São João tem essa visão do Céu e a transcreve em Apocalipse. No Céu, outrossim, há repetição de orações, porque agrada a Deus, quando feitas com fé, sinceridade e fervor — e, no caso dos humanos, que as façam em meio a uma vida de busca pela santidade, porque sem isso a oração se torna hipocrisia, o que não agrada a Deus. Nessa passagem, seres celestiais adoram o Criador repetindo orações de adoração e glória. E perceba-se quantas repetições São João utiliza em seu relato. Não um nem dois, mas muitos verbetes, tal qual algumas expressões.
Defronte a isso, o que farão, agora, os protestantes? Sacarão também esses trechos das Sagradas Escrituras, assim como tiraram 7 de Seus livros sagrados, que, de modo direto, atacam e desmontam vários erros abomináveis das seitas protestantistas? Continuarão eles a traduzir as Sagradas Escrituras de maneira errada, como melhor lhes aprouver, de modo a, convenientemente, tentar corroborar por tais miseráveis trabalhos seus funestos absurdos teologais?
A publicação da Bíblia, a genuína, cabe somente à Santa Igreja Católica, única portadora das chaves do Céu, dadas pelo próprio Jesus Cristo a São Pedro; a única e verdadeira Fé, a qual tem exclusividade na interpretação das Sagradas Escrituras e na ministração dos Sacramentos de Nosso Senhor porque é assistida, para tal, pelo próprio Espírito Santo, como prometido pelo Messias e ratificado no decurso de mais de dois mil anos de Santa Tradição: "respondendo Jesus, disse-lhe: ‘Bem-Aventurado és, Simão Bar-Jona, porque não foi a carne e o sangue que te revelaram, mas meu Pai, que está nos Céus. E Eu digo-te que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra Ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares sobre a Terra será ligado também nos Céus, e tudo o que desatares sobre a Terra será desatado também nos Céus.’” (Mt 16,17-19) "Mas Jesus, aproximando-se, lhes disse: ‘toda autoridade me foi dada no Céu e na Terra. Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo.’” (Mt 28 18-20)
Por fim, que se desacredite a falácia de ser pecado repetir textos das Santas Escrituras ou orações. Ao contrário: Deus quer isso de nós! O problema não é a repetição, mas a densidade da pureza das palavras de quem a profere, verbal ou mentalmente. Porquanto, se as preces são fervorosas, imersas na Fé e na piedade, agradam a Deus e Ele se alegra com elas e as recebe misericordiosamente, desde que o fiel esteja buscando viver de acordo com a vontade do Criador (Jo 9,31: “nós sabemos que Deus não ouve os pecadores; mas quem honra a Deus e faz a sua vontade, esse é ouvido por Deus.”).
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A ORIGEM DO SANTO ROSÁRIO
(O SALTÉRIO DE JESUS E MARIA)
OBS.: autores de sites e obras literárias que dissertam acerca da origem, história e principais propagadores do Santo Rosário, aos quais tive acesso (inclusive, São Luís Maria Grignion de Montfort, o maior entre todos os mariólogos), em determinadas conjunturas não coincidem. Há situações que carecem de mais detalhes e/ou provas concretas cabais e/ou testemunhas que precisem algumas datas e ocorridos. Na ausência desses, o que se tem são relatos divergentes em disputa. Há disparidades, por vezes, de vários séculos entre uma e outra data que se pretende marco factual de um mesmo acontecimento e/ou tema. Por tal motivo, opto, em determinadas circunstâncias, por não apontar datação.
OBS.: existem muitíssimos materiais de elevada relevância, os quais versam a respeito do Saltério Mariano. Todavia, não é para tudo na Fé que há uma comprovação científica. Tome-se como exemplo o Criacionismo Divino: a sobrenatural complexidade da natureza, suas Leis e características possuem indícios cientificamente indiscutíveis a toda observação minimamente sensata, e aponta sua origem diretamente ao Criador. Para além disso, há, mormente, o próprio Deus Trino a atestar tal fato, por meio das Sagradas Escrituras, bem como Sua Santa Igreja, por meio de Sua Santa Tradição. Porém, por óbvios motivos, não há qualquer arquivo audiovisual, em alta definição, que mostre a Santíssima Trindade a fazer tudo, do nada — para grande decepção dos incrédulos materialistas. Ou se crê, se assente e se salva, ou não se crê, não se assente e não se salva.
OBS.: quanto à relevância da oralidade, urge mencionar que muitas Verdades de Fé foram transmitidas, ao longo de Séculos, de modo oral, de geração em geração, até encontrarem abrigo nas primeiras páginas de registro. E isso não é, absolutamente, motivo para que se suspeite de Sua veracidade, mas o contrário! E disso a própria Bíblia é exemplo, haja vista ser prova concreta da fidelidade dos primeiros cristãos. Apenas ao final do Século IV (ano 393 d.C.), no Sacrossanto Concílio de Hipona, na África, a Santa Igreja, por condução do Espírito Santo, definiu o cânon dos livros Santos e revelados, a fim de constituírem as Sagradas Escrituras. Assim, nesses quase quatro séculos iniciais do catolicismo, o que manteve a verdade intacta foi justamente o zêlo na oralidade da Santa Tradição, guiada e protegida pelo Paráclito, até que fosse compilado o Santo Livro, unindo os Sacros Escritos do Novo Testamento aos do Antigo Testamento — todos inspirados pelo Criador.
OBS.: em verdade, a pretensão do humilde presente comonitório é reunir tudo que pude acessar, e que julguei por mais prudente fazer-lhe registro, a fim de que o indivíduo a acessá-lo obtenha, a partir de suas páginas, uma ideia mais clara acerca da belíssima e divina jornada do Santo Rosário, desde Sua criação até os dias atuais.
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A ORIGEM DO SALTÉRIO
O Santo Rosário adveio da piedosa prática do exercício do saltério. Portanto, antes de saber a história Daquele, é mister conhecer a origem desse.
Cantar e rezar os Salmos é uma atividade presente na Santa Igreja Católica, desde sua origem, com Cristo. Aliás, o próprio Jesus era assíduo a esse costume.
Por meio do Antigo Testamento se observa que os povos ali relatados se valiam também dos Cantos Davídicos para fazer suas oblações, adorações e súplicas a Deus. — O próprio Jesus praticava frequentemente a oração dos Salmos. Inclusive, Suas últimas palavras antes de entregar Seu Santo Espírito ao Pai Celeste foram exatamente trechos salmúdicos: “Meu Deus, Meu Deus, por que Me abandonastes?!” (Salmo 21, 2); “em Vossas mãos entrego o Meu Espírito!” (Salmo 30, 6).
A palavra saltério é a forma latinizada do termo grego “psaltérion”, que possui dupla designação: pode se referir a um instrumento de cordas, similar a uma harpa, o qual era usado para acompanhar a execução dos cânticos sálmicos; e pode, outrossim, dizer respeito ao exercício das orações do Livro dos Salmos, constituinte das Sangradas Escrituras. E essa última significação é exatamente a utilizada no presente opúsculo.
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Já nos primeiros séculos de catolicismo, os monges anacoretas tinham por costume rezar o saltério (recitação dos 150 Salmos).
Há relatos de que usavam os próprios dedos para contagem das orações, além de pequenas pedras.
Nos livros e sites aos quais tive acesso, há divergências quanto a datas e outros detalhes, de modo que não é possível precisar minúcias acerca dessa prática oracional e tampouco se ela se dava apenas em relação aos Salmos ou se estendia-se também a outros exercícios de rezas.
Certo é que, nos monastérios medievais, os membros menos versados em latim, tal qual os leigos iletrados em geral, tinham por sugestão dos superiores das Ordens a alternativa de substituir o referido ofício sálmico por 150 Pai-Nossos (“Qui non potest psallere debet patere.” “Quem não pode recitar os Salmos deve recitar alguns Pater.” — Gilles Gérard Meersseman e Gian Piero Pacini; "Ordo fraternitatis: confraternite e pietà dei laici nel Medioevo"; Págs.: 1444–1445; Editora e Livraria Herder; 1977 A.D.; Roma-ITA). Por isso o sacramental que ao católico serve como “contador de orações” (cunhado por “Terço” ou “Rosário”) era chamado de “paternoster” ou também “paternostro”.
Alguns dizem que essa adequação foi inserida aos costumes monásticos por São Bento de Núrsia (480 A.D. - 547 A.D.). Entretanto, outros asseveram que foi por São Beda, o Venerável (672 A.D. - 735 A.D. — Doutor da Igreja), imputando a esse último, inclusive, a sugestão do uso de grãos/sementes transpassados por barbante, a fim de auxiliar a contagem das orações.
O hábito de se fazer orações repetidas vezes é antiquíssimo na cristandade. E o próprio Pai-Nosso, ensinado por Jesus Cristo aos Seus Apóstolos e discípulos, sempre foi assim exercitado, desde os primórdios do catolicismo.
Já a oração mais antiga que se conhece, repetida e dirigida à Virgem Santíssima, é: “sub Tuum praesidium confugimus, Sancta Dei Genetrix. Nostras deprecationes ne despicias, in necessitatibus nostris, sed a periculis cunctis libera nos semper, Virgo Gloriosa et Benedicta! Amen!" Tradução: “à Vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas, em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó, Virgem Gloriosa e Bendita! Amém!” (Tullio Faustino Ossanna; "A Ave Maria: história, conteúdo, controvérsias."; Pág.: 36; Editora Loyola; 2006 A.D.; São Paulo-BRA.)
Documentos dos anos 200 A.D. são os primeiros registros escritos dessa prece, ratificando-a como antiquíssima e advinda dos meados do catolicismo (Patrística), sendo difícil precisar quando, de fato, foi criada e proliferada à toda cristandade. — Antigamente, era comum até mesmo as obras de arte feitas por católicos não serem assinadas, uma vez que a intenção era contribuir à salvação das almas e não a vaidosa vanglória.
E, ainda, detendo-me um tanto no tocante ao culto mariano, existe, inclusive, evidências arqueológicas incontestes da devoção á Nossa Senhora, já nos primeiros anos do catolicismo: pinturas devocionais marianas são encontradas nas catacumbas de Priscila (anos 100 A.D.), local onde os católicos reuniam-se clandestinamente para celebração da Santa Missa, em razão das perseguições romanas. — Uma delas apresenta a Virgem Santíssima com o Menino Jesus ao colo, ladeados por um Profeta, identificado como Isaías. (Victor Nikitich Lazareff; "Studies in the Iconography of the Virgin"; Editora The Art Bulletin; Págs.: 26-65; Londres-ENG.)
Nas catacumbas de São Pedro e de São Marcelino também se vê uma pintura do Século III/IV A.D., a qual mostra a Puríssima Mãe entre São Pedro e São Paulo, com as mãos estendidas, em prece.
Quanto à Patrística, seu primeiro registro escrito a mencionar Maria Santíssima vem da pena de um dos maiores baluartes da Fé: Santo Inácio de Antioquia (ca. 30-35 A.D. - ca. 98-107 A.D.), Bispo entre os anos de 68 A.D. a 107 A.D., o qual manteve a santa tradição apostólica de veneração à Virgem Maria.
No combate à heresia docetista (que, miseravelmente, defendia ser Jesus um espectro e não fisicamente constituído), Santo Inácio defendera as duas naturezas de Cristo, divina e humana, sendo essa última oriunda da nobre linhagem do Rei Davi e advinda de Maria Santíssima.
Afirmara que Cristo foi "concebido em Maria e nascido de Maria", e que a castidade da Mãe de Deus pertence a "um Mistério escondido no Silêncio de Deus."
Em tempos de apostasia, Santo Inácio não se acovardara diante das ameaças de martírio e jamais capitulou. Por isso morreu pela Fé, atirado às feras, no Coliseum.
Um outro bastião do catolicismo, São Justino Mártir (nascido no ano 100 A.D. e decapitado em 165 A.D.), também combateu heresias contra a Rainha do Céu.
Defendia esse grande luminar da Patrística, já em sua época, a virgindade perpétua de Santa Maria, Seu culto de hiperdulia (latria: culto de adoração a Deus; dulia: culto de veneração aos Santos; hiperdulia: culto de veneração à Puríssima Mãe) e o paralelismo entre Eva e Nossa Senhora (vide "Diálogo com Trifão”): "se por uma mulher, Eva, entrou no mundo o pecado, por uma mulher, Maria, veio ao mundo o Salvador". — Importante mencionar que a primeira palavra do Arcanjo Gabriel à Santa Mãe de Deus foi “ave”, exato contrário de “Eva”, ratificando também, na conjuntura, a Sã Doutrina, a qual asseverara que de uma nova Eva viria o novo Adão, para a redenção dos que acreditassem e se submetessem a Ele e à Sua Santa Igreja.
Outrossim, muitíssimos outros Santos patrísticos e importantes figuras católicas defenderam, com notável pujança, a devoção mariana, sempre presente na Santa Tradição. Foi também o caso de Santo Irineu de Lyon (ca. 130 A.D. – ca. 202 A.D.), provavelmente martirizado, entre tantos outros.
A veneração á Santíssima Virgem abarca, intrinsecamente, o Santo Rosário. Sua construção, ao longo dos Séculos — com a condução do Deus Trino —, até chegar aos moldes como O rezamos atualmente, é uma rica e milagrosa história. E justamente sobre os determinantes eventos constituintes dessa jornada deter-me-ei nas próximas linhas, no intento de resumi-los diacronicamente.
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A ORIGEM DA AVE-MARIA
A oração proferida pelo Arcanjo Gabriel à Santa Maria (Lc 1,28) já estava presente na Liturgia da Santa Igreja Católica, no Oriente, nos primeiros séculos do catolicismo. Nas obras “Pe. Gabriel M. Roschini O.S.M., Mariologia, tomus II, Summa Mariologiæ, Pars III, De singulari cultu B.M.V., secunda editio, Ângelus Belardetti Editor, Romæ, 1948 A.D.” e “D. Gregório Alastruey, Tratado de la Virgen Santíssima, Biblioteca de Autores Cristianos (BAC), 4ª edição, Madrid, 1956 A.D..” é possível se obter alguns pormenores acerca da construção da Ave-Maria.
Sabe-se que o primeiro documento escrito (dos quais se tem conhecimento) em que aparece o uso da saudação do Arcanjo Gabriel à Santa Maria é a Homilia de um Sacerdote de nome Theodoto Ancyrani, falecido antes do ano 446 A.D.
Nela é explicitamente afirmado que, impelidos pelas palavras de São Gabriel, dizemos: “Ave, cheia de graça, o Senhor é Contigo.” Daí se percebe quão antigo é o uso dessa oração pelos fiéis católicos e pelo clero.
É também possível averiguar que a saudação de Santa Isabel à Virgem Maria foi somada à fala do Arcanjo Gabriel por volta do Século V d.C.. Ambas são encontradas nas liturgias orientais de São Tiago (Jerusalém), de São Marcos (Alexandria) e de São João Crisóstomo (Constantinopla). E, no Século VI d.C., o Papa São Gregório Magno (criador do canto gregoriano e responsável pela primeira revisão e estruturação do Rito Romano — Santa Missa Gregoriana/Tridentina) tornou a Ave Maria a antífona do ofertório do quarto domingo do Advento.
No que tange a origem da primeira parte da Ave Maria, a cristandade, em uníssono, defende a mesma versão — e não poderia ser diferente, já que o fato é retratado inclusive na própria Bíblia.
É, quanto ao surgimento da segunda parte, que, nas distintas narrativas, surgem as disparidades de eventos e datas, bem como a escassez de provas concretas que as corroborem.
A maioria das fontes às quais tive acesso conta que a segunda parte da Ave Maria surge no Sacrossanto Concílio de Éfeso, Ásia Menor (atual Turquia), entre junho e julho de 431. Foi convocado para, formalmente, dar fim à disputa entre São Cirilo (Bispo de Alexandria e defensor da Santa Tradição Católica) e o herege Nestório (Bispo de Constantinopla).
O heresiarca constantinopolitano afirmava ter Cristo duas naturezas e que Santa Maria não é mãe da natureza divina, mas humana de Jesus. O Santo alexandrino, por sua vez, defendia a união hipostática de Jesus (duas naturezas, divina e humana, intrínsecas e indissolúveis), ensinamento cristológico e apostólico tradicional, desde o princípio da Santa Igreja.
O absurdo teológico do Bispo Nestório chegou aos ouvidos do Papa São Celestino I, o qual também recebera minúcias acerca de tal heresia pelo próprio São Cirilo.
O Sumo Pontífice condenou tal abjeto e pernicioso erro e concedeu a São Cirilo autoridade para depor o Bispo Nestório e excomungá-lo, caso esse mantivesse os seus ensinamentos heréticos.
Para formalizar o fim da querela, foi convocado um concílio ecumênico (a palavra “ecumênico”, na conjuntura, é concernente à “geral”, “universal”, “com a união de todos os Bispos do mundo”; nada relacionado com o conceito modernista de união da Santa Igreja com seitas.), o qual, a mando do Papa São Celestino I, deveria ter como presidente São Cirilo, Bispo de Alexandria.
O Sacrossanto Concílio de Éfeso foi de incomensurável importância para a Santa Igreja, pois, além de condenar o nestorianismo e excomungar o Bispo Nestório, combatera também o pelagianismo, heresia advinda do excomungado monge Pelágio da Bretanha, o qual ensinava que o Homem nasce sem pecado original.
E, para além desses importantíssimos anátemas, foi o concílio que formalizou a Verdade de Fé que sempre fez parte da Sã Doutrina, desde Cristo e dos Apóstolos: trata-se do Dogma da maternidade de Nossa Senhora — Mãe de Jesus, que é Deus com o Pai e o Espírito Santo; portanto, mãe de Deus.
Éfeso foi a cidade em que, segundo alguns historiadores, Santa Maria passou seus últimos dias na Terra. Quis Deus, justamente nessa especial região, por meio do Sacrossanto Concílio de Éfeso, que fosse proclamado o Dogma Teótoco (em grego, Theotókos), que significa “Portadora de Deus” / “Mãe de Deus”; uma verdade sempre proclamada e defendida pela cristandade, mas que, por ocasião de combate a uma heresia, teve de ser positivada em Magistério Extraordinário — o qual foi presidido por um Santo Bispo e avalizado por um Papa Santo.
Diz-se que, nesse sagrado sínodo geral, por ocasião da formalização do Dogma da virginal maternidade de Nossa Senhora, nele decidiu-se (por inspiração do Espírito Santo, certamente) acrescer à saudação angélica e de Santa Isabel, já rezada pelos fiéis à Puríssima Virgem, o que hoje conhecemos como a segunda parte da Ave Maria: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte!”; e que, após isso, a sacratíssima oração mariana passou a ser ainda mais difundida e feita mundo afora.
Há, outrossim, a versão de que o próprio Papa Celestino I, ao final dito sínodo, perante a assembleia reunida, ajoelhou-se e, em lágrimas de felicidade (por ocasião da proclamação do Santo Dogma da virginal maternidade de Nossa Senhora), saudou a Rainha do Céu com a prece: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte!” E, após isso, a cristandade entendeu ser tal ato advindo de inspiração divina e inseriu a saudação papal à oração da Ave Maria.
E, ainda, conta-se que, ao final do Sacrossanto Concílio de Éfeso, sediado na Igreja de Santa Maria Maior, essa encontrava-se rodeada por fiéis que, ao saberem da proclamação do Dogma de Santa Maria como Sempre Virgem Mãe de Deus, munidos de tochas à mão, bradavam cidade adentro: “viva Maria, Mãe de Deus! Foi vencido o inimigo da Virgem! Viva a grande, a augusta, a gloriosa Mãe de Deus!” E, por tal ato, entenderam os conciliares que tal prece, assim como aquele concílio, advinham de inspiração divina, o que os impeliu a inserir essa oração do povo de Deus à primeira parte da Ave Maria, por meio da fórmula: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte!”
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No que se refere ao nome de Jesus, na primeira parte da oração, esse é outro ponto da história muito controverso, já que diversas fontes relatam histórias diferentes ao narrarem o fato.
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco [Lc 1,28]. Bendita sois Vós entre as mulheres e bendito é o Fruto do Vosso ventre [Lc 1,42], “Jesus”: conta-se que o Santo Nome foi inserido alguns séculos depois do Sacrossanto Concílio de Éfeso, mas não há minúcias nos relatos, de modo que não encontrei qualquer prova com datação precisa.
Do Século V A.D. até a aparição de Nossa Senhora a São Domingos, em 1214 A.D. (ocasião na qual Ela lhe entrega o Santo Rosário nos moldes como rezamos atualmente — tema no qual deter-me-ei a seguir) são cerca de oitocentos anos. Um lapso temporal larguíssimo.
Não se sabe se a primeira parte da prece já estava completa quando houve esse milagroso evento. Tampouco se teria sido a própria Virgem Maria a inserir o nome de “Jesus” e dar termos finais à sagrada oração.
Fato é que na Litaniae Sanctorum (Ladainha dos Todos os Santos – Século VI) já constava a súplica que constitui a segunda parte da Ave Maria (Fonte: www.preces-latinae.org — LINK), referindo-se a Ela como Mãe de Deus — ou seja, após o Sacrossanto Concílio de Éfeso (431 d.C.) e antes da aparição de Nossa Senhora a São Domingos de Gusmão.
É mais uma fortíssima evidência de que a sagrada oração da Ave Maria já era rezada com primeira e segunda partes, já antes do Século XIII A.D.. O que não se pode precisar é quais eram, precisamente, cada uma de Suas palavras.
Quanto à meditação dos Mistérios da vida de Jesus e Maria, é imprescindível registrar um fato, ocorrido antes da aparição da Sempre Virgem à São Domingos.
Na introdução de uma obra do Beato Alano de La Roche, “O Saltério de Jesus e de Maria: gênese, história e revelação do Santíssimo Rosário.”, Coleção “As fontes da espiritualidade”, a partir da edição: “Obras completas do Beato Alano de La Roche”, ano 1847 A.D., a qual advém da publicação original de 1619 d.C., consta que, no ano de 1200 A.D., São Domingos e um companheiro encontravam-se na Espanha quando foram sequestrados por piratas e submetidos a trabalhos forçados nos remos da respectiva nau.
Após três meses, a Santíssima Virgem castigou os malfeitores com uma tempestade aterrorizante. São Domingos alertara-os que sobreviveriam caso se arrependessem e se comprometessem a mudar de vida e rezar o Saltério de Jesus e Maria diariamente, meditando nos 15 principais Mistérios de Suas vidas e erigindo uma nova Companhia de Jesus e Maria. Assim o fizeram e tudo se cumpriu.
Atente-se: tal milagroso evento ocorrera 14 anos antes da aparição da Rainha do Céu ao Santo, na França, em que instruira-lhe quanto à prática do Santo Rosário e às respectivas meditações dos Mistérios de Sua vida e da de Nosso Senhor.
Seria o mesmo Saltério Angélico meditado, ensinado aos piratas por São Domingos? E quem ensinara a esse Santo? Aprendera ele por inspiração da Sempre Virgem ou mesmo por aparição direta Dela a ti? Além do Santo, outros já o rezavam dessa maneira, na época em que entregara o Santo Rosário meditado aos seus algozes? Era um Saltério Mariano similar ao qual a Virgem Santíssima lhe passou, em 1214 A.D., dando-Lhe apenas termos finais?
São os mistérios dos Mistérios. Perguntas que demandam uma exatidão historiográfica que os documentos, infelizmente, não oferecem.
Da conjuntura sabe-se apenas que, após 1214 A.D., o Santo Rosário meditado passou a ser difundido por São Domingos com fervorosa devoção e, a partir daí, marcou a História do mundo e da Igreja, principalmente pelos incontáveis milagres advindos de tal piedosa prática.
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É importante mencionar que a Biblioteca Nacional Florentina (Florença-IT), a qual já pertencera aos Servos de Maria, do Convento da Beata Maria Virgem Saudada pelo Anjo (situado na mesma região), guarnece um documento datado do Século XIII A.D., no qual se lê esta oração: “Ave Dulcíssima e Imaculada Virgem Maria, cheia de Graça, o Senhor é Contigo. Bendita és Tu entre as mulheres e bendito é o Fruto de Teu ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, Mãe da Graça e da Misericórdia, rogai por nós, agora e na hora da morte. Amém!”
Eis uma inconteste evidência da forma completa da Ave Maria, após 1214 A.D., demonstrando que, realmente, depois desse divino evento, o Saltério Angélico tornou-se completo e foi difundido como jamais antes houvera sido.
Até onde alcança meu conhecimento acerca do tema, creio que a inserção do nome de Jesus, à primeira parte da Ave Maria, bem como se deu a origem de Seu segundo trecho, no Sacrossanto Concílio de Éfeso, e, também, a posterior inserção das meditações dos principais fatos da vida de Nosso Senhor e Nossa Senhora, é mais um dos Mistérios de Deus, os quais orbitam a miraculosa história do Santo Saltério Mariano — porquanto o Paráclito conduz Sua Santa Igreja.
Refriso: humildemente, concebo, portanto, a partir da pena do Beato Alano de La Roche e de São Luís de Montfort, que Nossa Senhora, diretamente, interferiu misericordiosamente na história do Santo Rosário. E sabe-se que ao menos duas ocasiões pontuais ocorreram: em 1200 A.D. e em 1214 A.D., ambas com São Domingos — conjunturas entre às quais historiadores divergem ao apontar qual teria sido o ponto de partida à prática do Santo Rosário com a meditação dos 15 Mistérios da vida de Jesus e Maria.
Todavia, independentemente de qual delas seja, fato inconteste é que, após a aparição de Nossa Senhora a São Domingos, em 1214 A.D., na França, o Santo Rosário passou a ser proliferado com 15 Mistérios a serem meditados, exatos e devidamente ordenados; e a adesão a tal sagrada devoção crescerá como jamais antes houvera; e os milagres e conversões inumeráveis acompanharam essa miraculosa expansão.
Creio ser coerente a dedução, a partir de todos os relevantes escritos mencionados, que o Santo Rosário meditado era, no mínimo, já exercitado por São Domingos e também por seus ex-sequestradores, pelo Santo convertidos, fundadores de uma Companhia de Jesus e Maria, empenhados na promessa de rezar o Saltério Angélico diariamente.
Pode ser que fosse, outrossim, já rezado por outros religiosos e leigos, ligados a São Domingos ou não — impossível precisar.
O que se não sabe é a exata semelhança ou igualdade em relação ao Saltério Mariano ensinado pela Puríssima Virgem a São Domingos, em 1214 A.D. Mas que, pelo menos desde 1200 A.D., já se O exercitavam, isso é fato — de acordo com os supracitados testemunhos.
A seguir, ambas versões: a longa, porém imprescindível, supramencionada introdução, presente em uma das obras de Alano de La Roche, na qual se encontra o relato de 1200 A.D.; e, logo após, a de 1214 A.D., a qual também é lida nos escritos de São Luís Maria Grignion de Montfort, o maior entre todos os mariólogos.
A de 1200 A.D.:
“O Rosário, ou Saltério de Jesus e de Maria, aparece... (...) no ano de 1212 d.C. (se bem que nunca tenham faltado, a partir dos Apóstolos, orações de intercessão à Maria Santíssima), quando em Toulouse (Halte Garonne, França) Nossa Senhora apareceu diversas vezes a São Domingos de Guzmàn (1170-1221).
Conta-nos o Beato Alano, que São Domingos estava prostrado [ao chão], pedindo incessantemente e fazendo penitência para que Ela o socorresse diante da heresia dos albigenses.
Nossa Senhora apareceu enquanto ele orava cuidadosamente à Virgem Santíssima, e, colocando-lhe sobre a cabeça uma coroa [Rosário] de 15 Mistérios, o ensinou sobre a potência do Seu Saltério. Nossa Senhora disse a São Domingos: ‘coragem, então! Pegues este Saltério e o pregues constantemente, junto a Mim.’
Esta é a primeira de uma longa série de Revelações sobre o Rosário, trazidas ao longo de todo o livro do Beato Alano. Por esse motivo aconselhamos a leitura da obra.
Desde então, esta devoção tem marcado o curso do segundo milênio da Igreja, como veremos em alguns importantes documentos históricos literários ou de arte, entre os anos de 1300 e 1600.
Nós utilizaremos, para esta difícil tarefa, dois importantes textos: a magistral obra historiográfica de Padre Estefano Orlandi O.P.; e os estudos de Padre Raimondo Spiazzi.
1) Pe. Raimondo Spiazzi O.P., grande historiador dominicano, falecido a pouco tempo, entre os seus muitíssimos escritos, nos deixou uma maravilhosa página sobre São Domingos, que trazemos integralmente: ‘que o Padre São Domingos foi o primeiro a criar a devoção do Rosário é opinião pacífica, que vem confirmada nas Bulas de Leão X, Pio V, Gregório XIII, Sisto V e outros Pontífices, os quais escreveram: ‘o Rosário da Benigna Mãe de Deus foi instituído através do Beato Domingos, da Ordem dos Frades Pregadores. Se retém que ele seja um autor inspirado pelo sopro do Espírito Santo.’ Por isso não se pode duvidar. E, também, se confirmou a antiguíssima tradição desta forma de orar — o uso do Pater Noster e boa parte da Ave Maria teve início no tempo dos Apóstolos. É verdade, também, que o modo específico de rezar a Oração Dominical e a Ave Maria (15 Pater Nosters e 150 Ave Marias) foi introduzida somente por São Domingos, com a clara intenção de fazer meditar sobre [os] Mistérios [Gozosos], Dolorosos e Gloriosos. Esta forma de oração mental e verbal é muito mais nobre e digna, visto que abraça todos os principais eventos da vida, da morte e da glória de Jesus Cristo, assim como os principais Mistérios da nossa Fé. Não é fácil, porém, definir em que ano o Santo Patriarca tenha começado a difundir o Rosário e a realizar a sua Campanha.
Alguns historiadores afirmam que o Patriarca pregava o Rosário e promovia a instituição, enquanto na França combatia os hereges albigenses, no ano de 1209 d.C., segundo Castiglio; no ano de 1210 d.C., segundo outros. Esta é a opinião pacífica, igual àquela presente no livro do Santíssimo Rosário, de Frei André Coppenstein, [da] Alemanha, onde foi citado pelo Beato Alano de La Roche, renovador do Rosário, o seu ‘De Dignitate Psalterii B.V.M.’. — Religiosos de vida Santa e digna de toda fé. E foi a mesma Virgem que lhes apareceu e que os estimulou a restabelecer a prática do Rosário. Alano de La Roche narra que, no ano de 1200 d.C., São Domingos foi capturado, com o seu companheiro Bernardo, nas Costas da Espanha, próximo a Santiago de Compostela. Ele ainda não tinha fundado a Ordem e ficou à mercê dos seus seqüestradores por três meses, durante os quais foi colocado no remo de um barco. Nossa Senhora, mostrando descontentamento ao ultraje feito com Seu dileto Domingos, desencadeou uma terrível tempestade que abalou o barco onde Seu servo era maltratado. Quando a barca estava próxima do naufrágio, São Domingos pediu aos seus carcereiros que fizessem penitência e que invocassem o nome de Jesus e Maria para obter socorro. Mas eles não se importaram e ao invés de repararem seus pecados, ainda se permitiam blasfemar, agredindo fisicamente o servo de Deus, a quem julgavam louco. Pela obstinação deles e o desprezo em relação aos conselhos do Santo, a tempestade se fez ainda mais ameaçadora. Contudo, mesmo com a desumana conduta dos piratas, as orações de São Domingos foram tão eficazes que conseguiram a piedade da Virgem Santíssima. Os piratas seriam salvos do naufrágio e poderiam até recuperar o carregamento lançado ao mar, se prometessem rezar todos os dias, 150 Ave Marias e 15 Pater Nosters. Junto à oração, eles meditariam sobre os 15 principais Mistérios da vida e morte do Nosso Redentor, e instituiriam uma nova Companhia de Cristo e de Maria. Arrependidos das suas atrocidades, prometeram e cumpriram todas as promessas. Estes fatos foram narrados pelo Beato Alano, a quem a Virgem revelou o dramático episódio da tempestade e a salvação dos piratas. Desse modo nasceu o Rosário, [de acordo com], além do Beato Alano, Frei André Coppenstein, no seu tratado sobre o Rosário, e Frei Giovanni Michele Pio, na ‘Progênie da Ordem’. [Em paralelo], outros historiadores argumentam que foi o próprio São Domingos a divulgar a devoção do Rosário, na França, quando afrontava os hereges albigenses. (...) Nessa [versão da história], o novo modo de pregar torna-se tão popular que logo foram vistos os frutos espirituais e prodigiosos. Foi a partir [desse] tempo que os historiadores começaram a falar e a difundir a prática [do Santo Rosário] em todo o mundo cristão e até mesmo entre os hereges. Se deve acrescentar que, pela devoção do Santo Rosário, muitos retornaram ao seio da Igreja, reconhecendo erros e culpas do passado. É inexplicável o sucesso que São Domingos obteve em todos os lugares, se não se tem em consideração a promessa feita a ele pela própria Virgem, quando disse ‘ensine todos a orar dessa forma.’ As vitórias tidas contra os albigenses se devem, em parte, a esta devoção. Deve-se recordar que, contra eles, por ordem do Pontífice, foi prometida uma cruzada com dez mil homens armados, sob o comando do Conde Simão de Monforte. Como se devesse combater [outra Batalha de Josué / Cerco de Jericó], marcharam contra o inimigo com armas temporais, enquanto São Domingo, como um Moisés, combatia espiritualmente, orando e pregando. Foi tão grande a ajuda da Virgem àqueles dez mil soldados, armados com o Rosário, que venceram o exército dos hereges, que era em milhares de homens, bem mais numerosos do que os cristãos. O fato impressionou todo o mundo e se reconheceu que a vitória era devida à força do Santíssimo Rosário. Recorda-se, também, que São Domingos, através do Rosário, converteu mais de cem mil hereges, públicos pecadores e célebres meretrizes, como se lê nas obras que tratam da sua missão. Penetrou tanto no coração e na alma dos fiéis à prática do Santo Rosário que não somente os religiosos daquele tempo retinham [como] lei inviolável rezar todo dia a Santa Oração nas igrejas, nas celas monásticas, nas bibliotecas, nas viagens... mas até leigos, príncipes, Eclesiásticos, Papas, Cardeais, Imperadores, Reis e outros nobres queriam, entre as preocupações e as angústias dos governos, entre delícias e prazeres, encontrar tempo e modo de dedicar-se à reza do Rosário. Não existia tarefa que impedisse o artesão, ao acordar pela manhã, de rezar o seu Rosário, antes de sair para trabalhar. Assim que virtude, arte e santidade cresciam juntos.’
Padre Estéfano Orlandi O.P., no ‘Libro del Rosario della Gloriosa Vergine Maria’, traz muitos testemunhos sobre o Rosário, alguns dos quais relatamos, porque cobrem a distância de mais de dois séculos entre São Domingos e o Beato Alano.
2) Em 1237 d.C., morreu aos 21 anos Margherita d’Ypres. Ela era filha espiritual do Frei Sigeri, do convento dominicano de Lille (convento fundado em 1224 d.C.). A sua vida foi escrita por Frei Tomas di Cantimprè O.P., entre o outono de 1240 d.C. e o fim de 1244 d.C.. Atesta-se, muito claramente, a devoção dela pelo Saltério Mariano, do qual ela costumava rezar uma terceira parte (“Quinquagenam de Psalterio”) [algo similar ao que, hoje, se conhece como Terço — 5 Pater Nosters e 50 Ave Marias], distinta das outras orações e do Saltério de David, que todo dia lia na atividade sagrada: ‘todos os dias rezava quarenta Orações do Senhor e outras quarenta Ave Maria, até mesmo ajoelhada, e, após o Saltério, outras 50...’
3) Em 1243 d.C., Frei João de Mailly O.P., em sua obra ‘Abbreviatio in gestis et miraculis sanctorum’, escreve: ‘este modo de saudar a Beata Virgem, como comprovam os números, era praticado por muitíssimos. De fato, muitas mães de família e virgens O realizam por 150 vezes, e às Saudações acrescentam um ‘Gloria Patri’ e dizem que essas rezam assim o Saltério da Beata Maria, conforme o mesmo número dos Salmos.’
4) Em 1251 d.C., Frei Tomas de Cantimpré O.P., em sua célebre obra “Bonum universale de apibus’, narra que conheceu um jovem da região de Brabante (Flandres, Bélgica) que costumava rezar, quotidianamente, o Saltério de Maria, composto por três grupos de 50 Saudações Angélicas: ‘o que temos sobre o tríplice grupo de 50 orações da Saudação do Canto Angélico da Ave Maria aconteceu no ano de 1251 da encarnação do Senhor. Naquele ano, vi e conheci um bom jovem, na região de Brabante (Flandres), que, mesmo sendo totalmente mundano, era devoto da Beata Virgem Maria, e cada dia se empenhava em rezar os três grupos de 50 Saudações.’
5) Nos Estatutos de 1265 d.C. da Confraria da Beata Virgem Maria, da Abadia de Saint-Trond-FR, se lê: ‘o religioso, quando torna-se Sacerdote, rezará, ao longo dos anos, um Saltério de David para os irmãos, as irmãs e os benfeitores desta confraria, vivos e mortos. Os leigos, irmãos e irmãs, rezarão durante o ano um Saltério da Beata Virgem para os vivos e um outro para os irmãos, irmãs e benfeitores mortos.’
6) Remonta ao ano de 1233 d.C. a fundação da Congregação de Gand, a mais antiga de Flandres-BEL, quando mulheres devotas reuniram-se junto ao Hospital da Abadia de Byloke, sob a orientação dos Padres dominicanos, ali presentes desde 1228 d.C.. Em 1242 d.C., foi instituída a primeira Congregação independente da Abadia, no qual, segundo a regra primitiva era pedido às devotas de rezarem o Saltério de Maria. Em julho de 1277 d.C., João Sersanders pede às Devotas que recitem, nos aniversários da sua morte, um ‘Psalterium Beatae Virginis Mariae’, ou seja, ‘um Saltério da Beata Virgem Maria.
7) Fora do ambiente dominicano, temos o testemunho de dois escritores monges: Gautier de Coinci (morto em Soisson-FR, no ano de 1238 d.C.) que narra, em poesia, a devoção das 150 Ave Marias da devota Eulália, e Cesário de Heisterbach (monge de 1199 d.C., morto em torno de 1240 d.C.), que no ‘Dialogus miracolorum’ conhece o Saltério da Virgem, dividido em três séries de 50 Ave Marias. Temos, além dos exemplos citados, as confrarias marianas, de Saint-Trond-FR, de Notre-Dame-FR, da Treille de Lille-FR e daquela de Namur-FR.
8) Em um quadro da escola de Guido da Siena-IT, hoje na Pinacoteca de Siena, do fim do século XIII d.C., é representado o Beato Andréa Gallerani, morto em 1251 d.C. e sepultado na igreja de São Domingos. O Beato é representado ajoelhado diante do Crucifixo e tem na mão direita um Paternostro [Rosário] com cerca de 50 grãos. Representado com a Coroa na mão, ele se encontra também em um quadro do Vecchietta, conservado na Academia de Siena.
9) Na cena de São Francisco [1181 d.C. - 1226 d.C.], em que aparece o Papa Inocêncio III, pintado por Giotto, na Basílica de São Francisco em Assis, é representado um cavaleiro com capa cruzada, que está rezando a sua longa Coroa.
