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OBS.: antes de tudo, deixo registrado meu máximo respeito e reverência pela atividade sacerdotal e hierarquia do Clero, bem como pelos estados de vida consagrados a Deus, por meio das Ordens Religiosas. Em especial, o Sacerdócio é, independentemente do caráter de quem faz uso de suas incumbências, uma missão sagrada, ungida por Deus e, portanto, digna de toda admiração e reverência. Por isso, qualquer indivíduo, mormente um leigo, ao dirigir-se a um homem nessa posição, deve ter a mais alta prudência possível nos pensamentos, atos e palavras: 1) Porquanto não lidará com um comum, mas ungido e escolhido do Altíssimo e, por ser Padre, dotado da graça e responsabilidade de ministrar Sacramentos e perdoar pecados em nome do Criador; 2) Porque tem ele as mãos consagradas — as únicas com permissão ordinária para tocar a Sacratíssima Eucaristia, que é Nosso Senhor Jesus Cristo, Deus Vivo com o Pai e o Espírito Santo. Portanto, se em alguma conjuntura, um Ministro do Todo Poderoso comete um erro de proporção tal que põe em risco a salvação de uma e/ou mais almas — e/ou mesmo a dele —, é dever do fiel católico rezar por esse Padre ou Bispo, antes de tudo; e, se possível, exortá-lo (docilmente) no que concerne a redimir-se dos equívocos, a consertar o que for possível e seguir os preceitos da Fé, Tradição e Doutrina da única e genuína Igreja de Deus: que é Una, Santa, Católica e Apostólica. Paralelamente a isso, há situações em que não há meios de exortar direta e/ou pessoalmente tal Clérigo (quiçá por já ter ele falecido ou ser uma pessoa de difícil acesso). Também ocorre de um ensinamento errôneo do catolicismo ser proliferado em larga escala, por meio de um livro, audiovisual, etc., advindo de um Sacerdote. Nesse caso, mesmo que o Padre possa ser contatado, as proporções de seu erro são incomensuráveis e, assim sendo, muito difíceis de serem revertidas, a não ser por milagre. Então, nessa conjuntura, é obrigação do católico fiel (que tem conhecimento do fato) fazer tudo o que for possível para minimizar os danos dessa problemática proliferação massiva, com o mais alto respeito, magnanimidade e toda sabedoria de que dispõe seu ser, de modo a alertar seus irmãos na Fé acerca de tais equívocos e incentivá-los a não cometê-los, conquanto, sem deixar de amar em Cristo o autor dos equívocos (porque a Santa Igreja nos ensina a odiar o pecado, mas a amar o pecador), intercedendo por ele e sem cair no erro de condená-lo, porque só Deus é juiz, principalmente de seus ungidos.
OBS.: escreve São Paulo a Tito: “adverte-os que sejam sujeitos aos magistrados e às autoridades, que lhes obedeçam, que estejam prontos para toda a boa obra; que não digam mal de ninguém, nem sejam questionadores, mas modestos, mostrando toda a mansidão para com todos os homens. Também nós, outrora, éramos insensatos, rebeldes, desgarrados, escravos de paixões e prazeres, vivendo na malícia e na inveja, dignos de ódio e odiando os outros. Mas, quando se manifestou a bondade de Deus, Nosso Salvador, e o Seu amor pelos Homens, não pelas obras de justiça que tivéssemos feito, mas por Sua misericórdia, salvou-nos, mediante o Batismo de regeneração e de renovação do Espírito Santo, que Ele difundiu sobre nós, abundantemente, por Jesus Cristo, Nosso Salvador, para que a justificação obtida por Sua graça nos torne, em esperança, herdeiros da Vida Eterna. Esta é uma verdade infalível e quero que a afirmes, para que procurem ser os primeiros nas boas obras aqueles que crêem em Deus. Estas coisas são boas e úteis aos Homens. Foge, porém, de questões loucas, de genealogias, de disputas e de contestações sobre a Lei, porque são inúteis e vãs. Foge do herético, depois da primeira e segunda correção, sabendo que um tal homem está pervertido e peca, como quem é condenado pelo seu próprio juízo." (Tt 3,1-11) Isso quer dizer que o fiel católico tem de abster-se de toda e qualquer discussão inútil, supérflua, vã e/ou que ponha em dúvida Verdades da Fé — a menos que seja para defendê-Las.
OBS.: contudo, depreende-se de tais sábias palavras do Santo Apóstolo que é obrigação de todo seguidor de Cristo não envolver-se em querelas estapafúrdias, bem como defendê-Lo e propagá-Lo sempre que possível, com sabedoria e parcimônia, como o fez São Paulo, inclusive perante São Pedro, o primeiro Papa: "catorze anos depois, subi novamente a Jerusalém, com Barnabé, tomando também comigo a Tito. Subi, em consequência de uma revelação; conferi com eles o Evangelho que prego entre os gentios e (conferi) particularmente com aqueles que eram de maior consideração, a fim de não correr ou de não ter corrido inutilmente. Ora, nem mesmo Tito, que estava comigo, sendo grego, foi obrigado a circuncidar-se, e isto por causa dos falsos irmãos, que se intrometeram a espiar a liberdade que temos em Jesus Cristo, para nos reduzirem à escravidão (querendo obrigar-nos à observância dos ritos mosaicos), aos quais, nem um só instante, cedemos, para que permaneça entre vós a verdade do Evangelho. Quanto, porém, àqueles que tinham grande autoridade, (quais tenham sido noutro tempo, não me importa, pois Deus não faz acepção de pessoas) esses, digo, que tinham grande autoridade, nada me impuseram. Antes, pelo contrário, tendo visto que me tinha sido confiado o Evangelho para os não circuncidados, como a Pedro para os circuncidados (porque quem fez de Pedro o Apóstolo dos circuncidados também fez de mim o Apóstolo dos gentios), e tendo reconhecido a graça que me foi dada, Tiago, Cefas e João, que eram considerados as colunas (da Igreja), deram as mãos a mim e a Barnabé, em sinal de comunhão, para que fôssemos aos gentios, e ele aos circuncidados, (recomendando) somente que nos lembrássemos dos pobres (da Judeia); o que eu fui solícito em cumprir. Mas, tendo vindo Cefas a Antioquia, eu lhe resisti na cara, porque merecia repreensão, pois que antes que chegassem alguns de Tiago, ele comia com os gentios, mas, depois que chegaram, retirava-se e separava-se (dos gentios), com receio dos que eram circuncidados. Os outros judeus imitaram-no na sua dissimulação, de sorte que até Barnabé foi induzido por eles àquela simulação. Porém eu, tendo visto que eles não andavam direitamente, segundo a verdade do Evangelho, disse a Cefas, diante de todos: "se tu, sendo judeu, vives como gentio e não como judeu, por que obrigas os gentios a judaizar?" Nós somos judeus, por nascimento, e não pecadores dentre os gentios." (Gl 2,1-15) Aqui São Paulo comprova que, em dadas conjunturas, é pertinente a exortação em privado. Em outras, a correção pública é necessária.
OBS.: corrobora, pois, tal verdade o mesmo Bem-Aventurado: “eu te conjuro, diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de vir julgar os vivos e os mortos, pela Sua aparição e por Seu Reino: proclama a palavra, insiste, no tempo oportuno e no inoportuno, refuta, ameaça, exorta com toda paciência e Doutrina. Pois virá um tempo em que alguns não suportarão a Sã Doutrina; pelo contrário, segundo os seus próprios desejos, como que sentindo comichão nos ouvidos, se rodearão de mestres. Desviarão os seus ouvidos da verdade, orientando-os para as fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em tudo, suporta o sofrimento, faze o trabalho de um evangelista, realiza plenamente o teu ministério. Quanto a mim, já fui oferecido em libação, e chegou o tempo de minha partida. Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a Fé.” (2Tm 4,1-7)
OBS.: todavia, havendo renúncia contumaz, por parte dos interlocutores, em relação às verdades de Fé, que seja feita a vontade de Nosso Senhor: “depois disto, o Senhor escolheu outros setenta e dois, mandou-os, dois a dois, adiante de Si, por todas as cidades e lugares onde Ele estava para ir. Disse-lhes: "grande é, na verdade, a Messe, mas os operários poucos. Rogai, pois, ao Dono da Messe que mande operários para a Sua Messe. Ide. Eis que Eu vos envio como cordeiros entre lobos. Não leveis bolsa, nem alforje, nem calçado, e pelo caminho não saudeis ninguém. Na casa em que entrardes, dizei primeiro: a paz [esteja] nesta casa. Se ali houver algum filho de paz, repousará sobre ele a vossa paz; de contrário, tornará para vós. Permanecei na mesma casa, comendo e bebendo do que tiverem; porque o operário é digno da sua recompensa. Não andeis de casa em casa. Em qualquer cidade em que entrardes, e vos receberem, comei o que vos puserem diante; curai os enfermos que nela houver, e dizei-lhes: está próximo de vós o Reino de Deus. Mas, em qualquer cidade em que entrardes, e vos não receberem, saindo para as praças, dizei: até o pó da vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós; não obstante isto, sabei que o Reino de Deus está próximo." (Lc 10, 1-11)
OBS.: assim, sejamos discípulos, apóstolos, anunciadores, servos desse mesmo Cristo Jesus, de modo santo, sábio, piedoso, modesto e ordenado, como finaliza a questão Santo Tomás de Aquino: “duas coisas se devem distinguir nas discussões sobre a Fé: uma, relativa a quem discute; outra, aos ouvintes. Relativamente àquele, é preciso que se lhe leve em conta a intenção. Se discutir, duvidando da Fé e não lhe tendo como certas as verdades, que procura examinar por meio de argumentos, por certo peca, como dúbio na Fé e infiel. Digno de louvor será, porém, se discutir sobre a Fé para refutar erros, ou mesmo como exercício. Relativamente aos ouvintes, devemos distinguir se os assistentes [espectadores] à discussão são instruídos e firmes na Fé, ou se simples, e a tem vacilante. Pois, certamente, nenhum perigo há em se discutir na presença de sábios e firmes na Fé. Quanto aos simples, porém, é mister distinguir [ponderar a respeito]. Porque, ou são provocados e repelidos pelos infiéis, como os judeus, os heréticos ou os pagãos, que se esforçam por lhes corromper a Fé; ou de nenhum modo são provocados nessas questões, como nas terras onde não existem infiéis. No primeiro caso, é necessário discutir sobre a Fé publicamente, desde que se encontre quem seja idôneo e capaz para tal e possa refutar os erros. Pois assim, os simples na Fé se fortalecerão e os infiéis ficarão privados do poder de enganar; e, ao contrário, o fato mesmo de se calarem os que deviam se opor aos corruptores da verdade da Fé seria confirmação do erro. Por isso, Gregório diz: assim como falar incautamente incrementa o erro, assim o silêncio indiscreto abandona ao erro os que deviam ser ensinados. No segundo caso, porém, é perigoso disputar [debater] sobre a Fé na presença dos simples, cuja crença é mais firme quando nada ouviram diverso daquilo que creem. Por isso não convém [que] ouçam as palavras dos infiéis, que disputam contra a Fé. (...) O Apóstolo não proíbe totalmente a discussão, senão só a desordenada, que se faz, antes, pela contenção das palavras [vaidade e verborragia] do que pela firmeza das expressões. (...) A lei citada proíbe à discussão pública sobre a Fé, procedente de dúvidas relativamente a esta [questionamento de Sua veracidade]; não, porém, a que visa conservá-la. (...) Não se deve discutir sobre os artigos da Fé, como duvidando deles, mas para manifestar-lhes a verdade e refutar os erros. Por isso é necessário, para a confirmação da Fé, disputar, às vezes, com os infiéis — ora defendendo a Fé, conforme aquilo da Escritura: sempre aparelhados para responder a todo o que vos pedir razão daquela esperança que há em vós, ora para convencer os errados, segundo, ainda, a Escritura: para que possa exortar conforme à Sã Doutrina e convencer aos que [A] contradizem.” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, Parte II, Seção II, Questão 10, Artigo 7)
OBS.: “Artigo 1: se a correção fraterna é ato de caridade. - A correção do delinquente é um remédio que devemos aplicar contra o pecado cometido. Ora, o pecado cometido pode ser considerado à dupla luz: como nocivo ao pecador e como contribuindo para o mal de outros, que são lesados ou escandalizados pelo pecado; ou, ainda, enquanto nocivo ao bem comum, cuja justiça perturba. Logo, dupla há de ser a correção do delinquente. Uma, que remedeie [o] pecado enquanto mal do próprio pecador. — E essa é propriamente a correção fraterna, ordenada à emenda do delinquente. Ora, livrar alguém de um mal é ato da mesma natureza que lhe buscar o bem. Mas buscar o bem do próximo é próprio da caridade, que nos leva a querer e a fazer bem ao nosso amigo. Por onde, também a correção fraterna é um ato de caridade, pois nos leva a repelir o mal do nosso irmão, que é o pecado. — (...) Outra correção é a que remedeia ao pecado do delinquente, enquanto causa o mal dos outros, e, sobretudo, enquanto danifica o bem comum. E tal correção é ato de justiça, da qual é próprio conservar a retidão justa entre um e outro indivíduo. (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, Parte II, Seção II, Questão 33, Artigo 1)