10) O Beato Francisco Venimbeni de Fabriano morreu em 22 de abril de 1322 d.C. e o seu corpo permaneceu exposto por três dias. Dentre a multidão que vinha venerá-lo havia uma devota mulher que trazia pendurado na cintura o seu ‘Rosário’ (‘Coroa’ / ‘Paternostro’) para rezar o Saltério da Beata Virgem. A devota mulher colocou a extremidade do seu Rosário na mão do Beato morto, o qual, prodigiosamente, o apertou entre os dedos, impedindo-a de distanciar-se. Existem duas narrações diferentes deste fato:
a) ’Enquanto jazia durante aqueles três dias no caixão, entrou uma devota para venerar o Santo corpo. Como era comum, ela levantou a parte final do Rosário, que tinha unido ao cordão, e o colocou sobre a mão do Santo homem. Aquele o pegou e apertou com a mão, enquanto a mulher, prestando atenção ao vulto dele, orava. Quando quis ir embora, ela sentiu que algo a impedia. Notou o Rosário segurado pelo Santo homem, e imediatamente gritou...’
b) ‘Da vida do Beato, escrita pelo seu sobrinho, Frei Domingos: ‘se apresenta uma mulher devota a Deus e ao Santo Frei Francisco; e, pegando os grãos do Paternostro, ou seja, da Coroa da Beata Virgem, os colocou na mão do Santo. A fez pela grande devoção que tinha em relação ao Santo; entendendo, como é normal, que a sua Coroa, ou melhor, que os grãos da Oração do Senhor e da Coroa da Virgem, em contato com o Santo, se teriam santificado. Pois aquela mulher, tendo cumprido o seu desejo, enquanto estava para retornar às suas próprias atividades, não pôde, porque a corda de uma parte da Coroa era fixada à saia... ‘
11) São Vicente Ferreri (1350 d.C. - 1419 d.C.), foi lembrado pelo Beato Alano de La Roche como um venerador do Rosário da Virgem, sendo que em Nantes-FR, junto às Mulheres Hospitaleiras da Grande Providência, ainda é conservado o seu Rosário. Esse é composto de 50 grãos de madeira, distribuídos em cinco dezenas, [com] cinco grãos mais grossos, e terminando com uma cruz. A São Vicente Ferreri vem atribuído um elogio, em vulgar [popular] catalão, intitulado ‘Goigs del Roser’ ou seja ‘Exultação ao Rosário’, para qual leitura aconselhamos o ‘Libro del Rosario’, do Padre Estéfano Orlandi, e no qual são cantadas as sete Exultações da Beata Virgem: a Anunciação, a Natividade, a Adoração dos Magos, a Ressurreição, a Ascensão, o Descer do Espírito Santo, a Assunção e, no fim, se convida à entrar na Confraria da Virgem Maria, na Igreja dos Frades Pregadores.
12) Ainda hoje se conservam alguns Rosários muito antigos, como aquele junto ao Convento de Cascia-IT, entre as relíquias de Santa Rita de Cascia (1377 d.C. - 1447 d.C.), assim como um outro exemplar no antigo Santuário de Paula, em Calábria-IT, entre as relíquias de São Francisco de Paula (1416 d.C. - 1507 d.C.), contemporâneo do Beato Alano. Ele foi um grande milagreiro e realizou infinitas graças através da sua profunda devoção ao Rosário da Virgem. São Francisco de Paula também recebeu das mãos de Maria Santíssima o Santo Rosário, como é representado em uma obra impressa, do início do século XVI d.C., e como se deduz da sua vida, pelo seu contínuo rezar dos Rosários e Os fabricar para dá-Los ao povo. Quando em Roma-IT encontrou o Papa Sisto IV [1414 d.C. - 1484 d.C.], que queria consagrá-lo Sacerdote, o Santo de Paula respondeu que queria somente poder benzer os Santos Rosários e as velas para dar aos doentes.
13) Recordando as pedras sepulcrais mais importantes, em Florença-IT, no Pórtico da Igreja de Santo Egídio, junto ao Hospital de Santa Maria Nuova, está a pedra sepulcral da senhora Tessa (morta em 1317 d.C.), ali representada por inteiro. A falecida tem entre as mãos cruzadas o livro da Regra, do qual desce uma grande Coroa do Rosário e é possível distinguir claramente as ‘ve-Marias dos Pater Nosters. Ainda em Florença, além do Mosteiro, sobre a pedra sepulcral da senhora Lapa dos Acciaiuoli, em Buondelmonti (morta em 1370 d.C.), também está representada uma Coroa do Rosário, que a mulher tem entre as mãos, levemente unidas. A Coroa se compõe de mais de 50 grãos, irregularmente intercalados por quatro cruzinhas. Provavelmente, era a Coroa (Paternostro) que Santa Catarina de Siena tinha em mãos, quando arrancou desta uma pequena Cruzde prata para dá-la em esmola a um pobre: ‘enquanto ela pensava, veio à mente uma Cruzde prata de pequena medida, que, segundo o costume, devia ser intercalada àqueles nós, que comumente são chamados Rosário. Este Rosário, então, que a Sacra Virgem tinha entre as mãos...’
Mamaqui, escrevendo antes da revolução francesa, isto é, antes que tantos testemunhos de arte fossem perdidos, pôde descrever dois sepulcros que estavam na igreja dominicana de São Jácomo, em Paris-FR. Muito do descrito por Mamaqui tem importância pela história do Saltério de Maria. O primeiro sepulcro é aquele de Alain de Villepierre, senhor de Tabur, onde eram representadas três figuras das quais aquela do meio tinha pendurado nas mãos uma Coroa de 150 grãos, divididos em dezenas de grãos maiores. O segundo sepulcro é aquele de Umberto, que, renunciando ao Delfinado, em favor do Rei da França, no ano 1349 d.C., entrou na Ordem de Reims, em 1354 d.C.. O seu sepulcro em bronze tinha no centro a sua figura, com a mitra na cabeça e o pastoral entre as mãos unidas. Aos lados estavam várias figuras de freis dominicanos, dois deles, tinham uma Coroa.
Getino, em sua obra ‘Origen del Rosario’, ilustra dois sepulcros do século XIV d.C., um em Portugal e outro na Espanha. O primeiro é o sepulcro de dona Beatriz, segunda mulher do Rei João I, morta no ano 1307 d.C. e sepultada na igreja do Monastério de Toro. Do pescoço da imagem de dona Beatriz pende um grande rosário. Nos lados do sepulcro estão imagens de Santos e Santas da Ordem dominicana. Em Valladolid, em Espanha, no Mosteiro cisterciense de Santa Maria, se conserva o sepulcro de dona Maria de Molina, chamada a ‘Grande’, rainha de Castela e de Leon, que ali morreu em 1321 d.C., deixando escrito que queria ser sepultada com o hábito dominicano. Acima do sarcófago se vê reproduzido em alabastro a figura da rainha, sendo que do pescoço desce uma bela Coroa do Rosário.
14) Gorce cuidou do estudo de um manuscrito dominicano do início do século XIV d.C., proveniente de um Monastério de Poissy-FR. Fontes principais de tais manuscritos são: ‘Vitae Fratum’, de Frei Gerardo de Frachet; e ‘Bonum comune de apibus’, de Frei Tomás de Cantimpré, ambos dominicanos e pertencentes à primeira geração de frades posteriores à morte de Domingos.
Destes manuscritos faltam o prólogo e trinta capítulos do primeiro volume. A obra original era composta de três volumes, cada um deles dividido em 50 capítulos: esta divisão é intencional, porque segue o Rosário da Virgem, que se divide em três Coroas de 50 Ave Marias. O manuscrito... (...), hoje, começa no capítulo XXXI, com a exortação para rezar a Salve Rainha. Depois de ter realizado a oração em louvor à Maria, como remédio aos problemas do mundo, o autor afirma que, em sua obra de salvação, a Virgem é ajudada pela Ordem dominicana: ‘a Ordem’. Em seguida, se faz uma longa explicação sobre o símbolo da rosa [orações do Santo Rosário], o florir virtuoso, ou seja, perfumado, do qual cada um faz bem em colocar sobre a cabeça, porque estas Rosas combatem a dor, ou seja, o mal. Depois desta descrição, o autor trata das cinco Exultações de Maria, que, assim como a rosa, tem cinco pétalas. As cinco alegrias [Mistérios Gozosos] de Maria, porém, conforme a tradição são: a Anunciação; o Nascimento de Jesus; a Ressurreição; a Ascensão; a Assunção e a Coroação de Maria. Não só as exultações são descritas, mas também as dores de Maria, que são as cinco dores de Jesus Cristo [Mistérios Dolorosos].
O manuscrito narra um jovem devoto (por volta do ano 1250 d.C.) que costumava rezar 150 Ave Marias. Na margem, o autor anota ‘Rosarius’, e no texto do manuscrito especifica que a devoção das 150 Ave Marias se chama ‘Saltério de Nossa Senhora’. Depois, continua a falar da devoção de rosas e lírios à Virgem Maria, dizendo que o cristão deve nutrir-se de Maria... (...) como também se nutre da Eucaristia, visto que Maria é a Flor de Cristo.
No segundo tomo, se insiste sobre a importância da Ave Maria, sendo Maria a estrela que guia no difícil caminho os Seus devotos, peregrinos sobre a Terra, protegendo-os de todos os males.
Sucessivamente, o Saltério de Maria é chamado de ‘La Paternostre-Damedieu’, ou seja, ‘O Paternostro da Senhora de Deus’. E, em seguida, recomenda que se faça um Saltério cada dia, porque a Ave Maria é vida, e quem não a reza está morto.
Chega-se, assim, ao ponto culminante da obra, onde se afirma que o grande Apóstolo de Maria foi São Domingos. O Santo, antes de morrer, teve a celeste visão dos seus filhos dominicanos, recolhidos sob o manto protetor da Virgem Maria. Após esta sublime visão, São Domingos convocou os seus filhos, narrou à visão e os exortou vivamente a honrar a Celeste Senhora.
Gorce conclui no seu estudo: ‘se sabe o que quer dizer para o autor dominicano honrar Maria Nossa Senhora... Este parágrafo nos informa que São Domingos teve a missão de [contribuir para o plano salvífico de Deus] com a pregação do Rosário da Virgem, difundindo esta sua devoção florida.’
15) Pe. Raimundo Spiazzi O.P. ofereceu uma excelente descrição do Beato Alano e dos eventos sucessivos a Alano. Ele assim escreve: ‘mas, pela nossa fragilidade humana, com o passar do tempo a devoção esfriou, a tal ponto de cair quase no esquecimento. Mas a Virgem vigiava e procurou novamente reacendê-la nos corações dos povos. E, como foi o Patriarca São Domingos o instituidor, assim quis que um dominicano voltasse a pregar a bendita fórmula de oração. Este dominicano foi o Beato Alano, mestre da Ordem. Por volta do ano 1460 d.C.. Alano se encontrava em Bretanha-UK, celebrando a Santa Missa, em uma manhã, quando, no momento da consagração, viu Jesus Cristo crucificado na Hóstia, dizendo: ‘Alano, tornas a crucificar-me.’ Confuso, o religioso respondeu: ‘Senhor, como eu poderia cometer tal maldade?’ Respondeu-lhe o senhor: ‘Tu me crucificas com os teus pecados de omissão. Tu tens sabedoria, a Função Sagrada [Sacerdócio] e a licença de pregar o Santo Rosário e não o fazes. O mundo é cheio de lobos e tu te fizestes um cão dócil, incapaz até de latir. Juro que se não te corriges tornarás alimento dos pobres mortais.’ Após ter dito essas palavras, o fez ver as penas infernais e os tormentos, às quais eram expostas as almas no inferno. Disse o Senhor: ‘vistes aquelas penas?’ Aquele será o teu lugar, se demorares em pregar o Meu Rosário. Vai e Eu estarei contigo, assim como toda a corte do Paraíso, contra aqueles que tentarão ser obstáculo.’ O Beato Alano ficou muito intimidado. Posteriormente, o Beato teve uma segunda visão, que o tornou a encorajar e trouxe-lhe nova esperança. No dia da Assunção, ele estava pregando, quando o Senhor o fez conhecer aquilo que queria dele. Viu a Santíssima Virgem entrar no Paraíso com o Seu filhinho [creio que seja São Domingos, pois se fosse Cristo o substantivo deveria estar com a inicial maiúscula, o que não ocorre] e todos os espíritos angélicos inclinaram-se diante Dela, saudando-A com as palavras ‘Ave Maria’ [refriso: suponho estar a Santa Virgem com São Domingos ao colo, pois se fosse o Menino Jesus as saudações seriam para Ele e para Ela, o que não ocorre, segundo o relato]. Viu os anjos tocarem instrumentos quase em forma de Rosário e cantarem ‘Ave Maria’, e outro coro responder ‘Benedicta Tu in mulieribus’. Os espíritos celestes ofereciam o Rosário à Virgem, em grupos de 150. Um deles disse ao Beato Alano: ‘esse número é sagrado. Está presente na Arca de Noé, na Taberna de Moisés, no Templo de Salomão, nos Salmos de David, nos quais são representados Cristo e Maria. Com este número o Senhor gosta de ser glorificado e para que tu pregues o Rosário o Senhor quis fazer-te constatar o quanto é de Seu agrado.’ O advertiu, posteriormente, que era necessário pregar ao mundo essa devoção, porque tantos eram os males que o afligiam. Teria grande alegria todo aquele que louvasse a Deus daquele modo; enquanto que aqueles que O tivessem desprezado seriam vítimas de calamidades. Viu que os castigos ameaçados ao mundo são causados pelos três pecados capitais: luxúria, avareza e soberba. Para tais pecados o remédio era o Rosário. Viu também a Santíssima Trindade coroar Maria [como] Imperatriz do Céu. Ela se voltou ao Beato Alano e disse: ‘prega o que vistes e sentistes. E não temas, porque Eu estarei sempre contigo e com todos os devotos do Meu Rosário.’ Ele começou a pregar essa devoção, obtendo em todos os lugares grandes frutos espirituais. No ano de 1475 d.C., a Beata Virgem apareceu também ao Superior do convento de Colônia-ALE, este também fazia parte da Ordem dos Pregadores. A Virgem o disse que se a cidade de Colônia quisesse realmente liberar-se dos inimigos que a assediavam, era necessário pregar e difundir a prática do Rosário. Só desse modo a cidade seria salva. O culto Superior tornou público, [ao] comando da Rainha dos Anjos, e depois que o povo abraçou e praticou a oração do Rosário, a cidade foi liberada. Sabia bem o Santo Pontífice Pio V quanta força tinha o Rosário [para] debelar os inimigos de Deus. Ensinava a experiência e a confiança que colocava na Virgem e em São Domingos. O Rosário serviu para reprimir o orgulho do imperador Otomano, que, assoberbado pelas vitórias, pretendia ter Roma em seu poder. Mas foi humilhado pelas orações do Santo Pontífice e dos irmãos da Confraria do Rosário.’
16) São Pio V deixou na história da Igreja um documento de vital importância sobre o Santo Rosário, a ‘Bula Consueverunt Romani Pontifices’, de 17 de setembro de 1569 d.C., na qual trata de São Domingos, que, durante a difusão da heresia albigense, ‘levando os olhos ao Céu, e àquele monte da Gloriosa Virgem Maria, Benigna Mãe de Deus’, viu ‘uma maneira fácil e acessível a todos, como também muito devota no orar e implorar a Deus. O Rosário ou Saltério da Beata Virgem Maria, através do qual Ela é venerada com a Saudação Angelical, repetida 150 vezes, segundo o número do Saltério de David, e com a oração do Senhor, intercalada em cada dezena. À esta se acrescenta algumas meditações, que repercorrem toda a vida do Senhor Nosso Jesus Cristo.’ São Pio V afirmou, em relação a este modo de pregar, difundido pelos Frades de São Domingos e através da Confraria: ‘os fiéis de Cristo, exaltados pelas meditações e pelas orações, logo se transformaram em outros Homens. As sombras das heresias foram afastadas e manifestou-se a luz da Fé Católica.’ E foram apresentadas tantas outras possibilidades aos cristãos: ‘nós também, seguindo os exemplos dos predecessores e vendo a Igreja Militante a nós confiada por Deus, que nestes últimos tempos está sendo agitada por tantas heresias e por tantas guerras, atormentada e aflita atrozmente pelos maus costumes dos Homens, preocupados, mas cheios de esperança. Levantamos os olhos àquele monte, de onde provém cada ajuda, exortamos e convidamos cada fiel de Cristo a fazer a mesma coisa, amavelmente, no Senhor.’ Em ocasião da vitória de Lepanto, no dia 7 de outubro de 1571 d.C. (era o primeiro domingo do mês), São Pio V propôs a criação da Festa do Santo Rosário, como comemoração de Santa Maria das Vitórias. Em seguida, Gregório XIII, no dia 1° de abril de 1573 d.C., com a Bula ‘Monet Apostolus’, relança a Confraria do Rosário, e Clemente XI, com um Decreto da Congregação dos Ritos, no dia 3 de outubro de 1716 d.C., universaliza a Festa do Rosário, prevendo a sua celebração no dia 7 de outubro.” (Introdução presente na obra “O Saltério de Jesus e de Maria: gênese, história e revelação do Santíssimo Rosário.”, Coleção “As fontes da espiritualidade”, a partir da edição: “Obras completas do Beato Alano de La Roche”, ano 1847 d.C., a qual advém da publicação original de 1619 d.C.)
A de 1214.C.:
“Então, por todos os meios, devemos, ansiosamente... (...) rezar o Rosário inteiro, a cada dia, ou seja, rezar os três terços, cujas cinco dezenas são como que três pequenos diademas ou coroas de flores, existindo duas razões para se fazer isto. Primeiramente, honrar as três coroas de Jesus e Maria: a coroa da graça de Jesus, na hora de Sua Encarnação; Sua coroa de espinhos, durante a Paixão; e Sua coroa de glórias, nos Céus... (...) Em segundo lugar, nós devemos rezá-Lo a fim de que nós mesmos possamos receber três coroas de Jesus e Maria: a primeira é uma coroa de méritos durante nossa vida; a segunda, uma coroa de paz em nossa morte; e a terceira, uma coroa de glórias nos Céus. Se você rezar o Rosário fielmente, até a morte, eu lhe asseguro que, apesar das gravidades de seus pecados, ‘alcançareis a incorruptível coroa da glória.’ (1 Pd 5,4) Mesmo que você esteja à beira da condenação eterna, mesmo que você já tenha um pé no inferno, mesmo que você já tenha vendido sua alma ao diabo, com os feiticeiros fazem, ao praticar a magia negra, e mesmo que você seja um herege obstinado, como um diabo, inevitavelmente você se converterá, consertará sua vida e Jesus salvará sua alma. Guarde bem o que eu vou dizer: se você rezar o Santo Rosário, devotamente, cada dia, até a morte, com o propósito do conhecimento da verdade, você obterá a graça do arrependimento e o perdão de seus pecados.” (São Luís Maria Grignion de Montfort, O segredo do Rosário, Págs. 7-8.)
"O Rosário é, pois, uma grande coroa e o Terço é um diadema, ou uma pequena coroa de rosas celestes, que se põe sobre a cabeça de Jesus e de Maria.” (São Luís Maria Grignion de Montfort, A eficácia maravilhosa do Santo Rosário, Artpress, São Paulo, 2000, Pág. 12.)
"O Rosário inclui duas coisas: a oração mental e a oração vocal. A oração mental do Santo Rosário não é senão a meditação sobre os principais Mistérios da vida, da morte e da glória de Jesus Cristo e de Sua Santíssima Mãe. A oração vocal consiste em rezar quinze dezenas de Ave-Marias, sendo cada dezena precedida por um Pai-Nosso; em meditar e contemplar, nos quinze Mistérios do Santo Rosário, as quinze principais virtudes praticadas por Jesus e Maria. No primeiro terço, que é de cinco dezenas, honra-se e medita-se sobre os cinco Mistérios Gozosos; no segundo, sobre os cinco Mistérios Dolorosos; no terceiro, sobre os cinco Mistérios Gloriosos. Desse modo, o Santo Rosário é a importante união da oração vocal e mental para honrar e imitar os Mistérios e as virtudes da vida, da morte, da paixão e da glória de Jesus Cristo e de Maria. Como a base e a substância do Santo Rosário são a oração de Jesus Cristo e a Saudação Angélica (ou seja, o Pai-Nosso e a Ave-Maria) mais a meditação dos Mistérios de Jesus e de Maria, ele certamente constitui a primeira oração e a primeira devoção dos fiéis, e sua prática vem desde os Apóstolos e os discípulos e se estende até hoje. Mas só em 1214 o Santo Rosário, na forma e no método como o rezamos hoje, foi inspirado à sua Igreja e dado pela Santíssima Virgem a São Domingos com o objetivo de converter os hereges albigenses e os pecadores, assim como é relatado pelo Bem-Aventurado Alain de la Roche em seu famoso livro intitulado “De Dignitate Psalterii”. Vendo que os crimes dos Homens dificultavam a conversão dos albigenses, São Domingos penetrou em uma floresta, perto de Toulouse-FR, e ali passou três dias e três noites em contínua oração e penitência. Como não parasse de gemer, de chorar e de mortificar o corpo com chicotadas, a fim de apaziguar a cólera de Deus, acabou desfalecendo. A Santíssima Virgem apareceu acompanhada de três Princesas do Céu e disse-lhe: ‘Meu caro Domingos, você sabe qual foi a arma usada pela Santíssima Trindade para reformar o mundo?’ Ele respondeu: ‘Ó, Senhora, vós sabeis melhor do que eu, porque, depois de Vosso Filho Jesus Cristo, fostes o principal instrumento de nossa salvação.’ Ao que Ela acrescentou: ‘saiba que a principal arma foi o Saltério Angélico, que é o fundamento do Novo Testamento. Por isso, se quiser conquistar para Deus esses corações endurecidos, pregue Meu Saltério.’ O Santo se levantou muito consolado e, inflamado pelo zelo da salvação desses povos, entrou na catedral. No mesmo instante, os Anjos fizeram repicar os sinos, a fim de reunir os habitantes; e no início da pregação ergueu-se uma terrível tempestade, a terra tremeu, o céu escureceu, os intensos trovões e raios fizeram empalidecer e estremecer todos os ouvintes; e ficaram ainda mais aterrorizados quando olharam para o alto e viram uma imagem da Santíssima Virgem erguer os braços três vezes em direção ao Céu, para pedir a vingança de Deus contra eles, caso não se convertessem e não recorressem à proteção da Santa Mãe de Deus. — Com esses prodígios o Céu desejava aumentar a nova devoção ao Santo Rosário e torná-la mais conhecida. Graças às preces de São Domingos, a tempestade finalmente terminou. Ele prosseguiu seu discurso e explicou com tanto fervor e força a excelência do Santo Rosário que quase todos os habitantes de Toulouse-FR o aceitaram e renunciaram aos seus erros, e em pouco tempo observou-se uma grande mudança de hábitos e de vida na cidade. Este estabelecimento milagroso do Santo Rosário tem certa relação com a maneira pela qual Deus deu sua lei ao mundo, no Monte Sinai, e, evidentemente, mostra a excelência dessa divina prática. São Domingos, inspirado pelo Espírito Santo, instruído pela Santíssima Virgem e valendo-se de sua própria experiência, passou o resto da vida pregando o Santo Rosário por meio do exemplo e de sermões nas cidades e nos campos, para os grandes e os pequenos, os sábios e os ignorantes, os católicos e os hereges. — O Santo Rosário, que rezava todos os dias, era sua preparação para a pregação e seu compromisso depois de terminá-la. Enquanto se preparava para pregar na Notre-Dame de Paris (no Dia de São João, o Evangelista) e rezava o Santo Rosário, em uma capela, atrás do altar-mor, a Santíssima Virgem apareceu e disse-lhe: ‘Domingos, embora o sermão por você preparado seja bom, trago-lhe um muito melhor.’ São Domingos recebeu de Suas mãos o livro com o sermão, leu-o com atenção e quando o compreendeu rendeu graças à Santíssima Virgem. Chegada a hora do sermão, dirigiu-se ao púlpito e a única coisa que disse em louvor a São João, o Evangelista foi que ele merecera ser o guardião da Rainha do Céu. Mas para toda a assembleia dos grandes e dos doutores que vieram ouvi-lo — acostumados apenas aos discursos curiosos e polidos — disse que não falaria com as palavras eruditas da sabedoria humana e sim com a simplicidade e a força do Espírito Santo. Pregou-lhes, então, o Santo Rosário e, como se fossem crianças, explicou a Saudação Angélica, palavra por palavra, servindo-se das comparações muito simples que lera no livro ofertado pela Santíssima Virgem. (...) Durante o tempo em que os pregadores seguiram o exemplo de São Domingos e pregaram a devoção ao Santo Rosário, a piedade e o fervor floresceram tanto nas Ordens religiosas que a praticavam quanto no mundo cristão; mas assim que esse presente vindo do Céu começou a ser negligenciado, só vimos pecados e desordens em toda parte." (São Luís Maria Grignion de Montfort, O admirável segredo do Santíssimo Rosário para se converter e se salvar, Editora Vozes, Petrópolis-RJ, 6ª edição, 2024 A.D., Págs. 14-21.)
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Na supramencionada introdução presente no livro de Alano de La Roche, há relatos de Rosários do Século XIII A.D. (período da aparição de Nossa Senhora a São Domingos, na França, em 1214 A.D.) já com crucifixo na extremidade, bem como da prática da oração “Gloria Patri”, inserida no Saltério de Jesus e Maria. São importantes testificações, somadas a tantas outras, a favor da ideia de que o Saltério Angélico que se reza atualmente já era praticado nessa época — se não igual, muito similarmente.
Portanto, não se pode precisar a exata data em que foram inseridos à Coroa do Santo Rosário o Crucifixo (Credo), seguido da primeira conta grande (1 Pater Noster), as consecutivas três contas pequenas (3 Ave Marias) e a última conta grande (1 Gloria Patri), presentes na extremidade de todos os Rosários/Terços (Sacramentais); outrossim, não se sabe se tal formato já fora entregue dessa maneira a São Domingos, por Nossa Senhora, com tal construção, com ou sem as suas correspondentes orações, as quais comumente se rezam, hoje, nessa referida parte.
Ainda, quanto à supracitada extremidade do Santo Rosário, é igualmente impossível saber se as orações do "Angelus" e a prece "Salve Rainha", milenares e tradicionalíssimas, já eram partes constituintes do Saltério de Jesus e Maria, entregue a São Domingos por Nossa Senhora, em 1214 d.C., ou se foram inseridas posteriormente.
O “Angelus”, que por diversas fontes é atribuído ao Beato Urbano II, Papa de 1088 d.C. a 1099 d.C., é composto por três saudações marianas, as quais são rezadas intercaladamente às três primeiras Ave Marias do Santo Rosário, na referida parte extrema, adjunta ao crucifixo.
A “Salve Regina”, oração que consta ao final do Santo Rosário, segundo a Santa Tradição, foi composta por volta do ano 1050 d.C., pela pena do monge alemão Hermano de Reichenau O.S.B..
Refrise-se: impossível saber se ambas as orações acima citadas já eram partes constituintes do Sagrado Saltério, entregue a São Domingos pela Mãe de Deus, em 1214 d.C., ou se foram inseridas posteriormente, por alguns iluminados filhos de Deus, por meio de inspiração advinda da Santíssima Trindade ou da Puríssima Virgem Maria, sob as ordens do Criador.
Fato: ou o Deus Trino enviou ao Homem o Saltério Angélico pronto, no Século XIII d.C., por meio da Imaculada Conceição, tal qual nós o conhecemos atualmente; ou O enviou com a base pronta, de modo a permitir, por meio de Sua inspiração junto a alguns de Seus filhos (instrumentos Vossos), mínimas inserções ("Crucifixo", "Credo", "Angelus" e "Salve Rainha"), a fim de suplementar Sua "Obra Saltérica" — não por necessitar do Homem, reles mortal e miserável limitado, senão por infinita misericórdia, de modo a inseri-lo em Seu plano salvífico, destinado aos chamados à Perene Eleição. Ou seja: por um desses meios o Bom Deus fez ficar o Saltério Mariano ao Seu gosto, como melhor Lhe aprouvera ser adorado e a Virgem Santa venerada.
Urge ratificar: ninguém tem o direito de tocar na estrutura do Santo Rosário, a não ser o próprio Deus Trino ou Nossa Senhora, a mando Dele, que é Senhor de todos, inclusive Dela. E se alguma suplementação oracional foi feita ao Santíssimo Saltério de Jesus e Maria e mantida pela Santa Igreja Católica, com certeza foi com a anuência e, mais que isso, com direta inspiração dos Céus.
Prova disso são as diversas aparições de Jesus Cristo e Nossa Senhora, nas quais exortam os videntes a rezarem o Saltério Angélico e propagarem essa devoção — e jamais se lê, nos relatos de tais feitos extraordinários, qualquer censura do Céu acerca das preces contidas no Santo Rosário, tanto nos eventos do Século XIII d.C. quanto nos tempos seguintes, incluindo a miraculosa manifestação em Fátima-PT, Século XX d.C..
OBS.: são tais pormenores nada mais que minúcias, as quais adornam o Saltério de Jesus e Maria. O Santo Rosário, em Si, que é a soma das 150 Ave Marias mais os 15 Pater Nosters, Esse é unânime entre os historiadores, quanto à origem: foi forjado desde o início do catolicismo, ainda com os Apóstolos, finalizado segundo a vontade do Deus Trino, por meio de Nossa Senhora, que deu a São Domingos essa Coroa de Rosas Místicas pronta, com os respectivos Mistérios que contemplam Sua vida e a de Nosso Senhor. — Para além disso, há piedosas inserções permitidas e/ou inspiradas pela Santíssima Trindade (ou pela Rainha dos Céus, sob as ordens do Criador), a fim de nada mais que suplementar o Santo Rosário com preces de latria, hiperdulia e dulia, de modo a formar uma Sagrada Guirlanda de Rosas e Flores Espirituais poderosíssima, ofertada a Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo e à Santa Mãe de Deus.
OBS.: na terceira das várias aparições que Nossa Senhora fez em Fátima-PT, aos três pastorinhos, pediu Ela que, ao final de cada Mistério do Santo Rosário, fosse rezada uma prece. Disse-lhes a Rainha do Céu: ‘quando rezarem o Rosário, digam, depois de cada Mistério: ‘ó, meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu e socorrei principalmente as que mais precisarem.’” Nesse caso, não se trata de comunicação indireta, por meio de inspiração ou permissão dos Céus, mas da própria Santíssima Trindade, por meio da Virgem Santíssima, diretamente, instruindo os Homens a acrescer uma importantíssima prece ao Saltério de Jesus e Maria, dada a conjuntura de pecado e ignorância, por parte desses, defronte ao Deus Trino, Suas Leis e Sua Santa Igreja.
“São Domingos dividiu a vida de Jesus Cristo e da Santíssima Virgem em 15 Mistérios que nos representam Suas virtudes e Suas principais ações, como 15 quadros, cujas cenas devem nos servir de regra e de exemplo para conduzirmos nossa vida. Nossa Senhora ensinou a São Domingos esse excelente método de oração e lhe ordenou que o pregasse, a fim de reacender a piedade dos cristãos e de fazer reviver em seus corações o amor de Jesus Cristo. Ela o ensinou também ao Beato Alano de La Roche. Lhe disse: ‘rezar essas 150 Saudações Angélicas. É uma oração muito útil; uma homenagem que Me é muito agradável. E, ainda melhor, farão aqueles que recitarem essas saudações com a meditação da vida, da Paixão e da glória de Jesus Cristo, pois essa meditação é a alma de tais orações.’ De fato, o Rosário, sem a meditação dos Mistérios Sagrados de nossa salvação não seria senão um corpo sem alma; uma excelente matéria sem a forma, que é a meditação.” (São Luís Maria Grignion de Montfort, A eficácia maravilhosa do Santo Rosário, Artpress, São Paulo, 2000, Pág. 28.)
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SÃO DOMINGOS DE GUSMÃO
São Domingos de Gusmão (1170 d.C – 1221 d.C.) fora um monge espanhol, fundador da Ordem dos Pregadores Dominicanos. Encontrava-se na França, a mando do Papa Inocêncio III (1161 d.C. - 1216 d.C.), a lutar contra a heresia albigense (catarismo), na primeira década do Século XIII d.C..
O Santo empenhou-se fortemente no combate desse mal, mas, no início, não logrou o êxito almejado, uma vez que os enormes pecados ali cometidos impediam que a graça da conversão fosse alcançada pelos empedernidos pecadores. Todavia, após receber de Nossa Senhora o Saltério Angélico e difundi-lo por toda a região, tudo mudou.
O exercício do Saltério Mariano derrotou as heresias que combatia e, pela graça, rapidamente espalhou-se pela Europa e por todo o mundo, convertendo pagãos e ateus, arrebanhando católicos e infundindo na alma de seus praticantes a fidelidade aos Dogmas e à Santa Tradição da Igreja de Deus.
Graças incontáveis foram alcançadas por meio dessa santa devoção, por mais ou menos um século. Porém, após a morte de São Domingos, com o passar dos anos, infelizmente, muitos deixaram-se levar por más influências e inclinações, distaram-se da Sagrada Doutrina e passaram a negligenciar o exercício diário do Saltério Angélico, o que os levou a cair, por consequência, em graves pecados.
“O Santo Rosário, na forma como é rezado presentemente, foi inspirado à Igreja, e dado pela Santíssima Virgem a São Domingos, no ano de 1214, para converter os hereges albigenses e os pecadores, conforme relatou o Beato Alano de La Roche. São Domingos, vendo que os pecados dos Homens impediam a conversão dos hereges albigenses, entrou numa floresta próxima a Toulouse-FR e lá passou três dias e três noites em contínua oração e penitência. Para acalmar a cólera de Deus, não cessava de gemer, de chorar e de macerar o corpo com golpes de disciplina, a ponto de cair esgotado. A Virgem, então, lhe apareceu, acompanhada de três [Anjos] do Céu, e lhe disse: ‘se queres ganhar para Deus esses corações endurecidos, prega o Meu Rosário". O Santo se levantou consoladíssimo e, ardendo de zelo pela salvação das almas, entrou na catedral; imediatamente, os sinos foram tocados por Anjos, para reunir os habitantes. No começo da pregação houve uma tempestade espantosa; a terra tremeu, o sol se obscureceu, trovões e relâmpagos repetidos fizeram estremecer e empalidecer os ouvintes. Seu terror aumentou ainda mais quando viram uma imagem da Virgem, exposta em lugar de destaque, erguer os braços três vezes para o Céu. para pedir vingança a Deus contra eles, se não se convertessem e não recorressem à proteção da Mãe de Deus. O Céu queria, com esses prodígios, promover a nova devoção do Rosário e torná-la mais conhecida. A tempestade cessou, afinal, pelas orações de São Domingos. Este prosseguiu a pregação e explicou com tanto fervor e entusiasmo a excelência do Santo Rosário que quase todos os habitantes de Toulouse O adotaram e renunciaram a seus erros. Em pouco tempo, notou-se uma grande mudança nos costumes e na vida da cidade. O estabelecimento do Rosário, dessa forma prodigiosa, que faz recordar o modo como Deus promulgou Sua Lei no Monte Sinai, torna manifesta a excelência dessa devoção. São Domingos, inspirado pelo Espírito Santo, instruído pela Santíssima Virgem e por sua própria experiência, pregou o Rosário todo o resto de sua vida. Pregou-O pelo exemplo e pela palavra, nas cidades e nos campos, diante dos grandes e dos pequenos, diante dos sábios e dos ignorantes, dos católicos e dos hereges. Enquanto os pregadores difundiram, a exemplo de São Domingos, o Santo Rosário, a piedade e o fervor floresceram nas Ordens religiosas que praticavam essa devoção e no mundo cristão em geral. Mas, quando se negligenciou um tal presente vindo do Céu, pecados e desordens se viram por toda a parte. A devoção do Rosário se conservou fervorosa até cerca de cem anos após sua instituição. Depois, esteve quase sepultada no esquecimento. A malícia e a inveja do demônio, com certeza, contribuíram para tal esquecimento, e para que assim cessasse o fluxo das graças que o Rosário trazia para o mundo. A Justiça Divina castigou os reinos da Europa, a partir do ano de 1349, com a mais terrível peste que jamais se vira. Surgida no Oriente, espalhou-se pela Itália, Alemanha, França, Polônia, Hungria, e devastou todas essas terras, de modo que de cem homens somente um sobrevivia. As cidades, as aldeias e os mosteiros se despovoaram durante os três anos que durou a epidemia. E a esse flagelo de Deus ainda se seguiram outros. Quando, pela misericórdia de Deus, tais misérias cessaram, a Virgem ordenou ao Beato Alano de La Roche, célebre doutor e famoso pregador da Ordem Dominicana, que restabelecesse a antiga Confraria do Santo Rosário.” (São Luís Maria Grignion de Montfort, O segredo do Rosário, Págs. 8-11)
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BEM-AVENTURADO ALANO DE LA ROCHE
Deus, todavia, em Sua incomensurável misericórdia, mais uma vez, dá à humanidade outra chance.
O Criador, por volta de dois séculos depois daquela providencial aparição de Maria Santíssima a São Domingos, novamente, por meio de Nossa Senhora, permite que novas aparições sejam feitas, a fim de se reavivar a prática da oração e meditação dos Mistérios de Jesus e Maria, através do Santo Rosário. E, na conjuntura, o agraciado vidente e instrumento nas mãos do Altíssimo foi o Beato Alano De La Roche (1428 d.C – 1475 d.C.).
“Sem dúvida, também a maldade e inveja do diabo foi largamente responsável em fazer com que as pessoas negligenciassem o Santo Rosário e, assim, [bloqueassem] as fontes das graças de Deus, que essa devoção atrai ao mundo.
Assim, em 1349 d.C., Deus puniu a Europa inteira e lhe enviou a mais terrível peste que jamais fora conhecida em qualquer de suas terras. Iniciou-se no Leste e se espalhou através da Itália, Alemanha, França, Polônia e Hungria, trazendo desolação por onde chegou, pois, entre 100 Homens, dificilmente um sobreviveu para contar o que acontecera.
Cidades, vilas, arraiais e mosteiros ficaram quase que completamente desolados durante os três anos que a epidemia durou.
Esse castigo de Deus fora rapidamente seguido por mais dois outros: a heresia dos flagelantes e um trágico cisma no ano de 1376 d.C..
Mais tarde, quando essas calamidades cessaram, pela misericórdia de Deus, Nossa Senhora pediu ao Bem-Aventurado Alano que reavivasse a antiga Confraria do Santíssimo Rosário. O Bem-Aventurado Alano era um Padre dominicano do Mosteiro de Dinan, na Bretanha. Ele era um célebre teólogo e famoso por seus sermões. Nossa Senhora o escolheu porque, desde que a Confraria tinha sido originalmente criada nesta província, era-lhe adequado que um dominicano da mesma província tivesse a honra de a restabelecer. O Bem-Aventurado Alano iniciou seu nobre trabalho em 1460 d.C., após ter recebido os conselhos especiais de Nossa Senhora.
Depois, ele recebeu a urgente mensagem de Nosso Senhor, tal qual ele mesmo nos conta.
Um dia, quando estava celebrando a Missa, Nosso Senhor, que queria motivá-lo a pregar o Santo Rosário, lhe disse, na Sagrada Hóstia: ‘como podes Me crucificar novamente tão depressa?’ ‘Como assim, Senhor?’ — Perguntou o Bem-Aventurado, horrorizado. Respondeu Jesus: ‘tu já Me crucificaste uma vez, por seus pecados, e Eu, de Minha vontade, seria crucificado novamente ao invés de ver Meu Pai ofendido pelos pecados que tu cometeste. Tu estás a Me crucificar de novo, agora, porque tens todo o conhecimento e compreensão de que precisas para pregar o Rosário de Minha Mãe, mas não estás a fazê-lo. Se tu o tivesses feito, terias ensinado a muitas almas o caminho certo e os teria tirado do pecado, mas não estás a fazê-lo e tu mesmo és culpado dos pecados que eles cometem.’
Essa terrível reprovação fez com que o Bem-Aventurado Alano se dedicasse a pregar o Rosário intensamente. A Santíssima Virgem lhe disse também, um dia, a fim de o inspirar a pregar o Santo Rosário mais e mais: ‘tu foste um grande pecador na juventude, mas Eu obtive de Meu Filho a graça da tua conversão. Se fosse possível, gostaria Eu de ter passado por todos os tipos de sofrimentos, a fim de salvar-te, pois a conversão dos pecadores é uma glória para Mim. E Eu pedi, também, que tu fosses digno de pregar o Rosário por toda a parte.’
São Domingos também apareceu ao Bem-Aventurado Alano e disse-lhe dos grandes resultados de seu apostolado. Ele havia pregado o Santo Rosário incessantemente. Seus sermões tinham tido grande fruto e muitas pessoas se converteram durante suas missões. Ele disse ao Bem-Aventurado Alano: ‘vede os maravilhosos resultados que tive ao pregar o Santo Rosário! Tu e aqueles que amam Nossa Senhora devem fazer o mesmo. Por meio do santo exercício do Rosário atraireis todos à verdadeira ciência das virtudes.’