OBS.: “Artigo 4: se alguém está obrigado a corrigir o seu Prelado. - A correção, ato de justiça, aplica a coerção da pena. [Isto] não cabe ao súdito, em relação ao Prelado. Mas a correção fraterna, ato de caridade, incumbe a todos, relativamente a qualquer pessoa para com quem se deve ter caridade, se nela se encontrar o que deva ser corrigido. Pois, o ato procedente de um hábito ou potência abrange tudo o que está contido no objeto dessa potência ou hábito, assim como a visão abrange tudo o que está contido no objeto da vista. Mas, havendo o ato virtuoso de adaptar-se às circunstâncias devidas, a correção que os súditos aplicarem aos Prelados deve ser feita de modo congruente, não o corrigindo com protérvia e dureza, mas com mansidão e reverência. [Como diz] o Apóstolo: não repreendas com aspereza ao velho, mas adverte-o como [a um] pai. Por isso Dionísio repreendeu ao monge Demófilo, por ter corrigido um sacerdote irreverentemente, maltratando-o e expulsando-o da igreja. Donde a resposta à primeira questão: toca-se indebitamente no Prelado quando ele é repreendido com irreverência... (...) E isso é significado pelo contato do monte e da arca, proibido por Deus. Resposta à segunda: resistir na cara, em presença de todos, excede o modo da correção fraterna; e por isso Paulo não teria assim repreendido a Pedro se não lhe fosse igual, de certa maneira, na defesa da Fé. Mas advertir oculta e reverentemente também pode fazê-lo quem não é igual. Por isso o Apóstolo escreve que os súditos advirtam o seu Prelado, quando diz: dizei a Arquipo: cumpre o teu ministério. Devemos, porém, saber que, correndo iminente perigo a Fé, os súbitos devem advertir os Prelados, mesmo publicamente. Por isso Paulo, súdito de Pedro, repreendeu-o em público, por causa de perigo iminente de escândalo para a Fé. E assim diz a Glosa de Agostinho: o próprio Pedro deu aos maiores o exemplo de, se porventura se desviarem do caminho reto, não se [dedignarem] ser repreendidos, mesmo pelos inferiores. Resposta à terceira: presumir-se melhor, absolutamente, que o seu Prelado é soberba presunçosa. Mas julgar-se melhor, em algum ponto, não é presunção, porque não há ninguém nesta vida que não tenha algum defeito. Donde devemos concluir que quem admoesta caridosamente o seu Prelado, não se considera por isso maior que ele, mas lhe vai em auxílio a ele, que, quanto mais ocupa um lugar superior, a tanto maior perigo se acha exposto, como diz Agostinho.” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, Parte II, Seção II, Questão 33, Artigo 4)
OBS.: a correção fraterna é de preceito e, por conseguinte, está presente na Fé Católica desde sua origem, com Jesus Cristo. Santo Tomás de Aquino, o mais notável entre os Doutores da Santa Igreja, em sua Suma Teológica, aborda magistralmente o tema (Secunda Secundae, Questão 33, Artigos 1 a 8). Eis alguns trechos: “a correção fraterna constitui objeto de preceito. (...) Como já dissemos, há dupla forma de correção. — Uma é ato de caridade e tende à emenda do nosso irmão delinquente, por simples advertência. E essa correção pertence a todos que têm caridade, quer seja súdito, quer Prelado. — Há, porém, outra correção, que é ato de justiça, e visa o bem comum. E este é realizado, não só pela advertência fraternal, mas também, às vezes pela punição, para o temor levar os outros a abandonarem o pecado. E essa correção pertence somente aos Prelados, que não só têm que advertir, mas, ainda, corrigir punindo. (...) A correção, ato de justiça... coerção da pena, não cabe ao súdito, em relação ao Prelado. Mas a correção fraterna, ato de caridade, incumbe a todos, relativamente a qualquer pessoa para com quem se deve ter caridade, se nela se encontrar o que deva ser corrigido. Pois o ato procedente de um hábito ou potência abrange tudo o que está contido no objeto dessa potência ou hábito, assim como a visão abrange tudo o que está contido no objeto da vista. Mas, havendo o ato virtuoso de adaptar-se às circunstâncias devidas, a correção que os súditos aplicarem aos Prelados devem ser feitas de modo congruente, não o corrigindo com protérvia e dureza, mas com mansidão e reverência. Donde o dizer o Apóstolo: não repreendas com aspereza ao velho, mas adverte-o como o pai. Por isso, Dionísio repreendeu ao monge Demófilo, por ter corrigido um Sacerdote irreverentemente, maltratando-o e expulsando-o da igreja. (...) Resistir na cara, em presença de todos, excede o modo da correção fraterna; e por isso Paulo não teria assim repreendido a Pedro se não lhe fosse igual, de certa maneira, na defesa da Fé. Mas advertir oculta e reverentemente também pode fazê-lo quem não é igual. Por isso o Apóstolo escreve que os súditos advirtam o seu Prelado, quando diz: dizei a Arquipo: cumpre o teu Ministério. Devemos, porém, saber que, correndo iminente perigo a Fé, os súditos devem advertir os Prelados, mesmo publicamente. Por isso Paulo, súdito de Pedro, repreendeu-o em público, por causa de perigo iminente de escândalo para a Fé. E assim diz a Glosa de Agostinho: o próprio Pedro deu aos maiores o exemplo de, se porventura se desviarem do caminho reto, não se dedignem ser repreendidos, mesmo pelos inferiores. (...) Presumir-se melhor, absolutamente, que o seu Prelado, é soberba presunçosa. Mas julgar-se melhor, em algum ponto, não é presunção, porque não há ninguém nesta vida que não tenha algum defeito. Donde devemos concluir que quem admoesta caridosamente o seu Prelado não se considera por isso maior que ele, mas lhe vai em auxílio a ele, que, quanto mais ocupa um lugar superior, a tanto maior perigo se acha exposto, como diz Agostinho. (...) Quando a necessidade nos obrigar a repreender alguém, reflitamos se se trata de um vício tal que nunca tivemos — que somos Homens e poderíamos tê-lo tido; ou que é um vício tal que já tivemos e, de presente, não temos — e, então, não percamos a memória da comum fragilidade, para fazermos a correção, não com ódio, mas com misericórdia. Se, porém, nos encontrarmos no mesmo vício, não repreendamos, mas gemamos juntamente e convidemos o pecador à penitência comum. Ora, daqui se conclui claramente que, se o pecador corrigir com humildade o delinquente, não peca nem se expõe à nova condenação — salvo se, agindo assim, pareça condenável à consciência do irmão ou, pelo menos, à sua, quanto a pecado passado. (...) Sobre a acusação pública dos pecadores é preciso distinguir. Pois, ou os pecados são públicos ou ocultos. — Se públicos, não devemos somente corrigir o pecador, para que se torne melhor, mas também dar satisfação aos outros, que os conheceram, para não se escandalizarem. Por isso, tais pecados devem ser repreendidos publicamente, conforme aquilo do Apóstolo: aos que pecarem, repreende-os diante de todos, para que também os outros tenham medo — o que se entende dos pecados públicos, diz Agostinho. Se, porém, os pecados forem ocultos, então se aplicará o dito do Senhor: — se teu irmão pecar contra ti... pois, quando te ofender publicamente, em presença dos outros, já não pecará só contra ti, mas também contra os outros, que também se ofende. Mas, como os pecados, mesmo ocultos, podem causar ofensa ao próximo, é necessário, ainda, neste ponto, distinguir. — Certos pecados ocultos causam dano ao próximo, corporal ou espiritualmente; por exemplo, se alguém trata ocultamente de entregar a cidade aos inimigos; ou se um herético desviar, privadamente, os outros da Fé. E como quem assim peca ocultamente não só peca contra uma determinada pessoa, mas também contra as outras, é necessário se proceda logo à repreensão pública, para o referido dano ser reparado — salvo se houver razões sérias de pensar que os males em questão possam ser conjurados de pronto, por uma advertência secreta. Há outros pecados, porém, que redundam só no mal do pecador e daquele contra o qual ele peca, ou porque este é somente o prejudicado por ele, seja, embora, só pelo conhecimento. E, então, devemos somente ir em auxílio do irmão pecador. E, assim como o médico do corpo deve restituir a saúde ao doente, se puder, sem amputar nenhum membro, mas, se o não puder, cortando o membro menos necessário, para conservar a vida do todo, assim também quem se esforça por emendar o próximo deve, se puder, emendá-lo na sua consciência, para se lhe conservar a boa reputação.”
OBS.: é mister ressaltar: a Igreja é Una, Santa, Católica e Apostólica. Eis o que diz sua Profissão de Fé (Credo/Símbolo). Por conseguinte, depreende-se que é Ela inequívoca, inerrante, infalível, imaculada, perfeita — precipuamente porque é o Corpo Místico de Cristo (que é Deus e indefectível), sendo Ele a cabeça e os fiéis católicos os membros ["Ele é a cabeça do corpo da Igreja, é o princípio..." (Cl 1,18)]. Logo, se há qualquer situação problemática dentro da Santa Igreja Católica, nada tem a ver com a Instituição de per si; nada disso tem relação com Seus Santos Dogmas e com Sua Santa Tradição, os quais são divinos e, desse modo, genuínos, irrepreensíveis e inspirados pelo Espírito Santo (Paráclito). De fato, qualquer situação negativa que, porventura, venha a ocorrer advém senão de falha por parte dos membros constituintes da Santa Igreja de Deus e não Dela enquanto Fé (Corpo Doutrinal), os quais, esses sim, passíveis de pecado e queda, por sua natureza humana, limitada e ferida com o pecado original — diferentemente da Santa Igreja Católica, que é impecável, de natureza sobrenatural e Corpo Espiritual da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, Nosso Senhor Jesus Cristo, refriso.
OBS.: uma simplória, mas pertinente analogia: a medicina é uma prática extremamente importante. Eis uma ciência que, por definição, tem por primeiro objetivo fornecer todo o possível para maximizar a qualidade da vida humana e minimizar os riscos que a ameaçam. Se, por exemplo, um médico é abortista, está indo de encontro a tal referido princípio basilar, o qual rege sua profissão. Ora! Se, ao invés de salvar vidas, ele as ceifa, isso não faz da medicina algo mau, só porque um de seus membros o é — ou vários; ou mesmo a maioria. Não tem qualquer relação com a razão de ser dessa importante Ciência. Há de se observar os princípios que alicerçam o objeto de reflexão e não as casuísticas inerentes a ele. Da mesma maneira, acontece com a Santa Igreja Católica, única e verdadeira religião de Deus: Sua santidade e indefectibilidade indiscutíveis e sobrenaturais devem ser separadas dos atos humanos e suscetíveis a erros, por parte de alguns de Seus membros. Julgar o todo a partir de uma de suas partes constituintes é grave equívoco. Assim como, por exemplo, se uma santa família de trabalhadores tem um de seus dose membros corrompido por pecados e envolvido com ilicitudes. Isso não faz dela um clã de criminosos. Generalizar o que é isolado e tornar regra o que é exceção é conduta miseravelmente errônea. Diz o sábio adágio: “o abuso não tolhe o uso.”
OBS.: detenho-me nessas considerações introdutórias por dois motivos: 1º) A fim de respaldar as exortações que no presente documento registro, na condição de simples fiel católico, pecador miserável e um dos últimos na hierarquia do Exército de Deus, mas ciente de meus direitos e deveres enquanto servo de Nosso Senhor, concernentes ao meu estado de vida — admoestações essas as quais são ação respaldada pela Santa Tradição Católica bi-milenar, nesse Vale de Lágrimas; 2º) Para que todo aquele que, ao acessar os conteúdos presentes neste comonitório e encontrar relatos de alguma defectibilidade por parte de qualquer membro da Santa Igreja Católica, não caia no absurdo erro de interligar tal negativa conjuntura mencionada às Santas Doutrina e Tradição Católicas e Suas respectivas diretrizes. Real espelho de proceder no catolicismo é, em suma, Nosso Senhor Jesus Cristo, a Santíssima Virgem Maria, Sua Mãe, e Seu Bem-Aventurado esposo, São José. Quem os imita tem a certeza de trilhar o caminho mais curto aos Céus, sem a mínima dúvida. Em oposto, o que age em dissonância com a Sagrada Família, incide em perigoso erro e, destarte, não reflete a Santa Igreja de Deus, Suas Leis e ensinamentos advindos da própria Santíssima Trindade.
OBS.: em citações, colchetes vermelhos são intervenções de minha autoria, as quais, a contragosto, tenho de fazer. Alguns textos são traduzidos mecanicamente e, por conseguinte, demandam algumas edições em seus conteúdos. Há, outrossim, conjunturas com erros de tradução, gramaticais, de ambiguidade, de desenvolvimento confuso, escassez de informação, etc. Para esses e outros peculiares casos, sinto-me na delicada, porém necessária obrigação de intervir, de modo que o escrito chegue ao leitor da forma mais inteligível e correta possível, com o mínimo de intervenção e o máximo de originalidade. E, a quem interessar, fica sempre exposta a origem do registro, com link e/ou bibliografia, a fim de que se saiba onde encontrar a fonte por meio da qual acessei a respectiva informação.
OBS.: dôo ao máximo todo o pouco que sei. E, quando não for o suficiente, que o misericordiosíssimo Deus Trino complemente. Amém!