Isto é, em resumo, o que a história nos ensina acerca do estabelecimento do Santo Rosário, por São Domingos, e sua restauração, pelo Bem-Aventurado Alano De La Roche.” (São Luís Maria Grignion de Montfort, O segredo do Rosário, Págs. 14-16)
Ainda, acerca da prática da oração e meditação dos Mistérios de Jesus e Maria, por meio do Santo Rosário, o Santo de Montfort-FR também conta-nos:
“Cartagena, o grande estudioso, citando o Bem-Aventurado Alano de La Roche, em ‘De Dignitate Psalterii’, descreve o seguinte: ‘o Bem-Aventurado Alano escreve que, um dia, São Domingos apareceu-lhe em uma visão e disse-lhe: ‘meu filho, é bom pregar; mas há sempre o perigo de se procurar mais a eloquência do que a salvação [das] almas.’
Alano, ouça cuidadosamente o que me aconteceu em Paris-FR, afim que você fique prevenido contra esta espécie de coisas enganosas: eu pregava na grande Igreja dedicada à Virgem Maria e estava ansioso em fazer um grande sermão, não por orgulho, mas por causa da alta intelectualidade da assistência [fiéis presentes]. Uma hora antes da minha pregação, eu estava em recolhimento, rezando meu Rosário, como sempre fazia antes de pregar um sermão, então eu caí em êxtase. Vi minha amada amiga, a Mãe de Deus, dirigindo-se a mim com um livro na mão. Disse-me Ela: ‘Domingos, o sermão que você preparou para hoje está realmente muito bom, entretanto, o que trago para você é bem melhor.’ Certamente que fiquei maravilhado, peguei o livro e li cada palavra. Como Nossa Senhora disse, eu encontrei exatamente o que dizer em meu sermão. Assim, agradeci a Ela de todo o meu coração. Na hora de começar, vi que a Universidade de Paris concorrera [comparecera] com toda a força, tendo vindo também um grande número de cavalheiros que veriam e ouviriam as [grandes] coisas que o bom Senhor tinha feito por meu intermédio [São Domingos, instrumento de Deus]. Então, subi ao púlpito. Era festa de São João, o Apóstolo, porém, tudo o que disse sobre ele foi que tinha sido achado digno de ser o guardião da Rainha do Céu. Então, me dirigi à congregação: ‘meus Caríssimos e ilustres Doutores da Universidade, vocês estão acostumados a ouvir sermões de conformidade com seus gostos apurados. Agora não mais lhes falarei numa linguagem da escola da sabedoria humana, mas, ao contrário, vou lhes falar na linguagem do Espírito de Deus e Sua grandiosidade.’
Terminam, aqui, as narrações do Bem-Aventurado Alano, e Cartagena narra, ainda, com suas próprias palavras: ‘São Domingos explicava a Saudação Angélica a eles, usando comparações e exemplos da simplicidade do dia a dia da vida.’
O Bem-Aventurado Alano, de acordo com Cartagena, menciona outras vezes, nas quais Nosso Senhor e Nossa Senhora apareciam a São Domingos, ordenando e inspirando-o a pregar o Santo Rosário mais e mais, a fim de salvar os pecadores e converter os hereges.
Em outra passagem, Cartagena diz: o Bem-Aventurado Alano disse que Nossa Senhora lhe revelara que, depois que Ela apareceu a São Domingos, Seu Divino Filho Jesus apareceu-lhe também e disse: ‘Domingos, Eu me comprazo em ver que você não confia em sua própria sabedoria e que, ao invés de procurar a vaidade humana, está trabalhando com grande humildade, em prol da salvação [das] almas. Muitos pregadores querem, desde o princípio, pregar ameaçadoramente contra os piores tipos de pecados, falhando em perceber que, antes de se dar um medicamento doloroso, é necessário preparar o doente, colocando-o numa mentalidade receptiva, a fim de se beneficiar por esse meio. Eis porque, antes de qualquer outra coisa, os Sacerdotes devem tentar estimular o amor à oração nos corações das pessoas e, especialmente, um amor pelo Saltério Angélico (Rosário). Se ao menos eles todos começassem a rezá-Lo e perseverassem nessa oração, Deus, em Sua Misericórdia, dificilmente recusaria em dar-lhes Sua graça. Por essa razão, Eu quero que você pregue o Meu Rosário.’
Em outro lugar, o Bem-Aventurado Alano diz: todos os Sacerdotes rezam uma Ave Maria com os fiéis antes de pregar o sermão, pedindo pela graça de Deus. Eles assim o fazem por causa da revelação que São Domingos teve de Nossa Senhora. Disse Ela, um dia: ‘meu filho, não fique surpreso ao ver seus sermões falharem em alcançar o resultado almejado. Você está tentando cultivar uma terra que não foi regada pela chuva. Recorda que, quando Deus quis renovar a face da Terra, Ele enviou primeiro a chuva dos Céus e isso foi uma Saudação Angélica. Dessa maneira, Deus recriou o mundo. Exorta, pois, as pessoas, quando pregardes um sermão, a rezarem o Rosário, pois assim fazendo suas palavras darão fruto às suas almas.’
‘São Domingos não esperou por obedecer e, daí em diante, ele exerceu grande influência através de seus sermões.’
Esta última referência é do ‘Livro dos Milagres do Santo Rosário’ (escrito em italiano) e também encontrada nas obras de Justino (143º sermão).” (São Luís Maria Grignion de Montfort, O segredo do Rosário, Págs. 12-14)
Não obstante a hierarquia da Santa Igreja ainda não tenha canonizado o monge dominicano Alano de La Roche, convencionou-se chamá-lo de Bem-Aventurado/Beato por ter sido sua jornada clerical resplandecente de piedade, ortodoxia doutrinal e fervorosa fé. — Outrossim, porquanto os próprios confrades de sua Ordem desse modo passaram a referir-se a ele, bem como os católicos em geral.
Não à tôa é citado nos principais conteúdos que se propõem a tratar do Santo Rosário com mais profundidade — sobretudo em obras do maior mariólogo da História: o grande São Luís Maria Grignion de Montfort.
“Entre as coisas admiráveis que a Santíssima Virgem revelou ao Beato Alano de La Roche (e nós sabemos que esse grande devoto de Maria confirmou, por juramento, suas revelações), há três mais notáveis: a primeira: um sinal provável e próximo de condenação eterna ter negligência, tibieza e aversão pela Saudação Angélica, que reparou o mundo; a segunda: aqueles que têm devoção a essa saudação divina possuem um grandíssimo sinal de predestinação; a terceira: aqueles que receberam do Céu o favor de amar a Santíssima Virgem e de A servir por amor, devem ser extremamente zelosos em continuar a amá-La e servi-La, até que Ela os coloque no Paraíso, por meio de Seu Filho, no grau de glória compatível com seus méritos. Todos os hereges — que são filhos do demônio e portam sinais evidentes de reprovação — têm horror à Ave Maria. Eles ainda aprendem o Pai-Nosso, mas não a Ave Maria. Eles antes prefeririam levar consigo uma serpente do que um Terço ou um Rosário. Entre os católicos, aqueles que levam a marca da condenação também desprezam o Rosário, deixando de rezá-Lo, ou fazendo-O com tibieza e às pressas. Ainda que eu não acreditasse no que foi revelado ao Beato Alano, bastaria a minha experiência pessoal para me convencer dessa verdade. (...) Está escrito: ‘dai e vos será dado.’ (Lc 6,38) Tomemos a comparação do Beato Alano: ‘se eu vos desse, a cada dia, 150 diamantes, vós, ainda que fosseis meu inimigo, não me perdoaríeis? E, se fosse amigo, não me faríeis todos os favores que estivessem ao vosso alcance? Pois se quiserdes vos enriquecer dos bens de graça e de glória, saudai a Santíssima Virgem, honrai vossa boa Mãe.’ Apresentai-Lhe, a cada dia, pelo menos 50 Ave Marias, pedras preciosas que Lhe são mais agradáveis do que todas as riquezas da Terra. O que não devereis esperar, então, da Sua generosidade? Ela é nossa Mãe e nossa amiga. Ela é a Imperatriz do Universo, e nos ama mais do que todas as mães e rainhas juntas amaram um Homem mortal. Pois diz Santo Agostinho: a caridade da Virgem Maria excede todo o amor natural de todos os Homens e de todos os Anjos. Um dia, Nosso Senhor apareceu à Santa Gertrudes, contando peças de ouro; ela teve a ousadia de Lhe perguntar o que é que Ele contava. ‘Eu conto, respondeu Jesus Cristo, as tuas Ave Marias, moeda com a qual compras o Paraíso.’ O douto e devoto Padre Suárez, da Companhia de Jesus, considerava tanto o mérito da Saudação Angélica que, de bom grado, dizia [que] trocaria toda a sua ciência pelo valor de uma única Ave Maria bem rezada. O Beato Alano de La Roche narra que uma religiosa muito devota do Rosário apareceu, depois de morta, a uma de suas irmãs e disse: ‘se eu pudesse voltar ao meu corpo para somente rezar uma Ave Maria, ainda que sem grande fervor, para ter o mérito dessa oração, de bom grado sofreria de novo todas as dores que sofri antes da morte.’ É preciso notar que ela tinha sofrido, durante muitos anos, dores violentas no seu leito.” (São Luís Maria Grignion de Montfort, A eficácia maravilhosa do Santo Rosário, Artpress, São Paulo, 2000, Págs. 23-26.)
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A ORIGEM DO NOME “ROSÁRIO”
A origem do nome “Rosário” é mais um Mistério associado a essa sagrada devoção.
Conta-se que pode ter surgido a partir da antiquíssima prática popular, em algumas regiões monárquicas, de se ofertar guirlandas de flores à Rainha.
De acordo com tal versão, os católicos buscaram na rainha das flores, a rosa, uma analogia ideal para representar a oferta de guirlandas de rosas espirituais à Rainha dos Céus e da Terra, Santa Maria.
Três guirlandas místicas, cada qual com 50 rosas espirituais, para formar 150 (em alusão ao mesmo número de Salmos do Saltério), e, assim, tem-se o Rosário, Saltério Mariano (Saltério Angélico) — também composto por mais três Ave Marias iniciais, além dos 16 Pai Nossos, do Credo, do Glória, da Salve Rainha e das doxologias e jaculatórias suplementares.
As guirlandas de rosas honram a vida de Nosso Senhor e de Nossa Senhora: cinco fatos da infância de Jesus (Mistérios Gozosos); cinco fatos da Paixão de Cristo (Mistérios Dolorosos); e cinco fatos da Ressurreição do Salvador (Mistérios Gloriosos).
“Desde o estabelecimento do Rosário, por São Domingos, até 1460, quando o Beato Alano o restabeleceu, por ordem do Céu, ele foi chamado o Saltério de Jesus e da Virgem, porque contém 150 Ave Marias, o mesmo número dos Salmos de Davi. Depois disso, a voz pública [por inspiração divina, creio eu]... (...) lhe deu o nome de Rosário, que significa coroa de rosas. A Santíssima Virgem aprovou e confirmou esse nome, revelando a várias pessoas que elas Lhe ofereciam tantas rosas agradáveis quantas Ave Marias, e tantas coroas de rosas quantos Rosários rezassem. O Irmão Afonso Rodríguez, da Companhia de Jesus, recitava o Rosário com ardor, e via, frequentemente, a cada Pai-Nosso, sair de sua boca uma rosa vermelha [cor que simboliza a Paixão de Cristo] e a cada Ave Maria uma branca [cor que simboliza a pureza da Virgem Santíssima], iguais em beleza e perfume, somente diferentes na cor. As crônicas franciscanas contam que um jovem religioso tinha o louvável costume de rezar o Terço diariamente, antes da refeição. Um dia, por uma razão qualquer, não o rezou e, quando tocou o sino para o jantar, conseguiu do Superior permissão para rezá-lo antes de ir à mesa. Mas como ele se demorasse demais, o Superior enviou um religioso para chamá-lo. Esse religioso o encontrou na cela toda iluminada por uma luz celestial, e viu a Santíssima Virgem com dois Anjos; à medida que o religioso [Afonso Rodrigues] rezava as Ave Marias, belas rosas saiam de sua boca e os Anjos as iam pegando, uma após outra, e as colocavam sobre a cabeça da Virgem, que manifestava seu agrado. Dois outros religiosos, mandados pelo Superior para ver a causa do atraso dos outros, presenciaram também o fato. A Virgem só desapareceu quando o Terço estava inteiramente rezado. O Rosário é, pois, uma grande coroa e o Terço é um diadema, ou uma pequena coroa de rosas celestes, que se põe sobre a cabeça de Jesus e de Maria. Não é possível exprimir como a Virgem estima o Rosário acima de todas as devoções e quanto Ela é generosa em recompensar os que trabalham por pregá-Lo e difundi-Lo; e, pelo contrário, [não é possível exprimir] como Ela é terrível contra os que se opõem a Ele.” (São Luís Maria Grignion de Montfort, A eficácia maravilhosa do Santo Rosário, Artpress, São Paulo, 2000, Pág. 11-12.)
E, acerca do Saltério de Jesus e Maria, bem como de Sua quotidiana prática meditativa, assegura-nos, ainda, São Luís Maria Grignion de Montfort:
“Desde quando São Domingos estabeleceu a devoção do Santo Rosário até o tempo em que o Bem-Aventurado Alano de La Roche o restabeleceu, em 1460, Ele foi chamado de ‘O Saltério de Jesus e Maria’. Isto é devido ao fato Dele possuir o mesmo número de Saudações Angelicais (Ave Marias), como os 150 Salmos de Davi. Já que pessoas simples, de educação [básica] não conseguem rezar os Salmos de Davi, o Rosário é considerado tão proveitoso a elas como o Saltério de Davi é para outros. Contudo, o Rosário [é] mais valioso que os Salmos, por três razões: 1º) Porque o Saltério Angélico possui um fruto mais nobre, a saber, o Verbo Encarnado, a quem o Saltério Davídico somente o profetiza; 2º) Assim como a realidade é mais importante do que a prefiguração, e o corpo é mais importante que uma sombra, da mesma forma o Saltério de Nossa Senhora é mais grandioso que o Saltério de Davi, que nada mais fez que prefigurá-Lo; 3º) Por ser, o Saltério de Nossa Senhora (Rosário) composto de Pai-Nossos e Ave Marias, é uma obra direta da Santíssima Trindade e não foi feito através de um instrumento humano. O Saltério de Nossa Senhora (Rosário) é divido em três partes de cinco dezenas cada, por [cinco] razões especiais: 1ª) Honrar as três Pessoas da Santíssima Trindade; 2ª) Honrar a vida, morte e glória de Jesus Cristo (e de Maria); 3ª) Imitar a Igreja Triunfante, ajudar os membros da Igreja Militante e diminuir as dores da Igreja Padecente; 4ª) Imitar os três grupos nos quais os Salmos são divididos: a) O primeiro sendo para a vida purgativa; b) O segundo para a vida iluminativa; c) O terceiro [sendo] para a vida unificativa; 5ª) [Para] nos dar graças em abundância, durante nossa vida, paz na morte, e glória na eternidade.” (São Luís Maria Grignion de Montfort, O segredo do Rosário, Pág. 17.)
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OS PAPAS E O SANTO ROSÁRIO
No decurso da História, não faltaram Papas a demonstrar sua devoção à Santíssima Virgem e zelosa prática ao Saltério de Jesus e Maria.
São mais de 50 documentos oficiais, nos quais se encontra o endosso ao piedoso e sagrado exercício do Santo Rosário, bem como a exortação aos católicos, clérigos e leigos, a diariamente fazê-lo.
A seguir, algumas breves explanações acerca de alguns Sumos Pontífices em sua estreita relação com o Saltério Angélico, bem como suas máximas, alocuções e documentos pontifícios os quais corroboram tal fato e comprovam que a Santa Igreja é uníssona ao proclamar o Saltério Mariano como a maior entre todas as devoções, abaixo apenas do Sacrossanto Sacrifício da Sagrada Missa.
Papa São Pio V
Peço perdão pela digressão que antecederá os pontos expostos acerca de São Pio V (1504 d.C. – 1572 d.C.), mas se faz necessária para melhor compreensão de quem foi esse grande e santo Papa, bem como sua importância para a Santa Igreja.
O Papa Inocêncio III iniciou uma cruzada espiritual contra os hereges albigenses (cátaros), na Europa. E, na ocasião, enviou o piedoso e portento monge espanhol São Domingos de Gusmão ao Sul da França, a fim de evangelizar a região.
São Domingos não lograra o êxito almejado e, ao refugiar-se em uma floresta nas redondezas, a fim de penitenciar-se e rezar para obtenção do milagre da conversão dos heresiarcas, Nossa Senhora aparece-lhe e dá-lhe a arma para destruir o catarismo: o Santo Rosário.
O monge, imediatamente, espalha o sagrado exercício e as conversões milagrosas proliferam-se aos montes.
Os Papas de então, obviamente, jamais se puseram contra a devoção a Nosso Senhor e à Nossa Senhora por meio do Santo Rosário, até porque o Saltério Angélico já vinha sendo utilizado, em sua forma mais primitiva, há séculos, com muitíssimos frutos.
Infelizmente, tardou séculos até que um Sumo Pontífice aprovasse explicitamente a prática do Santo Rosário e incentivasse a proliferação de tal sagrada devoção, o que somente ocorrera no pontificado de Alexandre VI (1492 d.C. – 1503 d.C.), segundo a historiadora Juliana Beatriz Almeida de Souza (I Simpósio Internacional sobre Representações Cristãs: textos e imagens religiosas na América Colonial. Virgem Imperial. Nossa Senhora do Rosário no império ultramarino português., 2004, Pág. 6.).
Todavia, foi somente no papado de Pio V que o Santo Rosário fora oficialmente vinculado à aparição de Nossa Senhora a São Domingos.
São Pio V: o “Papa do Santo Rosário”; o “Papa da Reforma do Clero”; o “Papa da Santa Missa Tridentina”. — Foi, sem qualquer mínimo ponto de dúvida, um dos mais importantes Sumos Pontífices de toda a História: um homem piedoso, de fervorosa fé e ortodoxia, santo, agraciado com a vocação do Sacerdócio e, posteriormente, com a coroa do Papado.
Depois dos iluminados apostolados dos monges São Domingos de Gusmão e Bem-Aventurado Alano de La Roche, com a proliferação do exercício do Santo Rosário, tal sagrada devoção tornara-se difundidíssima mundo afora. Mas, infelizmente, sofrera ataques em sua fórmula original.
Eis, então, que Deus envia à cristandade, por misericórdia, o Papa São Pio V, o qual contribuiu imensamente para com a ortodoxia da Santa Liturgia Católica.
São Pio V era fervoroso na Fé e devotíssimo da Sempre Virgem Maria. Rezava, diariamente, o Santo Rosário. E, em conjunto com o Arcebispo de Milão, Cardeal São Carlos Borromeu (1538 d.C. – 1584 d.C.), iniciou a Reforma do Clero. Ordenou que os Bispos residissem nas respectivas Dioceses e que os Cardeais tivessem vida ascética, piedosa e simples, tal qual a Dele, que celebrava Santa Missa todos os dias, normalmente com uso de disciplina (cilício), e distribuía, pelos hospitais e conventos pobres, os fundos disponíveis.
Foi esse Santo Papa que, pela graça, solucionou a problemática das distintas maneiras pelas quais se exercitava o Saltério Mariano e, pouco depois, também restaurou a genuína celebração do Rito Latino Romano e O tornou intocável, canonizando-O.
Como citado, já em seu tempo, o exercício do Santo Rosário, embora demasiado difundido, não se tratava Daquele, dado a São Domingos pela própria Santíssima Virgem Maria.
Assim sendo, em 1568, após rebuscada revisão litúrgica, São Pio V publica o “Breviarium Romanum” (“Breviário Romano”), compêndio com as principais orações católicas, bem como a Liturgia das Horas e, principalmente, o Santo Rosário (certamente, em sua forma original, dada sua fervorosa ortodoxia e zelo pela preservação da Santa Tradição).
A partir dessa data, o Saltério de Jesus e Maria passa a estar positivado em documento papal, e Sua intransgressibilidade (antes tácita, por óbvio motivo de sacralidade), agora adquire caráter formalizado, visível e público.
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Esse Santo Padre, no ano seguinte à publicação do “Breviarium Romanum”, emitiu um novo documento que marcou, outra vez, a História da Santa Igreja, já que nele reafirma a origem sobrenatural do Santo Rosário, via Constituição Apostólica — o que antes jamais havia sido feito por um Papa, desde o advento do Saltério de Jesus e Maria.
“Constituição Apostólica Consueverunt Romani Pontifices
Sua Santidade São Pio V
Os Romanos Pontífices, e os outros Santos Padres, nossos predecessores, quando sob a pressão de guerras temporais e espirituais, ou perturbados por outras provações, a fim de mais facilmente poderem evadir-se destas e, alcançada a tranquilidade, poderem quieta e fervorosamente estar livres para servir a Deus, habituaram-se a implorar a assistência divina através de súplicas e ladainhas, pedindo o sufrágio dos Santos, e com Davi [referência ao Saltério — exercício dos 150 Salmos] levantavam os olhos para os montes, confiando, com esperança, [na] certeza de receber deles socorro.
1. Motivado por esses exemplos, e tal como piamente se acredita, inspirado pelo Espírito Santo, o Bem-Aventurado Domingos, fundador da Ordem dos Frades Pregadores (cujas Constituições e Regras Nós mesmos expressamente professamos, quando estávamos nas Ordens Menores), em ocasião similar à do tempo atual — quando partes de França e Itália eram miseramente perturbadas pela heresia dos albigenses, que cegaram a tantos seculares que estes, mais violentamente, grassavam contra os Sacerdotes do Senhor e contra os Clérigos —, levantou os olhos ao Céu e àquele Monte, que é a Gloriosa Virgem Maria, Amável Mãe de Deus, que, por sua descendência, esmagou a cabeça da serpente retorcida, e, [como o mais imaculado e eficientíssimo instrumento do Deus Trino], destruiu todas as heresias, e, pelo Bendito Fruto de Seu ventre, salvou o mundo, condenado pela queda de nosso primeiro pai, e do qual, sem a mão humana, foi fendida aquela rocha da qual, golpeada pela vara, jorraram abundantemente águas correntes de graças, lançando o olhar sobre aquela forma simples de orar e procurar a Deus, acessível a todos e inteiramente piedosa, que é chamada de Rosário ou Saltério da Bem-Aventurada Virgem Maria, na qual a mesma Beatíssima Virgem é venerada pela saudação angélica, repetida 150 vezes, isto é, de acordo com o número do Saltério Davídico, e pela Oração do Senhor, em cada dezena. Interpostas com essas orações estão certas meditações, mostrando a inteira vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, completando, assim, o método de oração legado pelos Padres da Santa Igreja Romana.
Este mesmo método São Domingos propagou, e foi difundido pelos Frades do Bem-Aventurado Domingos, da mencionada Ordem, e aceito por não pouca gente. Os fiéis de Cristo, inflamados por estas orações, imediatamente começaram a tornar-se homens novos.
A treva da heresia começou a ser dissipada e a luz da Fé Católica a ser revelada. Sodalícios para esta forma de oração começaram a ser instituídos em vários lugares, pelos Frades da mesma Ordem, legitimamente incumbidos desta obra pelos seus Superiores, e confrades começaram a inscrever-se.
2. Seguindo os passos de nossos predecessores, vendo a Igreja militante, que Deus pôs em nossas mãos, agitada desta forma, em nosso tempo, por tantas heresias, e atrozmente vexada por tantas guerras e costumes depravados dos Homens, nós levantamos nossos olhos, em lágrimas, mas cheios de esperança, para o mesmo Monte, donde vem todo auxílio, e no Senhor, benignamente, exortamos e admoestamos cada fiel de Cristo a fazer o mesmo.
Dado em Roma, junto de São Pedro, sob o Anel do Pescador, aos 17 de setembro de 1569 d.C., quarto de nosso Pontificado.” (Fonte: www.papalencyclicals.net — LINK)
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Urge mencionar a supracitada e análoga conjuntura na qual São Pio V também atuara, nessa mesmíssima época: a questão da Santa Missa de Sempre.
Quando a Santa Missa Tridentina era atacada em sua forma tradicional, com acréscimos e cisões — tal qual ocorrera ao Santo Rosário —, esse Santo Pontífice tomou outra atitude certamente inspirada pelos Céus: após o Sacrossanto Concílio de Trento (do qual participara ativamente como Cardeal), agora já como Papa, reuniu um séquito de piedosos e doutos Sacerdotes, a fim de realizar o mais profundo estudo acerca do Rito Latino Romano, de modo a volvê-Lo à Sua fórmula genuína dos primeiros séculos, o que também fora feito pelo Papa São Gregório (Século VI d.C.), visando essa mesma limpeza e preservação da integralidade do Rito genuíno.
Após conclusão do minucioso estudo histórico-litúrgico, São Pio V cortou arestas, reintroduziu o que erroneamente fora retirado e, por fim, trouxe aos católicos, novamente, a Santa Missa, tal qual era celebrada após cessadas as perseguições romanas aos cristãos (final do Século IV d.C. e Séculos V d.C e VI d.C.).
Em 1570 d.C., publicou a “Bula Quo Primum Tempore”, na qual canoniza a Santa Missa Gregoriana/Tridentina/de Sempre, tornando-A imutável, sob pena de excomunhão.
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Dois anos depois, emite mais um documento que se tornou um marco na história da Igreja Católica: a “Bula Salvatoris Domini”, de 1572 d.C., na qual atribui a vitória do exército católico contra os sarracenos, na Batalha de Lepanto-GR (7 de outubro de 1571 d.C., justamente Dia de São Domingos de Gusmão), à intercessão de Nossa Senhora, por meio da invocação dos católicos através de Seu Santo Rosário.
Nessa Bula o Santo Padre autoriza a celebração da Festa de Nossa Senhora das Vitórias, com data fixada para todo primeiro sábado do mês de outubro.
Nesse mesmo ano de 1572 d.C., findada sua resplandecente missão na Terra: sobe para junto do Pai o grande São Pio V.
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Encontra-se no Catecismo Romano do Sacrossanto Concílio de Trento, assinado por São Pio V:
“Como nas várias petições [do Pai-Nosso] se dirá, oportunamente, o que devemos e o que não devemos pedir, basta, por ora, advertir, em geral, os fiéis [de modo que] só peçam a Deus coisas justas e honestas. Do contrário, os que [pedirem] coisas fora de propósito, [serão] repelidos com a resposta negativa: ‘vós nem sabeis o que pedis.’” (Mt 20,22)
“Quando, pois, ó, cristão, te dispuseres a recitar esta prece, lembra-te que chegas como filho à presença de Deus, teu Pai. Assim que começas esta oração e proferes as palavras ‘Pai-Nosso’, considera a que relevância te exaltou a infinita bondade de Deus, porquanto te manda recorrer a Ele, não como um escravo que, contrafeito e temeroso, procura o seu senhor, mas como filho que, com espontânea confiança, se acolhe junto de seu pai. Depois de recordar e assimilar esta doutrina, pondera, ainda, com que zelo e piedade deves tu também aplicar-te à oração. Faze por te haveres como convém a um filho de Deus, quer dizer, faze que tuas orações e tuas obras não desmereçam da estirpe divina a que Deus quis elevar-te, em Sua bondade infinita. Ao desempenho de tal obrigação nos exorta o Apóstolo, quando diz: ‘sede, portanto, imitadores de Deus, como Seus filhos muito amados.’ (Ef 5,1) Façamo-lo assim, para que, na verdade, se possa dizer de nós o que o mesmo Apóstolo escrevia aos Tessalonicenses: ‘todos vós sois filhos da Luz, e filhos do Dia.’” (1Ts 5,5)
“A Ave Maria, como petição e ação de graças: desta natureza é a primeira parte da Saudação Angélica, quando a recitamos como oração: ‘Ave, Maria, cheia de graça! O Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres.’ Com tais palavras, rendemos a Deus os maiores louvores e ações de graças, que Lhe são devidas, por ter cumulado a Santíssima Virgem com a plenitude de todos os dons celestiais; e, ao mesmo tempo, gratulamos a própria Virgem pela Sua inigualável bem-aventurança. Com muito acerto, a Santa Igreja de Deus ajuntou a esta ação de graças orações e súplicas à Santíssima Mãe de Deus, pelas quais recorremos a Ela com fervorosa confiança, para que, pela sua intercessão, nos reconcilie com Deus e nos alcance as graças de que havemos mister, nesta vida terrena e na outra eterna. Portanto, nós, que vivemos neste vale de lágrimas, como degredados filhos de Eva, devemos invocar assiduamente a Mãe de misericórdia e Advogada do povo cristão, para que rogue por nós, pecadores. Por meio dessa prece, havemos de implorar o Seu auxílio e assistência, pois Seus méritos são de máximo valor aos olhos de Deus, e absoluta é também a Sua decisão de socorrer o gênero humano. Disso ninguém pode duvidar, a não ser por despudorada impiedade.”
“355) Que dizer da Saudação Angélica? A Ave Maria é uma perfeita petição e ação de graças ao mesmo tempo.
356) A quem devemos orar? Em primeiro lugar, devemos rezar a Deus, e invocar o Seu Santo Nome. Depois, rezamos aos Santos, recorrendo à sua intercessão junto a Deus.
357) Como rezar o Pai-Nosso em honra de um Santo? Quando rezamos o Pai-Nosso diante da imagem de um Santo, devemos pedir ao mesmo Santo que recite conosco o Pai-Nosso e nos ajude a alcançar o que se contém nas suas petições.
358) É preciso preparar-nos para a oração? A Escritura diz: ‘antes de rezar, prepara a tua alma, e não sejas como um Homem que tenta a Deus.’ (Eclo 18,23)
359) Com que sentimentos devemos entrar em oração? Para fazermos boa oração, devemos despertar em nós sentimentos de humildade e arrependimento, procurando livrar-nos de certos pecados, como seja, homicídio, ira, discórdia, rancor, dureza para com os pobres, soberba, desprezo pela Palavra Divina.
360) Que sentimentos são ainda necessários? Devemos rezar com fé e esperança; confiar na bondade de Deus para conosco; em Cristo, como nosso medianeiro; no Espírito Santo, como promovedor de nossa oração; viver, enfim, segundo a vontade de Deus.
361) Que atributos deve ter a oração? Devemos rezar ‘em espírito e verdade’, com perseverança, em nome de Jesus, com fervor e gratidão, com jejuns e esmolas.” (Catecismo Romano do Sacrossanto Concílio de Trento, 1566 d.C.)
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Papa Gregório XIII
O Papa Gregório XIII (1502 d.C. – 1585 d.C.), seu sucessor, em ratificação ao milagre em Lepanto-GR — e em uníssono ao seu antecessor, no tocante ao Saltério Mariano —, a 1573 d.C., publica a “Bula Montet Apostulus”.
Eis aí mais um documento marcante no catolicismo, pois nele formaliza-se a inserção da Festa de Nossa Senhora das Vitórias, na Santa Liturgia, com um nome ainda mais explícito, o qual alude ao milagre em Lepanto-GR: “Dia de Nossa Senhora do Rosário”, com solenidade no dia 7 de outubro, data da memorável batalha.
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Papa Leão XIII
O Papa Leão XIII, no ano de 1883, publicou um documento que, de modo inconteste, mais uma vez, via formalidade papal, ratifica o Santo Rosário, sua origem sobrenatural e os milagres alcançados pelos Homens por meio de seu exercício.
“4. Mas esta ardente e confiante piedade para com a Augusta Rainha do Céu foi posta em mais clara luz quando a violência dos erros largamente difundidos, ou a transbordante corrupção dos costumes, ou o assalto de inimigos poderosos, pareceram pôr em perigo a Igreja militante de Deus.
5. As memórias antigas e modernas e os sagrados fastos da Igreja relembram, de uma parte, as súplicas públicas e particulares e os votos elevados à Divina Mãe, e, de outra parte, os auxílios por meio Dela obtidos, e a tranquilidade e a paz pelo Céu concedidas. Daí tiveram origem esses títulos insignes com que os povos católicos a [saúdam]: Auxiliadora dos Cristãos, Socorredora e Consoladora, Dominadora das Guerras, Senhora das Vitórias, Pacificadora. Entre os quais é principalmente digno de menção o título, tão solene, do Rosário, que consagra à imortalidade os seus assinalados benefícios em favor da inteira Família Cristã.
6. Nenhum de vós, ó, veneráveis irmãos, ignora quantas dores e quantas lágrimas, no fim do século XII, proporcionaram à Santa Igreja de Deus os hereges albigenses, que, nascidos da seita dos últimos maniqueus, haviam infectado de perniciosos erros a França Meridional e outras regiões do mundo latino. Espalhando em torno de si o terror das armas, eles tramavam estender o seu domínio pelos morticínios e pelas ruínas. Contra esses péssimos inimigos Deus misericordioso suscitou, como vos é bem conhecido, um homem virtuosíssimo: o ínclito Padre fundador da Ordem Dominicana. Insigne pela integridade da Doutrina, por exemplos de virtude e pelos seus labores apostólicos, ele se preparou com intrépida coragem para travar as batalhas da Igreja Católica, confiando não na força das armas, mas sobretudo na daquela oração que ele, por primeiro, introduziu sob o nome do Santo Rosário, e que... (...) depois divulgou por toda parte. (...) Ele bem sabia que, com o auxílio desta oração, poderoso instrumento de guerra, os fiéis poderiam vencer e desbaratar os inimigos, e forçá-los a cessar a sua ímpia e estulta audácia. E é sabido que os acontecimentos deram razão à previsão. De feito, desde quando tal forma de oração, ensinada por São Domingos, foi abraçada e devidamente praticada pelo povo cristão, de um lado começaram a revigorar-se a piedade, a fé e a concórdia, e, de outro, foram por toda parte quebradas as manobras e as insídias dos hereges. Além disto, muitíssimos errantes foram reconduzidos à trilha da salvação, e a loucura dos ímpios foi esmagada por aquelas armas que os católicos haviam empunhado para reprimir a violência.
7. A eficácia e o poder da mesma oração foram, depois, experimentadas também no século XVI, quando as imponentes forças dos turcos ameaçavam impor a quase toda a Europa o jugo da superstição da barbárie. Nessa circunstância, o Pontífice São Pio V, depois de estimular os soberanos cristãos à defesa de uma causa que era a causa de todos, dirigiu todo o seu zelo a obter que a poderosíssima Mãe de Deus, invocada por meio do Santo Rosário, viesse em auxílio do povo cristão. E a resposta foi o maravilhoso espetáculo então oferecido ao Céu e à Terra; espetáculo que empolgou as mentes e os corações de todos!
Com efeito, de um lado os fiéis, prontos a dar a vida e a derramar o sangue pela incolumidade [de sua falsa religião] e da pátria, junto ao golfo de Corinto esperavam impávidos [os católicos]; de outro lado, homens inermes, com piedosa e suplicante falange, invocavam Maria, e com a fórmula do Santo Rosário, repetidamente, a saudavam, a fim de que assistisse os combatentes até à vitória. E Nossa Senhora, movida por aquelas preces, os assistiu: porquanto, havendo a frota dos cristãos travado batalha perto de Lepanto, sem graves perdas dos seus, desbaratou e matou os inimigos, e alcançou uma esplêndida vitória. Por este motivo o Santo Pontífice, para perpetuar a lembrança da graça obtida, decretou que o dia aniversário daquela grande batalha fosse considerado festivo com honra da Virgem das Vitórias; festa que depois Gregório XIII consagrou sob o título de [Nossa Senhora do Rosário].” (Papa Leão XIII, Carta Encíclica Supremi Apostolatus Officio, Roma, 1º de setembro de 1883 d.C.. Fonte: www.vatican.va — LINK)
E esse mesmo Sumo Pontífice também assinou as seguintes palavras:
“(...) Apraz-nos considerar e expor como, de acordo com os divinos desígnios da Providência, o Rosário desperta no ânimo de quem reza [com] uma suave confiança de ser atendido, e move a maternal piedade da Virgem Bendita a corresponder a tal confiança com a ternura dos Seus socorros. O nosso suplicante recurso ao patrocínio de Maria funda-se no Seu ofício de Mediadora da graça divina; ofício que Ela ― agradabilíssima a Deus pela Sua dignidade e pelos Seus méritos, e de longe superior em poder a todos os Santos ― continuamente exerce por nós, junto ao trono do Altíssimo. (...) Porque, quando nos dirigimos a Deus pela oração dominical, nós o suplicamos mediante uma oração digna Dele. Mas às coisas que nela pedimos, já de per si tão retas e ordenadas e tão conformes à Fé, à esperança, à caridade cristã, junta-se um valor que não pode deixar de ser sumamente apreciado pela Virgem Santíssima. Este: que à nossa voz se une a de Seu Filho Jesus, o qual, depois de nos haver ensinado, palavra por palavra, essa fórmula de oração, autorizadamente no-la impõe, dizendo: ‘vós, pois, rezareis assim.” (Mt 6, 9). Certos estejamos, pois, de que, se formos fiéis a este mandato com a recitação do Rosário, de Sua parte Maria não deixará de exercer com maior benevolência o Seu ofício de solícita caridade; e, acolhendo com semblante benigno estas místicas coroas de orações, recompensar-nos-á com abundância de graças. (...) Queira Deus — é este um ardente desejo Nosso — que esta prática de piedade retome em toda parte o seu antigo lugar de honra! Nas cidades e aldeias, nas famílias e nos locais de trabalho, entre as elites e os humildes. Seja o Rosário amado e venerado como insigne distintivo da profissão cristã e o auxílio mais eficaz para nos propiciar a divina clemência.” (Papa Leão XIII, Carta Encíclica Iucunda Semper Expectatione, 8 de setembro de 1894 d.C.. Fonte: www.vatican.va — LINK)
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Papa Pio IX
O Papa Pio IX, em sua “Constituição Apostólica Egregiis Suis”, escreveu:
“Assim como São Domingos se valeu do Rosário como uma espada para destruir a nefanda heresia dos albigenses, assim também hoje os fiéis, exercitando uso desta arma — que é a reza cotidiana do Rosário — facilmente conseguirão destruir os monstruosos erros e impiedades que por todas as partes se levantam.”
E asseverara, outrossim: ‘as minhas queridas esperanças do triunfo da Santa Igreja fundam-se no Rosário.” (Pio IX).
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Papa São Pio X
O Papa São Pio X teve um pontificado demasiado combatente.
Humilde e respeitosamente, discordo de algumas conjunturas em seu papado, mas respeito muitíssimo sua ascese.
Admiro, igualmente, suas investidas contra o modernismo: destaque para seu Juramento Anti-Modernista, promulgado em 1910, obrigando todos os Padres, Bispos e professores a fazê-lo — o qual fora suprimido em 1967 d.C., pelo Papa Paulo VI, o mesmo que mandou o Padre maçom Annibale Bugnini fazer a “Novus Ordo Missae” (“Missa Nova”) e depois disse que “por alguma brecha a fumaça de Satanás entrou no templo de Deus”.
E uma obra indispensável a todo católico, por ele assinada: o Catecismo Maior de São Pio X, no qual também ratifica a importância do exercício do Santo Rosário:
“278) Qual é a oração vocal mais excelente? A oração vocal mais excelente é aquela que o próprio Jesus Cristo nos ensinou, isto é, o Pai-Nosso.
279) Por que é o Pai-Nosso a oração mais excelente? O Padre-Nosso é a oração mais excelente, porque foi o próprio Jesus Cristo que a compôs e no-la ensinou, — porque contém, claramente, em poucas palavras, tudo o que podemos esperar de Deus; e porque é a regra e o modelo de todas as outras orações.
280) É também o Pai-Nosso a oração mais eficaz? O Pai-Nosso é também a oração mais eficaz, porque é a mais agradável a Deus, porque é feita com as mesmas palavras que nos ditou o Seu Divino Filho.
324) Que oração costumamos rezar depois do Pai-Nosso? Depois do Pai-Nosso rezamos a Saudação Angélica, isto é, a Ave Maria, por meio da qual recorremos à Santíssima Virgem.
335) Por que, depois do Pai-Nosso, dizemos antes a Ave Maria do que outra qualquer oração? Porque a Santíssima Virgem é a Advogada mais poderosa junto de Jesus Cristo: por isso, depois de termos rezado a oração que Jesus Cristo nos ensinou, pedimos à Santíssima Virgem que nos alcance as graças que imploramos.” (Papa São Pio X, Catecismo Maior de São Pio X)
São Pio X rezava, devotamente, o Santo Rosário, todos os dias. E foi um Papa propagador dessa sagrada devoção.