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A SANTA TRADIÇÃO
Antes de tudo, atente-se ao que dizem os dois grandes catecismos da Santa Igreja Católica: o do Sacrossanto Concílio de Trento e o do Papa São Pio X:
"O espírito humano é de tal feitio que, com grande esforço e diligência, consegue investigar por si mesmo e chegar ao conhecimento de certas verdades relativas a Deus. Nunca, porém, poderia conhecer e distinguir, só com a luz natural, a maior parte das verdades que nos levam à Eterna Salvação, para a qual o Homem foi primordialmente criado e formado à imagem e semelhança de Deus.
‘As perfeições invisíveis de Deus’, como ensina o Apóstolo, ‘se conhecem desde a criação do mundo, através das obras que foram criadas, assim como Seu poder sempiterno e Sua divindade.’ Mas, ‘esse Mistério que se conservou oculto de todos os séculos e gerações’, excede tanto a inteligência humana que, ‘se não fora revelado aos Santos, a quem Deus quis fazer conhecer, pelo dom da fé, as riquezas deste Mistério entre os povos — o qual é Cristo —, de nenhum modo poderia o Homem chegar ao conhecimento de tal sabedoria.’
Como, porém, ‘a fé vem do ouvir’, é fácil averiguar que, para a Salvação Eterna, sempre houve mister a função e assistência de um mestre fiel e legítimo. Não foi dito: ‘de que modo hão de ouvir sem pregador? E como hão de pregar, se não forem enviados?’
De fato, desde que o mundo é mundo, por grande bondade e clemência, Deus nunca abandonou Suas criaturas. Mas, em muitas ocasiões e de várias maneiras, falou a nossos pais pelos Profetas; conforme a época em que viviam, ensinou-lhes um caminho reto e seguro para a Bem-Aventurança do Céu.
Tendo predito que enviaria um Mestre de Justiça para iluminar os povos e levar Sua obra de
redenção até os confins da Terra, Deus falou-nos, em último lugar, pela boca de Seu Filho; por uma voz descida do Céu; da majestade de Sua Glória. — Mandou, também, que todos O ouvissem e obedecessem a Seus preceitos.
O Filho, porém, a uns fez Apóstolos; a outros, Profetas; a outros, pastores e mestres: deviam, eles, anunciar a Palavra da Vida, para que não fôssemos levados, como crianças, à mercê de qualquer sopro de doutrina, mas, apoiados na sólida base da Fé, nos edificássemos a nós mesmos, como morada de Deus, no Espírito Santo.
Para que, ouvindo a Palavra de Deus, ninguém A tomasse como palavra humana, mas pelo que Ela é realmente, como palavra de Cristo, quis o próprio Nosso Senhor atribuir tanta autoridade ao Magistério de Seus Ministros que chegou a declarar: ‘quem vos ouve, a Mim é que ouve; e quem vos despreza, a Mim é que despreza’.
Sem dúvida, não queria aplicar estas palavras só aos discípulos, com os quais falava daquela feita, mas também a todos os outros que, por legítima sucessão, assumissem o encargo de ensinar. A todos eles prometeu assistência, dia por dia, até a consumação dos séculos.
Esta pregação do verbo divino nunca deve interromper-se no seio da Igreja. Hoje em dia, porém, é preciso trabalhar com maior zelo e piedade para nutrirmos e fortalecermos os fiéis com o alimento vivificante que só lhes pode dar uma Doutrina pura e salutar.
É que saíram pelo mundo falsos profetas, dos quais disse o Senhor: ‘Eu não enviava esses Profetas, e eles corriam; Eu não lhes falava, e, ainda assim, eles profetavam’.
Destarte, queriam corromper os ânimos cristãos com ‘doutrinas estranhas e fora do comum’. Armados de todas as astúcias diabólicas, tão longe levaram, nesse ponto, sua impiedade que já parece quase impossível detê-los em firmes barreiras.
Nós nos apoiamos na admirável promessa de Nosso Senhor, que afirmou ter lançado os alicerces de Sua Igreja com tanta firmeza que as portas do inferno jamais [prevalecerão] contra Ela. Do contrário, muito seria para temer que [a Igreja] viesse a ruir na época atual.
De toda a parte A vemos cercada de muitos inimigos, atacada e perseguida com toda a sorte de hostilidades.
Nobres terras, que outrora guardavam, com tanto respeito e tenacidade, a verdadeira Fé Católica que herdaram de seus maiores, deixaram agora o reto caminho e caíram no erro. Proclamam, abertamente, que sua maior piedade está em afastarem-se, o mais possível, da Tradição de seus pais.
Sem falar de tais nações, ainda assim já não se encontra nenhuma região tão longínqua, nenhuma praça tão guarnecida, nenhum rincão da cidade cristã, em que esta peste não tenha procurado insinuar-se furtivamente.
(...) Os Padres do Ecumênico Concílio de Trento tomaram, por conseguinte, a firme resolução de oporem salutar remédio a um mal tão grave quão funesto. Não julgavam bastante definir os pontos capitais da Fé Cristã contra as heresias da nossa época, mas consideravam-se na obrigação de estabelecer um programa fixo para a instrução religiosa do povo [o Catecismo Romano do Sacrossanto Concílio de Trento; um compêndio da Santa Tradição Católica.]...
1) Poderia o Homem conhecer, só pela luz da razão, todos os seus deveres para com Deus?
Não os poderia. Por isso é que Deus lhos revelou, desde o princípio do mundo, conforme consta da tradição dos povos, dos monumentos históricos...
2) Como a Religião Revelada se conservou e propagou através dos séculos?
Conservou-se, primeiro, pela Tradição dos Patriarcas; segundo, pelo Magistério dos Profetas; terceiro, pela instituição do Sacerdócio judaico, que durou desde Moisés até Jesus Cristo; quarto, pela missão divina de Jesus Cristo, dos Apóstolos e Seus legítimos sucessores.
6) Como se divide a Doutrina Cristã?
Divide-se em quatro partes, abrangendo o que o cristão deve crer, fazer, receber e pedir. Com outras palavras, compreende: o Símbolo, o Decálogo, os Sacramentos e a Oração.
7) Que é a fé? [“fé” é uma palavra com duplo sentido: em grafia minúscula significa “crença”; em grafia maiúscula quer dizer “Religião Católica”. Infelizmente, nem sempre é escrita com essa distinção, o que dificulta, em muitas conjunturas, a correta interpretação do texto. É o caso desse documento, que usa sempre minúscula para ambos sentidos, deixando a cargo do leitor o escorreito entendimento por contextualização. Não tenho acesso ao Catecismo Romano original, em latim. Portanto, respeitarei a impressão vernácula que tenho em mãos.]
A fé é a convicção firme e inabalável que temos [nas] coisas reveladas por Deus e propostas a crer pelo Magistério Infalível da Igreja.
8) A fé [Religião Católica] é necessária para a salvação?
É necessária, pois que sem a fé não podemos conhecer a Deus e a Jesus Cristo, nem os deveres que a Religião nos impõe a cada um de nós.
9) A fé poderá enganar-nos?
Não pode, porque Deus é a própria verdade, e prometeu assistência à Igreja até o fim dos séculos.
10) A fé é igual em todos os crentes?
É igual quanto ao seu objeto, mas, quanto ao conhecimento individual, pode crescer em cada cristão e tornar-se mais viva e operante. [fé advém da graça; um dom divino, misericordiosamente dado, o que inclina o agraciado a aprofundar-se nela por meio do intelecto. Por isso diz-se “conhecimento” e não “sentimento”. Não há relação direta com sentimento, mas com a razão e a adesão.]
11) Qual é o objeto da fé?
São as verdades contidas no Símbolo dos Apóstolos [Santos Dogmas; “coluna vertebral do catolicismo”], isto é, no sumário das verdades ensinadas por Jesus Cristo. O Símbolo foi composto pelos Apóstolos, antes de se espalharem pelo mundo para a pregação do Evangelho. Sua finalidade era conservar em toda a parte a mesma expressão de uma só fé.
12) Como se divide o Símbolo?
Divide-se em 12 Artigos. Podemos, todavia, reduzi-lo a três principais: a primeira diz respeito a Deus Pai e à obra da Criação; a segunda se refere a Deus Filho e à obra da Redenção; a terceira fala do Espírito Santo e da obra da santificação.
16) Que nos ensina a fé, a respeito de Deus?
A fé nos ensina, desde a nossa infância, que Deus existe, e que Suas perfeições são infinitas. São estas verdades que a filosofia humana jamais conseguiu desvendar em sua totalidade. A fé nô-las representa, por revelação de Deus e pelos testemunhos da Escritura." (Catecismo Romano do Sacrossanto Concílio de Trento [1545 d.C. - 1563 d.C.]. Proêmio; e Sumário Catequético.)
"80) Como sabemos nós que Jesus Cristo é verdadeiro Deus?
Sabemos que Jesus Cristo é verdadeiro Deus:
1) Pelo testemunho do Pai Eterno, quando disse: Este é O Meu Filho muito amado, no qual tenho posto todas as Minhas complacências: ouvi-O;
2) Pela afirmação do próprio Jesus Cristo, confirmada com os mais estupendos milagres;
3) Pela Doutrina dos Apóstolos;
4) Pela Tradição constante da Igreja Católica.
297) É-nos necessário cumprir a vontade de Deus?
É-nos tão necessário cumprir a vontade de Deus como nos é necessário conseguir a Salvação Eterna, porque Jesus Cristo disse que só entrará no Reino dos Céus quem tiver feito a vontade de Seu Pai.
298) De que maneira podemos conhecer qual a vontade de Deus a nosso respeito?
A Vontade de Deus nos é manifestada pelos Mandamentos de Sua Lei e pelos preceitos de Sua Santa Igreja. Nossos superiores espirituais, postos por Deus para guiar-nos no caminho da Salvação, nos orientam a fim de que conheçamos os desígnios particulares da Providência a nosso respeito; desígnios que se podem manifestar em divinas inspirações ou nas circunstâncias em que o Senhor nos tenha colocado.
299) Devemos sempre reconhecer a vontade de Deus nas prosperidades ou adversidades da vida?
Tanto nas prosperidades como nas adversidades da vida presente devemos reconhecer sempre a vontade de Deus, o qual tudo dispõe ou permite para nosso bem.
300) Quer dizer que Deus nos revela Sua vontade pelos sinais dos tempos?
Não. A Revelação Divina encerrou-se com a morte do último Apóstolo, de maneira que não há mais Revelação Pública necessária para a salvação. A afirmação de que devemos ver em todas as coisas a vontade de Deus diz apenas que todas as coisas estão sujeitas à Santíssima vontade de Deus, de maneira que mesmo o mal não acontece sem uma permissão de Deus, que sabe tirar o bem do mal, e por isso o permite. E como Deus tem sobre os Homens uma amorosa providência, devemos ver em todos os acontecimentos, bons ou maus, um desígnio de Deus, que visa nossa Salvação Eterna.
870) Onde se acham as verdades que Deus revelou?
As verdades que Deus revelou acham-se na Sagrada Escritura e na Tradição.
885) Dizei-me: o que é a Tradição?
A Tradição é a palavra de Deus não escrita, mas comunicada de viva voz por Jesus Cristo e pelos Apóstolos, e que chegou sem alteração, de século em século, por meio da Igreja, até nós.
886) Onde se acham os ensinamentos da Tradição?
Os ensinamentos da Tradição acham-se principalmente nos decretos dos Concílios, nos escritos dos Santos Padres, nos atos da Santa Sé, nas palavras e nos usos da Sagrada Liturgia.
887) Em que consideração se deve ter a Tradição?
A Tradição deve ter-se na mesma consideração em que se tem a Palavra de Deus, contida na Sagrada Escritura. [A Palavra de Deus é parte da Santa Tradição, que tem conjunturas positivadas (escritas) e outras mantidas apenas no âmbito da oralidade. — “Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever.” (Jo 21,25)]" (Papa São Pio X. Catecismo Maior de São Pio X.)
A palavra “tradição” tem berço no verbete latino “traditio”, o qual, por sua vez, deriva do particípio “tradere”, que significa “entregar”, “passar adiante”. E esse verbo, “tradere”, advém da junção entre “trans” (“além”; “adiante”) + “dare” (“dar”; “entregar”). Portanto, “tradição” significa “passar algo a alguém”, “manter a raiz, a essência, o conteúdo de algo e transmitir a outrem, a fim de que se mantenha a mesma árvore e os mesmos frutos.”
Como podem os "filhos de Lutero" terem raiz e tradição se eles sequer possuem sucessão apostólica, hierarquia, ordenamento, mandamentos imutáveis, etc.? — E, ainda que tivessem, não passariam de seitas difusas, que há cinco séculos combatem contra Nosso Senhor e a favor de Seu inimigo.
Para além disso, têm os revoltosos a petulância de arrogarem-se instrumentos da Providência, asseverando serem a versão consertada do catolicismo, como se a Esposa de Cristo não fosse Una, Santa, Católica e Apostólica.
Francamente: isso é de um descalabro teológico inadjetivável, sem mencionar o incomensurável desrespeito.
Lamentável ver tantas "igrejolas" que, perniciosamente, aliciam almas, as põem em periculosa situação de pecado mortal e, por consequência, expõem-lhas ao risco de perda da Salvação Eterna.
"’Nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas só o que faz a vontade de Meu Pai, que está nos Céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu nome, e em Teu nome expulsamos os demônios, e em Teu nome fizemos muitos milagres? E, então, Eu lhes direi bem alto: nunca vos conheci! Apartai-vos de Mim, vós que obrais a iniquidade! Todo aquele, pois, que ouve estas Minhas palavras e as observa será semelhante ao homem prudente que edificou a sua casa sobre rocha. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa, mas ela não caiu, porque estava fundada sobre rocha. Todo o que ouve estas minhas palavras e não as pratica será semelhante ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre areia. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa, e ela caiu, e foi grande a sua ruína.’” (Mt 7,21-27)
É mister ressaltar que a Santa Tradição Católica é composta pela Tradição Oral e pela Tradição Escrita.
1 – TRADIÇÃO ORAL
A primeira diz respeito aos ensinamentos de Cristo aos Apóstolos, os quais passaram aos seus sucessores e discípulos e assim por diante — o que se mantém até os dias atuais. Por isso se diz que a Igreja é Una, Santa, Católica e Apostólica, uma vez que Sua hierarquia advém de Jesus, que a instituiu por meio de São Pedro (Papa) e dos outros Apóstolos (Bispos). —
Assim, somente o Papa pode sagrar Bispos; e apenas Bispos podem sagrar Sacerdotes. Por conseguinte, não existe Padre, Bispo ou Pastor que não seja católico, pois a única autoridade para instituir um Sacerdote advém da Igreja de Jesus Cristo, a Católica (autoridade essa que é passada de geração em geração por meio da sucessão apostólica). — Aliás, Sacerdote é aquele que tem a autoridade de efetivar um Sacrifício. Tanto é que, no Antigo Testamento, eram chamados assim aqueles que tinha a responsabilidade de sacrificar os animais, no templo, para oferecê-los como holocausto, ao Criador. —
A Santa Missa é a renovação do Sacrifício de Jesus Cristo no Calvário. O pão e o vinho — pelas mãos consagradas do Sacerdote, após as sagradas orações eucarísticas por ele proferidas —, se transubstanciam em corpo e sangue de Nosso Senhor. E esse Deus Filho (Deus com o Pai e o Espírito Santo) é oferecido em sacrifício a Deus Pai (Deus com o Filho e o Espírito Santo), como pagamento de nossas dívidas (pecados). É, em suma, Deus oferecendo-se a Deus, para nos redimir. É um Mistério de Fé. E Mistério de Fé é tudo aquilo que o Homem não compreende ou entende precariamente (pouco), mas tem por dever submeter-se a tal verdade, por divina que é.
Então, a Santa Missa é um sacrifício. E por esse motivo o Sacerdote age “in persona Crhisti” (na pessoa de Cristo), pois no ato eucarístico não é ele quem anuncia o sacrifício, mas o próprio Cristo, por meio de sua pessoa. — Daí não poder jamais haver sacerdotisas, pois Jesus é homem e logicamente só um homem pode agir “in persona Christi”, representando-O. Uma mulher não pode representar um homem e vice-versa.
Repita-se: por todos esses motivos é que não existem “pastores protestantes” nem “bispos protestantes” nem "guias espirituais" espíritas (ou algo ao que o equivalha) nem Sacerdotes fora da Santa Igreja Católica. Só há autoridade eclesiástica advinda da sucessão apostólica bi-milenar. Ou seja, só há autoridade eclesiástica no catolicismo, que é a única Religião de Cristo, por ele instituída e confiada a São Pedro e aos Seus Apóstolos.
"Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal." (2 Pd 1,20)
"Chegando ao território de Cesareia de Filipe, Jesus perguntou a Seus discípulos: ‘no dizer do povo, quem é o Filho do Homem?’ Responderam: ‘uns dizem que é João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou um dos Profetas.’ Disse-lhes Jesus: ‘e vós quem dizeis que Eu sou?’ Simão Pedro respondeu: ‘Tu és o Cristo, o Filho de Deus Vivo!’ Jesus, então, lhe disse: ‘feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas Meu Pai, que está nos Céus. E Eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra Ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus.” (Mt 16,15-19)
"Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles. Disse-lhes Ele: ‘a paz esteja convosco!’ Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor. Disse-lhes outra vez: ‘a paz esteja convosco! Como o Pai Me enviou, assim também Eu Vos envio a vós.’ Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: ‘recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, lhes serão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, lhes serão retidos.” (Jo 20,19-23)
"Era esta já a terceira vez que Jesus se manifestava aos Seus discípulos, depois de ter ressuscitado. Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: 'Simão, filho de João, amas-me mais do que estes?' Respondeu ele: 'sim, Senhor! Tu sabes que te amo.' Disse-lhe Jesus: 'apascenta os Meus cordeiros.' Perguntou-lhe outra vez: 'Simão, filho de João, amas-me?” Respondeu-lhe: 'sim, Senhor! Tu sabes que te amo.' Disse-lhe Jesus: 'apascenta os Meus cordeiros.' Perguntou-lhe pela terceira vez: 'Simão, filho de João, amas-me?' Pedro entristeceu-se, porque lhe perguntou pela terceira vez: 'amas-me?' —, e respondeu-lhe: 'Senhor, sabes tudo; Tu sabes que te amo.” Disse-lhe Jesus: 'apascenta as Minhas ovelhas.' (Jo 21,14-17)
"Tornai-vos os meus imitadores, como eu o sou de Cristo. Eu vos felicito, porque em tudo vos lembrais de mim, e guardais as minhas instruções, tais como eu vô-las transmiti." (1Cor 11,1-2)
"Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa." (2Ts 2,15)
"Intimamo-vos, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que eviteis a convivência de todo irmão que leve vida ociosa e contrária à Tradição que de nós tendes recebido." (2Ts 3,6)
Esses atos de Jesus Cristo deixam evidente o dia santo para os cristãos, Domingo, bem como qual é a Igreja de Deus, Seu Papa e Seus Bispos. Isto é Dogma, é Sã Doutrina, e corroborada, inclusive, pelas Sagradas Escrituras. Quem nega tais verdades não tem a Fé e não tem parte com Cristo, pois nega-O, bem como Sua Religião, que é, nos dizeres do próprio São Paulo, o Corpo Místico de Cristo.
"Rendei graças, sem cessar e por todas as coisas, a Deus Pai, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo! Sujeitai-vos uns aos outros no temor de Cristo. As mulheres sejam submissas a seus maridos, como ao Senhor, pois o marido é o chefe da mulher, como Cristo é o chefe da Igreja, seu corpo, da qual ele é o Salvador. Ora, assim como a Igreja é submissa a Cristo, assim também o sejam em tudo as mulheres a seus maridos. Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a pela água do Batismo com a palavra, para apresentá-la a si mesmo toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim os maridos devem amar as suas mulheres, como a seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo. Certamente, ninguém jamais aborreceu a sua própria carne; ao contrário, cada qual a alimenta e a trata, como Cristo faz à sua Igreja — porque somos membros de Seu corpo. Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois constituirão uma só carne (Gn 2,24). Esse Mistério é grande, quero dizer, com referência a Cristo e à Igreja. Em resumo, o que importa é que cada um de vós ame a sua mulher como a si mesmo, e a mulher respeite o seu marido." (Ef 5,20-33)
"A respeito dos dons espirituais, irmãos, não quero que vivais na ignorância. Sabeis que, quando éreis pagãos, vos deixáveis levar, conforme vossas tendências, aos ídolos mudos. Por isso, eu vos declaro: ninguém, falando sob a ação divina, pode dizer: ‘Jesus seja maldito’; e ninguém pode dizer: ‘Jesus é o Senhor’, senão sob a ação do Espírito Santo. Há diversidade de dons, mas um só Espírito. Os ministérios são diversos, mas um só é o Senhor. Há também diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum. A um é dada pelo Espírito uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de ciência, por esse mesmo Espírito; a outro, a fé, pelo mesmo Espírito; a outro, a graça de curar as doenças, no mesmo Espírito; a outro, o dom de milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, a variedade de línguas; a outro, por fim, a interpretação das línguas. Mas um e o mesmo Espírito distribui todos esses dons, repartindo a cada um como Lhe apraz. Porque, como o corpo é um todo com muitos membros, e todos os membros do corpo, embora muitos, formam um só corpo, assim também é Cristo. Em um só Espírito fomos batizados todos nós, para formar um só corpo, judeus ou gregos, escravos ou livres; e todos fomos impregnados do mesmo Espírito. Assim, o corpo não consiste em um só membro, mas em muitos. Se o pé dissesse: ‘eu não sou a mão; por isso, não sou do corpo’, acaso deixaria ele de ser do corpo? E se a orelha dissesse: ‘eu não sou o olho; por isso, não sou do corpo’, deixaria ela de ser do corpo? Se o corpo todo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se fosse todo ouvido, onde estaria o olfato? Mas Deus dispôs no corpo cada um dos membros como Lhe aprouve. Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? Há, pois, muitos membros, mas um só corpo. O olho não pode dizer à mão: ‘eu não preciso de ti’; nem a cabeça aos pés: ‘não necessito de vós.’ Antes, pelo contrário, os membros do corpo que parecem os mais fracos são os mais necessários. E os membros do corpo que temos por menos honrosos, a esses cobrimos com mais decoro. Os que em nós são menos decentes, recatamo-los com maior empenho, ao passo que os membros decentes não reclamam tal cuidado. Deus dispôs o corpo de tal modo que deu maior honra aos membros que não a têm, para que não haja dissensões no corpo e que os membros tenham o mesmo cuidado uns para com os outros. Se um membro sofre, todos os membros padecem com ele; e se um membro é tratado com carinho, todos os outros se congratulam por ele. Ora, vós sois o Corpo de Cristo e cada um, de sua parte, é um dos Seus membros. Na Igreja, Deus constituiu primeiramente os Apóstolos, em segundo lugar os Profetas, em terceiro lugar os Doutores, depois os que têm o dom dos milagres, o dom de curar, de socorrer, de governar, de falar diversas línguas. São todos Apóstolos? São todos Profetas? São todos Doutores? Fazem todos milagres? Têm todos a graça de curar? Falam todos em diversas línguas? Interpretam todos? Aspirai aos dons superiores. E agora, ainda vou indicar-vos o caminho mais excelente de todos. Ainda que eu falasse as línguas dos Homens e dos Anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada. Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria! A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará. A nossa ciência é parcial, a nossa profecia é imperfeita. Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Desde que me tornei homem, eliminei as coisas de criança. Hoje, vemos como por um espelho, confusamente; mas, então, veremos face a face. Hoje, conheço em parte; mas, então, conhecerei totalmente, como eu sou conhecido. Por ora, subsistem a fé, a esperança e a caridade — as três. Porém, a maior delas é a caridade." (1Cor 12-13)
Eis algumas verdades componentes da Santa Tradição Católica, várias das quais foram escritas na Bíblia, mas nem todas — algumas, inclusive, registradas por meio de documentos de Santos, de Papas, de Sacrossantos Concílios, etc. (Magistérios Extraordinários e Ordinários da Santa Igreja; infalíveis).
Por tratar da Sagrada Escritura, urge frisar que a "bíblia protestante" não é senão uma profanação da Santa Palavra de Deus, pelo protestantismo mutilada, sintetizada, deturpada e ultrajada.
É mister registrar: Magistério Ordinário é a repetição das Verdades de Fé e dos Dogmas pela Hierarquia da Santa Igreja (Papa, Bispos e Padres), toda ela em uníssono. Magistério Extraordinário é a alocução de um Papa, de modo extraordinário, acerca de um dado tema, o qual versa sobre Fé, moral ou costumes que envolvem todos os católicos (alocução “ex cathedra”, da cátedra de São Pedro; ou seja, fala o Espírito Santo por meio do Sumo Pontífice, assim como fala também por meio do Magistério Ordinário, que é a confirmação da Santa Doutrina por todo o corpo clerical, em respeito à ortodoxia).
E, ainda, é imprescindível saber: Verdade de Fé é uma revelação divina. Dogma é uma Verdade de Fé confirmada pela Santa Igreja, por meio do Magistério Extraordinário, ou seja, através de um documento papal ex cathedra ou de um Concílio Geral.
Refrise-se: nem todas as Verdades de Fé foram ratificadas pelo Magistério Extraordinário, a ponto de serem proclamadas Dogmas. Isso reforça a engrenagem da Fé, ensinando-nos a submetermo-nos a tudo que advém de Deus, pela Santa Tradição, independentemente de compreendermos ou não; de estar ou não acessível aos nossos sentidos. — E eis aí mais uma comprovação do cumprimento da promessa de Nosso Senhor, quando nos garantiu que o Paráclito (Espírito Santo) sempre estaria a conduzir Sua Santa Igreja:
"’Toda autoridade Me foi dada no Céu e na Terra. Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo.’” (Mt 28,18-20)
"'Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a Terra será ligado no Céu, e tudo o que desligardes sobre a Terra será também desligado no Céu.'” (Mt 18,18)
Como supracitado, é sabido que a Santa Tradição Católica é constituída de dois componentes: o fator oral e o fator escrito. Detenhamo-nos, agora, no concernente aos escritos.
Não tratarei, aqui, do que foi deixado pelos Santos, Doutores ou mesmo Papas, mas exclusivamente das Sagradas Escrituras.
† † †
2 – TRADIÇÃO ESCRITA
Os espíritas, protestantes e muitos outros sectários, contraditoriamente, se dizem fiéis à Bíblia, mas isso é uma inverdade colossal. Ora! A própria Sagrada Escritura ordena que não seja sua interpretação livre, mas condicionada à Hierarquia da Santa Igreja, que é guiada pelo Espírito Santo. No entanto, o terrível Lutero, com sua revolução protestante, proliferou o gravíssimo pecado do “livre exame das Sagradas Escrituras”.