Suas palavras, a seguir, corroboram tal fato:
“Se quiserdes que a paz reine em vossas famílias e em vossa pátria, rezai todos os dias, em família, o Santo Rosário.”; "dai-me um exército que reze o Rosário e eu vencerei o mundo."; “de todas as orações, o Rosário é a mais bela e a mais rica em graças; é a oração que mais toca o coração da Mãe de Deus."
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OS SANTOS E O SANTO ROSÁRIO
Santo Tomás de Aquino
Santo Tomás de Aquino, tido pela Santa Tradição como o Doutor entre os Doutores da Santa Igreja, foi da Ordem de São Domingos e contemporâneo desse grande Santo e fundador dos dominicanos (Ordem dos Pregadores).
Portanto, é óbvio que, a exemplo de seu Prior, era devoto de Nossa Senhora e assíduo no exercício do Santo Rosário.
Suas palavras, em seu sermão “A Saudação Angélica”, não deixam a mínima sobra de dúvida, acerca de tal fato.
“A saudação angélica é dividida em três partes:
• A primeira, composta pelo Anjo: ‘Ave, cheia de graça! O Senhor é contigo! Bendita és Tu, entre as mulheres.” (Lc 1,28).
• A segunda é obra de Isabel, mãe de João Batista, que disse: ‘Bendito é o fruto do Teu ventre.’ (Lc 1,42).
• A terceira parte, a Igreja acrescentou: ‘Maria’. O Anjo não disse: ‘Ave, Maria!’ e sim, ‘Ave, cheia de graça!’ Mas este nome de Maria, efetivamente, se harmoniza com as palavras do Anjo, como veremos mais adiante.
Ave
Na antiguidade, a aparição dos Anjos aos Homens era um acontecimento de grande importância e os Homens sentiam-se extremamente honrados em poder testemunhar sua veneração aos Anjos.
A Sagrada Escritura louva Abraão por ter dado hospitalidade aos Anjos e por tê-los reverenciado. Mas um Anjo se inclinar diante de uma criatura humana nunca se tinha ouvido dizer antes que o Anjo tivesse saudado à Santíssima Virgem, reverenciando-A e dizendo: ‘Ave’.
Se na antiguidade o Homem reverenciava o Anjo e o Anjo não reverenciava o Homem, é porque o Anjo é maior que o Homem e o é por três diferentes razões:
• Primeiramente: o Anjo é superior ao Homem por sua natureza espiritual. Está escrito: ‘dos seres espirituais Deus fez Seus Anjos.’ (Sl 103,4)
O Homem tem uma natureza corruptível e por isso Abraão dizia a Deus: ‘falarei a meu Senhor, eu que sou cinza e pó.’ (Gn 18,27) Não convém que a criatura espiritual e incorruptível renda homenagem à criatura corruptível.
• Em segundo lugar: o Anjo ultrapassa o Homem por sua familiaridade com Deus.
Com efeito, o Anjo pertence à família de Deus, mantendo-se a Seus pés. ‘Milhares de milhares de Anjos O serviam, e dez milhares de centenas de milhares mantinham-se em Sua presença’, está escrito em Daniel 7,10.
Mas o Homem é quase estranho a Deus, como um exilado longe de sua face, pelo pecado, como diz o Salmista: ‘fugindo, afastei-me de Deus.’ (Sl 54,8).
Convém, pois, ao Homem honrar o Anjo por causa de sua proximidade com a Majestade Divina e de sua intimidade com Ela.
• Em terceiro lugar: o Anjo foi elevado acima do Homem, pela plenitude do esplendor da graça divina que possui.
Os Anjos participam da própria luz divina em mais perfeita plenitude. ‘Pode-se enumerar os soldados de Deus’, diz Jó 25,3, ‘e haverá algum sobre quem não se levante a sua luz?’ Por isso os Anjos aparecem sempre luminosos. Mas os Homens participam também desta luz, porém, com parcimônia e como num claro-escuro.
Por conseguinte, não convinha ao Anjo inclinar-se diante do Homem, até o dia em que apareceu uma criatura humana que sobrepujava os Anjos, por sua plenitude de graças (cf n° 5 a 10), por sua familiaridade com Deus (cf. n° 10) e por sua dignidade. Esta criatura humana foi a Bem-Aventurada Virgem Maria. Para reconhecer esta superioridade, o Anjo Lhe testemunhou sua veneração por esta palavra: ‘Ave’.
Cheia de Graça
Primeiramente, a Bem-Aventurada Virgem ultrapassou todos os Anjos por Sua plenitude de graça, e para manifestar esta preeminência o Arcanjo Gabriel inclinou-se diante dela, dizendo: ‘cheia de graça’; o que quer dizer: ‘a Vós venero, porque me ultrapassais por Vossa plenitude de graça.’
Diz-se também da Bem-Aventurada Virgem que é cheia de graça, em três perspectivas:
• Primeiro, Sua alma possui toda a plenitude de graça. Deus dá a graça para fazer o bem e para evitar o mal. E sob esse duplo aspecto a Bem-Aventurada Virgem possuía a graça perfeitissimamente, porque foi Ela quem melhor evitou o pecado, depois de Cristo.
O pecado ou é original ou atual; mortal ou venial.
A Virgem foi preservada do pecado original, desde o primeiro instante de Sua concepção, e permaneceu sempre isenta de pecado mortal ou venial.
Também está escrito, no Cântico dos Cânticos: ‘Tu és formosa, amiga minha, e em Ti não há mácula.’ (Ct 4,7).
‘Com exceção da Santa Virgem’ — diz Santo Agostinho, em seu livro Sobre a natureza e a graça — ‘todos os santos e santas, em sua vida terrena, diante da pergunta: ‘estais sem pecados?’ teriam gritado a uma só voz: ‘se disséssemos: estamos sem pecado estaríamos enganando-nos a nós mesmos e a verdade não estaria conosco.’ (cf. 1, Jo 1,6). A Virgem Santa é a única exceção. Para honrar o Senhor, quando se trata a respeito do pecado, não se faça nunca referência à Virgem Santa. Sabemos que a Ela foi dada uma abundância de graças maior, para triunfar completamente do pecado. Ela mereceu conceber Aquele que não foi manchado por nenhuma falta.’
Mas o Cristo ultrapassou a Bem-Aventurada Virgem: Ele foi concebido sem a culpa original, enquanto a Virgem Santa, embora tenha nascido sem pecado, Nele foi concebida (Beata Autem Virgo in originali est concepta, sed non nata).
A Virgem realizou também as obras de todas as virtudes. Os outros Santos se destacam por algumas virtudes, dentre tantas. Este foi humilde, aquele foi casto, aquele outro, misericordioso, por isto são apresentados como modelo para esta ou aquela determinada virtude; como, por exemplo, se apresenta São Nicolau, como modelo de misericórdia.
Mas a Bem-Aventurada Virgem é o modelo e o exemplo de todas as virtudes. Nela achareis o modelo da humildade. Escutai Suas palavras: ‘eis a Escrava do Senhor.’ (Lc 1,38). E mais: ‘o Senhor olhou a humildade de Sua Serva.’ (Lc 1,48).
Ela é também o modelo da castidade: Ela mesma confessa que não conheceu Homem (cf. Lc 1,43).
Como é fácil constatar, Maria é o modelo de todas as virtudes.
A Bem-Aventurada Virgem é, pois, cheia de graça, tanto porque faz o bem, como porque evita o mal.
• Em segundo lugar: a plenitude de graça da Virgem Santa se manifesta no reflexo da graça de Sua alma, sobre Sua carne e todo o Seu corpo.
Já é uma grande felicidade que os santos gozem de graça suficiente para a santificação de suas almas. Mas a alma da Bem-Aventurada Virgem Maria possui uma tal plenitude de graça que esta graça de Sua alma reflete sobre Sua carne, que, por sua vez, concebe o Filho de Deus.
‘Porque o amor do Espírito Santo’ — nos diz Hugo de São Vitor — ‘arde no coração da Virgem com um ardor singular. Ele opera em Sua carne maravilhas tão grandes que Dela nasceu um Homem-Deus’, como avisa o Anjo à Virgem Santa: ‘um Filho Santo nascerá de Ti e será chamado Filho de Deus.’ (Lc 1,35)
• Em terceiro lugar, a Bem-Aventurada Virgem é cheia de graça, a ponto de espalhar sua plenitude de graça sobre todos os Homens...
Em todos os perigos, podemos obter o auxílio desta gloriosa Virgem... (...) No Cântico dos Cânticos: ‘Teu pescoço é como a torre de Davi, edificada com seus baluartes. Dela estão pendentes mil escudos, quer dizer, mil remédios contra os perigos.’ (Ct 4,4)
Também, em todas as ações virtuosas, podemos beneficiar-nos de Sua ajuda. ‘Em Mim há toda a esperança da vida e da virtude.’ (Ecl 24,25)
Maria
• [Em primeiro lugar,] a Virgem, cheia de graça, ultrapassou os Anjos, por sua plenitude de graça. E por isto é chamada ‘Maria’, que quer dizer, ‘iluminada interiormente’, donde se aplica à Maria o que disse Isaias: ‘o Senhor encherá Tua alma de esplendores.’ (Is 58,11).
Também quer dizer: ‘iluminadora dos outros, em todo o universo’; por isso, Maria é comparada, com razão, ao sol e à lua.
O Senhor é Convosco
• Em segundo lugar, a Virgem ultrapassa os Anjos em sua intimidade com o Senhor. O Arcanjo Gabriel reconhece esta superioridade, quando Lhe dirige estas palavras: ‘o Senhor é Convosco’, isto é, ‘venero-Vos e confesso que estais mais próxima de Deus do que eu mesmo estou. O Senhor está, efetivamente, Convosco.’
O Senhor Pai está com Maria, pois Ele não se separa de maneira nenhuma de Seu Filho, e Maria possui este Filho, como nenhuma outra criatura, até mesmo angélica.
Deus mandou dizer a Maria, pelo Arcanjo Gabriel: ‘uma criança Santa nascerá de Ti e será chamada Filho de Deus.’ (Lc 1,35).
O Senhor está com Maria, pois repousa em seu seio. Melhor do que a qualquer outra criatura se aplicam a Maria estas palavras de Isaias: ‘exulta e louva, casa de Sião, porque o Grande, o Santo de Israel está no meio de ti.’ (Is 12,6).
O Senhor não habita da mesma maneira com a Bem-Aventurada Virgem e com os Anjos. Deus está com Maria, como Seu Filho; com os Anjos, Deus habita como Senhor.
O Espírito Santo está em Maria, como em Seu templo, onde opera.
O Arcanjo lhe anunciou: ‘o Espírito Santo virá sobre ti.’ (Lc 1,35).
Assim, pois, Maria concebeu por efeito do Espírito Santo e nós a chamamos Templo do Senhor, Santuário do Espírito Santo. (cf. liturgia das festas de Nossa Senhora).
Portanto, a Bem-Aventurada Virgem goza de uma intimidade com Deus maior do que a criatura angélica.
Com ela está o Senhor Pai, o Senhor Filho, o Senhor Espírito Santo, a Santíssima Trindade inteira. Por isso canta a Igreja: ‘sois digno trono de toda a Trindade.’
É esta, então, a palavra mais nobre, a mais expressiva, como louvor, que podemos dirigir à Virgem.
Maria
Portanto, o Anjo reverenciou a Bem-Aventurada Virgem como Mãe do Soberano Senhor e, assim, Ela mesma como Soberana [abaixo do Deus Trino, obviamente. É a Rainha do Céu, abaixo do Rei, que é o Deus Trino.].
O nome de Maria, em siríaco, significa ‘soberana’, o que lhe convém perfeitamente.
• Em terceiro lugar, a Virgem ultrapassou aos Anjos em pureza.
Não só possuía em Si mesma a pureza, como procurava a pureza para os outros.
Ela foi puríssima de toda culpa, pois foi preservada do pecado original e não cometeu nenhum pecado mortal ou venial, como também foi livre de toda pena.
Bendita sois Vós entre as mulheres
Três maldições foram proferidas por Deus contra os Homens, por causa do pecado original.
• A primeira foi contra a mulher, que traria seu filho no sofrimento e daria à luz com dores. Mas a Bem-Aventurada Virgem não está submetida a estas penas. Ela concebeu o Salvador sem corrupção, trouxe-O alegremente em Seu seio e O teve na alegria.
A Ela se aplica a palavra de Isaias: ‘a Terra germinará, exultará, cantará louvores.’ (Is 35,2).
• A segunda maldição foi pronunciada contra o homem: ‘comerás o teu pão com o suor de teu rosto.’ (Gn 3,9).
A Bem-Aventurada Virgem foi isenta desta pena. Como diz o Apóstolo: ‘fiquem livres de cuidados as virgens e se ocupem só com o Senhor.’ (1 Cor 7,32-34)
• A terceira maldição foi comum ao homem e à mulher.
Em razão dela devem ambos tornar ao pó.
A Bem-Aventurada Virgem disto também foi preservada, pois foi, com o corpo, assunta aos Céus.
Cremos que, depois de morta, foi ressuscitada e elevada ao Céu.
Também se Lhe aplicam muito apropriadamente as palavras do Salmo 131, 8: ‘levanta-te, Senhor! Entra no Teu repouso, Tu e a arca da Tua santificação.’ (Sl 131,8)
Maria
A Virgem foi, pois, isenta de toda maldição e bendita entre as mulheres.
Ela é a única que suprime a maldição, traz a bênção e abre as portas do Paraíso.
Também Lhe convém, assim, o nome de Maria, que quer dizer ‘Estrela do mar’.
Assim como os navegadores são conduzidos pela estrela do mar ao porto, assim, por Maria, são os cristãos conduzidos à Glória.
Bendito é o Fruto de Vosso ventre
O pecador procura nas criaturas aquilo que não pode achar, mas o justo o obtém. ‘A riqueza dos pecadores está reservada para os justos’, dizem os Provérbios (Pr 13,22).
Assim, Eva procurou o fruto, sem achar nele a satisfação de seus desejos.
A Bem-Aventurada Virgem, ao contrário, achou em seu Fruto tudo o que Eva desejou.
Eva, com efeito, desejou de seu fruto três coisas:
• Primeiro, a deificação de Adão e dela mesma e o conhecimento do bem e do mal, como lhe prometera falsamente o diabo: ‘sereis como deuses.’ (Gn 3,5), disse-lhes o mentiroso.
O diabo mentiu, porque ele é mentiroso e o pai da mentira (cf. Jo 8,44).
E por ter comido do fruto, Eva, em vez de se tornar semelhante a Deus, tornou-se dessemelhante.
Por seu pecado, afastou-se de Deus, [de] sua salvação, e foi expulsa do Paraíso.
A Bem-Aventurada Virgem, ao contrário, achou [Deus] no Fruto de Suas entranhas.
Por Cristo nos unimos a Deus e nos tornamos semelhantes a Ele.
Diz-nos São João: ‘quando Deus Se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque O veremos como Ele é.’ (1Jo 3,2).
• Em segundo lugar, Eva desejava o deleite (cf. Gn 3,6), mas não o encontrou no fruto, e, imediatamente, conheceu que estava nua e a dor entrou em sua vida.
No Fruto da Virgem, ao contrário, encontramos a suavidade e a salvação. ‘Quem come Minha carne tem a Vida Eterna.’ (Jo 6,55).
Enfim, o fruto de Eva era sedutor no aspecto, mas quão mais belo é o Fruto da Virgem, que os próprios Anjos desejam contemplar (cf. 1 Pe 1, 12).
Como diz São Paulo: ‘é o mais belo dos filhos dos Homens’ (Sl 44,3), porque ‘é o esplendor da glória de Seu Pai.’ (Heb 1,3)
Portanto, Eva não pôde achar em seu fruto o que também nenhum pecador achará em seu pecado.
Acharemos, no entanto, tudo o que desejamos no Fruto da Virgem.
Busquemo-Lo.
O Fruto da Virgem Maria é bendito por Deus, que de tal forma encheu-O de graças que sua simples vinda já nos faz render homenagem a Deus.
Declara São Paulo: ‘bendito seja Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda a bênção espiritual em Cristo.’ (Ef 1, 3).
O Fruto da Virgem é bendito pelos Anjos.
O Apocalipse (Ap 7,11) nos mostra os Anjos caindo com a face por terra e adorando o Cristo com seus cantos: ‘o louvor, a glória, a sabedoria, a ação de graças, a honra, o poder e a força ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amém!’
O Fruto de Maria é também bendito pelos Homens.
Nos diz o Apóstolo: ‘toda a língua confesse que o Senhor Jesus Cristo está na glória de Deus Pai.’ (Fp 2,11). E o Salmista o saúda assim: ‘bendito o que vem em nome do Senhor.’ (Sl 117,26)
Assim, pois, a Virgem é bendita, porém, bem mais ainda é o Seu Fruto.” (Santo Tomás de Aquino, Sermão “A Saudação Angélica)
Papa São Pio V (1504 d.C. – 1572 d.C.)
“O Rosário incendiou os fiéis de amor, e deu-lhes nova vida.”
São Carlos Borromeu (1538 d.C. – 1584 d.C.)
“O Rosário é a mais divina das devoções.”
São Francisco de Sales (1567 d.C. – 1622 d.C.)
“O Santo Rosário é a melhor devoção do povo cristão.”
São João Berchmans (1599 d.C. – 1621 d.C.)
“Dêem-me minhas armas: a cruz, a coroa do Rosário da Santíssima Virgem e as regras da Companhia. Estas são minhas três prendas mais amadas. Com elas morrerei feliz.”
São Luís Maria Grignion de Montfort (1673 d.C. – 1716 d.C.)
“Para, ainda, mais vos animar à prática dessa devoção, acrescento que o Rosário rezado com a meditação dos Mistérios: 1º) Nos eleva insensivelmente ao conhecimento perfeito de Jesus Cristo; 2°) Purifica as nossas almas do pecado; 3°) Nos torna vitoriosos sobre todos os nossos inimigos; 4°) Nos torna [mais] fácil a prática das virtudes; 5°) Nos abrasa do amor de Jesus Cristo; 6°) Nos enriquece de graças e méritos; 7°) Nos fornece o com que pagar todas as nossas dívidas a Deus e aos Homens, e, por fim, nos faz obter de Deus toda espécie de graças. (...) Se vós sentis vossa consciência carregada de pecados, tomai o Rosário e rezai uma parte Dele em honra de alguns dos Mistérios da vida, da Paixão ou da glória de Jesus Cristo. Convencei-vos de que, enquanto estiverdes meditando e honrando esses Mistérios, no Céu Ele mostrará Suas chagas sagradas ao Pai, tomará a vossa defesa e obterá a contrição e o perdão dos vossos pecados. Ele mesmo disse um dia ao Beato Alano: ‘se esses míseros pecadores rezassem freqüentemente o Rosário, participariam dos méritos da Minha Paixão e Eu, como seu advogado, aplacaria a Justiça Divina.’ Nossa vida é uma guerra e uma tentação contínuas, na qual não temos que combater inimigos de carne e de sangue, mas as próprias potências do inferno. Armai-vos, pois, com a arma de Deus, que é o Santo Rosário. Esmagareis, assim, a cabeça do demônio, e permanecereis inabaláveis diante de todas as suas tentações. É por isso que o Rosário, ainda que considerado materialmente, é tão terrível ao demônio, e os Santos Dele se serviram para expulsá-lo dos corpos de possessos, como testemunham muitas narrativas. O Beato Alano atesta que livrou grande número de possessos colocando o Rosário em seu pescoço. Santo Agostinho assegura que não há exercício mais frutuoso e mais útil para a salvação do que pensar freqüentemente nos sofrimentos de Nosso Senhor. Santo Alberto Magno, mestre de São Tomás, soube, por Revelação, que a simples lembrança ou meditação da Paixão de Jesus Cristo é mais meritória ao cristão do que jejuar a pão e água todas as sextas-feiras de um ano inteiro, ou tomar a disciplina até o sangue, todas as semanas, ou recitar todos os dias os 150 Salmos. Á! Qual não será, em conseqüência, o mérito do Rosário, que rememora toda a vida e Paixão de Nosso Senhor?! A Virgem revelou ao Beato Alano que, depois do Santo Sacrifício da Missa, não há devoção mais excelente e mais meritória do que o Rosário, que é como que um segundo memorial e representação da vida e da Paixão de Jesus Cristo. O Padre Dorland conta que a Santíssima Virgem declarou ao venerável Domingos, cartuxo devoto do Santo Rosário, que residia em Trèves-FR, no ano de 1481, que ‘todas as vezes que um fiel recita o Rosário com as meditações dos Mistérios da vida e da Paixão de Jesus Cristo, em estado de graça, ele obtém plena e inteira remissão de todos os seus pecados.’ Ao Beato Alano, Ela disse: ‘Grande quantidade de indulgências foram concedidas ao Meu Rosário, mas fica sabendo que Eu acrescentarei ainda muitas mais aos que rezarem o Terço em estado de graça, de joelhos e devotamente. E a quem, nas mesmas condições, perseverar nessa devoção, Eu lhe obterei, no fim da vida, como recompensa por esse bom serviço, a plena remissão da pena e da culpa de todos os seus pecados.’” (São Luís Maria Grignion de Montfort, A eficácia maravilhosa do Santo Rosário, Artpress, São Paulo, 2000, Pág. 33-36; 49.)
Santo Afonso Maria de Ligório (1696 d.C. – 1787 d.C.)
“Se quisermos, pois, ajudar as santas almas do purgatório, procuremos rogar por elas à Santíssima Virgem, em todas as nossas orações, aplicando-lhes, especialmente, o Santo Rosário, que lhes dá grande alívio.” “Entre todas as homenagens que se devem à Mãe de Deus, não conheço nenhuma mais agradável que o Rosário.”
São João Maria Vianney /São Cura d'Ars (1786 d.C. – 1859 d.C.)
“Com esta arma afastei muitas almas do diabo.”
Santo Antônio Maria Claret (1807 d.C. – 1870 d.C.)
“Felizes as pessoas que rezam bem o Santo Rosário, porque Maria Santíssima lhes obterá graças na vida, graças na hora da morte e glória no Céu.”
Papa Leão XIII (1810 d.C. – 1903 d.C.)
“O Rosário é a forma de oração mais excelente e o meio mais eficaz para alcançarmos a Vida Eterna. É o remédio para todos os nossos males; a raiz de todas as nossas bênçãos. Não existe maneira mais excelente de rezar.”
São Pedro Julião Eymard (1811 d.C. – 1868 d.C)
“Nenhuma força poderá resistir à oração; ao Santo Rosário diante do Santíssimo Sacramento.”
São João Bosco (1815 d.C. – 1888 d.C.)
“Todas as minhas obras e trabalhos têm como base duas coisas: a Missa e o Rosário.”
Irmã Lúcia, vidente de Fátima (1907 d.C – ?)
“Com o Santo Rosário não há problema pessoal, familiar, nacional ou internacional que não seja possível resolver por meio Dele.”
† † †
MILAGRES PELA PRÁTICA DO SANTO ROSÁRIO
A Batalha de Lepanto-GR (7 de outubro de 1571 d.C. – Dia de São Domingos de Gusmão)
O Império Otomano erigiu-se ao final do Século XIII d.C. E, já no Século XVI d.C., havia dominado grande parte do Oriente e passara a ocupar a Europa, com vistas a investir também contra o Ocidente.
Em 1571 d.C., o Papa São Pio V reuniu as nações católicas europeias, a fim de defender a Fé, o território, as relíquias e templos sagrados da região, sob gravíssima e iminente ameaça, por parte dos muçulmanos.
Eis que surge a Liga Sagrada: um exército católico, formado por diversos Estados europeus, constituído por fiéis dispostos ao martírio, a fim de defender a Santa Igreja Católica.
Arma em uma mão e o rosário na outra: assim mantinham-se os impávidos combatentes católicos, momentos antes da batalha, no mar de Lepanto, na Grécia.
Sacerdotes, embarcados, atendiam as confissões dos santos-heróis, ao som do Santo Rosário, recitado pelos soldados, a invocar o infalível auxílio de Jesus e Maria, simultaneamente às últimas bênçãos e ministração da Santíssima Eucaristia antes do embate.
E foi assim que o catolicismo, com a graça da Santíssima Trindade e de Santa Maria, por meio do Santo Rosário — rezado in loco e por toda a cristandade europeia —, venceu os sarracenos naquela oportunidade.
Há relatos, advindos dos próprios muçulmanos, que testificam terem visto uma distinta Senhora no Céu, no decorrer do confronto, a qual parecia desfavorecê-los — a tal ponto que muitos afugentaram-se e recuaram, aturdidos.
Urge registrar que, para maior glória dos Céus, os turcos estavam em muito maior número, o que tornara a vitória ainda mais retumbante, já que foram suplantados de forma avassaladora no conflito.
Foram 28.500 soldados católicos contra 31.490 da parte muçulmana. Ao final, 7.500 baixas no exército de Deus e 30 mil mortos, feridos e capturados, pertencentes aos mouros.
Simultaneamente à batalha, a Cristandade rogava o auxílio da Mãe de Deus e Rainha do Santo Rosário. E isso incluía também o Santo Padre.
Em Roma, o Papa São Pio V exortava os católicos a multiplicar e intensificar suas preces.
As Confrarias do Rosário realizavam procissões e rezas nas igrejas, suplicando a vitória do exército católico.
Paralelamente à bélica conjuntura, o Sumo Pontífice, fervoroso devoto de Santíssima Maria e assíduo praticante do Saltério de Jesus e Maria, encontrava-se reunido com Cardeais quando, de repente, sentiu a necessidade de os deixar por um instante e ir ao seu gabinete privado. E assim o fez.
Ali estando, iniciara a reza do Santo Rosário e, com as contas ainda entre os dedos, aproximou-se da janela e teve uma mística visão: Nossa Senhora Auxiliadora se lhe aparecera, também a segurar um rosário e sorrindo-lhe amorosamente.
Então, naquele exato momento, soube, por meio de revelação dos Céus, que a Liga Santa lograra êxito sobre o inimigo turco.
De imediato, exultante, volveu à sala onde encontravam-se os Cardeais e anunciara-lhes a boa nova.
Vinte dias depois, chega à Roma um emissário da armada católica, portando a notícia da vitória sobre os otomanos. Porém, São Pio V já o sabia, e com larga antecedência, pois tinha meios divinamente mais eficientes de manter-se informado.
Em honra à providente intervenção de Maria Santíssima em Lepanto, o Papa dirigiu-se em procissão à Basílica de São Pedro, onde entoou o canto gregoriano “Te Deum Laudamus” e introduziu a invocação “Auxílio dos Cristãos” à “Ladainha de Nossa Senhora”.
E, ainda, no intuito de fomentar a perpetuação dessa milagrosa vitória da cristandade, São Pio V instituiu a “Festa de Nossa Senhora das Vitórias”, que, dois anos mais tarde, tomou a denominação de “Festa de Nossa Senhora do Rosário”, comemorada pela Santa Igreja no dia 7 de outubro.
Também no anseio de alimentar a perene memória dessa incomensurável graça, o senado da cidade italiana de Veneza encomendou uma pintura com a representação da naval “Batalha de Lepanto”, na qual também se lê a seguinte inscrição: “non virtus, non arma, non duces, sed Maria Rosari victores nos fecit” (“nem as tropas, nem as armas, nem os comandantes, mas a Virgem Maria do Rosário foi que nos deu a vitória.”).
† † †
OUTROS MILAGRES
POR MEIO DO SANTO ROSÁRIO
“Enquanto São Domingos pregava o Rosário em Carcassona-FR, um herege vivia a ridicularizar os milagres e os 15 mistérios do Santo Rosário. Isto fez com que outros hereges deixassem de se converter. Como punição, Deus permitiu que 15 mil demônios entrassem no corpo do homem.
Seus pais o levaram ao Padre Domingos, a fim de livrá-lo dos espíritos malignos.
Pôs-se ele em oração e pediu que todos que ali se encontravam rezassem o Rosário em voz audível, e, a cada Ave Maria, Nossa Senhora retirava cem demônios do corpo do herege e eles saíram em forma de brasas ardentes.
Após ser liberto, ele abjurou dos seus erros, converteu-se e ingressou na Confraria do Rosário.
Muitos daqueles que tinham relacionamento com ele fizeram o mesmo, pois ficaram grandemente impressionados com o castigo e com o poder do Rosário.” (São Luís Maria Grignion de Montfort, O segredo do Rosário.)
† † †
“O sábio franciscano, Cartagena, bem como muitos outros escritores, relatam um extraordinário evento, acontecido em 1482: o Venerável Tiago Sprenger e outros religiosos de sua Ordem estavam zelosamente no trabalho de restabelecer a devoção do Santo Rosário e também em erigir uma Confraria na cidade de Colônia, Alemanha.
Por infelicidade, dois Sacerdotes [,presentes no local,] que eram famosos por suas pregações, invejaram-se da grande influência que aqueles religiosos começaram a ter, através da pregação do Rosário.
Então, estes dois Padres passaram a falar mal da devoção a todo o momento que podiam, e eles tinham uma eloquência e uma grande reputação que conseguiam persuadir muitas pessoas a não se ingressarem na Confraria do Rosário.
Um deles, determinado em alcançar este fim maligno, escreveu um sermão especial contra o Rosário e planejou pregá-lo no domingo seguinte. Porém, quando chegou a hora do sermão ele não apareceu.
Após alguns minutos de espera, alguém foi procurá-lo. Ele foi encontrado morto e, evidentemente, tinha morrido sozinho sem que tivesse alguém para auxiliá-lo e sem assistência de um Padre.
Convencido de que a morte tinha sido por causas naturais, o outro Sacerdote decidiu levar a cabo o plano do amigo e preparou um sermão parecido, para o outro dia. Desta forma, esperava acabar com a Confraria do Rosário. Porém, quando o dia chegou, no qual pregaria tal sermão, na hora de pregar, Deus o castigou com uma paralisia que o impediu de se movimentar e de falar.
Por fim, ele admitiu seu pecado e o de seu amigo e, imediatamente, no mais profundo do coração, silenciosamente, procurou Nossa Senhora para auxiliá-lo.
Ele prometeu a Ela que, se o curasse, ele pregaria o Santo Rosário com tanto zelo quanto aquele que tinha quando lutava contra ele. Para esta finalidade, implorou a Ela que restaurasse sua saúde e fala, e Ela o fez, e ao se achar instantaneamente curado, ele se levantou como Saulo, um perseguidor que tornou-se Paulo, defensor do Santo Rosário.
Publicamente, ele reconheceu seus erros e, daí em diante, sempre pregou as maravilhas do Santíssimo Rosário com grande zelo e eloquência.” (São Luís Maria Grignion de Montfort, O segredo do Rosário.)
† † †
“São Domingos foi visitar a virtuosa rainha Branca, da França, que estava aflita por ser casada havia doze anos e ainda não ter filhos. Aconselhou-a a rezar diariamente o Rosário, para alcançar do Céu a desejada graça, e ela realmente o fez, dando à luz, em 1213, um primogênito que foi chamado Filipe.
A morte, entretanto, arrebatou esse príncipe ainda no berço. A devota rainha, mais do que nunca, recorreu à Santíssima Virgem e fez distribuir grande quantidade de Rosários a toda a corte e em muitas cidades do reino, para que Deus a cumulasse com a Sua bênção.
Foi exatamente o que aconteceu, pois no ano de 1215 veio ao mundo São Luís, glória da França e modelo de Rei cristão.” (São Luís Maria Grignion de Montfort, A eficácia maravilhosa do Santo Rosário, Artpress, São Paulo, 2000.)
† † †
“Afonso VIII, Rei de Aragão e de Castela, foi castigado por Deus de várias formas, por causa de seus pecados, sendo constrangido a se refugiar na cidade de um dos seus aliados.
São Domingos, encontrando-se nessa mesma cidade, no dia de Natal, lá pregou, como de costume, o Rosário e as graças que se obtêm de Deus por meio Dele, dizendo, entre outras coisas, que aqueles que o rezassem com devoção obteriam a vitória sobre seus inimigos e recuperariam o que tivessem perdido.
O Rei, que prestara muita atenção nessas palavras, mandou, depois, chamar São Domingos e lhe perguntou se aquilo que ele tinha dito sobre o Rosário era, de fato, verdadeiro.
O Santo respondeu que nenhuma dúvida havia a respeito, e afirmou que se o Rei quisesse praticar essa devoção, logo sentiria os bons efeitos.
Realmente, Afonso VIII passou a rezar todos os dias o Rosário, assim fazendo durante um ano inteiro.
No dia de Natal do ano seguinte, tinha ele rezado o seu Rosário quando a Virgem lhe apareceu e disse: ‘Afonso, há um ano tu me serves devotamente rezando o Meu Rosário. Agora venho recompensar-te. Fica sabendo que obtive de Meu Filho o perdão de todos os teus pecados. Eis aqui um Rosário que te dou. Leva-O contigo e jamais nenhum dos teus inimigos te poderá fazer mal.’ E desapareceu em seguida, deixando o Rei muito consolado.
Ele retornou para seus aposentos e, encontrando a Rainha, contou-lhe, exultante de alegria, o favor que acabara de receber da Virgem.
Com o Rosário presenteado por Ela, tocou os olhos da Rainha e esta recuperou a visão que tinha perdido.
Algum tempo depois, o Rei reuniu algumas tropas e, com a ajuda de aliados, atacou ousadamente seus inimigos, obrigando-os a lhe devolverem as terras que lhe pertenciam e a repararem os danos que haviam causado.
Expulsou-os inteiramente de seus domínios e se tomou um guerreiro tão bem sucedido que, de todos os lados, acorriam soldados para combater sob suas ordens, porque as vitórias pareciam sempre segui-lo nas batalhas.
Isso não é de espantar, pois jamais entrava em combate, senão depois de ter rezado o Rosário de joelhos; e exortava seus oficiais e servidores a terem igualmente essa devoção.
A Rainha também se engajou na mesma, e os dois perseveraram no serviço da Santíssima Virgem e viveram sempre em grande piedade.” (São Luís Maria Grignion de Montfort, A eficácia maravilhosa do Santo Rosário, Artpress, São Paulo, 2000.)
† † †
“São Domingos tinha um primo chamado Don Pérez, que levava uma vida muito corrompida.
Tendo ouvido dizer que o Santo pregava maravilhas sobre o Rosário e que muita gente se convertia e mudava de vida, comentou: ‘eu já tinha perdido a esperança de me salvar, mas agora começo a retomar coragem. É preciso que eu ouça esse Homem de Deus.’
Foi, pois, um dia, ouvir a pregação de São Domingos.
Quando o Santo o viu, redobrou seu ardor em trovejar contra os vícios, e pediu, interiormente, a Deus que abrisse os olhos do primo, para conhecer seu miserável estado de alma.
Pérez ficou, de início, um tanto impressionado, mas não se decidiu à conversão. Retornou uma segunda vez à pregação do Santo, e este, vendo que aquele coração endurecido não se converteria sem algum golpe muito extraordinário, bradou com voz alta: ‘Senhor Jesus, fazei ver a todo este auditório o estado daquele que acaba de entrar em vossa casa.’
Então, todo o povo viu Pérez cercado por uma legião de demônios, na forma de animais horríveis, que o mantinham preso, com correntes de ferro.
Todos fugiram assustados com aquilo, cada qual para um lado, e Pérez ficou muito espantado por se ver objeto do horror dos presentes.
São Domingos mandou, então, que todos parassem, e disse ao pecador: ‘agora vê, desgraçado, o estado deplorável em que te encontras. Lança-te aos pés da Virgem! Toma este Rosário, reza-O com devoção e arrependimento pelos teus pecados, e toma a resolução de mudar de vida!’
Pérez se pôs de joelhos, rezou o Rosário e sentiu-se inspirado a se confessar, o que fez com grande contrição.
São Domingos lhe ordenou que rezasse todos os dias o Rosário e ele prometeu fazê-lo.
Seu rosto, que antes tinha assustado a toda a gente, apareceu, quando saiu da igreja, luminoso como o de um Anjo.
Ele perseverou na devoção do Rosário, levou, a partir [dali], vida muito correta e teve morte feliz.” (São Luís Maria Grignion de Montfort, A eficácia maravilhosa do Santo Rosário, Artpress, São Paulo, 2000.)
† † †
“Estava São Domingos pregando o Rosário perto de Carcassona-FR, quando conduziram a ele um herege albigense, possuído pelo demônio.
O Santo o exorcizou diante de uma grande multidão.
Sustenta-se que havia, ali, mais de doze mil pessoas.
Os demônios, sendo obrigados contra a própria vontade a responder às interrogações que o Santo lhes fazia, confessaram que eram 15 mil no corpo daquele miserável, porque ele tinha atacado os 15 mistérios do Rosário.
Confessaram, também, que, pelo Rosário que pregava, Domingos incutia terror e assombro em todo o inferno, e que ele era o homem que os demônios mais odiavam no mundo, por causa das almas que lhes arrebatava pela devoção do Rosário.
Então São Domingos lançou seu Rosário em redor do pescoço do possesso e perguntou aos demônios qual, dentre os Santos do Céu, eles mais temiam e mais devia ser amado e honrado pelos Homens.
Diante dessa interrogação, os demônios soltaram gritos espantosos, de tal forma que a maior parte dos ouvintes, transidos de terror, caíram por terra.
Em seguida, os espíritos malignos, para não responder, choraram e se lamentaram de modo tão lancinante, que muitos dos assistentes choravam eles próprios por piedade natural.
Os demônios diziam, em tom de chorosa lamentação, pela boca do possesso: ‘Domingos, Domingos, tem pena de nós! Nós te prometemos que nunca mais vamos te fazer mal! Tu, que tens tanta piedade dos pecadores e dos miseráveis, tem também piedade de nós, que somos infelizes! Ai de nós, que sofremos tanto! Por que te rejubilas em aumentar nossos padecimentos?! Contenta-te com as penas que nós já sofremos! Misericórdia!’
O Santo, sem se deixar impressionar pelas palavras dulçurosas dos espíritos desgraçados, respondeu que não cessaria de os atormentar, até [respondessem] à pergunta que tinha feito.
Os demônios disseram, então, que responderiam, mas em segredo e no ouvido, não diante de todo o mundo.
O Santo lhes ordenou que respondessem em alta voz. Os demônios se puseram, então, em silêncio, por mais que ele lhes ordenasse.
Ele se pôs de joelhos e fez esta oração: ‘Ó, Santíssima Virgem Maria, pela virtude do Santo Rosário, ordenai a estes inimigos do gênero humano que respondam à minha pergunta.’
Feita a oração, uma chama de fogo saiu dos ouvidos, do nariz e da boca do possesso, fazendo estremecer todos os presentes, mas a ninguém fazendo mal. Então, os demônios bradaram: ‘Domingos, nós te pedimos, pela Paixão de Jesus Cristo e pelos méritos de Sua Santa Mãe e de todos os Santos, que tu nos permitas sair deste corpo sem nada dizer, pois os Anjos, quando tu quiseres, te dirão o que desejas saber. Nós somos mentirosos. Por que, então, queres crer no que falamos? Não nos atormentes mais! Tem pena de nós!’
‘Desgraçados sois, e indignos de serdes atendidos!’, bradou São Domingos, que se pôs, mais uma vez, de joelhos, e rezou: ‘Ó, Digníssima Mãe da Sabedoria, rogo-Vos pelo bem deste povo aqui presente: forçai Vossos inimigos a confessarem, em público, a verdade inteira.’
Mal tinha ele acabado essa oração, viu junto a si a Santíssima Virgem, cercada por uma grande multidão de Anjos, e Ela, com uma vara de ouro, tocou o endemoninhado, dizendo-lhe: ‘responde a meu servo Domingos conforme ele mandou.’
A Virgem não foi vista nem ouvida pelo povo, mas somente pelo Santo. Então, os demônios começaram a exclamar, dizendo: ‘Ó, inimiga nossa! Ó, nossa ruína! Ó, nossa confusão! Por que viestes expressamente do Céu para nos atormentar de modo tão cruel?! Será preciso que contra a nossa vontade, ó, advogada dos pecadores que livrais dos infernos, ó, caminho seguro do Paraíso, sejamos obrigados a dizer a verdade inteira?! Será preciso que confessemos, diante de todo o mundo, a causa da nossa confusão e ruína?! Desgraçados de nós! Maldição para sempre aos nossos príncipes das trevas! Ouvi, pois, ó, cristãos! A Mãe de Deus é toda poderosa para impedir que seus servos caiam no inferno. É Ela que, como um sol, dissipa as trevas das nossas maquinações mais cheias de astúcia. É Ela que descobre todas as nossas intrigas, rompe as nossas armadilhas e inutiliza as nossas tentações. Forçados, confessamos que nenhum dos que perseveram no Seu serviço jamais se perde. Um único suspiro que Ela oferece à Santíssima Trindade vale mais que as orações, votos e desejos de todos os Santos juntos. Nós A tememos mais que a todos os Bem-Aventurados juntos e nada podemos contra Seus servos fiéis.’” (São Luís Maria Grignion de Montfort, A eficácia maravilhosa do Santo Rosário, Artpress, São Paulo, 2000.)
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“É quase impossível acreditar nas vitórias que o Conde de Simon de Montfort-FR venceu contra os albigenses, sob a proteção de Nossa Senhora do Rosário. Estas vitórias foram tão famosas que o mundo ainda não viu nada igual.
Um dia ele venceu dez mil hereges, com uma tropa de quinhentos homens. E, numa outra ocasião, venceu três mil, com apenas trinta homens. Por fim, com oitocentos cavaleiros e mil homens de infantaria, ele expulsou o exército do Rei de Aragão, que era composto de cem mil homens fortes, sendo que, de seu lado, perdera somente um cavaleiro e oito soldados!
Nossa Senhora também protegeu Alano de Lanvallay-FR, um nobre bretão, de grandes perigos. Ele também estava a lutar pela Fé, contra os albigenses.
Um dia, quando se viu envolto por todos os lados, pelos inimigos, Nossa Senhora deixou cair 150 rochas sobre os inimigos e ele foi liberto de suas mãos.
Outra vez, quando seu navio estava se afundando, e iria naufragar, a Santíssima Mãe fez surgir 150 pequenas colinas sobre a água, pelas quais ele conseguiu chegar à Bretanha com segurança.
Ele ergueu um mosteiro em Dinan, para os religiosos de São Domingos, em ação de graças a Nossa Senhora, por todos os milagres que Ela operou a seu favor, em resposta pela reza de Seu Rosário diário.
Ele tornou-se um religioso e morreu santamente, em Orleans-FR.
Otero era outro soldado bretão, de Vaucouleurs-FR, que geralmente punha em fuga grupos inteiros de hereges ou ladrões sem qualquer ajuda, somente usando seu Rosário no braço ou no punho da espada.
Uma vez, após tê-los combatido e vencido, seus inimigos admitiram que eles tinham visto sua espada brilhar e que, outra vez, tinha percebido que havia um escudo no braço, que tinha imagens de Nosso Senhor e Nossa Senhora e dos santos. E este escudo o tornava invisível e lhe dava forças para atacar melhor.
Uma outra vez, ele venceu vinte mil hereges com apenas dez companhias, sem perder um só soldado. Isto impressionou tanto o general do exército vencido que o próprio foi depois se encontrar com Otero, renunciou à heresia e declarou publicamente que ele o viu coberto de espadas de fogo durante o combate.” (São Luís Maria Grignion de Montfort, O segredo do Rosário.)
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“O Beato Alano de La Roche conta que um Cardeal de nome Pedro, instruído por São Domingos sobre o Santo Rosário, se tornou propagandista Dele.
Esse Cardeal foi enviado à Terra Santa, como Legado Papal [Núncio Apostólico] junto aos cristãos cruzados contra os maometanos.
Ele, de tal forma convenceu o exército cristão sobre a eficácia do Rosário, que todos abraçaram essa devoção para implorar o socorro do Céu; e, num combate em que eram somente três mil, triunfaram sobre cem mil inimigos.
Os demônios, como vimos, temem infinitamente o Rosário. São Bernardo diz que a Saudação Angélica os afugenta e faz tremer todo o inferno.
O Beato Alano assegura que viu muitas pessoas que se tinham entregue ao demônio, de corpo e alma, renunciando ao Batismo e a Jesus Cristo, e que, depois, tomando a devoção do Santo Rosário, se libertaram da tirania diabólica.” (São Luís Maria Grignion de Montfort, A eficácia maravilhosa do Santo Rosário, Artpress, São Paulo, 2000.)
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“No ano de 1578, uma mulher de Anvers, Bélgica, se tinha 45 consagrado ao demônio por meio de um documento assinado com seu sangue.
Algum tempo depois, sentiu remorsos e desejo de reparar o mal que tinha feito. Procurou um confessor, para saber o meio de se libertar do poder do demônio. Encontrou um Sacerdote prudente e caridoso, que lhe aconselhou procurar o Padre Henri, no convento de São Domingos, para ali se confessar e alistar-se na Confraria dos Devotos do Rosário.
Ela foi procurá-lo e, em lugar do Padre, encontrou o demônio, sob a figura de um religioso, que a repreendeu severamente e lhe disse que ela não tinha mais graças a esperar de Deus, nem meio de revogar o que tinha assinado, o que a afligiu fortemente. Mesmo assim, ela não perdeu a esperança na misericórdia de Deus, e voltou a procurar o Padre, mas ainda uma vez encontrou o demônio, que a rejeitou como antes. Terceira vez ela retornou, e Deus permitiu que, desta vez, encontrasse o Padre Henri, que a recebeu caridosamente, exortou-a a confiar na bondade de Deus e a fazer uma boa confissão; recebeu-a na Confraria e lhe ordenou que rezasse freqüentemente o Rosário.
Um dia, durante a Missa que o Padre estava celebrando, por intenção dela, a Santíssima Virgem forçou o demônio a lhe devolver o documento que ela tinha assinado. Assim, foi por autoridade de Maria e pela devoção do Rosário que ela se viu libertada.” (São Luís Maria Grignion de Montfort, A eficácia maravilhosa do Santo Rosário, Artpress, São Paulo, 2000.)
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“Uma condessa espanhola, instruída por São Domingos na devoção do Rosário, rezava-O diariamente e fazia progressos maravilhosos na virtude. Como desejava ardentemente atingir a perfeição, ela consultou, certo dia, um Bispo, que era pregador famoso, pedindo sua orientação espiritual.
O prelado respondeu que, antes de mais nada, ele precisava conhecer o estado de sua alma e saber quais os exercícios de piedade que ela praticava. Em resposta, ela disse que seu principal exercício era o Rosário, que rezava diariamente, meditando nos Mistérios Gozosos, Dolorosos e Gloriosos, com muito proveito espiritual.
O Bispo, encantado de ouvir explicar as raras instruções contidas nos Mistérios, comentou: ‘há vinte anos sou Doutor em Teologia, já li uma enorme quantidade de excelentes práticas de devoção, mas jamais conheci mais frutuosas nem mais conformes ao cristianismo. Quero vos imitar, e pregarei o Rosário.’
Ele o fez com tanto sucesso que, em pouco tempo, presenciou uma grande mudança de costumes em sua Diocese: inúmeras conversões, restituições e conciliações; cessaram a libertinagem, o jogo e a ostentação; a paz nas famílias, a devoção e a caridade começaram a florir.
A mudança foi admirável, porque aquele Bispo já tinha se esforçado muito para reformar a Diocese, e pouquíssimo fruto havia obtido até então.
Para melhor convencer os fiéis a aderirem à devoção do Rosário, ele costumava levar um muito bonito consigo, e o mostrava aos que o ouviam, dizendo: ‘sabei, irmãos, que o Rosário da Santíssima Virgem é tão excelente que, para mim, que sou vosso Bispo, Doutor em Teologia, em Direito Canônico e em Direito Civil, para mim é uma glória levá-Lo sempre como o mais ilustre símbolo do meu pontificado.’” (São Luís Maria Grignion de Montfort, A eficácia maravilhosa do Santo Rosário, Artpress, São Paulo, 2000.)
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“Para não me alongar demais, basta dizer, com o Beato Alano, que o Rosário é um manancial e depósito de toda a espécie de bens, no qual: 1°) Os pecadores obtêm perdão; 2)° As almas sedentas saciam a sede; 3°) Os prisioneiros vêem seus grilhões quebrados; 4°) Os que choram encontram alegria; 5°) Os tentados encontram tranqüilidade; 6° Os indigentes recebem socorro; 7°) Os religiosos são reformados; 8°) Os ignorantes são instruídos; 9°) Os vivos triunfam sobre a vaidade; 10°) Os mortos são aliviados à maneira de sufrágio.” (São Luís Maria Grignion de Montfort, A eficácia maravilhosa do Santo Rosário, Artpress, São Paulo, 2000.)
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O SANTO ROSÁRIO
TEM APENAS TRÊS MISTÉRIOS!
No dia 16 de outubro de 2002 d.C., o Papa João Paulo II faz publicar sua “Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae”. Um lamentável documento, no qual sugere a adição de mais um Mistério ao Santo Rosário: os “mistérios luminosos”.
Relembro umas das visões do Beato Alano de La Roche, na qual os Céus ordenam clarissimamente a exata quantidade de Mistérios que deve ter o Santo Rosário e os porquês:
“No dia da Assunção, ele estava pregando, quando o Senhor o fez conhecer aquilo que queria dele. Viu a Santíssima Virgem entrar no Paraíso com o Seu filhinho [creio que seja São Domingos, pois se fosse Cristo o substantivo deveria estar com a inicial maiúscula, o que não ocorre] e todos os espíritos angélicos inclinaram-se diante Dela, saudando-A com as palavras ‘Ave Maria’ [refriso: suponho estar a Santa Virgem com São Domingos ao colo, pois se fosse o Menino Jesus as saudações seriam para Ele e para Ela, o que não ocorre, segundo o relato]. Viu os anjos tocarem instrumentos quase em forma de Rosário e cantarem ‘Ave Maria’, e outro coro responder ‘Benedicta Tu in mulieribus’. Os espíritos celestes ofereciam o Rosário à Virgem, em grupos de 150. Um deles disse ao Beato Alano: ‘esse número é sagrado. Está presente na Arca de Noé, na Taberna de Moisés, no Templo de Salomão, nos Salmos de David, nos quais são representados Cristo e Maria. Com este número o Senhor gosta de ser glorificado e para que tu pregues o Rosário o Senhor quis fazer-te constatar o quanto é de Seu agrado.’ (trecho da introdução presente na obra “O Saltério de Jesus e de Maria: gênese, história e revelação do Santíssimo Rosário.”, Coleção “As fontes da espiritualidade”, a partir da edição: “Obras completas do Beato Alano de La Roche”, ano 1847 d.C., a qual advém da publicação original de 1619 d.C.)
O Saltério de Jesus e Maria é composto por três Mistérios: Gozosos, Dolorosos e Gloriosos. Cada qual contém cinco Pater Nosters e 50 Ave Marias, as quais são divididas em cinco dezenas. Em cada grupo se medita um Mistério da vida de Jesus e/ou Maria.
Em suma: são três Mistérios, subdivididos em 15 Mistérios, a totalizar 15 Pater Nosters e 150 Ave Marias.
É muito triste um Papa — o sucessor de São Pedro, Vigário de Cristo, na Terra —, quem primeiro deveria defender a intocabilidade da Santa Tradição, propor exatamente o oposto: a ruptura com Ela e a inovação.
As orações do Santo Rosário são bi-milenares. Remontam ao tempo dos Apóstolos. E, após Sua finalização, pela condução do Deus Trino e de Nossa Senhora, no Século XIII, fazendo de instrumento São Domingos, conta-se, até aqui, mais de 800 anos.
Todo meu respeito e docilidade ao Papado (em tudo aquilo que estiver em consonância com o que manda Deus e Sua Sã Doutrina). E, justamente por isso, humildemente indago o porquê de se ousar propor tocar em algo tão santo e tradicional? Como atentar contra uma relíquia sagrada, sobretudo de tal proporção? Como querer suplementar ao que a Santíssima Trindade e Santa Maria já deram termos finais?
O Santo Rosário não se modifica, se medita em oração. Eis tudo e nada mais!
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Lê-se na Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae:
“Considero, no entanto, que, para reforçar o espessor cristológico do Rosário, seja oportuna uma inserção que, embora deixada à livre valorização de cada pessoa e das comunidades, lhes permita abraçar também os Mistérios da vida pública de Cristo, entre o Batismo e a Paixão.” (João Paulo II, Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae. Fonte: www.vatican.va — LINK)
Está claro que não desobedece ao Sumo Pontífice o católico que se recusa a rezar os tais “mistérios luminosos”, uma vez que ele, no supracitado documento, não dá uma ordem, mas somente uma sugestão (infeliz, lamentavelmente).
E, ainda que tal equívoco fosse ordenado e não meramente sugerido, ensina-nos a Santa Doutrina que, em casos extremos, onde um Sacerdote ensina um erro, é lícito ao católico desobedecê-lo, a fim de manter-se obediente a Deus.
"De fato, não há dois (Evangelhos): há apenas pessoas que semeiam a confusão entre vós e querem perturbar o Evangelho de Cristo. Mas, ainda que alguém — nós ou um anjo baixado do Céu — vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema. Repito aqui o que acabamos de dizer: se alguém pregar doutrina diferente da que recebestes, seja ele excomungado! É, porventura, o favor dos Homens que eu procuro, ou o de Deus? Por acaso tenho interesse em agradar aos Homens? Se quisesse, ainda, agradar aos Homens, não seria servo de Cristo. Asseguro-vos, irmãos, que o Evangelho pregado por mim não tem nada de humano. Não o recebi nem o aprendi de Homem algum, mas mediante uma Revelação de Jesus Cristo.” (Gl 1,7-12)
"Pedro e os Apóstolos responderam: ‘deve-se obedecer antes a Deus que aos Homens." (At 5, 29)
“Aquele que faz o mal sob o pretexto de obediência, faz antes um ato de rebeldia do que de obediência. Faz uma inversão das coisas: deixa de obedecer a Deus para obedecer aos Homens.” (São Bernardo de Claraval. Cf. Oeuvr Completes de S. Bernard, Charpentier, Tomo I, Episto VII)
"Não devemos perder de vista a Tradição, a Doutrina e a Fé da Igreja Católica, tal como o Senhor ensinou, tal como os Apóstolos pregaram e os Santos Padres transmitiram. De fato, a Tradição constitui o alicerce da Igreja, e todo aquele que dela se afasta deixa de ser cristão e não merece mais usar esse nome." (Santo Atanásio de Alexandria, Doutor da Igreja)
“Nenhum preceito tem força de lei, a não ser por sua ordem ao bem comum. Toda lei se ordena para a comum salvação dos Homens e somente daí tem força e razão de lei, e, na medida em que falta a isso, não tem força de obrigar.” (Santo Tomás de Aquino, Doutor da Igreja)
“Na defesa da Fé, um simples leigo tem ‘de certo modo’ a mesma dignidade que um Papa.” (São Tomás de Aquino, Doutor da Igreja)
O poder legítimo vem de Deus, e aquele que resiste ao poder, resiste à ordem estabelecida por Deus; assim é que a obediência adquire uma nobreza maravilhosa, pois que se não inclina senão da mais justa e mais alta das autoridades. Mas, desde que falta o direito de mandar, ou o mandato é contrário à razão, à autoridade de Deus, então é legítimo desobedecer aos homens a fim de obedecer a Deus. (Papa Leão XIII, Carta Encíclica Praestantissimum, a 20 de junho de 1888 d.C.)
“É aprovar o erro não lhe resistir. É sufocar a verdade não a defender... (...) Todo aquele que deixa de se opor a uma prevaricação manifesta pode ser tido como um cúmplice secreto.” (Papa São Félix III, citado pelo Sumo Pontífice Leão XIII, em carta aos Bispos italianos, a 8/12/1892 d.C.)
“Muitos se enganaram redondamente..., (...) os quais julgaram que ela (a obediência) consistia em fazer, a torto e a direito, tudo o que nos pudesse ser mandado, ainda que fosse contra os Mandamentos de Deus e da Santa Igreja.” (São Francisco de Sales, Doutor da Igreja)
“A Igreja Católica não é uma sociedade em que se aceita aquele princípio imoral e despótico pelo qual se ensina que a ordem do superior, em qualquer caso, exime (os súditos) da responsabilidade pessoal.” (Declaração do Conjunto dos Bispos alemães, confirmada pelo Beato Papa Pio IX)
“Se (o Papa) baixar [uma] ordem contrária os bons costumes, não se há de obedecer-lhe; se tentar fazer algo manifestamente oposto à justiça e ao bem comum, será lícito resistir-lhe...” (De Fide, dist. X, sect. VI, nº 16.)
“Se o Papa baixar uma ordem contrária aos bons costumes, não se há de obedecer-lhe; se tentar fazer algo manifestamente contrário à justiça e ao bem comum, será lícito resistir-lhe.” (Pe. Francisco Suárez S.J.)
“E, deste segundo modo, o Papa poderia ser cismático, caso não quisesse ter com todo o corpo da Igreja a união e a conjunção devida, como seria... (...) se quisesse subverter todas as cerimônias eclesiásticas, fundadas em Tradição Apostólica.” (Pe. Francisco Suarez S.J., "De Caritate", disp. XII, sect. I, nº 2, págs. 733-734.)
"Assim como é lícito resistir ao Pontífice que agride o corpo, é também lícito resistir ao que agride as almas ou que perturba a ordem civil, ou, acima de tudo, que tenta destruir a Igreja. Digo que é lícito resistir-lhe, não fazendo o que ele ordena e impedindo que as suas ordens sejam executadas; não é lícito, porém, julgá-lo, castigá-lo ou depô-lo, porque estes atos competem a um superior." (São Roberto Belarmino, Doutor da Igreja)
“Quando o Soberano Pontífice fulmina uma sentença de excomunhão que é injusta ou nula, não devemos recebê-la.” (São Roberto Belarmino, Doutor da Igreja)
“Agora o inimigo não está fora da Igreja, mas dentro Dela mesma. O inimigo está nos seminários, ele infiltrou-se nos seminários, entre os professores dos seminários." (Papa São Pio X)
“Pela fé vem a justificação, desde que seja verdadeira e sincera, não falsa e afetada. A fé dos heréticos não conduz à justificação, pois não é verdadeira, é falsa; a fé dos maus católicos não conduz à justificação, porque não é sincera, mas afetada. É afetada de duas maneiras: quando nós não acreditamos realmente, mas somente fingimos acreditar; ou quando, apesar de acreditar, não é vivida, como acreditamos que deve ser. Nestas duas situações é que as palavras de São Paulo, na epístola a Tito, devem ser compreendidas: ‘confessam que conhecem a Deus, mas negam-No com as obras, sendo abomináveis, rebeldes e incapazes de toda a obra boa.’" (São Roberto Belarmino, Doutor da Igreja)
“Anatematizamos os inventores do novo erro, ou seja, Teodoro de Faran, Ciro de Alexandria, Sérgio, Pirro, Paulo e Pedro da Igreja de Constantinopla, e também Honório [I], que não se esforçou para manter pura esta Igreja Apostólica, na Doutrina da Tradição Apostólica, mas permitiu, com uma execrável traição, que esta Igreja sem mácula fosse manchada.” (Papa Leão II, carta ao Imperador Constantino IV, a 7 de maio 683 d.C.).
“Honório foi anatematizado pelos orientais, mas deve-se recordar que ele foi acusado de heresia, único crime que torna legítima a resistência dos inferiores aos superiores, bem como a rejeição de suas doutrinas perniciosas.” (Papa Adriano II. Alloc. III lect. In Conc. VIII act. VII – citado por Pe. Louis Billot, "Tract. De Eccles. Christi", tomo I, pág. 619.)
“(...) Somente pelo pecado que cometemos em matéria de Fé poderia eu ser julgado pela Igreja.” (Citado por Pe. Louis Billot, Tract. De Eccl. Christi, tomo I, págs. 618-619.).
“É necessário obedecer um Papa em todas as coisas, enquanto não [vai] contra os costumes universais da Igreja, mas se ele [for] contra os costumes da Igreja, ele não precisa ser seguido.” (Papa Inocêncio III)
“O Papa... (...) por ninguém deve ser julgado, a menos que se afaste da Fé.” ("Decretum" de Graciano. Pars I, dist. 40, cap. VI, Cânon "Si Papa".)
“Se um futuro Papa ensinar algo contrário à Fé Católica, não o sigam.” (Pio IX, Carta ao Bispo Brizen, citado em "In His Name E. Christopher Reyes, 2010 d.C.)
“São Godofredo de Amiens, Santo Hugo de Grenoble e outros Bispos reunidos no Sínodo de Viena-FR (1112 d.C.) enviaram ao papa Pascoal II as decisões que adotaram, escrevendo-lhe ainda: ‘se, como absolutamente não cremos, escolherdes uma outra via, e vos negardes a confirmar as decisões de nossa paternidade, valha-nos Deus, pois assim nos estarei afastando de vossa obediência.’” (Guido de Vienne, futuro Papa Calixto II. Citado por Bouix, "Tract. De Papa", tomo II, pág. 650.)
“Aos prelados (foi dado exemplo) de humildade, para que não se recusem a aceitar repreensões da parte de seus inferiores e súditos; e, aos prelados, sobretudo quando o crime for público e redundar em perigo para muitos... (...) A repreensão foi justa e útil, e o seu motivo não foi leve; tratava-se de um perigo para a preservação evangélica... (...) O modo como se deu a repreensão foi conveniente, pois foi público e manifesto. Por isso São Paulo escreve: ‘falei a Cefas’, isto é, Pedro, ‘diante de todos’, pois a simulação praticada por São Pedro acarretava perigo para todos.” (Santo Tomás de Aquino, Cfr. Gal. II, 11-14, ad Gal., II, 11-14, lect. III, nn. 77, 83-84.)
“Havendo perigo próximo para a Fé, os prelados devem ser argüidos, até mesmo publicamente, pelos súditos.” (Santo Tomás de Aquino. Sum. Teol. II-II.ª, XXXIII, IV, ad 2.)
“Quanto ao axioma 'onde está o Papa está a Igreja', vale quando o Papa se comporta como Papa e chefe da Igreja; caso contrário, nem a Igreja está nele, nem ele está na Igreja.” (Cardeal Journet, Cardeal Caetano, II-II, 39,1. L’Elglise du Verbe Incarné", vol. II, págs. 839-840.)
“Que Vos digneis conservar na Santa Religião o Sumo Pontífice e todas as Ordens da Hierarquia Eclesiástica, nós Vos rogamos, ouvi-nos, Senhor!” (Litania de Todos os Santos, Século IV d.C.)
OBS.: portanto, um Papa também está susceptível a cair em erro e distar-se da Fé. E, quanto à infalibilidade papal, essa é exercida quando o Papa se pronuncia "Ex- Cathedra", isto é, da Catedra (cadeira) de São Pedro, ao cumprir as exigências intrínsecas a esse Santo Dogma, ratificado no Sacrossanto Concílio Vaticano I, em 1870 d.C., as quais são: 1) Que o Soberano Pontífice se pronuncie como sucessor de São Pedro, Bispo de Roma e chefe de toda a Santa Igreja Católica, usando os poderes das Chaves, concedidas a esse mesmo Apóstolo pelo próprio Cristo; 2) Que se pronuncie sobre Fé e Moral; 3) Que queira ensinar à Igreja inteira e não apenas a um único indivíduo, grupo ou região; 4) Que defina clara e precisamente uma questão, declarando o que é certo e proibindo o oposto com anátema, não apenas para quem executa o equívoco, mas também para quem o ensina conscientemente.
OBS.: um Sumo Pontífice, ao executar um ato infalível (independentemente de qual instrumento documental vá utilizar para tal), deve, necessariamente, explicitar tal ação, por meio de clara demonstração de cumprimento dos 4 pré-requisitos supracitados, os quais pressupõem o Santo Dogma da Infalibilidade Papal.
OBS.: absoluto apenas Deus. Portanto, que sempre seja recordada a Lei Suprema da Santa Igreja, segundo Sua Santa Tradição: "Salus animarum Suprema Lex" (“A Lei Suprema é a salvação das almas”.
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O Santo Rosário foi entregue pronto a São Domingos de Gusmão, nos anos 1200 d.C., pela Rainha do Céu. Isso é fato pacífico entre os historiadores da Fé. Portanto, não se deve modificar a “coluna vertebral” (Mistérios) de uma devoção estabelecida e ordenada diretamente dos Céus.
Para além disso, desde tal mavioso e sagrado evento, são quase mil anos, dentro dos quais não se tem notícia de tentativa, por parte do Clero, de ousar modificar a quantidade de Mistérios do Saltério Mariano.
E, quanto à conjuntura da numeração, é mister recordar que Nossa Senhora, em Fátima-PT, exorto os três pastorinhos, seus videntes, a rezarem diariamente o Santo Terço, e não o “Santo Quarto” — mais uma prova da intrínseca relação entre o Saltério de Jesus e Maria om o Saltério de Davi, o qual tem 150 Salmos, e não “200”.
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No que concerne às intrinsidades dos “mistérios luminosos”, é oportuno refletir acerca de algumas de suas minucias, mas, antes, atente-se ao que propõe o Papa João Paulo II, na referida Carta Apostólica:
“(...) Querendo indicar à comunidade cristã cinco momentos significativos — mistérios luminosos — desta fase da vida de Cristo, considero que se podem justamente individuar: 1º) No Seu Batismo no Jordão; 2º) Na Sua autorrevelação, nas bodas de Caná; 3º) No Seu anúncio do Reino de Deus, com o convite à conversão; 4º) Na Sua Transfiguração; e, enfim, 5º) Na instituição da Eucaristia, expressão sacramental do Mistério Pascal.” (João Paulo II, Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae. Fonte: www.vatican.va — LINK)
Primeiramente, urge ressaltar que, nos “mistérios luminosos”, do Sumo Pontífice João Paulo II, há uma novidade, com relação a todos os genuínos Mistérios do Santo Rosário.
O terceiro “mistério luminoso” (“anúncio do Reino de Deus, com o convite à conversão”), não evoca um evento histórico exato, ao contrário do que ocorre em todos os verdadeiros Mistérios do Saltério Mariano:
Mistérios Gozosos: 1º) A anunciação do Anjo São Gabriel a Nossa Senhora; 2º) A visitação de Nossa Senhora à sua prima Santa Isabel; 3º) O nascimento do Menino Jesus, em Belém; 4º) A apresentação do Menino Jesus no Templo; 5º) A perda e o reencontro de Jesus, no Templo, entre os Doutores da Lei.
Mistérios Dolorosos: 1º) A agonia de Jesus no Monte das Oliveiras; 2º) A flagelação de Jesus; 3º) A coroação de espinhos de Jesus; 4º) O carregamento da Cruz(patibulum) até o Monte Calvário; 5º) A crucificação e morte de Jesus, entre dois ladrões.
Mistérios Gloriosos: 1º) A Ressurreição de Cristo; 2º) A gloriosa ascensão de Cristo aos Céus; 3º) A descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos e Nossa Senhora, no Cenáculo; 4º) A gloriosa assunção de Nossa Senhora aos Céus; 5º) A coroação de Nossa Senhora como Rainha dos Céus e da Terra.
Destarte, o terceiro “mistério luminoso”, cuja fórmula é “seu anúncio do Reino de Deus, com convite à conversão” trata-se de uma ruptura do padrão dos genuínos Mistérios do Saltério Angélico.
Destoa do que asseverara o Papa Leão XIII, o qual proclamara que o Santo Rosário apresenta fatos concretos da vida de Nosso Senhor e Nossa Senhora.
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Encontra-se, outrossim, na “Rosarium Virginis Mariae”, do Papa João Paulo II, a seguinte asseveração:
“O Rosário, de facto, ainda que caracterizado pela sua fisionomia mariana, no Seu âmago é oração cristológica. Na sobriedade dos Seus elementos, concentra a profundidade de toda a mensagem evangélica, da qual é quase um compêndio.” (João Paulo II, Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae. Fonte: www.vatican.va — LINK)
Nenhum — absolutamente nenhum — dos Mistérios constituintes do Saltério de Jesus e Maria contemplam a vida pública de Jesus, a não ser que se considere como tal Sua Paixão e Ressurreição.
Ao conceber-se como “vida pública de Nosso Senhor” o início com o Batismo no Rio Jordão e o final com Sua prisão, após a Santa Ceia, no Monte das Oliveiras, então não há qualquer Mistério no Santo Rosário que evoque a “vida pública de Cristo”. Portanto, é motivo para não se inovar com acréscimo, sobretudo com esse tipo de novidade, a qual rompe completamente com o padrão teológico e doutrinal do Saltério Angélico.
Todavia, ao se considerar que faz parte da “vida pública de Cristo” Sua Paixão e Ressurreição, então o Saltério Mariano as contempla, e se tem aí, igualmente, motivo para não se acoplar nenhum outro Mistério, uma vez que os presentes são os mais relevantes — caso contrário, a Santíssima Trindade, por meio de Nossa Senhora, teria enviado a São Domingos outro Santo Rosário, com outros Mistérios, e não o que foi a esse Santo ensinado.
Isso quer dizer que, para além de todos os já mencionados erros concernentes à proposição dos tais “mistérios luminosos’, há mais esse: a tentativa de suplementar o que Deus entregara aos Seus filhos já pronto, completo, perfeito.
E, ainda: qual teria sido o critério do Papa João Paulo II ao estabelecer os seus cinco “mistérios luminosos”? Acaso, considerou que esses, de sua escolha, são mais importantes que outros fatos da vida pública de Cristo, os quais ficaram de fora, tais como o Sermão da Montanha, em que Jesus dá uma “aula” de como uma alma deve agir para se salvar; ou a escolha de São Pedro como o líder de Sua Santa Igreja, momento no qual também Lhe institui o Papado e entregou-Lhe as Chaves dos Céus, bem como o Sacramento da Reconciliação (Confissão + Penitência)?
Insisto: qual teria sido o parâmetro, à luz do qual o Sumo Pontífice teria optado por seus cinco “mistérios luminosos” e não por outros, distintos desses?
Eu, humilde e respeitosamente, recolho-me à minha insignificante miséria de errante pecador em busca da santidade, nesse Vale de Lágrimas; uma ovelha imunda, indigna e das últimas no redil do Deus Trino; e, por isso, não ouso apontar quais “mistérios” acresceria ao Santo Rosário, porque me fora dado por Aquele que é perfeito (por meio Daquela que é imaculada) e, por conseguinte, tudo que cria o faz perfeitamente. Portanto, apenas recebo, agradeço e exercito.
A quem Deus dá a graça de compreendê-Lo: gratidão! Aos demais: submissão! Em hipótese alguma, a inovação.
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Por fim, e ainda no tocante às inovações (ataques) à Santa Tradição da Igreja de Cristo: no presente opúsculo, há menção à “Bula Quo Primum Tempore”, assinada pelo Papa São Pio V, na qual canoniza a Santa Missa Tridentina e a torna imutável.
Lamentavelmente, o Concílio Vaticano II ignorou esse documento infalível e transgrediu ordens diretas nele presentes. Alterou a Santa Liturgia do Sacrifício Eucarístico e criou uma outra celebração, que chamou de “Novus Ordo Missae” (“Missa Nova”).
O Papa Paulo VI, inclusive, adicionou uma prece à “Oração Eucarística” (“Cânon Romano”), gravíssimo erro, já que tal rubrica remonta à Quinta-Feira Santa, à Santa Missa instituída pelo próprio Cristo, com as palavras consacratórias proferidas fielmente, a posteriori, pelos Apóstolos — fórmula essa que, em toda a História da Santa Igreja, ninguém ousou mudar, até que, tristemente, o fez tal referido Sumo Pontífice.
Cito tais fatos para registrar que, entre outros ataques à Santa Tradição, por parte desse movimento modernista, estão as diversas modificações no Código de Direito Canônico, com nova edição assinada pelo Papa João Paulo II, o mesmo que, inclusive, propôs a tal adição de um novo grupo de cinco “mistérios” ao Santo Rosário.
Se o Deus Trino, por intermédio de Nossa Senhora, envia aos católicos o exercício oracional mais importante (abaixo apenas da Santa Missa), qual Ser Humano, independentemente da hierarquia de seu estado de vida, pode arrogar-se o direito de modificá-lo? Nenhum! — A menos que, por ordem direta do Altíssimo, servindo para Ele de instrumento, em alocução “Ex Cathedra” (Santo Dogma da Infalibilidade Papal, mediante determinados quesitos a serem cumpridos), o que não aconteceu.
OBS.: é importante frisar que jamais um Papa publicou documento infalível contendo erro (muito menos os Sumos Pontífices do CVII e posteriores a ele). A infalibilidade papal se trata do próprio Deus a comunicar-se com Seu povo, de modo indubitável, por meio de Seu Vigário na Terra. E o Criador é inerrante, perfeito e misericordioso. Jamais permitiu que Sua indefectibilidade fosse mascarada por pseudoinfalibilidades, de modo a desorientar as ovelhas de Seu redil e pô-las em perigo de condenação eterna. Especialistas na matéria asseveram que, antes de um Sumo Pontífice assinar qualquer emissão pretensamente infalível e que não o seja (uma fraude teológica, por assim dizer), a qual contém erros e profanação da Sã Doutrina, antes disso o Todo Poderoso faz com que não se vá a cabo o intento. Foi assim até hoje e creio piamente que o será até o fim dos tempos, para toda honra e glória de Nosso Senhor.
E, acerca da lamentável proposição de um “quarto mistério” à sagrada devoção do Saltério de Jesus e Maria, por parte do Papa João Paulo II, dou aspas a São Luís Maria Grignion de Montfort, ao comentar acerca do Saltério Angélico ter sido entregue completo a São Domingos de Gusmão, pela própria Rainha do Céu, como já diversas vezes reiterado no presente comonitório:
“São Domingos dividiu a vida de Jesus Cristo e da Santíssima Virgem em quinze Mistérios que nos representam Suas virtudes e Suas principais ações, como quinze quadros, cujas cenas devem nos servir de regra e de exemplo para conduzirmos nossa vida. Nossa Senhora ensinou a São Domingos esse excelente método de oração e lhe ordenou que o pregasse, a fim de reacender a piedade dos cristãos e de fazer reviver em seus corações o amor de Jesus Cristo. Ela o ensinou também ao Beato Alano de La Roche. Lhe disse: ‘rezar essas cento e cinquenta Saudações Angélicas. É uma oração muito útil; uma homenagem que Me é muito agradável. E, ainda melhor, farão aqueles que recitarem essas saudações com a meditação da vida, da Paixão e da glória de Jesus Cristo, pois essa meditação é a alma de tais orações.’ De fato, o Rosário, sem a meditação dos Mistérios Sagrados de nossa salvação não seria senão um corpo sem alma; uma excelente matéria sem a forma, que é a meditação.” (São Luís Maria Grignion de Montfort, A eficácia maravilhosa do Santo Rosário, Artpress, São Paulo, 2000, Pág. 28.)
OBS.: Deus fez tudo: a Terra; o que há abaixo e sobre ela; os minerais, os vegetais e os animais. Criou o Homem à Sua imagem e semelhança. Deu-lhe vida e o mundo inteiro, a fim de que o submetesse a si. Uma única condição o Criador impôs; apenas uma: não comer do fruto proibido, que dá o conhecimento do bem e do mal — aquele que a serpente (o diabo), mentirosamente, prometeu que, se comido, tornaria os consumidores iguais a Deus. Tudo o que a vista humana alcançava, e mais além, era do Homem e estava à sua mercê. Os animais não lhe eram hostis; não se fazia necessário lavrar a terra para obtenção de alimento; água potável tinha em toda parte. (Gn 1;2) Mas o Ser Humano julgou que a criação de Deus não era suficiente e, no auge de sua insipiente soberba, creu poder complementar o que o Criador fizera completo, ao entender que nela havia falta. Quebrou a única Lei que lhe fora imposta pelo Pai Celeste. Comeu o fruto que lhe abrira os olhos ao mal. E, a partir de então, os animais passaram a ser-lhe uma ameaça; comida e bebida somente mediante árduo trabalho; a mulher, para gerar vida, passou a sofrer terrivelmente; a existência do corpo tornou-se limitada e decrescente, porque a morte é o salário do pecado. (Rm 6,23) Tais fatos são relatados nas primeiras páginas da Bíblia. E, no decorrer Dela, e até os dias atuais, infelizmente a história se repete: Deus faz perfeito e o Homem, no auge de sua ousadia, julga a obra divina inconclusa e arroga-se o direito e a capacidade de emendá-la. Sofre as consequências desse ultrajante equívoco e nesse triste ciclo caminha a humanidade. A maioria não se salva. E o que a condena são as escolhas que ela faz. Porque, segundo São Leonardo de Porto Maurício, “aquele que quer se salvar, se salva, e... (...) ninguém se perde se não quer se perder. Tempos difíceis esses, nos quais testemunhamos até membros do Clero a atentarem contra a própria Igreja de Cristo, pela qual, ao contrário, por Ela deveriam dar a vida, a fim de defendê-La de toda e qualquer violência. Investem contra Suas Santas Leis, Seus Sagrados Dogmas, Sua Sacrossanta Tradição... e seguem no intento de tanger o que o Altíssimo fez intangível; e buscam modificar o que o Todo Poderoso fez imutável.
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CONCLUSÕES
Existem, de modo genérico, dois tipos de prática da oração: direta e indireta. A primeira diz respeito à exclusividade, de modo que o orante a exercita com total dedicação, sem dividir tal tarefa com qualquer outra.
A segunda é exatamente o oposto: o orador a efetiva simultaneamente a outras ações.
Um católico que, em seu quotidiano, para rezar o Santo Rosário guarda o melhor tempo que lhe é possível, nessa conjuntura pratica a oração direta, pois, nesse exato momento, dedica-se exclusivamente a isso.
Esse mesmo fiel, ao exercitar o Saltério de Jesus e Maria enquanto executa algum trabalho que lhe permite orar enquanto o faz, em tal ocasião pratica a oração indireta, uma vez que realiza atos concorrentes; simultâneos.
Quando se reza indiretamente, é natural que, em algum momento, se perca o foco, que haja alguma divagação de pensamento, distração, etc., muito embora o orante deva fazer o máximo para que tais desvios não ocorram.
Distinto é o caso da oração direta, haja vista que nessa situação o orador não faz nada além de rezar e, por conseguinte, deve dedicar toda sua atenção, pensamentos e ações à reza do Saltério Mariano e às respectivas meditações dos Mistérios.
E, mesmo nessa conjuntura, ainda que seja natural haver algum desfoco, divagação, distração, etc., esses devem ser combatidos firmemente, de modo que inexistam ou, na pior das hipóteses, que sejam raros.
Rezar é ligar para o Céu, que sempre atende, de imediato. E, ao comunicar-se diretamente com um ou mais interlocutores, não se deve dividir a atenção dada a esses com mais nada; muito menos mudar de assunto e enveredar-se em um segundo ou terceiro tema (ainda que pertinentes) sem que se tenha concluído o primeiro.
Ordem é uma virtude que cabe sempre e em todo lugar.
O Santo Rosário deve ser rezado com piedade, calma, meditativamente, como ensinara São Luís Maria Grignion de Montfort, ao escrever: “entre os católicos, aqueles que levam a marca da condenação também desprezam o Rosário, deixando de rezá-Lo, ou fazendo-O com tibieza e às pressas. (...) renuncio a todas as distrações que me vierem durante este Rosário, que quero rezar com modéstia, atenção e devoção, como se fosse o último da minha vida.” (São Luís Maria Grignion de Montfort, A eficácia maravilhosa do Santo Rosário, Artpress, São Paulo, 2000, Págs. 23 e 86.)
Vejo, lamentavelmente, não apenas leigos, mas Sacerdotes rezando o Pater Noster e a Ave Maria de modo tão rápido que, por vezes, é difícil acompanhar.
Uma oração é uma súplica, um agradecimento, um louvor. Como se suplica, se agradece, se louva de forma extremamente acelerada? Não é possível! É bizarro, esdrúxulo, inadequado e inconveniente, sobretudo quando estamos diante de uma autoridade hierarquicamente superior.
Que filho, em situação normal, dirige um importantíssimo pedido ao pai em altíssima velocidade vocal?! Nenhum! Impossível!
Portanto, peça-se bem para que se seja bem atendido.
“Não é o prolongamento de uma oração que agrada a Deus e lhe conquista o coração, mas o seu fervor. Uma só Ave Maria bem rezada tem mais mérito do que cento e cinqüenta mal rezadas. Vejamos, pois, a maneira de rezar o Rosário, para agradar a Deus e nos tornarmos santos.
Em primeiro lugar, é preciso que a pessoa que reza o Rosário esteja em estado de graça, ou pelo menos na resolução de sair do seu pecado, porque a Teologia nos ensina que as boas obras e as orações feitas em pecado mortal são obras mortas, que não agradam a Deus nem podem merecer a Vida Eterna.
Aconselhamos o Rosário a todas as pessoas: aos justos, para que perseverem e cresçam na graça de Deus; e aos pecadores também, mas para que saiam de seus pecados.