E não apenas isso, mas, em desobediência à Hierarquia Católica (que detém a autoridade da tradução da Bíblia), tomou a liberdade de traduzi-La à sua mercê, alterando os originais, mutilando Livros Santos e, inclusive, descartando 7 deles (Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, 1ª epístola aos Macabeus e 2ª epístola aos Macabeus. Algo sem precedentes na História. — E, para além disso, tentou desacreditar Apocalipse e a Carta de São Tiago, mas nessas duas últimas matérias nem mesmo seus sequazes apoiaram-no).
Refrise-se: "antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal." (2 Pd 1,20) — Quem escreveu tais palavras foi São Pedro, aquele mesmo a quem Cristo instituiu Papa e para o qual dera-lhe as chaves do Reino dos Céus:
“E Eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra Ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus.” (Mt 16,18-19)
Seguindo o mesmo rumo das centenas de seitas heréticas e pagãs, que se pretendem e prometem luz, mas nada são além de trevas, sobretudo as nascidas pós-revolução protestante (Século XVI d.C.), destarte caminham os inimigos da Santa Igreja Católica, expondo-se ao perigo da perene danação do inferno, instantemente dependentes da graça que os desperte a tempo de redirecionarem-se à salvação que só se obtém no catolicismo (“Extra Ecclesia Nulla Salus” (“Fora da Igreja Não Há Salvação”) — Dogma de Fé, ratificado no IV Concílio de Latrão e no Concílio de Trento).
† † †
E, quanto à estultícia e mentecaptalidade do pecado contido no ato de se alterar a Palavra de Deus: disso nasceu a "bíblia protestante".
Quanta soberba! Quanta audácia a desses loucos e desorientados que ousam tocar no que é sagrado e profaná-Lo!
Acima, por diversas vezes fora mencionada a Santa Tradição, que iniciara-Se com as revelações de Deus ao Patriarca Abraão, foram ratificadas por Cristo e salvaguardada pelos Seus Apóstolos e respectivos sucessores:
“Não julgueis que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim (para os) abolir, mas sim (para os) cumprir, porque, em verdade vos digo: antes, passarão o Céu e a Terra, que passe da Lei um só iota ou um ápice, sem que tudo seja cumprido.” (Mt 5, 17-18)
E não são poucos os que, miseravelmente, rebelam-se contra a única e Santa Igreja de Cristo, a Católica, sob pérfidos sofismas atrelados à falácia de que só o que se encontra nas Sagradas Escrituras tem força de Lei.
Ora! O cânon bíblico foi estabelecido no Concílio de Hipona (África), no ano 393 d.C.. Indago, então, aos inimigos do catolicismo: como pensam eles ter sobrevivido a Santa Igreja Católica, a cristandade inteira, por quatro séculos sem Bíblia?
Acaso, creem tais insanos amotinados que o cristianismo só passou a existir após o Século V (anos 400 d.C.)?
E a verdadeira Bíblia, na qual os "descendentes de Lutero" baseiam sua falsa, adulterada e mutilada “sagrada escritura”, foi compilada pela Santa Igreja Católica, através da condução do Espírito Santo, em Magistério Extraordinário, no Concílio de Hipona (África), em 393 d.C., refrise-se!
Ora! Se tais revoltosos desacreditam a autoridade da Hierarquia Católica — bem como os cismáticos orientais (“igreja católica ortodoxa”, a qual usurpa o nome da Santa Igreja, mas não passa de uma seita, a exemplo dos protestantes) — como única e inspirada pelo Paráclito, como fizeram uso das Sagradas Escrituras por Ela indexadas?
Os inimigos de Cristo não são mais que um abjeto séquito naufragado em um mar de contradições, e onde há contradição há mentira; onde há mentira há seu pai, o demônio. Por isso suas doutrinas são satânicas e malditas, bem como todas as seitas que ludibriam as almas (sobretudo as menos doutas), encaminhando-lhas ao fogo sem fim, onde há somente "choro e ranger de dentes" (Mt 8,12; 25,30).
Quanto a tais lobos em pele de cordeiro, que camuflam suas mentiras em máscaras de verdades, alertara o próprio Cristo:
"O machado já está posto à raiz das árvores: toda árvore que não produzir bons frutos será cortada e lançada ao fogo.” (Mt 3,10)
“Toda árvore boa dá bons frutos; toda árvore má dá maus frutos. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má, bons frutos. Toda árvore que não der bons frutos será cortada e lançada ao fogo.” (Mt 7, 17-19)
“Ou dizeis que a árvore é boa e seu fruto bom, ou dizeis que é má e seu fruto, mau; porque é pelo fruto que se conhece a árvore.” (Mt 12,33)
“O machado já está posto à raiz das árvores. E toda árvore que não der fruto bom será cortada e lançada ao fogo.” (Lc 3,9)
“Uma árvore boa não dá frutos maus, uma árvore má não dá bom fruto. Porquanto cada árvore se conhece pelo seu fruto. Não se colhem figos dos espinheiros, nem se apanham uvas dos abrolhos.” (Lc 6,43-44)
Estejam as ovelhas atentas, porque há lobos disfarçados, a fim de confundi-las, conduzi-las e fadá-las à perdição. E o aprisco de Cristo é o único refúgio possível contra os infernos.
Rezo para que a criação do Bom Pastor, marcada com o indelével e perene sinal (Santo Batismo) jamais se aparte de Seu redil; para que as ovelhas perdidas reencontrem o caminho de volta e não tornem a sair; e para as que nunca entraram, a fim de que obtenham tal incomensurável graça e nela permaneçam.
† † †
A UTILIZAÇÃO DE IMAGENS
Antes de tudo, é mister informar a distinção entre os cultos de latria, dulia e hiperdulia:
• Latria: culto de adoração ao Deus Trino;
• Dulia: culto de veneração aos Santos e hierarquia angélica;
• Hiperdulia: culto de especial veneração à Santíssima Maria, que está abaixo do Deus Trino, mas acima de todos os Anjos e Santos.
Importantíssimo recordar que venerar é diferente de adorar. Adorar é o ato de reconhecer a quem se adora como Deus, eterno, perfeito, todo-poderoso, ilimitado e criador do Céu e da Terra, de tudo que é visível e invisível, como proclama o Credo quanto à Santíssima Trindade.
A ação de venerar é totalmente distinta da de adorar, uma vez que nela não se reconhece a quem se venera como Deus. Diferente disso, a veneração trata de honrar, respeitar e admirar o ser venerado, concebendo-o como exemplo a ser seguido — no âmbito religioso, diz respeito a reconhecer a santidade de outrem e tê-lo como exemplar de quem obedeceu a Deus e/ou imitou a Cristo de modo notável, ordenando suas ações à Divina Lei.
Santo Elias, o Profeta, por exemplo, não pôde imitar a Cristo, pois esse ainda não havia vindo ao mundo, mas submeteu-se a todas as vontades de Deus, que o fez portento instrumento em Suas mãos, tornando grande a sua santidade.
São João, o Apóstolo mais amado por Jesus, esse conheceu a Cristo pessoalmente. São Paulo, o grande Apóstolo, não teve essa graça, mas esteve com os que ladearam o Mestre. Ambos, por saberem (direta ou indiretamente acerca de Jesus), O imitaram com fidelidade e por isso tornaram-se grandes Santos.
Quem tem uma imagem de São João e/ou de São Paulo não a adora, mas sim demonstra admiração, respeito, reconhecimento da santidade alcançada pelo ser que aquele objeto representa.
Os Santos o são por terem, no decorrer de sua jornada pelo Vale de Lágrimas que é a vida terrena, aproximado-se bastante da perfeição, ao buscarem lealdade às Leis de Deus e/ou imitar a Jesus Cristo ao máximo, no pensar, agir, falar e escrever. — "’Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai Celeste é perfeito.’" (Mt 5,48)
Jesus, obviamente, por ser Deus e Senhor de toda ciência, bem sabe que nenhum ser humano pode ser perfeito, senão a própria Santíssima Trindade. Todavia, ordena-nos que persigamos, assim mesmo, a perfeição, como se possível fosse alcançá-la, porquanto eis a atitude que nos porá em condição mais próxima da dos Anjos, em pureza e santidade, o que muito agradará ao Criador, em amizade pôr-nos-á com Ele e, por conseguinte, far-nos-á desfrutar da Beatífica Visão (Salvação Eterna).
Destarte, ao se venerar, por exemplo, o Arcanjo São Miguel, fiel a Deus na revolta dos Anjos, perpetrada por lúcifer, nos Céus, está-se a honrar sua atitude, a admirá-la, a respeitá-la e, por conseguinte, em inclinação a imitá-la. E o mesmo com relação à Nossa Senhora e aos Santos.
Portanto, esclareçamos alguns conceitos deturpados ou mesmo desconhecidos pelos incautos protestantes:
• Imagem: é a representação de um ser em seu aspecto físico, material. Por exemplo: a fotografia ou escultura de um objeto, planta, animal ou humano;
• Ídolo: é um objeto criado pelo ser humano — ou mesmo advindo por meios naturais e espontâneos — do reino animal, vegetal ou mineral, e que é tido como deus ou a representação de algum falso deus. É também considerado ídolo uma pessoa ou entidade (demônio) a quem se atribui divindade. Era o costume, por exemplo, dos gregos e romanos politeístas, antes da conversão à Fé: pagãos idólatras e politeístas. Adoravam objetos, pessoas, o sol, a lua e pseudodivindades espirituais, que, na verdade, não passam de genuínos demônios. Em resumo, ídolo é tudo aquilo a que se atribui divindade, mas, realmente, trata-se de uma criatura (algo criado) e não do Criador (Deus único, eterno, feitor da vida e do mundo);
• Idolatria: é o mortal pecado de, conscientemente, adorar um falso deus, ou seja, considerá-lo eterno e/ou perfeito e/ou todo-poderoso e/ou ilimitado e/ou criador do Céu e da Terra, de tudo que é visível e invisível.
É mister conhecer: a adoração a Deus e a adoração a um ídolo, objetivamente são iguais, mas subjetivamente opostas. Em outras palavras: adorar a Deus e a um ídolo são gestos materialmente iguais, mas formalmente contrários. Por exemplo: um médico abre o peito de um indivíduo, no intento de restaurar o funcionamento de seu coração — ação que salvará o moribundo da morte iminente. Um homicida abre o peito de uma pessoa — ato motivado pelo anseio de paralisar suas funções cardíacas e a induzir ao óbito. Materialmente (objetivamente), ambas as ações tratam da abertura do tórax de outrem, mas formalmente (subjetivamente) a primeira almeja salvar-lhe a vida, enquanto a segunda deseja dar-lhe cabo dela. Ou seja: ações iguais, com intenções diferentes.
Assim, a adoração é, em sentido essencial, um ato intrínseco à intenção de quem o executa.
É, outrossim, indispensável refrisar: adorar e venerar são dois verbos muitíssimo mal empregados por inimigos da Fé, por falta de conhecimento ou maldade, pois, embora pressuponham gestos objetivamente (materialmente) iguais, são subjetivamente (formalmente) distintos. Quem adora reconhece o ser adorado como Deus e quem venera concebe a criatura venerada como não sendo Deus, mas simplesmente digna de admiração e respeito. — E quando se trata de objetos sagrados, como a Arca da Aliança, as relíquias de Jesus Cristo, etc., a veneração a eles se dá por serem tais ícones um sinal da presença de Deus, algo que teve contato com Ele ou mesmo por Ele dado a outrem, e, portanto, sagrados.
Há, ainda, a veneração de cunho não-religioso — essa de caráter exclusivamente sentimental e não espiritual. É o caso de uma foto guardada ou mesmo emoldurada de um ente querido; ou de uma estátua, em praça pública, de um herói que salvou vidas; etc.: conjunturas em que a imagem serve como recordação, pura e simplesmente; sinal de respeito, honraria, admiração e sentimento afetivo por quem ali é representado.
Portanto, venerar não necessariamente significa reconhecer o ser venerado como santo ou divino. Pode acontecer ou não, a depender de quem se venera e de quem é venerado. — A título de exemplificação: quando se gosta ou não de alguém presente em uma fotografia, o respectivo sentimento não se dirige propriamente ao material fotográfico no qual consta a tal imagem, mas sim à pessoa real, ali representada. Via de regra, não se sente desprezo ou amor por uma foto, mas pelo ente que aparece virtualmente nela.
Por exemplo: se tenho a imagem de Nosso Senhor Jesus e uma foto de minha família e as beijo, trago-lhas sobre o peito, com afeto; se as guardo em lugar de destaque, em minha casa, etc.; isso tem significações distintas:
1) No caso da pintura de Cristo: quer dizer que estou tratando com respeito aquela representação, pois se refere a Deus, que adoro, assim como adoro Sua imagem real (forma humana do Deus Filho, Verbo Encarnado), mas não as representações de Seu aspecto físico — no caso de Jesus é possível adorar Seu visual verdadeiro, pois ele materializou-se em figura humana, o que não ocorre com Deus Pai e Deus Espírito Santo, que são totalmente espirituais e, assim sendo, não conseguimos, com olhar humano, enxergar Suas Pessoas. Portanto, quanto à referida pintura, se o que contemplo não é o visual real de Jesus, mas um ícone que representa Sua genuína imagem, então esse objeto eu venero, não adoro; ou seja, o trato com deferência, porque ilustra o Bom Pastor, que é Deus com o Pai e com o Espírito Santo. E o beijar e abraçar é simbólico, pois sei que não é o próprio Salvador ali, mas denota meu desejo em beijar-Lhe os pés, abraçá-Lo, descansar minha cabeça sobre Seu Sacratíssimo Coração, como o fez São João e Santa Margarida Maria Alacoque. Em suma, é a representação do Messias e, não podendo tocá-Lo, tato Vossa ilustração como se estivesse contatando-O, mas ciente de que não o estou, porém, demonstrando meu desejo em fazê-lo e, para além disso, externando, por esses gestos de reverência, minha submissão e respeitabilidade em relação a Ele e à Sua imagem ali esboçada. Trata-se apenas de uma matéria insensível (objeto), mas seu valor encontra-se no fato de aludir à Segunda Pessoa da Santíssima Trindade; e, por conseguinte, meu tratamento de zelo em relação a ele reflete a estima que tenho por quem ele representa. Então, o verbo "venerar", aqui, tem seu sentido nato de "respeitar" e "tratar de modo especial", mas atinge o âmbito espiritual, já que lida com um desenho Daquele que é digno de todo louvor e não de algo sem grande importância;
2) No caso da foto de minha família: quer dizer que tenho afetivos sentimentos por meus entes, quiçá distantes em dado momento e, no afã de beijá-los e abraçá-los, mas não sendo isso possível na conjuntura, a saudade faz-me imaginá-los ali, diante de mim, e, então, tomo nas mãos a fotografia e a aperto sobre o peito saudoso, beijo-lha e a fito amorosamente, na certeza de que, obviamente, não são meus familiares ali, pessoalmente, porém uma representação deles e, por isso mesmo, digna de respeitoso e dócil trato.
Peço perdão pela repetitividade, por estratégia retórica de didática, pois é importantíssimo que essa questão seja esclarecida satisfatoriamente, de modo a não deixar dúvida quanto à diferença entre adorar e venerar.
Adorar trata-se de uma veneração no mais alto grau e com total exclusividade (latria), pois reconhece-se como Deus o ser adorado. Por exemplo: venera-se (mostra-se respeito) a uma imagem que representa Jesus Cristo, mas adora-se não à pintura, senão ao Deus ao qual ela alude. Beija-se-lha em sinal de reverência a quem ela ilustra, mas não adorando a imagem material, porém a real, pois o ato de adorar está na alma do agente adorador e é direcionado ao Deus Filho, ali homenageado em forma de arte pictórica.
Portanto, duas coisas acontecem, simultaneamente, ao se prostrar perante uma estátua de um ser sagrado: 1) É sinal de que seu corpo e sua alma, respeitosamente, prestam reverência, honra ao objeto que representa tal existência santa; 2) E, simultaneamente, esse mesmo corpo e essa mesma alma, que veneram de modo comedido o referido ícone, em relação ao ser sagrado ali representado prostram-se em veneração mais elevada: se a Deus, latria; se à Nossa Senhora, hiperdulia; se a Anjos, Santos e Beatos, dulia.
Repita-se: o gesto é materialmente (objetivamente/fisicamente) idêntico, mas, quanto à forma (subjetividade), há dupla intenção: uma é a de demonstrar certo respeito por um objeto que representa um ser sagrado; a outra, é a de externar a especial veneração que se oferta ao ser pelo ícone representado: se a Deus, latria; se à Nossa Senhora, hiperdulia; se a Anjos, Santos e Beatos, dulia.
Por fim, a veneração é proporcional a quem se venera. Se a Deus, eleva-se o grau da submissão, do respeito e da admiração ao nível de adoração; se à Rainha dos Céus, essas deferências existem, mas em um nível inferior à adoração, logicamente, mas acima das destinadas aos Anjos, Santos e Beatos, que são enormes, mas menores que as oferecidas à Santa Maria e ainda mais inferiores às destinadas ao Criador. E, evidentemente, as imagens que Os representam devem ser veneradas (honradas), mas de modo diferente, inferior à veneração que se destina aos seres que representam, pois não são os próprios seres.
OBS.: a Santa Igreja, desde que encontrou partes da Sagrada Cruz de Cristo (Século IV d.C.), A venera, sobretudo na Semana Santa. Há, na Liturgia da Sexta-Feira Santa (Parasceve), inclusive, uma parte da celebração chamada de "Adoração do Santo Lenho", na qual o celebrante e os fiéis beijam deferencialmente um crucifixo exposto, o qual simboliza o madeiro sobre o qual Nosso Senhor foi martirizado. O termo "adoração", nos tempos mais remotos, não tinha a conotação que hoje se tem: significava "veneração". Por isso era comum ser acompanhado de predicativos: "adoração de latria", "adoração de hiperdulia", "adoração de dulia", pois que, isoladamente, tal verbete tinha significado de "honrar", "reverenciar", "venerar". Portanto, em termos atuais: a Santa Igreja, na Parasceve, ao prostrar-se e beijar uma relíquia da verdadeira Cruz de Cristo ou um crucifixo que A represente, não realiza um ato de adoração, mas de veneração. Obviamente, o termo "adoração do Santo Lenho" deve ser entendido como "veneração do Santo Lenho", visto que era esse o seu significado, na época em que tal rubrica foi inserida à celebração da Sexta-Feira Santa, há cerca de 1700 anos. Por respeito à Santa Tradição o nome "Adoração do Santo Lenho" foi mantido, sobretudo porque sua utilização, à época, era legítima, já que, como mencionado, "adorar", naqueles tempos, significava "venerar" e não necessariamente dizia respeito à veneração de latria, sentido que tem atualmente. A Santa Cruz é um material de inestimável valor para o católico, pois a Ela atrelou-se os preciosíssimos e sacrossantos Corpo e Sangue de Deus Filho, e por meio Dela foram os Seus redimidos e aberto os Céus, para a entrada das Santas almas. E incomensurável é também a valoração do Santo Sudário, mortalha que guarnecera o Crucificado, o qual Lhe imprimira Sua imagem, por meio de Seu Sangue Santíssimo. Tais relíquias são sacratíssimas e devem ser muito honradas. Todavia, não se deve adorá-Las, pois não são Elas Deus, mas matéria santificada por Ele. A Cruz e o Santo Sudário não são eternos, não existem desde sempre, não criaram o mundo e a vida, predicados pertencentes somente — e tão somente — a Deus. É por isso que apenas a Ele se adora e a Santa Cruz e o Santo Sudário só se venera, embora com altíssima honraria, mas jamais a ponto de torná-la adoração.
Obs.: ainda, no contexto glossário: pertinente é ressaltar mais um dos motivos pelos quais a Santa Igreja adotou o latim como língua sagrada oficial (por volta dos anos 400 d.C.): tal idioma, por ser uma "língua morta" (sem falantes nativos), está isento de mudanças nos sentidos de seus verbetes.
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ICONOCLASTIA
A palavra iconoclastia (ou iconoclasmo) é oriunda do grego "εικών" ("eikon"), que significa "ícone", "imagem", somada ao termo "κλαστειν" ("klastein"), que quer dizer "quebrar". Então, em tradução literal, tem-se o verbete "quebrador de imagem".
Iconoclastia ou iconoclasmo trata-se da rejeição de imagens religiosas (pinturas, estátuas, etc.). E homônimo é também o movimento nascido desse miserável pensamento e ato, por volta dos anos 700 d.C., período do Império Bizantino (Séc. IV d.C. - Séc. XV d.C.).
Tal diabólica corrente de pensamento e ações durou cerca de 100 anos, atuava tanto no âmbito político quanto religioso e defendia o combate à veneração de ícones com cunho espiritual.
Seus adeptos criam que as representações sacras eram ídolos e, por conseguinte, consideravam idolatria a veneração e culto a objetos religiosos.
Em resposta ao iconoclastismo surgiu o "iconodulismo", "iconodulia" ou "iconofilia": movimento cujo nome advém do grego "εικών" ("eikon"), que significa "ícone", "imagem", o qual, junto à palavra "δοῦλος" ("doulos"), que quer dizer "servo", resulta em "εἰκονόδουλος" ("eikonodoulos"), que significa "aquele que serve/presta serviço às imagens/ícones".
É, outrossim, chamado de "iconofilismo" ou "iconofilia", do grego "εικών" ("eikon"), que significa "ícone", "imagem", e junto à "φιλíα" ("philía"), que quer dizer "amar", "gostar", "ter consideração afetiva", consequencia na palavra "εικονοφιλία" ("iconofilia"), o que, em tradução literal, cria o termo "venerar imagem", "amar imagem", "gostar de imagem".
Esse movimento, em oposição à iconoclastia, defendia o uso de imagens religiosas, como sempre foi costume na Santa Tradição, desde o início do catolicismo.
Por volta do ano 726 d.C., o Imperador Leão III, o Isauro, do Império Bizantino, proibiu a veneração de ícones, o que resultou na profanação e destruição de inumeráveis imagens, por parte dos iconoclastas, os quais não poupavam sequer os mosaicos, afrescos, estátuas, pinturas, ornamentos nos altares de igrejas, esculturas, livros com gravuras e inumeráveis obras de arte.
A Santa Igreja, em contrapartida, convocou, em 787 d.C., o Segundo Concílio de Nicéia, o qual aprovou o Dogma da veneração dos ícones e pôs fim às heresias e profanações do iconoclastismo.
"Além disso, deve-se conceder a devida honra e veneração às imagens de Cristo, da Virgem e dos outros Santos, a serem tidas e conservadas principalmente nos templos, [e isso] não por crer que lhes seja inerente alguma divindade ou poder que justifique tal culto, ou porque se deva pedir alguma coisa a essas imagens ou depositar confiança nelas, como antigamente faziam os pagãos, que punham sua esperança nos ídolos (Sl 135,15-17), mas porque a honra prestada a elas se refere aos protótipos que representam, de modo que, por meio das imagens que beijamos e diante das quais nos descobrimos e prostramos, adoramos a Cristo e veneramos os Santos cuja semelhança apresentam [em relação a Jesus]. Tudo isso foi sancionado pelos decretos dos Concílios, especialmente do Segundo Sínodo de Nicéia, contra os iconoclastas." (Papa Pio IV [1499 d.C. - 1565 d.C.], no Concílio de Trento [1545 d.C. - 1563 d.C.], 25ª Sessão [Santos], Denzinger, nº 1823)
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Os protestantes, por malícia ou péssima instrução, ignoram essa matéria e caem no erro iconoclasta de profanar a dignidade da Rainha do Céu, dos Anjos e dos Santos, cumulando-os de abjetas e infundadas injúrias e calúnias, alicerçados em sua claudicante pseudoteologia.
Ensina-nos Jesus: "toda árvore boa dá bons frutos; toda árvore má dá maus frutos." (Mt 7,17) "Uma árvore boa não dá frutos maus; uma árvore má não dá bom fruto." (Lc 6,43). Portanto, analisemos a árvore da qual são oriundos os frutos do protestantismo: Martinho Lutero, um homem demoníaco, revoltoso, glutão, suspeito de homicídio, herege, blasfemo, promíscuo, caluniador, inescrupuloso, vulgar, baixo e violento.
Em resposta a um correspondente, o Prof. Dr. Orlando Fedeli escreve algumas palavras, acerca do tema. Abaixo, um trecho do texto, que julgo deveras pertinente, a fim de que se saiba um pouco do pérfido e abjeto caráter de Lutero:
"Lutero disse realmente muitas blasfêmias sobre Cristo. Em suas 'Conversas à Mesa' ['Tischreden', em alemão] — que eram anotadas por seus admiradores e que foram editadas em forma de livro, Lutero dizia as piores coisas sobre Deus e Cristo. Essa que você citou sobre um pecado de Cristo com a samaritana, Lutero a disse de fato.
Passo-lhe o texto de Lutero, tal qual foi publicado no livro dele, 'Conversas à Mesa' (perdoe-me citar essa blasfêmia, mas é para que se conheça quem foi Lutero): 'Cristo Adúltero. Cristo cometeu adultério pela primeira vez com a mulher da fonte [do poço de Jacó], de que nos fala São João. Não se murmurava em torno Dele: 'que fez, então, com ela?' Depois, com Madalena, depois, com a mulher adúltera, que ele absolveu tão levianamente. Assim, Cristo, tão piedoso, também teve que fornicar antes de morrer.' (Lutero, Tischredden, Conversas à Mesa Nº 1472, edição de Weimar, Vol. II, Pág. 107, apud Franz Funck Brentano, Martim Lutero, Ed Vecchi Rio de Janeiro 1956, Pág. 15.)
Noutra ocasião, Lutero blasfemou contra Deus ao dizer que Deus age como louco ou como muito tolo: 'Deus est stultissimus'. (Lutero, Conversas à Mesa, Nº 963, edição Weimar, Vol. I , Pág. 487. Apud Franz Funck Brentano op. cit. Pág. 147.)
Doutra vez, ao falar Lutero do destino, ele culpava Deus por todos os crimes, e dizia que Judas não podia deixar de trair Cristo, nem Adão tinha liberdade para não pecar. Considerando que era Deus que determinava os pecadores a pecar, Lutero concluía dizendo: 'Deus age sempre como um louco' (Franz Funck Brentano, Martim Lutero, Pág. 111.)
Recentemente, foram descobertos os cadernos pessoais de Lutero. Eles foram estudados pelo Padre Theobald Beer, que publicou um livro sobre eles.
Nesses cadernos, Lutero afirma que Cristo é, ao mesmo tempo, Deus e o diabo, o bem e o mal. Ora, isso caracteriza Lutero tipicamente como dualista gnóstico, e explica todas as suas doutrinas mais delirantes.