Deus não permita que, por nossos conselhos, um pecador empedernido transforme o manto da proteção de Nossa Senhora em manto de condenação para velar seus crimes; ou que transforme o Rosário, que é remédio para todos os males, num veneno mortal e funesto.
A corrupção do ótimo é péssima.
Um homem depravado costumava rezar diariamente o Rosário. Certo dia, a Virgem lhe mostrou belos frutos numa bandeja cheia de imundícies. O homem teve horror àquilo, e Ela lhe disse: ‘é assim que tu Me serves, apresentando-Me belas rosas num recipiente sujo e corrompido. Achas que posso recebê-las com agrado?’
Não basta, para rezar bem, exprimir nossos pedidos pela excelente forma de oração que é o Rosário, mas é preciso aplicar nisso uma grande atenção, pois Deus ouve antes a voz do coração que a da boca.
Rezar a Deus com distrações voluntárias seria uma grande falta de respeito, que tornaria os nossos Rosários infrutíferos e nos encheria de pecados.
Como pretender que Deus nos ouça, se nós mesmos não nos ouvimos? E se, enquanto invocamos a... (...) Majestade que faz a todos tremerem, nos pomos voluntariamente a correr atrás de uma borboleta? Proceder assim é afastar a bênção do Senhor e correr o risco de vê-la mudada em maldição: ‘maldito o que faz a obra de Deus com negligência.’ (Jr 48,10).
De fato, não é possível rezar o Rosário sem nenhuma distração involuntária; é até mesmo bem difícil rezar uma única Ave Maria sem que a imaginação sempre mutante não vos afaste em algo a atenção. Mas vós podeis rezar sem distrações voluntárias, e deveis adotar todos os meios para diminuir as involuntárias e fixar a atenção. Para isso, colocai-vos na presença de Deus, pensando que Ele e Sua Santa Mãe têm os olhos postos sobre vós. Pensai que vosso Anjo da Guarda está à vossa direita, colhendo as Ave Marias que rezais, quando elas são bem rezadas, como se fossem rosas, para com elas tecer uma coroa para Jesus e Maria; e que, pelo contrário, o demônio está à vossa esquerda e ronda em torno de vós, para devorar vossas Ave Marias e as anotar no seu livro da morte, se elas são rezadas sem atenção, devoção e modéstia. Sobretudo, não deixeis de fazer os oferecimentos das dezenas em honra dos Mistérios, e de vos representar na imaginação a Nosso Senhor e à Sua Santíssima Mãe, no Mistério que estais honrando.
Lê-se, na vida do Beato Hermann, da Ordem premonstratense, que, quando ele rezava o Rosário com atenção e devoção, meditando nos Mistérios, a Santíssima Virgem lhe aparecia toda esplendorosa de luz, com uma beleza e majestade arrebatadoras. Mas, tendo sua devoção esfriado e não rezando mais o Rosário, senão às pressas e sem atenção, Ela lhe aparecia com a face enrugada, triste e desagradada.
Hermann se espantou com a mudança, e a Virgem lhe disse: ‘apareço diante dos teus olhos como Me encontro na tua alma, pois tu Me tratas como a uma pessoa vil e desprezível. Onde está aquele tempo em que tu Me saudavas com respeito e atenção, meditando os Meus Mistérios e admirando as Minhas grandezas?’
Como não há oração mais meritória à alma e mais gloriosa a Jesus e a Maria do que o Rosário bem rezado, também não há nenhuma que seja mais difícil para bem rezar e na qual seja mais difícil perseverar, sobretudo por causa das distrações que vêm como que naturalmente na repetição freqüente da mesma oração.
(...) Por isso, é preciso ter infinitamente mais devoção para perseverar na recitação do Santo Rosário do que para qualquer outra oração, ainda mesmo os Salmos de Davi. O que aumenta essa dificuldade é a nossa imaginação volátil e a malícia do demônio, infatigável para nos distrair e nos impedir de rezar.
Que faz esse espírito maligno enquanto estamos rezando nosso Rosário contra ele? Antes de começar a oração, ele aumenta nosso aborrecimento, nossas distrações e nossas prostrações. Enquanto rezamos, ele nos acossa de todos os lados. E, depois que tivermos rezado com muita dificuldade e distrações, ele nos sopra ao ouvido: ‘nada rezaste que preste; teu Terço de nada valeu; melhor farias se trabalhasses e cuidasses dos teus negócios; perdes tempo rezando tantas orações vocais sem atenção; uma meia-hora de meditação ou uma boa leitura valeriam muito mais; amanhã, quando estiveres com menos sono, rezarás com mais atenção; deixa o resto do teu Rosário para amanhã.’
Não lhe deis crédito, caro devoto do Rosário, e não desanimeis, ainda que durante todo o Rosário vossa imaginação tenha estado preenchida com distrações e pensamentos extravagantes, se vós os procurastes expulsar da melhor forma possível, logo quando vos destes conta deles.
Vosso Rosário é tanto melhor quanto mais meritório for; ele é tanto mais meritório quanto mais difícil for; ele é tanto mais difícil quanto menos naturalmente for agradável à alma e mais cheio for dessas miseráveis pequenas moscas e formigas que fazem a imaginação correr de um lado para o outro, apesar da vontade, não dando à alma tempo para saborear o que reza e repousar em paz.
Se for preciso combater, durante o Rosário, contra as distrações, combatei valentemente de armas na mão, ou seja, prosseguindo o Rosário, ainda que sem nenhum gosto nem consolação sensível. É um combate terrível, mas é salutar à alma fiel. Se deixais cair as armas, quer dizer, se abandonais o Rosário, sois vencidos, e, então, o demônio, como vencedor, vos deixará em paz, mas no dia do Juízo vos acusará por vossa pusilanimidade e infidelidade.
‘O que é fiel no pouco, também é fiel no muito.’ (Lc 16, 10) Quem é fiel em rejeitar as menores distrações, na menor parte de suas orações, será também fiel nas maiores coisas.
Coragem, pois, bom e fiel servidor de Jesus Cristo e da Santíssima Virgem, que tomastes a resolução de rezar o Rosário todos os dias! Que a multidão das moscas (chamo assim as distrações que vos fazem guerra enquanto rezais) não vos faça deixar, covardemente, a companhia de Jesus e de Maria, na qual estais quando dizeis vosso Rosário.
A partir daqui indicarei os meios para diminuir as distrações.
Invocai, inicialmente, o Espírito Santo, para bem rezar o vosso Rosário, e colocai-vos, em seguida, um momento na presença de Deus.
Antes de começar cada dezena, parai um pouco para considerar o Mistério que estais celebrando, e pedi sempre — pela intercessão de Maria Santíssima — uma das virtudes que mais ressaltam naquele Mistério, ou da qual tendes mais necessidade.
Tornai, sobretudo, cuidado com dois erros comuns, que cometem quase todos os que rezam o Terço ou o Rosário: o primeiro é não formular nenhuma intenção, de sorte que se lhe perguntais porque estão rezando, não vos saberiam responder.
Tende, pois, sempre em vista, ao rezar o Rosário, alguma graça a pedir, alguma virtude a imitar ou algum pecado a evitar.
O segundo erro que se comete freqüentemente é não ter em vista, ao começar o Rosário, outra coisa senão acabá-Lo o quanto antes.
É uma pena ver como a maior parte das pessoas rezam o Rosário. Rezam-No com uma precipitação espantosa. Devoram até a maior parte das palavras. Não se cumprimentaria desse modo ridículo ao último dos Homens, e, no entanto, se imagina que Jesus e Maria se sentem honrados com isso.
O Beato Alano de La Roche e outros autores, entre os quais Belarmino, contam que um bom Sacerdote aconselhou a três penitentes que tinha, e que eram três irmãs, que rezassem, devotamente, todos os dias, o Rosário, durante um ano, para formar um belo vestido de glória para Nossa Senhora. Acrescentou que isso era um segredo que ele tinha recebido do Céu.
As três irmãs o rezaram durante um ano. No dia da Purificação [Festa da Apresentação de Nosso Senhor / Festa da Purificação de Nossa Senhora – 2 de fevereiro], à noite, quando as três estavam deitadas, a Virgem, acompanhada por Santa Catarina e Santa Inês, entrou no quarto delas, vestida com um traje todo resplandecente de luz, no qual estava escrito, com letras de ouro, ‘Ave Maria, cheia de graça’. A Rainha do Céu se aproximou do leito da mais velha das irmãs e lhe disse: ‘Eu te saúdo, Minha filha, que tantas vezes e tão bem me saudaste. Venho agradecer-te o belo vestido que Me fizeste.’ As duas Santas Virgens que A acompanhavam lhe agradeceram também e as três desapareceram.
Uma hora depois, a Virgem veio mais uma vez ao quarto, com as mesmas acompanhantes. Trajava um vestido verde, mas sem ouro nem luz. Aproximou-se do leito da segunda irmã e lhe agradeceu o vestido que Lhe fizera. Mas, como esta segunda irmã já tinha visto a Santíssima Virgem aparecer à mais velha com maior brilho, perguntou-Lhe o motivo: ‘é porque ela Me fez um vestido mais bonito, rezando o Rosário melhor do que tu’ — respondeu a Virgem.
Cerca de uma hora depois, Nossa Senhora apareceu uma terceira vez, à mais jovem das irmãs, vestida com trapos sujos e rasgados, e disse: ‘ó, filha, tu assim Me vestiste. Eu te agradeço por isso.’
A jovem, coberta de confusão, exclamou: ‘ó, Senhora, perdão por Vos ter vestido tão mal! Peço-Vos tempo para rezar melhor o Rosário e Vos preparar um vestido mais belo.’
Tendo desaparecido a visão, a jovem, muito aflita, contou ao confessor o que se tinha passado. Ele exortou as três a rezarem o Rosário com mais perfeição do que antes.
Ao cabo de um ano, no mesmo dia da Purificação, a Virgem novamente lhes apareceu, vestida com um traje maravilhoso e mais uma vez acompanhada por Santa Catarina e Santa Inês, que levavam coroas [Santo Rosário], e lhes disse: ‘tende certeza, filhas, do Reino dos Céus, no qual entrareis amanhã, com grande alegria’, ao que as três responderam: ‘nosso coração está pronto, caríssima Senhora. Nosso coração está pronto.’
A visão desapareceu. Na mesma noite, sentiram-se mal, mandaram procurar o confessor, receberam os últimos Sacramentos e agradeceram ao confessor pela santa devoção que lhes tinha ensinado.
Depois, a Santíssima Virgem lhes apareceu, acompanhada por grande número de virgens, fez vestir as três irmãs com vestidos brancos. Depois, partiram as três, enquanto os Anjos cantavam: ‘vinde, esposas de Jesus Cristo! Recebei as coroas que vos estão preparadas desde a eternidade.’
Há muitas verdades a aprender com essa história: 1ª) Como é importante ter bons confessores, que inspirem bons exercícios de piedade e, em particular, o Santo Rosário; 2ª) Como é importante rezar o Rosário com atenção e devoção; 3ª) Como a Santíssima Virgem é benigna e misericordiosa para com aqueles que se arrependem do passado e se propõem a proceder melhor; 4ª) Como Ela é generosa para recompensar durante a vida, na hora da morte e na Eternidade os pequenos serviços que Lhe são prestados fielmente.
Acrescento que se deve rezar o Rosário com modéstia, quer dizer, tanto quanto possível, de joelhos e com as mãos postas, tendo o Rosário nas mãos.
Se, entretanto, se está doente, pode-se rezá-Lo na cama; se em viagem, pode-se rezá-lo caminhando; se por qualquer enfermidade não se pode estar de joelhos, pode-se rezar de pé ou sentado. Pode-se até mesmo rezar o Rosário trabalhando, quando não se pode deixar o trabalho por causa dos deveres profissionais — pois o trabalho manual nem sempre é contrário à oração vocal.
Aconselho-vos a dividir o vosso Rosário em três Terços, em três diferentes horas do dia. É melhor dividi-Lo assim do que rezá-Lo de uma só vez...” (São Luís Maria Grignion de Montfort, A eficácia maravilhosa do Santo Rosário, Artpress, São Paulo, 2000, Págs. 50-59.)
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SINAL DA CRUZ
Antes de adentrar à explanação acerca de como exercito o Santo Rosário, é indispensável tratar da origem e importância do Sinal da Cruz, o qual, via de regra, inicia e encerra toda oração.
Assim, deter-me-ei brevemente em uma curta abordagem quanto a esse precioso Símbolo Católico, que, entre outras características, pode também ser concebido como uma espécie de Credo resumido, já que Nele se afirma a crença, submissão e esperança no Deus Trino: Pai, Filho e Espírito Santo — centro da Doutrina Católica.
É inegável que o Sinal da Cruz está intrinsecamente presente na vida do fiel católico. Não obstante, muitas vezes (quiçá, na maioria delas) é negligentemente vivenciado, com banalidade e/ou sem a devida honra e importância.
Sua origem remonta entre o primeiro e segundo séculos após a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Não se trata de mero gesto ritualístico, mas de uma genuína e poderosíssima oração (inclusive, indulgenciada — em dadas condições), repleta de simbolismos místicos.
No que concerne aos diversos significados do Sinal da Cruz, é mister elencar os mais importantes, já que fazê-lo é, antes de tudo, professar a crença em ao menos três Dogmas basilares da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica: 1) No Mistério da Santíssima Trindade; 2) Na encarnação de Jesus, por meio do Espírito Santo, no âmago da Vigem Maria; 3) E na Paixão de Cristo, por morte de cruz.
Quando dizemos: “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”, nesse momento assentimos a essa Sã Doutrina, ensinada por Nosso Senhor aos Apóstolos, por esses repassada aos seus sucessores e intacta até os dias de hoje, e assim o será pelos séculos dos séculos — bem como, ao traçarmos em nós o Cruzeiro de Cristo, declaramos submetermo-nos a Si e aceitamos a Sua e a nossa Cruz.
De modo geral, os católicos do Ocidente fazem o Sinal da Cruz com a mão direita aberta. Alguns estudiosos asseveram que os cinco dedos representam as cinco mais conhecidas chagas do sacratíssimo corpo de Jesus crucificado (mão esquerda, mão direita, pé esquerdo, pé direito e lado aberto). E, ainda, que tal gesto, com a mão levemente espalmada, trata-se, outrossim, de um louvor ao Deus Trino, por toda Sua criação, de Norte a Sul, de Leste a Oeste, das alturas ao chão, de um extremo a outro.
Já os fiéis do Oriente, esses executam o Símbolo da Cruz com a mão parcialmente fechada. Os dedos polegar, indicador e médio erigem-se parcialmente e tocam-se nas pontas, simbolizando a Santíssima Trindade, enquanto que os dois restantes, pressionados contra a palma, representam a dupla natureza de Jesus Cristo (divina e humana — Dogma da União Hipostática).
Particularmente, penso serem, ambas as formas, profundas e belas. E, por conseguinte, entendo ser satisfatório o uso de ambas — ou, inclusive, mesmo as duas, por exemplo: podendo-se fazer a primeira parte do Sinal da Cruz à maneira Oriental (pelo sinal da Santa Cruz, livrai-nos, Deus, Nosso Senhor, dos nossos inimigos,) e finalizá-lo ao modo Ocidental (em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo! Amém!).
O Sinal da Cruz indica duas realidades: 1) Quando fazemos o gesto, a começar na cabeça e descendo ao ventre, estamos declarando nossa fé na encarnação de Jesus (cabeça da Santa Igreja, que é Seu corpo místico — 1Cor 12,12-14; Rm 12,4-5; Ef 3,6; Ef 5,22-23; Cl 1,18-24), por meio do Espírito Santo, no âmago da Virgem Maria Santíssima; 2) Esse mesmo sinal, quando feito sobre nós, assinala a marca de Cristo Jesus naqueles que se entregam à Sua pertença e significa a graça da redenção que Ele proporcionou aos que a Ele seguem, por meio de Sua Paixão, finalizada na Santa Cruz. E, se o Criador salvou da morte os judeus, os quais Ele próprio mandou marcarem as portas de suas casas com sangue de cordeiro, no Antigo Testamento, já no Novo Testamento, com a vinda do Messias, dignou-se o Altíssimo a marcar os cristãos com a água do Santo Batismo e com o sangue do Cordeiro de Deus, de modo que a morte não os sobrepuje (caso honrem devidamente tal Divino Sacrifício), tornando-os aptos à salvação e ressurreição de seus corpos gloriosos no dia do Juízo Final.
Diz o Catecismo Maior de São Pio X que “um bom cristão, pela manhã, assim que desperta, deve fazer o Sinal da Cruz e oferecer o coração a Deus, dizendo estas ou outras palavras semelhantes: Meu Deus, eu Vos dou o meu coração e a minha alma.” (Catecismo Maior de São Pio X, Capítulo VIII, Questão 969.)
São palavras de um Papa Santo e um dos mais importantes de toda a história da Santa Igreja Católica, acerca da indispensabilidade dessa prática mística em nossas vidas: o Sinal da Santa Cruz.
Existem, ainda, defesas de outros piedosos significados do Sinal da Cruz: 1) A Cruz na testa é o sinal da Paixão de Jesus Cristo em nossa cabeça, de modo que a Santíssima Trindade nos livre das más inclinações e de todos os pensamentos maus, a fim de que a mente seja fonte somente de santas ideias, ordenadas ao Deus Trino, positivas e benevolentes; 2) A Cruz na boca é o sinal da Paixão de Jesus Cristo, de modo que a Santíssima Trindade nos livre das más palavras, de maneira que a fala proclame apenas o que é benéfico e positivamente frutífico à salvação das almas de quem as diz e de quem as escuta, para o local da proclamação e para quem seu conteúdo se dirige; 3) A Cruz no peito é o sinal da Paixão de Jesus Cristo, de modo que a Santíssima Trindade nos livre dos maus sentimentos, maus anseios, más intenções e más ações, de modo a santificarmos, assim, nosso coração e nossa alma, de maneira que nosso sentir e agir espelhe constantemente os Mandamentos do Criador, o qual amamos, professamos, seguimos e em quem acreditamos.
Acerca dos significados litúrgicos do Sinal da Cruz: 1) A Cruz na fronte nos exorta quanto ao Evangelho, o qual deve ser conhecido, estudado, meditado, compreendido e quotidianamente vivenciado; 2) A Cruz nos lábios nos exorta quanto ao Evangelho, o qual deve ser sempre proclamado, quando oportuna e inoportunadamente (2Tm 4,1-7), dever de todo católico; 3) E a Cruz no peito exorta quanto ao Evangelho, o qual deve ser sentido, na alma e no coração, como ocorrera aos discípulos de Emaús — “não se nos abrasava o coração quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” (Lc 24), bem como anunciado e vivido por todos os que creem e se pretendem seguidores de Cristo. Daí a importância de se fazer o Sinal da Cruz sempre e com a mais nobre reflexão e reverência, inclusive antes de orações e leituras do Evangelho, indicando com isso o desejo de que cada palavra lida seja um convite a todos que ela tange, a fim de que, efetivamente, seja luz e sal em cada vida por ela tocada, concretizando-se (Mt 5,13; Jo 8,12).
O Sinal da Cruz é também um ato de livramento e deve, portanto, ser feito sem pressa, com a maior diligência, respeito, consciência, fé e amor possível, pois expressa nossa crença nos Divinos Mistérios que esse Símbolo abarca — sobretudo no Deus Trino: esse que é cerne da Fé e nos concede ousar invocá-Lo também por meio desse gesto, de modo íntimo e direto, como um filho invoca seu bondosíssimo pai.
O Sinal da Cruz é um sacramental gestual, ou seja, um ícone que reflete, em algum grau, de modo sensível e concreto, a fé que professamos. E, para que se compreenda melhor a profundidade do conceito de fé, é oportuno aprendermos com o maior Doutor da Igreja, Santo Tomás de Aquino, o qual assevera:
“A fé não é uma virtude moral nem intelectual, mas é uma virtude teologal. Contudo, as virtudes teologais, ainda que convenham com as intelectuais ou com as morais, no sujeito, diferem, porém, no objeto. Com efeito, o objeto das virtudes teologais é o próprio fim último; porém, o objeto das outras virtudes são as coisas que se ordenam para o fim. No entanto, por isso, os teólogos propõem certas virtudes acerca do próprio fim, o que não fazem os filósofos, porque o fim da vida humana que os filósofos consideram não excede a faculdade da natureza, pois o Homem tende a esse fim por inclinação natural. E, assim, não é necessário que alguns hábitos o elevem para alcançar esse fim, assim como é necessário que o elevem para tender ao fim que excede a faculdade da natureza, que os teólogos consideram." (De Veritate, Santo Tomás de Aquino)
Para Santo Tomás a fé é uma dadiva; uma graça santificante de Deus para o Homem. Ele a chama de virtude teologal. Isso significa que quem crê no Criador e em Seus ensinamentos o faz porque, antes de tudo, Ele quer que isso ocorra e faz acontecer como tal.
Em outras palavras: o Pai infunde na alma de Seu filho a fé, o assentimento, a inclinação à crença em Sua existência, em Sua verdade, em Sua Santa Doutrina, em Sua Santa Igreja. O agraciado, por conseguinte, passa a direcionar seu intelecto ao aprofundamento dessa crença. Portanto, fé nada tem a ver com sentimento, mas assentimento, por meio do intelecto, o qual é movido pela graça santificante, dada pelo Deus Trino. — E Santo Tomás defende que esse presente de Deus é uma das três virtudes teologais, que são: fé, caridade e esperança.
Obviamente que para se ter fé há de se compreender o que isso significa; entender ao menos minimamente o mundo ao redor, saber discernir o real do sobrenatural, estar em plenas condições de uso das faculdades mentais. E quando se defende que Deus concede ao Homem a graça santificante, se quer dizer com isso que o Pai Celestial conduz a razão (raciocínio/intelecto) desse indivíduo à Sua verdade.
A possibilidade de pensar e discernir, em condições normais, permite ao indivíduo que a possui chegar a outras virtudes, que Santo Tomás chama de morais e intelectuais. As primeiras são várias, sendo as principais: a temperança, a fortaleza e a justiça. Quanto às últimas, são elas: prudência, arte, ciência, sabedoria e intelecto.
Em síntese: se um sujeito tem fé ou caridade ou esperança ou duas delas ou as três, ou seja, se porta alguma ou várias virtudes teologais é por misericórdia divina, que lhe concede ter e inclinar-se a tais; e essas existem para um fim principal: a salvação de quem as têm.
Destarte, se esse é o objetivo principal da existência humana — a salvação das almas —, logo, tudo o que existe está, automaticamente, subordinado a esse fim último.
E, assim sendo, as outras virtudes (morais e intelectuais) possuem sua razão de ser sob a batuta da obra salvífica do Criador perante Suas criaturas, usadas pelo Pai como instrumentos ordenados a Si, na vida de Seus filhos, em prol de Seus desígnios. E Deus, então, em Seus Mistérios imperscrutáveis, pode fazer uso de uma, várias ou todas essas virtudes na jornada do sujeito que as porta, de modo a direcioná-lo para a fé e santificação.
Portanto: chega-se à fé pela razão, mas o uso daquela, para se chegar a essa, é somente possível por meio da graça santificante (da interferência de Deus). Sem Ele o ser humano se perde em suas misérias, soberba e luxúria, oriundas do pecado original.
Assim, a ciência, a arte, os códigos de ética que constituem a moral de um povo e tudo na vida deve cooperar para o bem maior e último do Homem, que é morrer em estado de graça e adentrar, sem demora, ao Reino Celeste, a obter, dessa maneira, a glória da Visão Beatífica da Santíssima Trindade, de modo presente, real e perenemente.
Por fim, a fé de um indivíduo não é um sentimento, fruto de uma paixão; não é a consequência de seu esforço intelectual meramente humano ou mesmo o desenvolvimento de uma qualidade moral; é ela, de fato, uma virtude teologal. Trata-se de uma graça santificante, incutida nesse ser por Deus, de modo a fazer com que ele se incline a usar todas as virtudes que Deus lhe permite ter para, a partir disso, encontrar a verdade e submeter-se a ela. E o Sinal da Cruz — com o perdão da necessária digressão —, quando devidamente feito, é a expressão e vivenciamento de tudo isso, visível e concretamente.
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SANCTUM ROSÁRIUM
Como já mencionado, o Santo Rosário é imutável e, pelas obras de São Luís Maria Grignion de Montfort e do Beato Alano de La Roche, vê-se claramente Sua intocável estrutura.
É aceita a distinção no modo de rezar o Santo Rosário, com orações suplementares que circunscrevem-No. Porém, em hipótese alguma, essas ou quaisquer outras devem interferir no Saltério de Jesus e Maria propriamente dito (15 Pater Nosters e 150 Ave Marias), o qual é completo e impassível de qualquer mutação em suas orações, sendo ela de corte ou inserção.
Isso exposto, deixo, abaixo, o Santo Rosário e Seus respectivos Mistérios a serem meditados, bem como as orações que faço antes e depois Dele (obviamente, opcionais). — E exorto a todo católico que, tendo oportunidade, faça ao menos um Santo Terço defronte ao Sacrário, em adoração ao Cristo Sacramentado, diariamente —.
OBS.: o latim é um idioma o qual não se utiliza de acentos ortográficos. Todavia, a fim de auxiliar a leitura e pronúncia, convencionou-se, no latim eclesiástico, em algumas publicações, acentuar-se as vogais tônicas. Eis o que tomei por mais adequado, nesse modesto comonitório, antecipadamente desculpando-me por quaisquer erros, uma vez que não sou fluente em tal língua e as traduções foram extraídas de outros sites ou mecanicamente.
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INITIUM ORATIÓNES PREPARATÓRIAE
(INÍCIO DAS ORAÇÕES PREPARATÓRIAS)
Inicio as orações preparatórias (que antecedem o Santo Rosário) com o Sinal da Cruz.
Signum Crucis (cum cruce)
Per Signum Crucis, de inimícis nostris líbera nos, Deus noster, in nómine Patris, et Fílii, et Spíritus Sancti! Ámen!
Sinal da Cruz (com a cruz)
Pelo sinal da Santa Cruz, livrai-nos, Deus, Nosso Senhor, dos nossos inimigos, em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo! Amém!
Rezo o Terço do Santo Rosário diante do Santíssimo Sacramento, então, logo após o Sinal da Cruz, faço uma doxologia de adoração ao Cristo Eucarístico e, seguidamente, rezo à Santíssima Trindade, rogando-Lhe proteção contra os ataques dos demônios, que tentarão, por vários meios, interromper as orações e o Santo Rosário com distrações e outras manobras. — Essa mesma doxologia que se antecipa a todas as orações é também a que finaliza o exercício do Santo Rosário, antes do último Sinal da Cruz.
Jaculatórium ad Sanctíssimum Sacraméntum
Grátias et láudes omni témpore tribuántur ad sanctíssimum et diviníssimum Sacraméntum! Ámen! (3X)
Jaculatória ao Santíssimo Sacramento
Graças e louvores sejam dados a todo momento ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento! Amém! (3X)
Veni, Sancte Spíritus
Veni, Sancte Spíritus, reple tuórum corda fidélium, et tu amóris in eis ignem accénde! Emítte Spíritum tuum et creabúntur! — Et renovábis fáciem Terrae. Orémus: ó, Deus, qui corda fidélium Sancti Spíritus illustratióne, docuísti da nobis in eódem Spíritu recta sápere, et de éius semper consolatióne gaudére, per Christum, Dóminum Nostrum! Ámen!
Vinde, Espírito Santo
Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso Amor! Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado! — E renovareis a face da Terra. Oremos: ó, Deus, que instruíste os corações dos Vossos fiéis, com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas, segundo o mesmo Espírito, e gozemos sempre da Vossa consolação, por Cristo Senhor Nosso! Amém!
Orátio pro Divínum Auxílium
Inspíra, ó, Deus, actiónes nostras, et adiúva nos ad ea perficiénda, ut ómnia quae ágimus in Te incípiant et desínant in Te, per Christum Dóminum Nostrum! Ámen!
Oração por Auxílio Divino
Inspirai, ó, Deus, as nossas ações, e ajudai-nos a realizá-las, para que em Vós comece e em Vós termine tudo aquilo que fizermos, por Cristo Senhor Nosso! Amém!
Em seguida, suplico, com preces pessoais (ato de contrição pessoal), perdão a Deus por minhas misérias, na esperança de que me seja propício e, assim sendo, que eu possa estar em melhor estado de dignidade diante Dele, inclusive para melhor e com mais frutos oferecer-Lhe, bem como à Puríssima Virgem, o Saltério de Jesus e Maria. E, sucessivamente, faço o ato de contrição oficial da Santa Igreja e duas outras orações reparatórias.
Personális Actus Contritiónis (Ato de Contrição Pessoal)
Actus Contritiónis
Deus meus, ex toto corde, paénitet me ómnium meórum peccatórum, eáque detéstor, qui, peccándo, non solum poénas a Te, iúste, statútas proméritus sum, sed, praesértim, quia offéndi Te, summum bonum ac dignum qui super ómnia diligáris. Ideo, fírmiter propóno, adiuvánte grátia Tua, de cétero me non peccatúrum peccandíque occasiónes próximas fugitúrum. Ámen!
Ato de Contrição
Meu Deus, eu me arrependo, de todo coração, de todos meus pecados, e os detesto, porque, pecando, não só mereci as penas que, justamente, estabelecestes, mas, principalmente, porque ofendi a Vós, sumo bem e digno de ser amado sobre todas as coisas. Por isso, proponho firmemente, com a ajuda da Vossa graça, não mais pecar, e fugir das ocasiões próximas de pecar. Amém!
Confíteor
Confíteor, Deo Omnipoténti, Beátae Maríae Semper Vírgini, Beáto Michaéli Archángelo, Beáto Ioánni Baptístae, Sanctis Apóstolis Petro et Paulo, ómnibus Sanctis et tibi, Pater, quia peccávi nimis cogitatióne, verbo et ópere: mea culpa, mea culpa, mea máxima culpa. Ideo precor Beátam Maríam Semper Vírginem, Beátum Michaélem Archángelum, Beátum Ioánnem Baptístam, Sanctos Apóstolos Petrum et Páulum, omnes Sanctos et te, Pater, oráre pro me ad Dóminum Deum Nostrum! Ámen!
Confesso-me
Confesso a Deus Todo-poderoso, à Bem-Aventurada Sempre Virgem Maria, ao Bem-Aventurado São Miguel Arcanjo, ao Bem-Aventurado São João Batista, aos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, a todos os Santos e a vós, Padre, que pequei muitas vezes por pensamentos, palavras e ações, por minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa. Por isso, peço à Bem-Aventurada Sempre Virgem Maria, ao Bem-Aventurado São Miguel Arcanjo, ao Bem-Aventurado São João Batista, aos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, a todos os Santos e a vós, Padre, que oreis por mim a Deus, Nosso Senhor! Amém!
FINEM ORATIÓNES PREPARATÓRIAE
(FIM DAS ORAÇÕES PREPARATÓRIAS)
Findadas as orações preparatórias, faço as preces pessoais, na esperança de alcançar as graças as quais almejo lucrar junto à infinda misericórdia da Santíssima Trindade, com a maternal intercessão de Nossa Senhora e auxílio dos Anjos e Santos.
Orationes Personales (Orações Pessoais/Intenções Particulares)
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INTRÓITUS INÍTIUM
(INÍCIO DA INTRODUÇÃO)
Em seguida, começo as orações introdutórias ao Santo Rosário (referentes à parte do crucifixo: Credo, 1 Pater Noster e 3 Ave Marias) e, logo após, o Sacro Saltério, propriamente.
Sýmbolum Nicaéno-Constantinopolitánum (orate in crucifíxo)
Credo in unum Deum, Patrem omnipoténtem, Factórem Caeli et Terrae, Visibílium ómnium et invisibílium. Et in unum Dóminum Iésum Christum, Fílium Dei Unigénitum, Et ex Patre natum ante ómnia saécula. Deum de Deo, Lumen de Lúmine, Deum Verum de Deo Vero, Génitum, non factum, consubstantiálem Patri: per quem ómnia facta sunt. Qui propter nos Hómines et propter nostram salútem descéndit de Caelis et incarnátus est de Spíritu Sancto Ex María Vírgine, et Homo factus est. Crucifíxus étiam pro nobis sub Póntio Piláto; passus et sepúltus est et resurréxit tértia die, secúndum Scriptúras, et ascéndit in Caelum, sedet ad déxteram Patris. Et íterum ventúrus est, cum glória, iudicáre vivos et mórtuos, cuius regni non erit finis. Et in Spíritum Sanctum, Dóminum et vivificántem: qui ex Patre Filióque procédit. Qui cum Patre et Fílio simul adorátur et conglorificátur: qui locútus est per prophétas. Et Unam, Sanctam, Cathólicam et Apostólicam Ecclésiam. Confíteor unum Baptísma in remissiónem peccatórum et expécto resurrectiónem mortuórum et vitam ventúri saéculi. Ámen!
Credo Niceno-Constantinopolitano (fazer a oração no crucifixo)
Creio em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, criador do Céu e da Terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai. Por Ele todas as coisas foram feitas. E, por nós, Homens, e, para nossa salvação, desceu dos Céus e se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez Homem. Também, por nós, foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras, e subiu aos Céus, onde está sentado à direita do Pai. E, de novo, há de vir, em Sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o Seu reino não terá fim. Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos profetas. Creio na Igreja, Una, Santa, Católica e Apostólica. Professo um só Batismo para remissão dos pecados e espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir. Amém!
Pater Noster (ad grana maióra)
Pater Noster, qui es in Cælis, sanctificétur nomen Tuum, advéniat regnum Tuum, fiat volúntas Tua, sicut in Cælo et in Terra! Panem nostrum, quotidiánum, da nobis hódie, et dimítte nobis débita nostra, sicut et nos dimíttimus debitóribus nostris! Et ne nos indúcas in tentatiónem, sed líbera nos a malo! Ámen!
Pai-Nosso (nas contas maiores)
Pai-Nosso, que estais nos Céus, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu! O pão nosso de cada dia nos dai, hoje! Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores! E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do Mal! Amém!
Ángelus Doxologíam
Ángelus Dómini nuntiávit Maríae et concépit de Spíritu Sancto.
Doxologia do Angelus
O Anjo do Senhor anunciou à Maria e Ela concebeu do Espírito Santo.
Ave María (ad grana minóra)
Ave María, grátia plena, Dóminus Tecum. Benedícta Tu in muliéribus, et benedíctus fructus ventris Tui, Iésus! Sancta María, Mater Dei, ora pro nobis, peccatóribus, nunc et in hora mortis nostræ! Ámen!
Ave Maria (nas contas menores)
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é Convosco. Bendita sois Vós entre as mulheres e bendito é o fruto do Vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte! Amém!
Ángelus Doxologíam
Ecce ancílla dómini! Fiat, mihi, secúndum verbum Tuum!
Doxologia do Angelus
Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se, em Mim, segundo a Vossa palavra!
Ave María...
Ángelus Doxologíam
Et Verbum caro factum est et habitávit in nobis.
Ángelus Doxologíam
E o Verbo se fez carne e habitou entre nós.
Ave María...
Ángelus
Ora pro nobis, Sancta Dei Génetrix, ut digni efficiámur prommissiónibus Christi! Ámen!
Angelus
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo! Amém!
Angelus Oratio
Orémus: grátiam tuam, quaésumus, Dómine, méntibus nostri infúnde, ut qui, ángelo nuntiánte, Christi Fílii Tui encarnatiónem cognóvimus, per Passiónem Éius et Crucem, ad resurrectiónis glóriam perducámur, per eúmdem Christum, Dóminum Nostrum! Ámen!
Oração do Angelus
Oremos: Infundi, Senhor, em nossas almas, a Vossa graça, para que nós, que conhecemos, pela Anunciação do Anjo, a Encarnação de Jesus Cristo, Vosso Filho, cheguemos, por Sua Paixão e morte na Cruz, à glória da Ressurreição, Pelo mesmo Jesus Cristo, Nosso Senhor! Amém!
Doxología Minor / Glória (et ad finem décadum)
Glória Patri, et Fílio, et Spíritui Sáncto. Sicut erat in princípio, et nunc, et semper, et in saécula saeculórum! Ámen!
Doxologia Menor / Glória (e ao fim de cada dezena)
Glória ao Pai, e ao Filho, e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre, pelos séculos dos séculos! Amém!
Orátio Fátima (Orátio a Dómina Nostra ad tres pastóres, in una apparitiónibus Suis.)
Ó, mi Iésu, dimítte nobis débita nostra, líbera nos ab igne inférni, conduc in Coelum omnes ánimas et præsértim illas quae máxime índigent! Ámen!
Oração de Fátima (ensinada por Nossa Senhora aos três pastorinhos, em uma de Suas aparições)
Ó, meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu e socorrei principalmente aquelas que mais precisarem! Amém!
Nossa Senhora ensina a São Domingos de Gusmão, em 1214 d.C., o Santo Rosário. Em 1917 d.C., em outra aparição, ensina uma oração e pede que seja acoplada ao Saltério de Jesus e Maria, ao final de cada dezena, o que corrobora a verdade de que os Céus deram ao Homem o Saltério Angélico e, portanto, somente os Céus têm o direito de tocar em sua composição.
FINIS INTRÓITUS
(FIM DA INTRODUÇÃO)
Findada a introdução ao Santo Rosário, adentro, de fato, à meditação dos Santos Mistérios do Saltério de Jesus e Maria.
† † †
INÍTIUM (INÍCIO)
Eis, aqui, o início do Santo Rosário. Refrise-se: é constituído por 3 Mistérios fundamentais: Gozosos, Dolorosos e Gloriosos. Cada qual possui seus 5 Mistérios, compostos por 1 meditação, 1 Pater Noster e 10 Ave Marias. Um único Mistério principal é chamado de Santo Terço (5 meditações, 5 Pater Nosters e 50 Ave Marias). O Santo Rosário completo possui 15 meditações, 15 Pater Nosters e 150 Ave Marias.
Signum Crucis (cum cruce)
Per Signum Crucis, de inimícis nostris líbera nos, Deus noster, in nómine Patris, et Fílii, et Spíritus Sancti! Ámen!
Sinal da Cruz (com a cruz)
Pelo sinal da Santa Cruz, livrai-nos, Deus, Nosso Senhor, dos nossos inimigos, em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo! Amém!
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MISTÉRIA (MISTÉRIOS)
MYSTÉRIA GAUDIÓSA (MISTÉRIOS GOZOSOS)
(FÉRIA-SECÚNDA
/ FÉRIA-QUINTA / SABÁTTUM — SEGUNDA-FEIRA / QUINTA-FEIRA / SÁBADO)
Primum Mystérium: Quem, Virgo, concepísti. [Mt 1,18; Lc 1,26-38]
(Primeiro Mistério: Aquela que, Virgem, concebeste.)
Pater Noster... (1x)
Ave María... (10x)
Glória Patri...
Ó, mi Iésu...
Secúndum Mystérium: Quem, visitándo Elísabeth, portásti. [Lc 1,39-56]
(Segundo Mistério: Aquela que, visitando Isabel, portaste.)
Pater Noster... (1x)
Ave María... (10x)
Glória Patri...
Ó, mi Iésu...
Tértium Mystérium: Quem, Virgo, genuísti. [Lc 2,1-20]
(Terceiro Mistério: Aquela que, virgem, deste à luz.)
Pater Noster... (1x)
Ave María... (10x)
Glória Patri...
Ó, mi Iésu...
Quartum Mystérium: Quem, in templo, praesentásti. [Lc 2,21-40]
(Quarto Mistério: Aquela que, no templo, apresentaste.)
Pater Noster... (1x)
Ave María... (10x)
Glória Patri...
Ó, mi Iésu...
Quintum Mystérium: Quem, in templo, invenísti. [Lc 2,41-52]
(Quinto Mistério: Aquela que, no templo, encontraste.)
Pater Noster... (1x)
Ave María... (10x)
Glória Patri...
Ó, mi Iésu...
MYSTÉRIA DOLORÓSA (MISTÉRIOS DOLOROSOS)
(FÉRIA-TÉRTIA
/ FÉRIA-SEXTA — TERÇA-FEIRA / SEXTA-FEIRA)
Primum Mystérium: Qui, pro nobis, sánguinem sudávit. [Mt 26,36-46; Mc 14,32-42; Lc 22,39-46]
(Primeiro Mistério: Aquele que, por nós, suou sangue.)