Pergunta-me você como os protestantes seguem Lutero, apesar dessas loucuras e blasfêmias.
Respondo-lhe dizendo que, em geral, os protestantes comuns desconhecem os escritos de Lutero. Os poucos ['pastores'] que se dão ao trabalho de ler os escritos do heresiarca fundador do protestantismo procuram ocultar tais frases do seu primeiro mestre.
Por isso, quando conheço algum protestante, procuro sempre recomendar que ele leia o que escreveu Lutero. Isso, muitas vezes, faz com que eles abram os olhos sobre a maldade do fundador do protestantismo.
In Corde Iesu, semper, Orlando Fedeli." (https://www.montfort.org.br/bra/cartas/apologetica/20040828151412/)
Ao contrário do protestantismo, a árvore da qual advém o catolicismo é o próprio Deus, Jesus Cristo, que edificou Sua Santa Igreja não sobre a areia, mas sobre a rocha, a fim de que Seus alicerces jamais ruíssem, independentemente das tempestades que A atingissem. “E Eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra Ela.” (Mt 16,18)
Tal Primado Petrino (Papado) é evidente em diversas passagens bíblicas, como quando Maria Madalena vai ao Sepulcro e o Anjo lhe diz que Cristo havia ressuscitado. No texto sagrado lê-se que ela, por primeira atitude, foi relatar o fato a São Pedro e aos outros. — Nessa ordem: a São Pedro e depois aos outros.
São João, o mais novo entre os 12, correu junto com São Pedro, o mais velho, rumo ao túmulo de Cristo. O Apóstolo mais amado por Jesus, pelo vigor da juventude, chegara primeiro que o Sumo Pontífice, mas não ousou entrar senão após esse já ter adentrado o local. (Jo 20,1-8)
Mais um exemplo: Pentecostes; ocasião em que Cristo envia, como havia prometido, o Espírito Santo aos Seus Apóstolos e à Sua Santíssima Mãe, a Sempre Virgem Maria. E falavam em línguas, mas todos entendiam-se, incluso os diversos transeuntes que passavam pela casa, dentro da qual os agraciados estavam.
Era época da páscoa judaica, então havia gente de muitíssimos lugares do mundo. — A Bíblia, inclusive, diz: "achavam-se, então, em Jerusalém, judeus piedosos de todas as nações que há debaixo do céu."
Muitos aproximaram-se para ouvir aqueles ruídos. E todos ouviam, milagrosamente, em seu próprio idioma nativo.
São Pedro foi quem saiu da casa e dignou-se a explicar-lhes aquela manifestação do Espírito Santo. — Nenhum outro o fizera senão ele, o líder, o Papa. E assim procede até os dias atuais e o será até o Fim dos Tempos, como o prometerá Nosso Senhor: "ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo.”
Portanto, a Santa Igreja é alicerçada sobre Sua Santa Tradição bi-milenar, que não é areia, mas firme, imutável e inabalável como a rocha.
Por isso a Santa Igreja é alicerçada sobre Sua Santa Tradição bi-milenar, que não é areia, mas firme, imutável, inabalável como a rocha.
O oposto é o protestantismo, que desconhece hierarquia, pois é filho do pai da revolta, satanás, o qual bradara contra Deus o grito de “non serviam!” (“não servirei!”), e por isso foi expulso e atirado ao fogo do inferno, feito exclusivamente para ele e seus imitadores.
A palavra “tradição” tem berço no verbete latino “traditio”, o qual, por sua vez, deriva do particípio “tradere”, que significa “entregar”, “passar adiante”. E esse verbo, “tradere”, advém da junção entre “trans” (“além”; “adiante”) + “dare” (“dar”; “entregar”). Portanto, “tradição” significa “passar algo a alguém”, “manter a raiz, a essência, o conteúdo de algo e transmitir a outrem, a fim de que se mantenha a mesma árvore e os mesmos frutos.”
Como o protestantismo pode ter raiz e tradição se cada protestante é um "papa", funda sua própria “religião”, arroga-se o direito de decidir quais livros aceitar, qual tradução utilizar, como interpretar, onde se aplicar e o que é verdade, mentira, certo e errado?
Por isso são centenas de milhares (quiçá milhões) de falsas “religiões” protestantes, cada qual, miseravelmente, a asseverar ser ela a genuína; o bastião do plano salvífico confiado a si, profeticamente, pela própria Santíssima Trindade. — Quanta soberba! Quanto engano! Quanto pecado! Quanto mal!
Abaixo, alguns nomes desses antros de pecado, a fim de que se conheça a que ponto chega o absurdo protestante — e peço, aqui, perdão a Deus e aos leitores do presente escrito pelas citações miseráveis de a seguir, bem como pelas mencionadas acima, de Lutero. Sinto-me constrangido e incomodado por pô-las em um documento que versa acerca de teologia, mas não há como alertar sobre um mal sem mencioná-lo e expô-lo, a fim de que as almas não se maculem com ele. — Ei-los:
"Igreja Primitiva Neandertais de Cristo; Sopa, Sabão e Salvação; Igreja Evangélica Pentecostal Cristã Ore com Moderação; Igreja Menina dos Olhos de Deus; Igreja Evangélica Abominação à Vida Torta; Assembleia de Deus Pavio que Fumega; Igreja A de Amor; Igreja Pentecostal Jesus Nasceu em Belém; Igreja Evangélica Florzinha de Jesus; Igreja Evangélica Adão é o Homem; Igreja Pentecostal Jesus Vem Você Fica; Igreja Evangélica Pentecostal Cuspe de Cristo; Igreja do Trance Divino; Igreja Batista da Pomba Sacrificada; Igreja Evangélica Batista Barranco Sagrado; Igreja A Serpente de Moisés Aquela Que Engoliu As Outras; Igreja do Sétimo Gole."
Lamentável ver tantos espaços que falsamente se passam por igreja, mas não são outra coisa senão caminhos à perdição das almas que os frequentam.
"’Nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas só o que faz a vontade de Meu Pai, que está nos Céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu nome, e em Teu nome expulsamos os demônios, e em Teu nome fizemos muitos milagres? E, então, Eu lhes direi bem alto: nunca vos conheci! Apartai-vos de Mim, vós que obrais a iniquidade! Todo aquele, pois, que ouve estas Minhas palavras e as observa será semelhante ao homem prudente que edificou a sua casa sobre rocha. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa, mas ela não caiu, porque estava fundada sobre rocha. Todo o que ouve estas minhas palavras e não as pratica será semelhante ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre areia. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa, e ela caiu, e foi grande a sua ruína.’” (Mt 7,21-27)
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DEUS MANDA FAZER IMAGENS
Observemos o que Ele nos ensina, por Suas próprias palavras, nas Sagradas Escrituras:
"E o Senhor pronunciou todas estas palavras: Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da Terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de Mim. Não farás para ti escultura, nem figura alguma do que há em cima, no céu, e do que há embaixo, na terra, nem do que há nas águas, debaixo da terra. Não adorarás tais coisas, nem lhes prestarás culto: eu sou o Senhor teu Deus, forte e zeloso, que vingo a iniquidade dos pais nos filhos, até à terceira e quarta geração daqueles que me odeiam, e que uso de misericórdia até mil (gerações) com aqueles que me amam e guardam os meus preceitos. Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente aquele que tomar em vão o nome do Senhor seu Deus." (Ex 20,1-7)
"’Eles me farão um santuário e habitarei no meio deles. Construireis o tabernáculo e todo o seu mobiliário exatamente segundo o modelo que vou mostrar-vos. Farão uma Arca de madeira de acácia; seu comprimento será de dois côvados e meio, sua largura de um côvado e meio, e sua altura de um côvado e meio. Tu a recobrirás de ouro puro por dentro, e farás por fora, em volta dela, uma bordadura de ouro. Fundirás para a Arca quatro argolas de ouro, que porás nos seus quatro pés, duas de um lado e duas de outro. Farás dois varais de madeira de acácia, revestidos de ouro, que passarás nas argolas fixadas dos lados da Arca, para se poder transportá-la. Uma vez passados os varais nas argolas, delas não serão mais removidos. Porás na Arca o testemunho que eu te der. Farás também uma tampa de ouro puro, cujo comprimento será de dois côvados e meio, e a largura de um côvado e meio. Farás dois querubins de ouro; e os farás de ouro batido, nas duas extremidades da tampa, um de um lado e outro de outro, fixando-os de modo a formar uma só peça com as extremidades da tampa. Terão esses querubins suas asas estendidas para o alto, e protegerão com elas a tampa, sobre a qual terão a face inclinada. Colocarás a tampa sobre a Arca e porás dentro da Arca o testemunho que eu te der. Ali virei ter contigo, e é de cima da tampa, do meio dos querubins que estão sobre a Arca da aliança, que te darei todas as minhas ordens para os israelitas. Farás uma mesa de madeira de acácia, cujo comprimento será de dois côvados, a largura de um côvado e a altura de um côvado e meio. Tu a recobrirás de ouro puro e farás em volta dela uma bordadura de ouro. Farás em volta dela uma orla de um palmo de largura com uma bordadura de ouro corrente ao redor. Farás para essa mesa quatro argolas de ouro, que fixarás nos quatro ângulos de seus pés. Essas argolas, colocadas à altura da orla, receberão os varais destinados a transportar a mesa. Farás, de madeira de acácia, varais revestidos de ouro, que servirão para o transporte da mesa. Farás de ouro puro os seus pratos, seus incensários, seus copos e suas taças, que servirão para as libações. Porás sobre essa mesa os pães da proposição, que ficarão constantemente diante de mim. Farás um candelabro de ouro puro; e o farás de ouro batido, com o seu pedestal e sua haste: seus cálices, seus botões e suas flores formarão uma só peça com ele. Seis braços sairão dos seus lados, três de um lado e três de outro. Num braço haverá três cálices em forma de flor de amendoeira, com um botão e uma flor; noutro haverá três cálices em forma de flor de amendoeira, com um botão e uma flor e assim por diante para os seis braços do candelabro. No próprio candelabro haverá quatro cálices em forma de flor de amendoeira, com seus botões e suas flores: um botão sob os dois primeiros braços do candelabro, um botão sob os dois braços seguintes e um botão sob os dois últimos: e assim será com os seis braços que saem do candelabro. Esses botões e esses braços formarão um todo com o candelabro, tudo formando uma só peça de ouro puro batido. Farás sete lâmpadas, que serão colocadas em cima, de maneira a alumiar a frente do candelabro. Seus espevitadores e seus cinzeiros serão de ouro puro. Será empregado um talento de ouro puro para confeccionar o candelabro e seus acessórios. Cuida para que se execute esse trabalho segundo o modelo que te mostrei no monte.’” (Ex 25,7-40)
“’Farás o tabernáculo com dez cortinas de linho fino retorcido de púrpura violeta, púrpura escarlate e de carmesim, sobre as quais alguns querubins serão artisticamente bordados.’" (Ex 26,1)
"Fez dois querubins de ouro, feitos de ouro batido, nas duas extremidades da tampa, um de um lado, outro de outro, de maneira que faziam corpo com as duas extremidades da tampa. Esses querubins, com as faces voltadas um para o outro, tinham as asas estendidas para o alto, e protegiam com elas a tampa para a qual tinham as faces inclinadas." (Ex 37,7-9)
"Fez o candelabro de ouro puro, de ouro batido, com seu pé e sua haste: seus cálices, seus botões e suas flores formavam um todo com ele. Seis braços saíam de seus lados, três de um lado e três de outro. Em um braço havia três cálices em forma de flor de amendoeira, com um botão e uma flor; na segunda haste havia três cálices, em forma de flor de amendoeira, com um botão e uma flor, e assim por diante para os seis braços que saíam do candelabro. No próprio candelabro havia quatro cálices em forma de flor de amendoeira, com seus botões e suas flores: um botão sob os dois primeiros braços que saíam do candelabro, um botão sob os dois braços seguintes, e um botão sob os dois últimos; e assim era com os seis braços que saíam do candelabro. Esses botões e esses braços faziam corpo com o candelabro, formando ao todo uma só peça de ouro puro batido. Fez sete lâmpadas de ouro puro; e fez de ouro puro as suas espevitadeiras e os seus cinzeiros." (Ex 37,17-23)
"Quando Moisés entrava na tenda de reunião para falar com o Senhor, ouvia a voz que lhe falava de cima do propiciatório colocado sobre a Arca do testemunho, entre os dois querubins. E falava com o Senhor." (Nm 7,89)
"O Senhor disse a Moisés: ‘dize a Aarão o seguinte: quando colocares as lâmpadas no candelabro, faça de tal modo que as sete lâmpadas projetem sua luz para a frente do mesmo candelabro.’ Aarão assim fez, e colocou as lâmpadas na parte dianteira do candelabro, como o Senhor tinha ordenado a Moisés. O candelabro era feito de ouro batido: seu pé, suas flores, tudo era de ouro batido; e foi feito segundo o modelo que o Senhor tinha mostrado a Moisés.” (Nm 8,1-4)