Pater Noster... (1x)
Ave María... (10x)
Glória Patri...
Ó, mi Iésu...
Secúndum Mystérium: Qui, pro nobis, flagellátus est. [Mt 26,47-75; Mt 27,1-26; Mc 14,43-72; Mc 15,1-15; Lc 22,47-71; Lc 23,1-22; Jo 18; Jo 19,1].
(Segundo Mistério: Aquele que, por nós, foi flagelado.)
Pater Noster... (1x)
Ave María... (10x)
Glória Patri...
Ó, mi Iésu...
Tértium Mystérium: Qui, pro nobis, spinis coranátus est. [Mt 27,27-31; Mc 15,16-20; Jo 19,2-16]
(Terceiro Mistério: Aquele que, por nós, foi coroado de espinhos.)
Pater Noster... (1x)
Ave María... (10x)
Glória Patri...
Ó, mi Iésu...
Quartum Mystérium: Qui, pro nobis, patíbulum (crucem) baiulávit. [Mt 27,32-34; Mc 15,21-23; Lc 23,23-32; Jo 19,17]
(Quarto Mistério: Aquele que, por nós, carregou a Cruz.)
Pater Noster... (1x)
Ave María... (10x)
Glória Patri...
Ó, mi Iésu...
Quintum Mystérium: Qui, pro nobis, crucifíxus est. [Mt 27,35-54; Mc 15,24-39; Lc 23,32-49; Jo 19,18-37]
(Quinto Mistério: Aquele que, por nós, foi crucificado.)
Pater Noster... (1x)
Ave María... (10x)
Glória Patri...
Ó, mi Iésu...
MYSTÉRIA GLORIÓSA (MISTÉRIOS GLORIOSOS)
(FÉRIA-QUARTA
/ DOMINÍCA — QUARTA-FEIRA / DOMINGO)
Primum Mystérium: Qui ressuréxit a mórtuis. [Mt 28,1-15; Mc 16,1-18; Lc 24,1-49; Jo 20-21]
(Primeiro Mistério: Aquele que ressuscitou dos mortos.)
Pater Noster... (1x)
Ave María... (10x)
Glória Patri...
Ó, mi Iésu...
Secúndum Mystérium: Qui in Caelum ascéndit. [Mt 28,16-20; Mc 16,19-20; Lc 24,50-53]
(Segundo Mistério: Aquele que subiu aos Céus.)
Pater Noster... (1x)
Ave María... (10x)
Glória Patri...
Ó, mi Iésu...
Tértium Mystérium: Qui Spíritum Sanctum misit. [At 2,1-40]
(Terceiro Mistério: Aquele que enviou o Espírito Santo.)
Pater Noster... (1x)
Ave María... (10x)
Glória Patri...
Ó, mi Iésu...
Quartum Mystérium: Qui Te assúmpsit. [Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, documento infalível (Ex Cathedra), o qual confirma o Dogma da Assunção da Virgem Maria — subscrito pelo Papa Pio XII.]
(Quarto Mistério: Aquele que Te ascendeu aos Céus.)
Pater Noster... (1x)
Ave María... (10x)
Glória Patri...
Ó, mi Iésu...
Quintum Mystérium: Qui te in Cælis coronávit. [Ap 12,1]
(Quinto Mistério: Aquele que, por nós, foi crucificado.)
Pater Noster... (1x)
Ave María... (10x)
Glória Patri...
Ó, mi Iésu...
FINIS (FIM)
Signum Crucis (cum cruce)
Per Signum Crucis, de inimícis nostris líbera nos, Deus noster, in nómine Patris, et Fílii, et Spíritus Sancti! Ámen!
Sinal da Cruz (com a cruz)
Pelo sinal da Santa Cruz, livrai-nos, Deus, Nosso Senhor, dos nossos inimigos, em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo! Amém!
† † †
Tradicionalmente, ao final do Santo Rosário ou do Santo Terço, reza-se a "Salve Regina". Eis o que faço, para, logo após, iniciar as orações suplementares. Perceba-se: as preces que faço, para além das pertencentes ao Sagrado Saltério propriamente dito, rezo-lhas antes e depois do Sacro Rosário, de modo a não tocar em Sua estrutura propriamente dita. A única oração que insiro é justamente a que a própria Mãe de Deus mandou que se lho fizesse. Destarte, rezo o Santa Coroa em Sua forma mais genuína, tendo em vista não se poder precisar se quando Santa Maria A ensinou ao monge São Domingos de Gusmão, em 1214 d.C., era ou não constituída de outras orações além dos Pater Nosters e das Ave Marias. E o Sinais da Cruz, no início e no fim do Santíssimo Rosário, para além de todos os seus significados e importância, tem também a incumbência de demarcar onde inicia-se e finaliza-se o Santo Saltério, de fato, e onde começam e terminam as orações suplementares a Ele.
Jaculatórium
Grátias et láudes omni témpore tribuántur ad sanctíssimum et diviníssimum Sacraméntum! Ámen! (3X)
Jaculatória
Graças e louvores sejam dados a todo momento ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento! Amém! (3X)
Salve Regína
Infinítas tibi grátias ágimus, Summa Regína, pro benefíciis quae de Tuis liberalíbus mánibus quotídie accipímus. Nunc, et in sécula sæculórum, sub tua forti protectióne, suscipére dignéris. Et, ut magis tibi grátias ágimus, salutámus te cum "Salve Regína": Salve, Regína, Mater Misericórdiæ, vita, dulcédo et spes nostra, salve! Ad Te clamámos, exsúles fílii Hevæ! Ad Te suspirámus, geméntes et flentes, in hac lacrimárum valle! Eia, ergo, advocáta nostra! Illos Tuos misericórdes óculos ad nos convérte! Et Iésum, Benedíctum Fructum Ventris Tui, nobis post hoc exsílium, osténde! Ó, Clémens, ó, pia, ó, Dulcis Virgo María, ora pro nobis, Sancta Dei Génetrix, ut digni efficiámur promissiónibus Christi! Ámen!
Salve Rainha
Infinitas graças Vos damos, Soberana Rainha, pelos benefícios que todos os dias recebemos de vossas mãos liberais. Dignais-vos, agora e para sempre, tomar-nos debaixo do Vosso poderoso amparo, e, para mais Vos agradecer, Vos saudamos com um “Salve Rainha”: Salve, Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura, esperança nossa, salve! A Vós bradamos, degredados filhos de Eva! A Vós suspiramos, gemendo e chorando, neste vale de lágrimas! Eia, pois, Advogada nossa! Esses Vossos olhos misericordiosos a nós volvei! E, depois deste desterro, mostrai-nos Jesus, bendito Fruto do Vosso ventre! Ó, clemente, ó, piedosa, ó, doce Virgem Maria, rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo! Amém!
† † †
ORATIÓNES SUPLEMENTÁRIAS
(ORAÇÕES SUPLEMENTARES)
Faço, aqui, as orações finais do exercício do Santo Rosário, logo após findá-Lo. São as preces suplementares, litanias e ofícios (alguns dos quais variam de acordo com os dias da semana). — Importante frisar: ao final da última oração a ser feita, faço a Jaculatória ao Santíssimo Sacramento e encerro o exercício do Santo Rosário com o Sinal da Cruz.
"Gratiárum Actio", logo abaixo, é uma prece adaptada por mim. Não encontrei informação sobre a original e sua origem em nenhuma das fontes às quais acessei para composição desse escrito. Quiçá tenha sido inserida ao final de cada dezena e/ou no fim de cada um dos três Mistérios por São Luís Maria Grignion de Montfort, já que muitas mídias atribuem a ele esse modelo de meditação do Santo Rosário, mas não há certeza sobre isso. De todo modo, humilde e respeitosamente, discordo do ato de se inserir ou se retirar qualquer coisa do corpo do Santo Rosário propriamente dito, pelos motivos já supracitados — exceto quando quem o faz é o próprio Deus ou Nossa Senhora. Para além disso, essa prece não é padronizada, mas distinta em diversas fontes que a informa (livros, sites, etc.). Assim, tornou-se uma incógnita a prece original. Por julgá-la frutífera (obviamente, não inserida dentro do Sagrado Saltério, senão nas orações suplementares a Ele), tomei a liberdade de adaptá-la, sobretudo por não ter acesso à prece original e ser dificultosa a tradução português/latim (automática) das versões mais conhecidas. Destarte, insiro-a, aqui, ao final do Santo Rosário, logo após a "Salve Rainha".
Gratiárum Actio
Gráciae Mystéria (Gaudiósa/Dolorósa/Gloriósa), descénde in ánimas et córpora nostra et fac eos fidéles, fervéntes, fortes, resiliéntes, patiéntes, sanctos, sanos, felíces et in pace! Ámen!
Ação de Graças
Graças dos Mistérios Gloriosos, descei às nossas almas e fazei-as fiéis, fervorosas, fortes, pacientes, santas, saudáveis, felizes e em paz! Amém!
Orações que o Anjo da Guarda de Portugal ensinou aos três pastorinhos, na conjuntura das aparições em Fátima-PT.
• Deum meum, credo, adoro, spero et amo! Véniam peto pro iis qui Te non credunt, non adórant, non spérant et non ámant! Ámen!
• Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos! Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam! Amém!
• Sanctíssima Trinitas, Pater, Fílius, Spíritus Sanctus, adoro Te penítus et offéro tibi Pretiosíssimum Corpus, Sánguinem, Ánimam et Divinitátem Iésu Christi, praeséntem in ómnibus Terre tabernáculis, in reparatiónem pro iniúriis, sacrilégiis et indifferéntiae quibus ipse offénsus est! Et per infiníta mérita Éius Sanctíssimi Cordis et Immaculáti Córdis Maríae, ad conversiónem páuperum peccatórum a te peto! Ámen!
• Santíssima Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da Terra, em reparação aos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido! E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores! Amém!
Ánima Christi
Ánima Christi, sanctifíca me! Corpus Christi, salva me! Sanguis Christi, inebría me! Aqua láteris Christi, lava me! Pássio Christi, confórta me! Ó, bone Iésu, exáudi me! Intra tua vúlnera, abscónde me! Ne permíttas me separári a Te! Ab hoste malígno, defénde me! In hora mortis, meae voca me! Et iúbe me veníre ad te, ut cum sanctis Tuis láudem Te, in saécula saeculórum! Ámen!
Alma de Cristo
Alma de Cristo, santifica-me! Corpo de Cristo, salva-me! Sangue de Cristo, inebria-me! Água do lado de Cristo, lava-me! Paixão de Cristo, conforta-me! Ó, bom Jesus, ouvi-me! Dentro de Tuas feridas, esconde-me! Não permita que me separe de Vós! Da hoste maligna, defende-me! Na hora da minha morte, chama-me! E deixa-me ir a Ti, para que com Teus Santos Te louve, pelos séculos dos séculos! Amém!
Sub Tuum Praesídium
Sub tuum praesídium confúgimus, Sancta Dei Génetrix. Nostras deprecatiónes ne despícias, in necessitátibus, sed, a perículis cunctis líbera nos, semper, Virgo Gloriósa et Benedícta! Ámen!
À Vossa Proteção
À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas, em nossas necessidades, mas, livrai-nos, sempre, de todos os perigos, ó, Virgem Gloriosa e Bendita! Amém!
Sancte Michaél Archángele
Sancte Michaél Archángele, defénde nos in praélio, contra nequítiam et insídias diáboli esto præsídium! Impéret illi, Deus, supplíces deprecámur! Tuque, Prínceps Milítiæ Cæléstis, satánam aliósque spíritus malígnos, qui ad perditiónem animárum pervagántur in mundo, divína virtúte in inférnum detrúde! Ámen!
Oração a São Miguel Arcanjo
São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate, cobri-nos, com o vosso escudo, contra os embustes e ciladas do demônio! Subjugue-o, Deus, instantemente o pedimos! E vós, Príncipe da Milícia Celeste, pelo divino poder, precipitai no inferno a Satanás e a todos os espíritos malignos que andam pelo mundo para perder as almas! Amém!
Orátio ad Ángelum Custódem personálem
Ángele Dei, qui custos es mei, me, tibi commíssum pietáte supérna, hodie illúmina, custódi, rege et gubérna! Ámen!
Oração ao Anjo da Guarda pessoal
Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a Ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, me guarda, me governa e me ilumina! Amém!
† † †
LITANÍAE ET OFFÍCIA
(LITANIAS E OFÍCIOS)
Litaníae ad Sacrum Cor Iésu (feria-sexta)
Kýrie, eléison!
Christe, eléison!
Kýrie, eléison!
Christe, audi nos!
Christe, exáudi nos!
Pater de Cælis, Deus, miserére nobis!
Fili, Redémptor mundi, Deus, miserére nobis!
Spíritus Sancte, Deus, miserére nobis!
Sancta Trínitas, unus Deus, miserére nobis!
Cor Iésu, Filii Patris Aetérni, miserére nobis!
Cor Iésu, in sinu Vírginis Matris a Spíritu Sancto formátum, miserére nobis!
Cor Iésu, Verbo Dei substantiáliter únitum, miserére nobis!
Cor Iésu, maiestátis infinítæ, miserére nobis!
Cor Iésu, templum Dei sanctum, miserére nobis!
Cor Iésu, tabernáculum Altíssimi, miserére nobis!
Cor Iésu, domus Dei et porta cæli, miserére nobis!
Cor Iésu, fornax ardens caritátis, miserére nobis!
Cor Iésu, iustítiæ et amóris receptáculum, miserére nobis!
Cor Iésu, bonitáte et amóre plenum, miserére nobis!
Cor Iésu, virtútum ómnium abýssus, miserére nobis!
Cor Iésu, omni láude digníssimum, miserére nobis!
Cor Iésu, rex et centrum ómnium córdium, miserére nobis!
Cor Iésu, in quo sunt omnes thesáuri sapiéntiæ et sciéntiæ, miserére nobis!
Cor Iésu, in quo hábitat omnis plenitúdo divinitátis, miserére nobis!
Cor Iésu, in quo Pater sibi bene complácuit, miserére nobis!
Cor Iésu, de cuius plenitúde omnes nos accepímus, miserére nobis!
Cor Iésu, desidérium cóllium æternórum, miserére nobis!
Cor Iésu, pátiens et multæ misericórdiæ, miserére nobis!
Cor Iésu, dives in omnes qui invocánt te, miserére nobis!
Cor Iésu, fons vitæ et sanctitátis, miserére nobis!
Cor Iésu, propitiátio pro peccátis nostris, miserére nobis!
Cor Iésu, saturátum oppróbriis, miserére nobis!
Cor Iésu, attrítum propter scélera nostra, miserére nobis!
Cor Iésu, usque ad mortem obédiens factum, miserére nobis!
Cor Iésu, láncea perforátum, miserére nobis!
Cor Iésu, fons tótius consolatiónis, miserére nobis!
Cor Iésu, vita et resurréctio nostra, miserére nobis!
Cor Iésu, pax et reconciliátio nostra, miserére nobis!
Cor Iésu, víctima peccatórum, miserére nobis!
Cor Iésu, salus in te sperántium, miserére nobis!
Cor Iésu, spes in te moriéntium, miserére nobis!
Cor Iésu, delíciæ Sanctórum ómnium, miserére nobis!
Agnus Dei, qui tollis peccáta mundi, parce nobis, Dómini!
Agnus Dei, qui tollis peccáta mundi, exáudi nos, Dómini!
Agnus Dei, qui tollis peccáta mundi, miserére nobis!
Iésu, mitis et humílis corde, fac cor nostrum secúndum Cor Tuum! Ámen!
Orémus: Omnipótens Sempitérne Deus, respíce in Cor Dilectíssimi Fílii Tui, et in laudes et satisfactiónes, quas in nómine peccatórum tibi persólvit, iísque misericórdiam Tuam peténtibus, Tu véniam concéde plácatus, in nómine eiúsdem Fílii Tui Iésu Christi, qui Tecum vivit et régnat in sæcula sæculórum! Ámen!
Litania ao Sagrado Coração de Jesus (sexta-feira)
Senhor, tende piedade de nós!
Jesus Cristo, tende piedade de nós!
Senhor, tende piedade de nós!
Jesus Cristo, ouvi-nos!
Jesus Cristo, atendei-nos!
Pai Celeste, que sois Deus, tende piedade de nós!
Filho, Redentor do Mundo, que sois Deus, tende piedade de nós!
Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós!
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, Filho do Pai Eterno, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, formado pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Mãe, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, unido substancialmente ao Verbo de Deus, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, de majestade infinita, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, templo santo de Deus, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, casa de Deus e porta do Céu, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, receptáculo de justiça e de amor, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, cheio de bondade e de amor, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, abismo de todas as virtudes, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, digníssimo de todo o louvor, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, Rei e centro de todos os corações, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, no qual estão todos os tesouros da sabedoria e ciência, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, no qual habita toda a plenitude da divindade, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, no qual o Pai põe todas as Suas complacências, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, de cuja plenitude todos nós participamos, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, desejado das colinas eternas, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, paciente e de muita misericórdia, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, rico para todos que vos invocam, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, fonte de vida e santidade, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, propiciação por nossos pecados, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, saturado de opróbrios, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, esmagado de dor por causa dos nossos pecados, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, feito obediente até a morte, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, transpassado pela lança, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, fonte de toda consolação, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, nossa vida e ressurreição, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, nossa paz e reconciliação, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, vítima dos pecadores, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, salvação dos que em Vós esperam, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, esperança dos que morrem em Vós, tende piedade de nós!
Coração de Jesus, delícias de todos os santos, tende piedade de nós!
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor!
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Senhor!
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós, Senhor!
Jesus, manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao Vosso!
Oremos: Deus Onipotente e Eterno, olhai para o Coração de Vosso Filho Diletíssimo e para os louvores e as satisfações que Ele, em nome dos pecadores, Vos tributa! E, aos que imploram a Vossa misericórdia, concedei benigno o perdão, em nome do Vosso mesmo Filho Jesus Cristo, que Convosco vive e reina, por todos os séculos dos séculos! Amém!
† † †
Litaníae Lauretánae / Litaníae Sanctíssimae Vírginis (sabáttum)
Kýrie, eléison!
Christe, eléison!
Kýrie, eléison!
Christe, audi nos!
Christe, exáudi nos!
Pater de Cælis, Deus, miserére nobis!
Fili, Redémptor mundi, Deus, miserére nobis!
Spíritus Sancte, Deus, miserére nobis!
Santa Trínitas, unus Deus, miserére nobis!
Sancta María, ora pro nobis!
Sancta Dei génetrix, ora pro nobis!
Sancta Virgo vírginum, ora pro nobis!
Mater Christi, ora pro nobis!
Mater Ecclésiae, ora pro nobis!
Mater misericórdiae, ora pro nobis!
Mater divínae grátiae, ora pro nobis!
Mater spei, ora pro nobis!
Mater puríssima, ora pro nobis!
Mater castíssima, ora pro nobis!
Mater invioláta, ora pro nobis!
Mater intemeráta, ora pro nobis!
Mater amábilis, ora pro nobis!
Mater admirábilis, ora pro nobis!
Mater boni consílii, ora pro nobis!
Mater Creatóris, ora pro nobis!
Mater Salvatóris, ora pro nobis!
Virgo prudentíssima, ora pro nobis!
Virgo veneránda, ora pro nobis!
Virgo praedicánda, ora pro nobis!
Virgo potens, ora pro nobis!
Virgo clemens, ora pro nobis!
Virgo fidélis, ora pro nobis!
Spéculum iustítiae, ora pro nobis!
Sedes sapiéntiae, ora pro nobis!
Cáusa nóstrae laetítiae, ora pro nobis!
Vas spirituále, ora pro nobis!
Vas honorábile, ora pro nobis!
Vas insígne devotiónis, ora pro nobis!
Rosa mýstica, ora pro nobis!
Turris Davídica, ora pro nobis!
Turris ebúrnea, ora pro nobis!
Domus áurea, ora pro nobis!
Foedéris arca, ora pro nobis!
Jánua Cáeli, ora pro nobis!
Stella matutína, ora pro nobis!
Salus infirmórum, ora pro nobis!
Refúgium peccatórum, ora pro nobis!
Solácium migrántium, ora pro nobis!
Consolátrix afflictórum, ora pro nobis!
Auxílium christianórum, ora pro nobis!
Regína angelórum, ora pro nobis!
Regína patriarchárum, ora pro nobis!
Regína prophetárum, ora pro nobis!
Regína apostolórum, ora pro nobis!
Regína mártyrum, ora pro nobis!
Regína confessórum, ora pro nobis!
Regína vírginum, ora pro nobis!
Regína sanctórum ómnium, ora pro nobis!
Regína sine labe origináli concépta, ora pro nobis!
Regína in Caelum assúmpta, ora pro nobis!
Regína sacratíssimi rosárii, ora pro nobis!
Regína pacis, ora pro nobis!
Agnus Dei, qui tollis peccáta mundi, parce nobis, Dómine!
Agnus Dei, qui tollis peccáta mundi, exáudi nos, Dómine!
Agnus Dei, qui tollis peccáta mundi, miserére nobis!
Ora pro nobis, Sancta Dei génetrix, ut digni efficiámur promissiónibus Christi! Ámen!
Orémus: Concéde nos, fámulos Tuos, quáesumus, Dómine Deus, perpétua mentis et córporis sanitáte gaudére, et, Gloriósa Beátae Maríae Semper vírginis intercessióne, a praesénti liberári tristítia et Aetérna pérfrui Laetítia, per Christum, Dóminum Nostrum! Ámen!
Litania Loretana / Litania à Santíssima Virgem (sábado)
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Pai celeste que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.
Santa Maria, rogai por nós.
Santa Mãe de Deus, rogai por nós
Santa Virgem das Virgens, rogai por nós
Mãe de Jesus Cristo, rogai por nós
Mãe da divina graça, rogai por nós
Mãe puríssima, rogai por nós
Mãe castíssima, rogai por nós
Mãe imaculada, rogai por nós
Mãe intacta, rogai por nós
Mãe intemerata, rogai por nós
Mãe amável, rogai por nós
Mãe admirável, rogai por nós
Mãe do bom conselho, rogai por nós
Mãe da Igreja, rogai por nós
Mãe de misericórdia, rogai por nós!
Mãe do Criador, rogai por nós
Mãe do Salvador, rogai por nós
Virgem prudentíssima, rogai por nós
Virgem venerável, rogai por nós
Virgem louvável, rogai por nós
Virgem poderosa, rogai por nós
Virgem clemente, rogai por nós
Virgem fiel, rogai por nós
Espelho de justiça, rogai por nós
Sede de sabedoria, rogai por nós
Causa da nossa alegria, rogai por nós
Vaso espiritual, rogai por nós
Vaso honorífico, rogai por nós
Vaso insigne de devoção, rogai por nós
Rosa mística, rogai por nós
Torre de David, rogai por nós
Torre de marfim, rogai por nós
Casa de ouro, rogai por nós
Arca da aliança, rogai por nós
Porta do Céu, rogai por nós
Estrela da manhã, rogai por nós
Saúde dos enfermos, rogai por nós
Refúgio dos pecadores, rogai por nós
Consoladora dos aflitos, rogai por nós
Auxílio dos cristãos, rogai por nós
Rainha dos anjos, rogai por nós
Rainha dos patriarcas, rogai por nós
Rainha dos profetas, rogai por nós
Rainha dos apóstolos, rogai por nós
Rainha dos mártires, rogai por nós
Rainha dos confessores, rogai por nós
Rainha das virgens, rogai por nós
Rainha de todos os santos, rogai por nós
Rainha concebida sem pecado original, rogai por nós
Rainha elevada ao céu, rogai por nós
Rainha do sacratíssimo Rosário, rogai por nós
Rainha da paz, rogai por nós
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo! Amém!
Oremos: Senhor Deus, nós Vos suplicamos que concedais aos Vossos servos perpétua saúde de alma e de corpo; e que, pela gloriosa intercessão da Bem-Aventurada Sempre Virgem Maria, sejamos livres da presente tristeza e gozemos da Eterna Alegria, por Cristo Nosso Senhor! Amém.
† † †
Litaníae Humilitátis
Kýrie, eléison!
Christe, eléison!
Kýrie, eléison!
Christe, audi nos!
Christe, exáudi nos!
Pater de Cælis, Deus, miserére nobis!
Fili, Redémptor mundi, Deus, miserére nobis!
Spíritus Sancte, Deus, miserére nobis!
Sancta Trínitas, unus Deus, miserére nobis!
Iésu, mitis et humílis corde, audi nos!
Iésu, mitis et humílis corde, exáudi nos!
Iésu, mitis et humílis corde, fac cor nostrum secúndum Cor Tuum!
A cupiditáte magnae existimatiónis,
líbera me, Iésu!
A cupiditáte dilectiónis,
líbera me, Iésu!
A cupiditáte glóriae,
líbera me, Iésu!
A cupiditáte honóris,
líbera me, Iésu!
A cupiditáte láudis,
líbera me, Iésu!
A cupiditáte praelatiónis,
líbera me, Iésu!
A cupiditáte consiliórum dandórum,
líbera me, Iésu!
A cupiditáte approbatiónum,
líbera me, Iésu!
A timóre humiliatiónis,
líbera me, Iésu!
A timóre contémptus,
líbera me, Iésu!
A timóre repúlsae,
líbera me, Iésu!
A timóre calumniárum,
líbera me, Iésu!
A timore oblivionis nominis mei,
líbera me, Iésu!
A timóre deridículi,
líbera me, Iésu!
A timóre iniuriárum,
líbera me, Iésu!
A timóre suspiciónis,
líbera me, Iésu!
Ut céteri magis améntur quam ego,
Iésu, mihi grátiam id optándi concéde!
Ut céteri pluris aestiméntur quam ego,
Iésu, mihi grátiam id optándi concéde!
Ut óminum opinióne céteri in dies plus váleant, ego autem minus,
Iésu, mihi grátiam id optándi concéde!
Ut céteri eligántur, ego áutem reíciar,
Iésu, mihi grátiam id optándi concéde!
Ut céteri laudéntur, ego áutem praetérmittar,
Iésu, mihi grátiam id optándi concéde!
Ut céteri mihi ómnibus in rebus anteponántur,
Iésu, mihi grátiam id optándi concéde!
Ut céteri sanctióres fiant quam ego, dummódo, quam mihi opus sit, tam sanctus fiam.
Iésu, mihi grátiam id optándi concéde!
Ladainha da Humildade
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Pai celeste que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.
Jesus, manso e humilde de coração: ouvi-nos!
Jesus, manso e humilde de coração: atendei-nos!
Jesus, manso e humilde de coração: fazei o nosso coração semelhante ao Vosso!
Do desejo de ser estimado, livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser amado, livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser conhecido, livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser honrado, livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser louvado, livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser preferido, livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser consultado, livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser aprovado, livrai-me, Jesus!
Do receio de ser humilhado, livrai-me, Jesus.
Do receio de ser desprezado, livrai-me, Jesus!
Do receio de sofrer repulsas, livrai-me, Jesus!
Do receio de ser caluniado, livrai-me, Jesus!
Do receio de ser esquecido, livrai-me, Jesus!
Do receio de ser ridicularizado, livrai-me, Jesus!
Do receio de ser difamado, livrai-me, Jesus!
Do receio de ser objeto de suspeita, livrai-me, Jesus!
Que os outros sejam amados mais do que eu, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo!
Que os outros sejam estimados mais do que eu, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo!
Que os outros possam elevar-se na opinião do mundo, e que eu possa ser diminuído, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo!
Que os outros possam ser escolhidos e eu posto de lado, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo!
Que os outros possam ser louvados e eu desprezado, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo!
Que os outros possam ser preferidos a mim em todas as coisas, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo!
Que os outros possam ser mais santos do que eu, embora me torne o mais santo quanto me for possível, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo!
† † †
Oração pelas vocações
Senhor, dai-nos Padres — Padres santos — e tornai-nos dóceis aos seus ensinamentos!
Para que o Vosso Santo Nome seja santificado em nossa paróquia, em nossas famílias, em nosso Brasil: Senhor, dai-nos Padres — Padres santos — e tornai-nos dóceis aos seus ensinamentos!
Para que o Vosso Reino venha a nós, aos nossos corações e ao coração dos nossos filhos: Senhor, dai-nos Padres — Padres santos — e tornai-nos dóceis aos seus ensinamentos!
Para oferecer, cada dia, sobre o vosso altar, o Santo Sacrifício, redenção dos nossos pecados, alívio para os nossos defuntos: Senhor, dai-nos Padres — Padres santos — e tornai-nos dóceis aos seus ensinamentos!
Para absolver os nossos pecados e restituir a vida às nossas almas e a paz aos nossos corações: Senhor, dai-nos Padres — Padres santos — e tornai-nos dóceis aos seus ensinamentos!
Para alimentar com a Eucaristia nossas almas, cansadas das lutas na vida: Senhor, dai-nos Padres — Padres santos — e tornai-nos dóceis aos seus ensinamentos!
Para que tenhamos o conforto dos vossos Divinos Sacramentos durante a nossa vida e, sobretudo, na hora da nossa morte: Senhor, dai-nos Padres — Padres santos — e tornai-nos dóceis aos seus ensinamentos!
Para ensinar às nossas crianças a Vos conhecer, amar e servir: Senhor, dai-nos Padres — Padres santos — e tornai-nos dóceis aos seus ensinamentos!
Para ensinar aos nossos jovens Seus deveres para Convosco, para consigo mesmos, para com seus pais e para com sua Pátria: Senhor, dai-nos Padres — Padres santos — e tornai-nos dóceis aos seus ensinamentos!
Para ensinar às nossas donzelas a guardar a modéstia, a honra, e fazer delas valorosas mães cristãs: Senhor, dai-nos Padres — Padres santos — e tornai-nos dóceis aos seus ensinamentos!
Para ensinar-nos o amor uns aos outros: Senhor, dai-nos Padres — Padres santos — e tornai-nos dóceis aos seus ensinamentos!
Para ensinar-nos a todos o cumprimento corajoso do nosso dever e os meios de merecer a Vida Eterna: Senhor, dai-nos Padres — Padres santos — e tornai-nos dóceis aos seus ensinamentos!
Para pregar-nos a verdadeira justiça e caridade: Senhor, dai-nos Padres — Padres santos — e tornai-nos dóceis aos seus ensinamentos!
Para acalmar os ódios sociais e trabalhar para a união dos corações: Senhor, dai-nos Padres — Padres santos — e tornai-nos dóceis aos seus ensinamentos!
Para atrair as Vossas bênçãos sobre nossas casas, nossas terras e nossos bens: Senhor, dai-nos Padres — Padres santos — e tornai-nos dóceis aos seus ensinamentos!
Para que um dia possamos todos nos encontrar na Mansão dos Eleitos: Senhor, dai-nos Padres — Padres santos — e tornai-nos dóceis aos seus ensinamentos!
Coração Sacratíssimo de Jesus, que, para testemunhar-nos o Vosso amor infinito, instituístes o Sacerdócio Católico, a fim de permanecer entre nós pelo ministério dos Padres: dai-nos Padres — Padres santos — e tornai-nos dóceis aos seus ensinamentos!
† † †
Ofício das Benditas Almas do Purgatório
Matinas
Abrirei meus lábios
Em tristes assuntos
Para sufragar
Os fiéis defuntos.
Sede em meu favor,
Salvador do mundo
E das almas santas
Do lago profundo.
Nós vos pedimos
Pronta salvação,
Preferindo aquelas
Da nossa intenção.
Para que, por Vós,
Jesus, Sumo Bem,
Elas já descansem
Para sempre. Amém.
Hino
Deus vos salve, Cristo,
Em vossa Paixão:
Redentor das almas
Dos filhos de Adão.
Por tal benefício,
Público e notório,
Socorrei as almas
Lá no purgatório.
Não entreis com elas,
Senhor, em juízo,
Para que não tenham
Total prejuízo.
Porque, na presença
Do Crucificado,
Nenhum dos viventes
É justificado.
Pelo sacrifício
Da Sagrada Missa,
Não useis com elas
Da Vossa justiça.
Com as tristes almas,
Meu Senhor, usai
Das misericórdias
De Deus, Vosso Pai.
Vós sois o Cordeiro,
Todo ensanguentado,
Para o bem das almas,
Tão sacrificado.
Supra o Vosso Sangue,
Precioso e Santo,
O dever das almas
Que padecem tanto.
Peçamos a Deus
A eterna luz
Para os que já dormem
Em Cristo Jesus.
Ouvi, meu Bom Deus,
O deprecatório
Em favor das almas
Lá no purgatório.
Pai Nosso / Ave Maria
Oração
Onipotente e Misericordioso Deus e Senhor Nosso,
Supremo Dominador dos Vivos e dos Mortos.
Pelos merecimentos infinitos do Vosso Unigênito Filho,
E também pelos grandes merecimentos da Sempre Virgem Maria, Sua Mãe
E por todos os merecimentos dos Bem-Aventurados,
Concedei, propício, o perdão das penas que merecem as almas dos fiéis defuntos,
Pelas quais fazemos estas preces
Para que, livres do purgatório, vão gozar da Eterna Glória,
Por todos os séculos dos séculos.
Amém.
Prima
Sede em meu favor,
Salvador do Mundo,
E das almas santas
Do lago profundo.
Nós vos pedimos
Pronta salvação,
preferindo aquelas
Da nossa intenção.
Para que, por Vós,
Jesus, Sumo Bem,
Elas já descansem
Para sempre. Amém.
Hino
Deus vos salve, Excelso
Senhor Compassivo,
Das almas que penam
Entre o fogo vivo.
Segundo Batismo
Lhes dai, Meu Senhor,
Batismo de fogo
Purificador.
Como em Babilônia,
Os três inocentes,
Só de Vós se lembram,
Nas chamas ardentes.
Só a Vossa clemência
As pode remir
Do fogo que arde
Sem as consumir.
Fogo que formastes
Com tais predicados,
Para expiação
Dos nossos pecados.
Muito mais ativo
Que o calor do sol.
Pior que uma frágoa;
Que um vivo crisol.
Supra o Vosso Sangue,
Que é tão meritório,
O dever das almas
Lá no purgatório.
Aplacai das chamas
Também o calor,
Daquele tremendo
fogo expiador.
Peçamos a Deus
A eterna luz
Para os que já dormem
Em Cristo Jesus.
Ouvi, meu Bom Deus,
O deprecatório
Em favor das almas
Lá no purgatório.
Pai Nosso / Ave Maria
Oração
Onipotente e Misericordioso Deus e Senhor Nosso,
Supremo Dominador dos Vivos e dos Mortos.
Pelos merecimentos infinitos do Vosso Unigênito Filho,
E também pelos grandes merecimentos da Sempre Virgem Maria, Sua Mãe
E por todos os merecimentos dos Bem-Aventurados,
Concedei, propício, o perdão das penas que merecem as almas dos fiéis defuntos,
Pelas quais fazemos estas preces
Para que, livres do purgatório, vão gozar da Eterna Glória,
Por todos os séculos dos séculos.
Amém.
Terça
Sede em meu favor,
Salvador do Mundo,
E das almas santas
Do lago profundo.
Nós vos pedimos
Pronta salvação,
preferindo aquelas
Da nossa intenção.
Para que, por Vós,
Jesus, Sumo Bem,
Elas já descansem
Para sempre. Amém.
Hino
Deus vos salve, Pai
De misericórdia,
Onde resplandece
A paz e a concórdia.
Por tal excelência,
Que em Vós adoramos,
Socorrei as almas
Por quem suplicamos.
Tão aferrolhadas,
Como Manassés,
Mover não podem
Suas mãos nem pés.
Privadas de verem
Ao Grande Adonai,
Seu Eterno Rei;
Seu Divino Pai.
Mais penalizadas
Do que Absalão,
Por já não gozarem
De Deus a visão.
Como o Santo Jó,
Tão amargamente,
Lágrimas derramam
Para Deus somente.
Qual o Rei Profeta,
Seus olhos aflitos
Estão já enfermos
Por falta de espírito.
Médico Divino
Só Vossa virtude
Pode dar às almas
Eterna saúde.
Peçamos a Deus
A eterna luz
Para os que já dormem
Em Cristo Jesus.
Ouvi meu Bom Deus
O deprecatório
Em favor das almas
Lá no purgatório.
Pai Nosso / Ave Maria
Oração
Onipotente e Misericordioso Deus e Senhor Nosso,
Supremo Dominador dos Vivos e dos Mortos.
Pelos merecimentos infinitos do Vosso Unigênito Filho,
E também pelos grandes merecimentos da Sempre Virgem Maria, Sua Mãe
E por todos os merecimentos dos Bem-Aventurados,
Concedei, propício, o perdão das penas que merecem as almas dos fiéis defuntos,
Pelas quais fazemos estas preces
Para que, livres do purgatório, vão gozar da Eterna Glória,
Por todos os séculos dos séculos.
Amém.
Sexta
Sede em meu favor,
Salvador do Mundo,
E das almas santas
Do lago profundo.
Nós vos pedimos
Pronta salvação,
preferindo aquelas
Da nossa intenção.
Para que, por Vós,
Jesus, Sumo Bem,
Elas já descansem
Para sempre. Amém.
Hino
Deus vos salve, Nosso
Divino Mecenas,
Protetor das almas
Que estão entre penas.
Vós sois Nosso Irmão,
Pela humanidade.
Nosso Advogado
Com a divindade.
Derramai mil graças
Dessas Vossas Mãos
Sobre aquelas almas
Dos nossos irmãos.
Obrai, pois, com elas,
Já com brevidade,
Um gasto estupendo
Da Vossa bondade.
Apressai as horas,
Chegai os momentos
De finalizarem
Seus grandes tormentos.
Não vos recordeis
Dos tempos passados,
Quando cometeram
Seus grandes pecados.
Supra o Vosso Sangue,
Tão satisfatório,
O dever das almas
Lá no purgatório.
Acabai as vossas
Correções fraternas,
Para que já gozem
Delícias eternas.
Peçamos a Deus
A Eterna Luz
Para os que já dormem
Em Cristo Jesus.
Ouvi, meu Bom Deus,
O deprecatório
Em favor das almas
Lá no purgatório.
Pai Nosso / Ave Maria
Oração
Onipotente e Misericordioso Deus e Senhor Nosso,
Supremo Dominador dos Vivos e dos Mortos.
Pelos merecimentos infinitos do Vosso Unigênito Filho,
E também pelos grandes merecimentos da Sempre Virgem Maria, Sua Mãe
E por todos os merecimentos dos Bem-Aventurados,
Concedei, propício, o perdão das penas que merecem as almas dos fiéis defuntos,
Pelas quais fazemos estas preces
Para que, livres do purgatório, vão gozar da Eterna Glória,
Por todos os séculos dos séculos.
Amém.
Nona
Sede em meu favor,
Salvador do Mundo,
E das almas santas
Do lago profundo.
Nós vos pedimos
Pronta salvação,
preferindo aquelas
Da nossa intenção.
Para que, por Vós,
Jesus, Sumo Bem,
Elas já descansem
Para sempre. Amém.
Hino
Deus vos salve, Cristo,
Pastor Piedoso
Das almas benditas
Do lago Penoso.
Libertai as almas,
Pastor sempiterno,
Daquele lugar
Junto do inferno.
Qualquer dessas almas,
Que pena terá! —
Porque, no inferno,
Quem Vos louvará?
Nessas tristes almas,
Senhor, acabai
Os justos castigos
De Deus, Vosso Pai.
Supra Vosso sangue,
Tão satisfatório,
O dever das almas
Lá no Purgatório.
Quebrai, meu Jesus
Poderoso e Forte,
Aquelas prisões
Dos laços da morte.
Seja o Vosso Braço
O libertador
Das almas que penam
Em tanto rigor.
Por Vós, finalize,
Jesus Soberano,
Nessas tristes almas,
A pena do dano.
Peçamos a Deus
A Eterna Luz
Para os que já dormem
Em Cristo Jesus.
Ouvi, meu Bom Deus,
O deprecatório
Em favor das almas
Lá no purgatório.
Pai Nosso / Ave Maria
Oração
Onipotente e Misericordioso Deus e Senhor Nosso,
Supremo Dominador dos Vivos e dos Mortos.
Pelos merecimentos infinitos do Vosso Unigênito Filho,
E também pelos grandes merecimentos da Sempre Virgem Maria, Sua Mãe
E por todos os merecimentos dos Bem-Aventurados,
Concedei, propício, o perdão das penas que merecem as almas dos fiéis defuntos,
Pelas quais fazemos estas preces
Para que, livres do purgatório, vão gozar da Eterna Glória,
Por todos os séculos dos séculos.
Amém.
Vésperas
Sede em meu favor,
Salvador do Mundo,
E das almas santas
Do lago profundo.
Nós vos pedimos
Pronta salvação,
preferindo aquelas
Da nossa intenção.
Para que, por Vós,
Jesus, Sumo Bem,
Elas já descansem
Para sempre. Amém.
Hino
Deus vos salve, Filho
Do Onipotente,
Com as tristes alma
Sempre tão clemente.
Tende compaixão
Dessas tristes almas,
Que estão padecendo
Rigorosas chamas.
Bem como as securas
Do rico avarento,
Padecem as almas
Outro igual tormento.
Assim como os servos
Dos vales e montes,
Quando sequiosos
Procuram as fontes.
Assim mesmo as almas
Querem, excessivas,
Só a Vós, meu Deus,
Fontes D’águas Vivas.
Mandai-lhes, propício,
As águas da graça,
Para melhorarem
daquela [falta de graça].
O perdão das almas,
Senhor, alcançai,
Das misericórdias
De Deus, Vosso Pai.
Vosso Sangue seja
Propiciatório,
De Deus para as almas
Lá no purgatório.
Peçamos a Deus
A Eterna Luz
Para os que já dormem
Em Cristo Jesus.
Ouvi, meu Bom Deus
O deprecatório
Em favor das almas
Lá no purgatório.
Pai Nosso / Ave Maria
Oração
Onipotente e Misericordioso Deus e Senhor Nosso,
Supremo Dominador dos Vivos e dos Mortos.
Pelos merecimentos infinitos do Vosso Unigênito Filho,
E também pelos grandes merecimentos da Sempre Virgem Maria, Sua Mãe
E por todos os merecimentos dos Bem-Aventurados,
Concedei, propício, o perdão das penas que merecem as almas dos fiéis defuntos,
Pelas quais fazemos estas preces
Para que, livres do purgatório, vão gozar da Eterna Glória,
Por todos os séculos dos séculos.
Amém.
Completas
Converta-nos, Deus,
A nós todos, juntos,
Para sufragarmos
Os fiéis defuntos.
Sede em meu favor,
Salvador do Mundo,
E das almas santas
Do lago profundo.
Nós vos pedimos
Pronta salvação,
preferindo aquelas
Da nossa intenção.
Para que, por Vós,
Jesus, Sumo Bem,
Elas já descansem
Para sempre. Amém.
Hino
Deus vos salve, Esposo
Das almas fiéis,
Que estão padecendo
Tormentos cruéis.
Olhai, compassivo,
Para as fadigas
Dessas que não são
Vossas inimigas.
Mesmo assim Vos amam,
Em tal padecer,
Sem aqueles toques
Do doce prazer.
Como as virgens loucas,
Foram imprudentes,
Perdoai as suas
Ações negligentes.
Celebrai, depressa,
As núpcias eternas
Com aquelas almas
Humildes e ternas.
Conduzi-as logo
À feliz herança
Da Vossa Suprema
Bem-Aventurança.
Transporta-as já,
Sem mais dilação,
Para os tabernáculos
Da santa Sião.
Por Vós gozem elas,
Sem menor detença,
Os doces efeitos
Da Vossa presença.
Peçamos a Deus
A Eterna Luz
Para os que já dormem
Em Cristo Jesus.
Ouvi, meu Bom Deus,
O deprecatório
Em favor das almas
Lá no purgatório.
Pai Nosso / Ave Maria
Oração
Onipotente e Misericordioso Deus e Senhor Nosso,
Supremo Dominador dos Vivos e dos Mortos.
Pelos merecimentos infinitos do Vosso Unigênito Filho,
E também pelos grandes merecimentos da Sempre Virgem Maria, Sua Mãe
E por todos os merecimentos dos Bem-Aventurados,
Concedei, propício, o perdão das penas que merecem as almas dos fiéis defuntos,
Pelas quais fazemos estas preces
Para que, livres do purgatório, vão gozar da Eterna Glória,
Por todos os séculos dos séculos.
Amém.
Oferecimento
Nós Vos oferecemos,
Ó, Bom Deus Propício,
Pelas tristes almas,
Este breve ofício.
Vós que sabeis tudo
Quanto nós pensamos,
Bem sabeis que almas,
Hoje, sufragamos.
Participem todas,
Por Vossa bondade,
Conforme a justiça
E a caridade.
Para que, por Vós,
Jesus, Sumo Bem,
Em paz já descansem
Para sempre. Amém.
† † †
Findadas as orações suplementares, faço o Sinal da Cruz e encerro o exercício do Santo Rosário.
Signum Crucis (cum cruce)
Per Signum Crucis, de inimícis nostris líbera nos, Deus noster, in nómine Patris, et Fílii, et Spíritus Sancti! Ámen!
Sinal da Cruz (com a cruz)
Pelo sinal da Santa Cruz, livrai-nos, Deus, Nosso Senhor, dos nossos inimigos, em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo! Amém!
† † †
INDULGÊNCIAS
POR MEIO DO SANTO ROSÁRIO
Antes de tratar das indulgências possíveis de serem lucradas por meio do exercício do Santo Rosário, é mister uma digressão histórica, a fim de se saber como surgiu a santa tradição das "Obras Indulgenciáveis".
O pecado é uma ofensa a Deus, que é eterno. Portanto, qualquer que seja esse ultraje, do menor ao maior, merece punição infinita.
Todo mal, além de ofender ao Deus Trino, gera dívida advinda dos prejuízos que causa, tanto ao seu autor quanto a outrem.
Ensina a Sã Doutrina que o pecado (mortal ou venial) gera uma culpa ao seu autor, bem como uma pena temporal (efêmera), a ser paga na vida terrena, por meio de penitência, ou após sua morte, no Purgatório, quando os que se salvam morrem sem terem sanado-lhas com Deus. E quando o pecador falece com pecado mortal não perdoado, pagará suas dívidas eternas no inferno, ad aeternum.
Exemplo: um ladrão confessa-se a um Padre seus pecados (mortais e veniais), obtém perdão, restitui suas vítimas... mas como desfará o estresse, a dor e angústia que impingira a tantos com seus sórdidos atos? E, principalmente: como reparará as perenes ofensas a Deus, por causa de suas terríveis ações contra Ele e Seus amados filhos? Essa dívida que fica se chama pena temporal.
A gravidade de uma ofensa é proporcional ao ente ofendido. Assim, um delito contra Deus, que é infinito, exige, por lógica, uma pena infinita. Por conseguinte, o mínimo erro contra o Criador, que é eterno, pede pena eterna ao errante. Todavia, por pura misericórdia, a Santíssima Trindade opta por nos possibilitar o perdão, em vida, tanto dos pecados quanto de suas devidas penas. Isso se dá mediante algumas condições a serem satisfeitas pelo católico penitente, as quais são impostas pelo próprio Deus, por meio de Sua Santa Igreja. — Cristo mesmo instituiu o Sacramento da Reconciliação (Confissão + Penitência) e o Espírito Santo instruiu a Mater Ecclesia no tangente às penitências.
A Confissão perdoa os pecados e a Penitência redime as penas advindas desses, por consequência de seus danos causados.
Um outro exemplo: um indivíduo, propositadamente, quebra uma vidraça alheia. Arrepende-se e pede perdão ao prejudicado. Ainda assim, permanece o prejuízo do prejudicado — dívida a qual, mesmo perdoado, o infrator tem por obrigação pagar.
Indulgência é Deus a perdoar — por Sua infinita misericórdia — parcial ou plenariamente o dano à vidraça e a dívida advinda dele.
Portanto, existem dois tipos de indulgência: parcial e plenária. A primeira remite parcialmente as dívidas do penitente que a realiza. A segunda remite todas as dívidas do penitente que a realiza.
Urge frisar que não é possível lucrar indulgência e usá-la em favor de quem está vivo, senão para si ou para sufragar as benditas almas do Purgatório, as quais nada mais podem fazer para si, mas podem receber dos vivos tais benefícios e retribuir-lhes assim que chegarem aos Céus, intercedendo por esses junto ao Deus Trino.
Em suma: a absolvição sacramental livra do inferno e a indulgência livra do Purgatório — ou ao menos atenua os suplícios e o tempo de estadia nesse lugar de tormentos indizíveis, cujo maior deles é não poder ainda a alma em purgação gozar da presença e visão beatífica de Deus, nos Céus, o que somente ocorrerá após quitar todas as suas dívidas: "'digo-te: não sairás dali até pagares o último centavo.'” (Lc 12,59).
As indulgências, tanto plenárias quanto parciais, podem ser alcançadas mediante alguns piedosos atos e pré-requisitos, estipulados pela Santa Igreja.
Quanto às plenárias, basicamente, há três ações que o fiel deve concretizar para alcançá-las (somadas às respectivas obras que a propiciam), sem as quais não é possível obtê-las: Sacramento da Reconciliação (Confissão + Penitência), Santíssima Comunhão pela Santa Missa, e oração pelo Sumo Pontífice (Pater Noster, Ave Maria, Gloria Patri, etc.).
As Sagradas Indulgências fazem parte da Santa Igreja desde Seus primórdios, já que sempre teve, por misericórdia para com Seus filhos, o zelo de lhes conduzir à santidade e contribuir para a máxima pureza de suas almas, possibilitando-lhes os devidos acessos aos Sacramentos, a fim de lucrarem a Salvação Eterna indo direto aos Céus ou, em passagem pelo Purgatório, terem abreviados seus respectivos tormentos, por meio da antecipação do pagamento de suas dívidas para com Deus ainda em vida terrena (remissão das penas devidas pelos pecados).
Quanto ao Sacramento da Reconciliação (Confissão + Penitência), é sabido que nos primórdios do catolicismo, desde os primeiros séculos depois de Cristo, a Santa Igreja tinha por costume dar a absolvição dos pecados aos penitentes que se acusassem desses publicamente e se submetessem a uma densíssima penitência pública. — Exemplo: prática de jejum por diversos dias, do nascer ao pôr do sol (40 dias, muitas vezes, em referência a Cristo, quando de sua retirada ao deserto); passar vários dias no deserto, a pão e água; trajar-se com sacos; usar a disciplina (silício); a autoflagelação; a retirada para um mosteiro; vagar pelas ruas e campos, vivendo de esmolas; etc. — E, para além de tudo isso, os penitentes eram privados da participação na Liturgia Eucarística e na vida comunitária. De fato, tratava-se de uma espécie de quarentena, já que pecado era realmente concebido como uma doença, algo horrendo e que devia ser extirpado da vida do cristão católico por meio de muita fé, acesso aos Sacramentos, oração e penitência.
A rudeza dos castigos tem por finalidade extinguir, ao máximo, a vaidade, o orgulho e a prepotência do pecador, minimizando em si as más inclinações e desordem das paixões.
Diferentemente da maioria das gentes constituintes das sociedades posteriores a si, esses tinham em grande conta a conjuntura da Fé e A concebiam como se deve.
Não é de se estranhar que nos primórdios do cristianismo os pecados e crimes entre os protocatólicos tinham números muitíssimo inferiores aos dos tempos atuais, uma vez que a fé dos veterocristãos era praticada com bastante mais ardor e fidelidade do que se percebe com a maioria dos tempos atuais, bem como o horror ao pecado e zêlo pela Sã Doutrina e aos Mandamentos Divinos, assaz presentes nos primeiros católicos e que, miseravelmente, pouco se vê nos dias de hoje.
Para exemplificar tal fato: naquela época, o indivíduo que rogasse praga aos seus pais era penitenciado a jejuar por quarenta dias a pão e água. E blasfemadores do Deus Trino e/ou de Nossa Senhora e/ou de algum Santo eram penitenciados a ficarem na porta da igreja, proibidos de adentrarem-na, durante toda a Santa Missa. No último domingo, repetia-se o feito, quedando-se no mesmo lugar, mas descalço e sem capa (trajado simploriamente). E, ainda, nas sete sextas-feiras precedentes a tal penitência, jejuava a pão e água, também sem poder neste período entrar no templo de Deus.
Também nos primeiros séculos, no período das ferrenhas perseguições romanas e judaicas aos católicos, grande fora o número de mártires. Igualmente era a quantidade de cristãos presos (Confessores da Fé, ou seja, que A professavam sem reservas, a despeito da condenação à morte, de per si), no aguardo do martírio ao qual se haviam dignado, pela graça divina.
Foi, então, que, nessa época, por inspiração do Paráclito, surgira um santo costume: os católicos penitentes passaram a recorrer à intercessão dos futuros Mártires (os quais esperavam suas respectivas execuções), a fim de terem suas penitências quitadas pelos méritos do sangue desses seus intercessores, em iminência de ser derramado.
Por sua vez, esses Santos Homens, após contatados pelos referidos penitentes, redigiam cartas aos Bispos responsáveis pela igreja na qual congregava os ditos pecadores, nas quais pediam comutação das pesadas penas. E, por tal santo gesto, ficaram conhecidas essas epístolas como as “cartas de paz”.
Atendidos os piedosos pedidos, os penitentes eram absolvidos das dívidas para com Deus (penas temporais), contraídas por seus pecados, e que só poderiam ser quitadas por meio das pesadas penitências, passadas a ele pelo Sacerdote confessor, por inspiração desse mesmo Deus.
Então, quando os futuros Santos Mártires pediam aos Bispos que transferissem aos penitentes (mencionados nas cartas) os seus méritos, a fim de quitar-lhes as penas temporais e, por conseguinte, findar-lhes as penitências, devido ao valor satisfatório do iminente martírio, eram atendidos. E assim surgiram as Santas Indulgências, por inspiração do Espírito Santo, que conduz os sacros atos de Sua Mater Ecclesia.
A saber: quando um Papa concede indulgência de, por exemplo, 100 dias, ao católico que realiza determinado ato ou reza uma dada oração, significa que o fiel, ao realizar o feito (sob tais condições: acesso ao Sacramento da Reconciliação [Confissão + Penitência], acesso à Santíssima Comunhão pela Santa Missa, e oração pelo Sumo Pontífice [Pater Noster, Ave Maria, Gloria Patri, etc.]), obtém para si o lucro da quitação de dívidas equivalentes ao cumprimento da penitência de 100 dias — penitências essas aos moldes dos primevos costumes da Santa Igreja, a saber: jejum a pão e água no deserto, etc. Ou seja, a obtenção de uma indulgência de 300 dias, por exemplo, quer dizer que se lucrou a remissão de penas temporais passíveis de serem pagas por penitência duríssima de 300 dias (tal como a de estar no deserto, por essa quantidade de tempo, a pão e água, etc.).
Havia situações em que os penitentes não tinham saúde física para se submeterem às penitências mais rijas. Por isso a Santa Igreja, no decorrer dos séculos, homeopaticamente, as foi abrandando. — Também porque fazia-se necessário o rigorismo nos primórdios do catolicismo, já que estava concretizando seus alicerces na Terra, a partir de Nosso Senhor Jesus Cristo e dos Seus Apóstolos, e convinha ampliar consideravelmente o número de conversões. Daí ter feito Deus tantos milagres, por meio dos primeiros cristãos. Daí ter feito Deus com que o Império Romano (o maior de todos os tempos) se convertesse e tornasse a Fé Católica a oficial de seus territórios. A partir disso, o Evangelho, como mandara Jesus (Mt 28,19), fora levado com grande eficácia aos confins da Terra, como nunca antes — tal feito facilitado pela excelente malha viária romana, bem como por seu idioma único (latim): o mais falado de então.
Deus é perfeito e tudo faz com perfeição, sabedoria e pertinência, na dosagem certa, no tempo certo, por meios das pessoas certas, para maior honra e glória Dele e de Sua Fé.
A Santa Igreja, pela instituição de Nosso Senhor (Jo 20,23; Mt 16,18-19), é a depositária dos méritos de Cristo, de Nossa Senhora e dos Santos — méritos esses chamados de “Tesouros da Igreja”. E por tal fato, a partir do Século IX d.C., Papas e Concílios passaram a fazer uso das chamadas “Obras Indulgenciadas”, as quais possuem o mesmo lucro das pesadíssimas penitências do primeiro costume e possibilitam aos penitentes a remissão de suas penas temporais, de modo acessível a todos os mentalmente capazes, inclusive aos de saúde física impossibilitada de sacrifícios corporais mais severos. — Atenção: o Sacerdote é a autoridade no ato da Confissão, por ordem e instituição do próprio Cristo, de modo que pode ele passar ao pecador arrependido a penitência que Deus lhe inspirar como devida e pertinente, podendo ser, inclusive, jejum a pão e água no deserto, silício, etc.. O fato de existirem obras indulgenciadas não substitui a autoridade sacerdotal no Sacramento da Reconciliação, bem como o dever de pronta obediência do penitente.
Na maior parte dos casos, as obras indulgenciadas assumem o lugar das arduíssimas penitências. Por exemplo: as flagelações podem ser substituídas por esmolas; as peregrinações com duração de vários dias podem dar lugar a um pernoite em adoração ao Santíssimo Cristo Eucarístico; os duros jejuns a pão e água podem ser comutados em execuções de determinadas orações (sob dadas circunstâncias a seres atendidas); etc. E convencionou-se chamar a quitação dessas dívidas temporais pelo nome de “indulgência”.
Reitero: por esse motivo encontra-se, ao pé de página de algumas orações, informações como, por exemplo: “indulgência de 40 dias”. Nesse caso, isso indica que quem as faz (atendidos os já mencionados pré-requisitos), é como se acabasse de completar uma duríssima penitência (ao molde das primevas) com duração de 40 dias. E assim sucessivamente, com as indulgências de dias, meses e anos, pois assim eram contados os tempos das antigas penitências.
Cumpre registrar: é obrigação do penitente que almeja os lucros de determinada obra indulgenciada, indispensavelmente, nutrir em si semelhantes disposições espirituais àquelas dos protocatólicos que realizavam as duríssimas penitências dos primórdios da Santa Igreja. Por exemplo: um penitente que realiza uma tal obra indulgenciada com 40 dias, mas sem um tremendo horror aos seus pecados e sincero desejo de não mais os cometer, não lucrará as indulgências que almeja.
No Manual de Indulgências é possível conhecer uma enorme quantidade de obras indulgenciadas, e recomendo fortemente que todo católico conheça tal documento da Santa Igreja. — relembre-se: a Bíblia, que é parte da Santa Tradição, também corrobora a Doutrina do Purgatório e das indulgências: 2Mac 12, 39-46; Mt 5, 22-26; Mt 12,31; Mc 3,29; Lc 12,45-48; Lc 12,58-59; 1Cor 3,15; 1Pe 3,18-19; 4,6.
Comparto, abaixo, acerca das Santas Indulgências, escritos de um dos grandes Doutores da Igreja; de um dos mais importantes Concílios Gerais; de dois dos maiores Papas da História; e do Catecismo da Igreja Católica.
“Levemos-lhes socorro e celebremos sua memória. Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer nossas orações por eles.” [Hom. in 1Cor 41,5]. “Os Apóstolos instituíram a oração pelos mortos e que esta lhes presta grande auxílio e real utilidade.” [Fil. III 4, PG 62, 204] (São João Crisóstomo [347 d.C. – 407 d.C.], Doutor da Igreja.)
“Como muitas soluções que foram aplicadas por diferentes concílios antes em seus respectivos tempos, tanto o de Latrão, como o de Viena e outros, contra os perversos abusos dos pedintes de esmolas, vieram a ser inúteis nos tempos modernos, e se percebe melhor que sua malícia aumenta dia a dia com grande escândalo e queixas de todos os fiéis em tão alto grau que não parece ficar esperança alguma de sua recuperação, que de ora em diante seja absolutamente extinta aquele nome e uso em todos os países da cristandade, e que não seja admitido absolutamente a ninguém para exercer semelhante ofício, sem que sejam obstáculos contra isto, os privilégios concedidos às igrejas, mosteiros hospitalares, lugares piedosos, nem a quaisquer pessoas de qualquer estado, grau e dignidade que sejam, nem costumes, ainda que antigos. Decreta também que as indulgências ou outras graças espirituais das quais não é justo privar, por aquele abuso, os fiéis cristãos, sejam publicadas diante do povo no tempo devido, pelos Ordinários dos lugares, acompanhados por pessoas que agregaram de seus domínios, às quais também se concede a faculdade para que recolham fielmente e sem receber nenhuma paga, as esmolas e outros subsídios que caritativamente lhes sejam concedidas. Enfim, para que se certifiquem todos de que o uso que se faz destes tesouros celestiais da Igreja, não é para lucrar, porém para aumentar a piedade.” (Sacrossanto Concílio de Trento. Sessão XXI. Cap. IX. 16 de julho de 1562 d.C..)
“Tendo Jesus Cristo concedido à Sua Igreja o poder de conceder indulgências, e usando a Igreja esta faculdade que Deus lhe concedeu, desde os tempos mais remotos, ensina e ordena o Sacrossanto Concílio que o uso das indulgências, sumamente proveitoso ao povo cristão, e aprovado pela autoridade dos sagrados concílios, deve conservar-se na Igreja, e considera anátema os que afirmam ser inúteis ou neguem que a Igreja tenha o poder de concedê-las.
Apesar disso, deseja que se proceda com moderação na concessão dessas indulgências, conforme o antigo e aprovado costume da Igreja, para que, pela máxima felicidade de concedê-las, não decaia a disciplina eclesiástica.
E cuidando para que se emendem e se corrijam os abusos que foram introduzidos nessas indulgências, por cujo motivo blasfemam os hereges deste glorioso nome de indulgências, estabelece em geral, pelo presente decreto, que absolutamente se exterminem todos os lucros ilícitos que se auferem para que os fiéis as consigam, pois destes lucros se originaram muitos abusos no povo cristão.
E não podendo-se proibir nem [facilmente] ou individualmente os demais abusos que são originários da superstição, da ignorância, irreverência ou de qualquer outra causa, pelas muitas corruptelas dos lugares e províncias em que se cometem, ordena este Santo Concílio, a todos os Bispos, que cada um anote todos estes abusos em sua igreja e os faça presentes no primeiro concílio provincial, para que, conhecidos e qualificados pelos outros Bispos, sejam delatados imediatamente ao Sumo Pontífice Romano, por cuja autoridade e prudência se estabelecerá o mais conveniente para a Igreja universal [Toda a Igreja/Igreja em geral] e, deste modo, se distribua a todos os fiéis o piedoso, santo e íntegro tesouro das Santas Indulgências.” (Sacrossanto Concílio de Trento. Sessão XXV. Cap. IX. 4 de dezembro de 1563 d.C..)
“Sustento sempre que há um Purgatório, e que as almas aí retidas podem ser socorridas pelos sufrágios dos fiéis; que os Santos, que reinam com Cristo, também devem ser invocados; que eles oferecem suas orações por nós, e que suas relíquias devem ser veneradas. Firmemente declaro que se devem ter e conservar as imagens de Cristo, da Sempre Virgem Mãe de Deus, como também as dos outros Santos, e a eles se deve honra e veneração. Sustento que o poder de conceder indulgências foi deixado por Cristo à Igreja, e que o seu uso é muito salutar para os fiéis cristãos.” (Papa Pio IV [1499-1565 d.C.], Bula "Iniunctum Nobis", a 13 de novembro de 1564 d.C.)
“146) Onde se encontram os membros da Igreja? Os membros da Igreja encontram-se parte no Céu, e formam a Igreja Triunfante; parte no Purgatório, e formam a Igreja Padecente; parte na Terra, e formam a Igreja Militante. 222) A comunhão dos Santos estende-se também ao Céu e ao Purgatório? Sim, a comunhão dos Santos estende-se também ao Céu e ao Purgatório, porque a caridade une as três Igrejas — Triunfante, Padecente e Militante —; e os Santos rogam a Deus por nós e pelas almas do Purgatório, e nós damos honra e glória aos Santos, e podemos aliviar as almas do Purgatório, aplicando, em sufrágio delas, Missas, esmolas, indulgências e outras boas obras. 277) Por quem devemos orar? Devemos orar por todos; isto é, por nós mesmos, pelos nossos parentes, superiores, benfeitores, amigos e inimigos; pela conversão dos pobres pecadores, daqueles que estão fora da verdadeira Igreja, e pelas benditas almas do Purgatório. 657) Para que fins se oferece o Santo Sacrifício da Missa? Oferece-se a Deus o Santo Sacrifício da Missa para quatro fins: 1º - para honrá-Lo como convém, e, sob este ponto de vista, o Sacrifício é latrêutico; 2º - para Lhe dar graças pelos seus benefícios, e, sob este ponto de vista, o Sacrifício é eucarístico; 3º - para aplacá-Lo, dar-Lhe a devida satisfação pelos nossos pecados, para sufragar as almas do Purgatório, e, sob este ponto de vista, o Sacrifício é propiciatório; 4º para alcançar todas as graças que nos são necessárias, e, sob este ponto de vista, o Sacrifício é impetratório. 778) Porque na Confissão se impõe uma penitência? Impõe-se uma penitência porque, de ordinário, depois da absolvição sacramental, que perdoa a culpa e a pena eterna, resta uma pena temporal a pagar neste mundo ou no Purgatório. 787) Vão logo para o Céu os que morrem depois de ter recebido a absolvição, mas antes de terem satisfeito plenamente à justiça de Deus? Não; eles vão para o Purgatório, para ali satisfazerem à justiça de Deus e se purificarem inteiramente. 788) Podem as almas que estão no Purgatório ser aliviadas por nós nas suas penas? Sim, as almas que estão no Purgatório podem ser aliviadas com orações, com esmolas, com todas as demais obras boas e com as indulgências, mas sobretudo com o Santo Sacrifício da Missa. 793) Que é a indulgência? A indulgência é a remissão da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa; remissão que a Igreja concede fora do Sacramento da Penitência. 794) De quem recebeu a Igreja o poder de conceder indulgências? Foi de Jesus Cristo que a Igreja recebeu o poder de conceder indulgências. 795) De que maneira nos perdoa a Igreja a pena temporal por meio das indulgências? A Igreja perdoa a pena temporal por meio das indulgências aplicando-nos as satisfações superabundantes de Jesus Cristo, da Santíssima Virgem e dos Santos, as quais formam o que se chama O Tesouro da Igreja. 796) Quem tem o poder de conceder indulgências? O poder de conceder indulgências pertence ao Papa, em toda a Igreja, e ao Bispo, na sua diocese, na medida em que lhe é concedido pelo Papa. 797) Quantas espécies há de indulgências? Há duas espécies de indulgências: a indulgência plenária e a indulgência parcial. 798) Que é a indulgência plenária? A indulgência plenária é a que perdoa toda a pena temporal devida pelos nossos pecados. Por isso, se alguém morresse depois de ter recebido esta indulgência, iria logo para o Céu, inteiramente isento das penas do Purgatório. 799) Que é a indulgência parcial? A indulgência parcial é a que perdoa só uma parte da pena temporal, devida pelos nossos pecados. 800) Qual é a intenção da Igreja ao conceder as indulgências? A intenção da Igreja ao conceder as indulgências é auxiliar a nossa incapacidade de expiar neste mundo toda a pena temporal, fazendo-nos conseguir, por meio de obras de piedade e de caridade cristã, aquilo que nos primeiros séculos Ela obtinha com o rigor dos cânones penitenciais. 801) Em que apreço devemos ter as indulgências? Devemos ter as indulgências em muito grande apreço, porque com elas se satisfaz a justiça de Deus e mais depressa e mais facilmente se alcança a posse do Céu. 802) Quais são as condições requeridas para se ganharem as indulgências? As condições para se ganharem as indulgências são: 1º) O estado de graça, pelo menos ao cumprir a última obra, e o desapego mesmo das culpas veniais cuja a pena se quer apagar; 2º) O cumprimento das obras que a Igreja prescreve para se ganhar a indulgência; 3º) A intenção de ganhá-las. 803) Podem as indulgências aplicar-se também às almas do Purgatório? Sim, as indulgências podem aplicar-se também às almas do Purgatório quando quem as concede declara que se lhes podem aplicar.” (São Pio X [1835-1914 d.C.], Catecismo Maior de São Pio X)
“Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida a sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrarem na alegria do Céu.” [CIC, §1030] “Pelas indulgências os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do Purgatório a remissão das penas temporais, sequelas dos pecados.” [CIC, §1498] (Catecismo da Igreja Católica)
Necessário se faz tal resumitiva explanação acerca de tão caro tema, a fim de que se compreenda melhor a realidade das indulgências que o Santo Rosário possibilita ao fiel lucrar, por meio de seu piedoso exercício, mediante específicas circunstâncias.
Por fim, a seguir, alguns trechos importantes do Manual de Indulgência, os quais tangem diretamente o Santo Rosário:
“18. O fiel cristão que usa objetos de piedade (Crucifixo ou Cruz, Rosário, Escapulário, Medalha) devidamente abençoados por qualquer sacerdote ou diácono, ganha indulgência parcial. Se os mesmos objetos forem bentos pelo Sumo Pontífice ou por qualquer Bispo, o fiel ao usá-los com piedade pode alcançar até a indulgência plenária na solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, se acrescentar alguma fórmula legítima de profissão de fé.” (Manual de Indulgências)
“23. §1. Para lucrar a indulgência plenária, além da repulsa de todo o afeto a qualquer pecado, até venial, requerem-se a execução da obra enriquecida da indulgência e o cumprimento das três condições seguintes: Confissão Sacramental, Comunhão Eucarística e oração nas intenções do Sumo Pontífice. 15. §2. Com uma só Confissão podem ganhar-se várias indulgências, mas com uma só Comunhão e uma só oração alcança-se uma só indulgência plenária. §3. As três condições podem cumprir-se em vários dias, antes ou depois da execução da obra prescrita. Convém, contudo, que tal comunhão e tal oração se pratiquem no próprio dia da obra prescrita. §4. Se falta a devida disposição ou se a obra prescrita e as três condições não se cumprem, a indulgência será só parcial, salvo o que se prescreve nos nn. 27 e 28, em favor dos "impedidos". §5. A condição de rezar nas intenções do Sumo Pontífice se cumpre ao se recitar nessas intenções um Pai-Nosso e uma Ave Maria, mas podem os fiéis acrescentar outras orações, conforme sua piedade e devoção.” (Manual de Indulgências)
“3. (...) Com efeito, para ganhar a indulgência plenária, como se determina na norma 23, se requerem a execução da obra, o cumprimento das três condições e a plena disposição da alma que exclui toda afeição ao pecado. 4. Se a obra, enriquecida com a indulgência plenária, se pode dividir ajustadamente em partes (como o Rosário de Nossa Senhora em dezenas), quem por motivo razoável não terminou a obra por inteiro, pode ganhar a indulgência parcial pela parte que fez. 5. São dignas de especial menção as concessões que se referem a obras pelas quais o fiel, executando alguma delas, pode ganhar a indulgência plenária em cada dia do ano, valendo sempre a norma 21, parágrafo 1, segundo a qual só se pode ganhar uma indulgência por dia: - adoração ao Santíssimo Sacramento pelo menos por meia hora (concessão n. 3); - leitura espiritual da Sagrada Escritura ao menos por meia hora (concessão n. 50); - piedoso exercício da Via Sacra (concessão n. 63); - recitação do Rosário de Nossa Senhora na igreja, no oratório ou na família ou na comunidade religiosa ou em piedosa associação (concessão n. 63).” (Manual de Indulgências)
“48. Reza do Rosário de Nossa Senhora: indulgência plenária, se o Rosário se recitar na igreja ou oratório ou em família, na comunidade religiosa ou em piedosa associação; parcial, em outras circunstâncias. (O Rosário é uma fórmula de oração em que distinguimos quinze dezenas de saudações angélicas [Ave Maria], separadas pela oração dominical [Pai-Nosso] e em cada uma recordamos, em piedosa meditação, os Mistérios da nossa redenção. Chama-se, também, a terça parte dessa oração o ‘Terço’. Para a indulgência plenária determina-se o seguinte: 1. Basta a reza da terça parte do Rosário, mas as cinco dezenas devem-se recitar juntas. 2. Piedosa meditação deve acompanhar a oração vocal. 3. Na recitação pública, devem-se anunciar os Mistérios, conforme o costume aprovado do lugar; na recitação privada, basta que o fiel ajunte a meditação dos Mistérios à oração vocal.” (Manual de Indulgências)
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OUTRAS INDULGÊNCIAS
POR MEIO DO SANTO ROSÁRIO
A) Os fiéis, quando recitarem a terça parte do Rosário, com devoção, podem lucrar:
• Uma indulgência de 5 anos; (Bula "Ea quae ex fidelium", Sixto IV, 12 de maio 1479 d.C.; S. C. Ind., 29 de agosto 1899 d.C.; S. P. Ap., 18 de março 1932 d.C.,)
• Uma indulgência plenária, nas condições usuais, se eles rezarem [o Terço] durante o mês inteiro. (Pio XII ,22 de janeiro 1952 d.C..)
B) Se rezarem a terça parte do Rosário em companhia de outros:
• Uma indulgência de 10 anos, uma vez ao dia;
• Uma indulgência plenária no ultimo Domingo de cada mês, juntamente com Confissão, Comunhão e visita a uma igreja ou oratório público, se realizarem tal recitação três vezes ao mês em alguma das semanas precedentes, seja em público ou privado.
C) Se, de qualquer forma, rezarem juntos, em família, além da indulgência parcial de 10 anos, lhes é concedido:
• Uma indulgência plenária, duas vezes ao mês, se realizarem a recitação diariamente, durante um mês, forem à Confissão, receberem a Santa Comunhão e visitarem alguma igreja ou oratório. (S. C. Ind., 12 de maio de 1851 d.C. e 29 agosto de 1899 d.C.; S. P. Ap., 18 de março de 1932 d.C. e 26 de julho de 1946 d.C..)
OBS.: os fiéis que diariamente recitam a terça parte do Rosário, com devoção, em um grupo familiar, além das indulgências concedidas em B), também lhes é concedida uma Indulgência Plenária sob condição de Confissão, Comunhão a cada Sábado, em dois outros dias da semana e em cada uma das Festas da Beatíssima Virgem Maria, no Calendário Universal, nomeadamente — A Imaculada Conceição; a Purificação; a Aparição da Beata Senhora, em Lourdes-FR; a Anunciação; as Sete Dores (sexta-feira da Semana da paixão); a Visitação; Nossa Senhora do Carmo; Nossa Senhora das Neves, a Assunção; o Imaculado Coração de Maria; a Natividade da Santíssima Virgem; as Sete Dores (15 de setembro); Nossa Senhora do Sacratíssimo Rosário; a Maternidade da Beata Virgem Maria; a Apresentação da Beata Virgem Maria. (S.P. Ap. 11 de outubro de 1959 d.C..)
D) Aqueles que, piamente, recitarem a terça parte do Rosário, na presença do Santíssimo Sacramento, poderão lucrar:
• Uma indulgência plenária, sob condição de Confissão e Comunhão (B. Apostólico, 4 de setembro de 1927), [com o Santíssimo Sacramento] publicamente exposto ou mesmo reservado no tabernáculo, nas vezes que o fizerem.
NOTAS:
1) As dezenas podem ser separadas se o Terço todo for completado no mesmo dia. (S. C. Iml., 8 de julho de 1908 d.C..)
2) Se, como é o costume durante a recitação do Rosário, os fiéis fizerem uso do Terço, eles podem lucrar outras indulgências, em adição àquelas enumeradas acima, se o Terço for abençoado por um religioso da Ordem dos Pregadores ou outro Padre tendo faculdades especiais. (S. C. Ind., 13 de abril de 1726 d.C., 22 de janeiro de 1858 d.C. e 29 de agosto de 1899 d.C..)
3) Os fiéis que, a qualquer tempo do ano, devotamente, oferecerem suas orações em honra à Nossa Senhora do Rosário, com a intenção de continuar as mesmas por nove dias consecutivos, podem lucrar:
• Uma indulgência de 5 anos, uma vez, a qualquer dia da novena;
• Uma indulgência plenária, sob as condições usuais, no encerramento da novena. (Papa Pio IX, Audiência de 3 de janeiro de 1849 d.C.; S. C. dos Bispos e Religiosos, 28 de janeiro de 1850 d.C.; S. C. Ind., 26 de novembro de 1876 d.C.; S. P. Ap., 29 de junho de 1932 d.C. — V Raccolta 396.)
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EXERCÍCIOS DE DEVOÇÃO
Os fiéis que resolverem realizar um exercício de devoção em honra a Nossa Senhora do Rosário, por quinze ininterruptos sábados (ou sendo impedidos, por quantos respectivos Domingos imediatamente seguintes), se devotamente recitarem no mínimo a terça parte do Rosário ou meditarem seus Mistérios de alguma outra maneira, podem lucrar:
• Uma indulgência plenária, sob as condições usuais, em qualquer destes quinze sábados ou domingos correspondentes. (S. C. Ind., 21 de setembro de 1889 d.C. e 17 de setembro de 1892 d.C.; S. P. Ap.. 3 de agosto de 1936 d.C..)
Os fiéis que, durante o mês de outubro, recitarem no mínimo a terça parte do Rosário, publica ou privadamente, podem lucrar:
• Uma indulgência de 7 anos, por dia;
• Uma indulgência plenária, se realizarem este devoto exercício na Festa do Rosário e em sua Oitava, e, além disso, forem à Confissão, receberem a Santa Comunhão e visitarem uma igreja ou oratório público;
• Uma indulgência plenária, juntamente com Confissão, Santa Comunhão e visita a uma igreja ou oratório público, se realizarem a mesma recitação do Santo Rosário por no mínimo dez dias depois da Oitava da supracitada Festa; (S. C. Ind., 23 de Julho de 1898 d.C. e 29 de Agosto de 1899 d.C.; S. P. Ap., 18 de Março de 1932 d.C..)
• Uma indulgência de 500 dias pode ser lucrada, uma vez ao dia, pelos fiéis que, beijando o Santo Rosário que carregam consigo, ao mesmo tempo, recitarem a primeira parte da Ave Maria até “Jesus”, inclusive. (Sagrada Congregação da Penitenciária Apostólica. 30 de março de 1953 d.C..)
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Toda honra e glória à Santíssima Trindade; à Santíssima Virgem Maria; à Igreja Una, Santa, Católica, Apostólica, Triunfante, Padecente e Militante; à Santíssima Tradição; à Santíssima Hierarquia Angelical; aos Santos, Beatos (Bem-Aventurados), Veneráveis e Servos de Deus!
Santíssima Trindade, de eterna misericórdia, pelos infinitos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo, da Santíssima Virgem Maria, Sua Mãe, e de todos os Anjos e Santos, Vos suplico que, por sobre nós, lanceis Vosso olhar de misericórdia e não de justiça; que, por sobre nós, descei Vossa terna e suave mão de Piedoso Pai e não Vossa densa e avassaladora mão de Justo Juiz; que aprendamos de Vós, de modo a submetermo-nos integralmente à Vossa vontade, porquanto Vós, que é Deus e perfeito, amais aos Vossos filhos muito mais que eles amam a si mesmos, e, outrossim, mais que eles, sabeis o que é melhor para a Eterna Salvação de cada um!
Concedei-nos, vos imploro, ó, Sacratíssima Trindade, a graça santificante da fidelidade e fervor à Vossa Fé, à Vossa Santa Igreja e à Vossa Santa Tradição! Concedei-nos, vos suplico, ó, Sacratíssimo Deus Trino, a graça santificante da plena e constante comunhão Convosco, de maneira que progridamos na Fé, retos na na árdua e perenemente recompensante jornada rumo à santidade!
Dignai-Vos, propício, ó, Santíssimo Deus Triúno de infinito amor e piedade, prodigalizar-nos, Vos imploro, com Vossas infindáveis graças, e fazei-nos cada vez mais fiéis, fervorosos, fortes, resilientes, pacientes, santos, saudáveis, felizes e em paz! Amém!
Vivat Sanctissima Trinitas!
Vivat Sanctissima Virgo Maria!
Vivat Sanctissima Traditio!
Per ipsum, et cum ipso, et in ipso,
per omnia saecula saeculorum!
Amen!
Rafael Pessoa Sabino
22/08/2022 d.C.
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O SANTO ROSÁRIO
NOSSO SENHOR E NOSSA SENHORA
Estátuas: autor não identificado.
NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO
Pintura: autor não identificado.
SÃO DOMINGOS DE GUSMÃO E NOSSA SENHORA
Mosaico: autor não identificado — Catedral de Westminster (Londres-UK).
BEATO ALANO DE LA ROCHE
(França — 1428 d.C. – 1475d.C.)
Pintura: autor não identificado.