"O Senhor ouviu os rogos de Israel e entregou-lhe os cananeus, que foram votados ao interdito juntamente com as suas cidades. Deu-se a esse lugar o nome de Horma. Partiram do monte Hor em direção ao mar Vermelho, para contornar a terra de Edom. Mas o povo perdeu a coragem no caminho, e começou a murmurar contra Deus e contra Moisés: ‘Por que’ — diziam eles — ‘nos tirastes do Egito, para morrermos no deserto onde não há pão nem água? Estamos enjoados desse miserável alimento.’ Então o Senhor enviou contra o povo serpentes ardentes, que morderam e mataram muitos. O povo veio a Moisés e disse-lhe: ‘pecamos, murmurando contra o Senhor e contra ti. Roga ao Senhor que afaste de nós essas serpentes.’ Moisés intercedeu pelo povo, e o Senhor disse a Moisés: ‘faze para ti uma serpente ardente e mete-a sobre um poste. Todo o que for mordido, olhando para ela, será salvo.’ Moisés fez, pois, uma serpente de bronze, e fixou-a sobre um poste. Se alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, conservava a vida." (Nm 21,3-9)
"A palavra de Samuel foi dirigida a todo o Israel. Naqueles dias, Israel saiu ao encontro dos filisteus para combatê-los. Acamparam junto de Eben-Ezer, enquanto os filisteus acampavam em Afec. Os inimigos puseram-se em linha de batalha diante de Israel e começou o combate. Israel voltou as costas aos filisteus e foram mortos naquele combate cerca de quatro mil homens. O povo voltou ao acampamento e os anciãos de Israel disseram: ‘por que nos deixou o Senhor sermos batidos hoje pelos filisteus? Vamos a Silo e tomemos a Arca da aliança do Senhor, para que ela esteja no meio de nós e nos livre da mão de nossos inimigos.’ O povo mandou, pois, buscar em Silo a Arca da aliança do Senhor dos exércitos, que se senta sobre querubins. Os dois filhos de Heli, Hofni e Fineias, acompanhavam a Arca da aliança de Deus. Quando a Arca do Senhor entrou no acampamento, todo o Israel rompeu num grande clamor, que fez tremer a terra. 6.Os filisteus, ouvindo-o, disseram: ‘que significa esse grande clamor no acampamento dos hebreus?’ E souberam que a Arca do Senhor tinha chegado ao acampamento. Então, tiveram medo e disseram: ‘Deus chegou ao acampamento. Ai de nós! Até agora nunca se viu coisa semelhante!...’" (1Sm 4,1-7)
"Davi reuniu de novo todo o escol de Israel, num total de trinta mil homens. Davi pôs-se a caminho com toda a sua gente, indo a Baala de Judá, para trazer dali a Arca de Deus, sobre a qual é invocado o nome do Senhor dos exércitos, que se assenta sobre os querubins." (2Sm 6,1-2)
"Salomão terminou a construção do templo. Forrou o interior das paredes do edifício com placas de cedro, desde o pavimento até o teto; revestiu assim de madeira todo o interior e cobriu o pavimento com tábuas de cipreste. Revestiu de tábuas de cedro, a partir do fundo do templo, desde o pavimento até o teto, um espaço de vinte côvados, que destinou ao santuário, ou Santo dos Santos. Os quarenta côvados restantes constituíam a parte anterior do templo. Dentro do edifício o cedro era esculpido de coloquíntidas e flores abertas; tudo era de cedro; de modo que não se podia ver pedra alguma. Salomão dispôs o santuário no interior do templo, bem ao fundo, para ali colocar a Arca da aliança do Senhor. O santuário tinha por dentro vinte côvados de comprimento, vinte de largura e vinte de altura. Salomão revestiu-o de ouro fino e cobriu o altar de cedro. Revestiu de ouro fino o interior do edifício e fechou com cadeias de ouro a frente do santuário, que era também revestido de ouro. A casa ficou assim inteiramente coberta de ouro, como também toda a superfície do altar que estava diante do santuário. Fez no santuário dois querubins de pau de oliveira, que tinham dez côvados de altura. Cada uma das asas dos querubins tinha cinco côvados, o que fazia dez côvados da extremidade de uma asa à extremidade da outra. O segundo querubim tinha também dez côvados; os dois tinham a mesma forma e as mesmas dimensões. Um e outro tinham dez côvados de altura. Salomão os colocou no fundo do templo, no santuário. Tinham as asas estendidas, de sorte que uma asa do primeiro tocava uma das paredes e uma asa do segundo tocava a outra parede, enquanto as outras duas asas se encontravam no meio do santuário. Revestiu também de ouro os querubins. Mandou esculpir em relevo em todas as paredes da casa, ao redor, no santuário como no templo, querubins, palmas e flores abertas. Cobriu de ouro o pavimento do edifício, tanto o do santuário como o do templo. Pôs à porta do santuário vigas de pau de oliveira; o seu enquadramento com as ombreiras ocupava a quinta parte da parede. Nos dois batentes de pau de oliveira mandou esculpir querubins, palmas e flores desabrochadas e cobriu-as de ouro; cobriu de ouro tanto os querubins como as palmas. Para a porta do templo fez vigas de pau de oliveira que ocupavam a quarta parte da parede, bem como dois batentes de madeira de cipreste, sendo cada batente formado de duas folhas móveis. Mandou esculpir nelas querubins, palmas e flores desabrochadas e cobriu tudo de ouro, ajustado às esculturas." (1Rs 6,14-35)
"Hiram fez também o mar de bronze, que tinha dez côvados de uma borda à outra, perfeitamente redondo e com altura de cinco côvados; sua circunferência media-se com um fio de trinta côvados. Por baixo de sua borda havia coloquíntidas em número de dez por côvado; elas rodeavam o mar, dispostas em duas ordens, formando com o mar uma só peça. Este apoiava-se sobre doze bois, dos quais três olhavam para o norte, três para o ocidente, três para o sul e três para o oriente. O mar repousava sobre eles e suas ancas estavam para o lado de dentro. A espessura do mar era de um palmo e a borda assemelhava-se à de um copo em forma de lírio; sua capacidade era de dois mil batos. Fez também duas bases de bronze, tendo cada uma quatro côvados de comprimento, quatro de largura e três de altura. Eis como eram feitas essas bases: eram formadas de painéis e enquadradas de molduras. Nos painéis enquadrados de molduras, havia leões, bois e querubins, assim como nas travessas igualmente. Por cima e por baixo dos leões e dos bois pendiam grinaldas em forma de festões. Cada base tinha quatro rodas de bronze, com seus eixos de bronze e nos quatro cantos havia suportes fundidos que sustinham a bacia, os quais estavam por baixo das grinaldas. A abertura para a bacia era no interior dos suportes e os ultrapassava de um côvado de altura; era cilíndrica e seu diâmetro era de um côvado e meio; e era também ornada de esculturas. Os painéis eram quadrados, e não redondos. Debaixo destes estavam as quatro rodas, cujos eixos eram fixados à base. Cada roda tinha um côvado e meio de altura e era feita como as de um carro. Eixos, aros, raios e cubos, tudo era fundido. Nos quatro ângulos de cada base encontravam-se quatro suportes que faziam parte da mesma base. A parte superior da base era de forma circular, tendo meio-côvado de altura; seus esteios formavam com os painéis uma só peça. Nas placas dos seus esteios e dos painéis assim como no espaço livre entre estas, esculpiu querubins, leões, palmas e grinaldas circulares. Foi dessa maneira que fez as dez bases, todas do mesmo molde, da mesma dimensão e modelo. Fez também dez bacias de bronze, contendo cada uma quarenta batos. Cada uma tinha quatro côvados e repousava sobre um dos dez pedestais. Pôs cinco pedestais do lado direito do templo e cinco do lado esquerdo. O mar foi colocado do lado direito do edifício, para o sudoeste. Hiram fez também caldeirões, pás e bacias. Hiram concluiu, pois, toda a obra que o rei Salomão lhe mandara fazer para o Templo do Senhor: duas colunas, dois capitéis esféricos para o alto das colunas, duas redes para cobrir os capitéis esféricos que estão sobre as colunas; quatrocentas romãs para as redes, duas fileiras de romãs para cada rede, para cobrir os dois capitéis esféricos que estão no alto das colunas; dez pedestais e dez bacias sobre os pedestais; o mar, único, com os doze bois por baixo do mar..." (1Rs 7,23-44)
"Os sacerdotes levaram a Arca da aliança do Senhor para seu lugar, no santuário do templo, no Santo dos Santos, debaixo das asas dos querubins. Com efeito, os querubins estendiam as suas asas sobre o lugar da Arca e cobriam por cima a Arca e os seus varais. Esses varais eram de tal forma compridos, que se podiam ver as suas extremidades do lugar santo, diante do santuário, mas não de fora e ali ficaram até o dia de hoje." (1Rs 8,6-8)
"Davi deu a Salomão, seu filho, os planos do pórtico e das construções, salas do tesouro, aposentos superiores, aposentos interiores, assim como os da sala do propiciatório. O plano de tudo que ele tinha no espírito referente ao átrio do templo e a todas as salas ao redor, para os tesouros do templo e os tesouros das coisas sagradas, para as classes de Sacerdotes e levitas, assim como toda a organização do serviço da casa de Deus; o modelo dos utensílios de ouro, com o peso de ouro, para todos os utensílios de cada serviço; o modelo de todos os utensílios de prata, com o peso de prata, para todos os utensílios de cada serviço; o peso dos candeeiros de ouro e de suas lâmpadas de ouro; com a indicação do peso de cada candeeiro e de suas lâmpadas; o peso dos candeeiros de prata com a indicação do peso de cada candeeiro; o peso de ouro para as mesas dos pães da proposição, para cada mesa e o peso de prata para as mesas de prata; o modelo dos garfos, das bacias e copos de ouro puro; dos vasos de ouro com o seu peso de cada vaso, dos vasos de prata com o seu peso de cada vaso; do altar dos perfumes, em ouro fino, com o peso; o modelo do carro, dos querubins de ouro que estendem suas asas para cobrir a Arca da aliança do Senhor. ‘Tudo isso’ — disse Davi — ‘foi o Senhor quem me ensinou por um escrito de Sua mão, para me explicar todos os modelos destas obras.’" (1Cr 28,11-19)
"O rei revestiu de ouro a sala: traves, umbrais, paredes e portas; nas paredes mandou esculpir querubins. Fez também a construção da sala do Santo dos Santos, cujo comprimento, igual à largura do edifício, era de vinte côvados. O valor do ouro fino, com que o recobriu, era de seiscentos talentos. Mesmo os pregos eram de ouro e pesavam cinquenta siclos. Revestiu igualmente de ouro os aposentos. Para o interior do Santo dos Santos, mandou esculpir dois querubins e os revestiu de ouro. O comprimento de suas asas era de vinte côvados. Uma asa do primeiro, de cinco côvados de comprimento, tocava a parede da sala e a outra, de cinco côvados, tocava a asa do segundo querubim. Uma asa do segundo querubim, de cinco côvados de comprimento, tocava a parede da sala e a outra, de cinco côvados de comprimento, tocava a asa do primeiro. Assim, a envergadura das asas desses querubins era de vinte côvados. Sustentavam-se sobre seus pés com o rosto voltado para a sala. O rei mandou fazer a cortina de púrpura violeta, carmesim e de linho fino e nela mandou bordar querubins." (2Cr 3,7-14)
"Os Sacerdotes levaram a Arca da Aliança do Senhor a seu lugar, no santuário do templo, o Santo dos Santos, sob as asas dos querubins. Os querubins estendiam as asas sobre o lugar da Arca e a cobriam, assim como os seus varais. Estes eram tão compridos que se podia ver suas extremidades diante do santuário, mas não se podiam divisá-los de fora. A Arca permaneceu lá até o momento presente." (2Cr 5,7-9)
"Acima da porta, no interior e no exterior do templo, e por toda a parede em redor, por dentro e por fora, tudo estava coberto de figuras: querubins e palmas, uma palma entre dois querubins. Os querubins tinham duas faces: uma figura humana de um lado, voltada para uma das palmeiras, e uma face de leão voltada para outra palmeira, do outro lado, esculpidas em relevo em toda a volta do templo. Desde o piso até acima da porta, havia representações de querubins e palmeiras, assim como na parede do templo. A porta do templo era de ângulos retos. Diante do santuário, havia alguma coisa como um altar de madeira. Sua altura era de três côvados, enquanto a largura era de dois côvados. Havia ângulos protuberantes; sua base e suas paredes eram de madeira. Disse-me o homem: ‘é aqui a mesa que está diante do Senhor.’ O templo e o Santo dos Santos tinham cada um uma porta, e cada porta era de dois batentes, que tinham duas bandeiras para cada batente. Assim como nas paredes, querubins e palmeiras eram figurados nas portas do templo. Na fachada do vestíbulo no exterior havia um anteparo de madeira." (Ez 41,17-25)
"A primeira aliança, na verdade, teve regulamentos rituais e seu santuário terrestre. Consistia numa tenda: a parte anterior encerrava o candelabro e a mesa com os pães da proposição; chamava-se Santo. Atrás do segundo véu achava-se a parte chamada Santo dos Santos. Aí estava o altar de ouro para os perfumes, e a Arca da aliança coberta de ouro por todos os lados; dentro dela, a urna de ouro contendo o maná, a vara de Aarão que floresceu e as tábuas da aliança; em cima da Arca, os querubins da glória estendendo a sombra de suas asas sobre o propiciatório. Mas não é aqui o lugar de falarmos destas coisas pormenorizadamente." (Hb 9,1-5)
Essas são apenas algumas (não todas) passagens bíblicas nas quais o próprio Deus Trino manda que Seus filhos façam imagens e a utilizem de modo adequado.
Imagens nada são além de representações. Isso quer dizer que o culto que se presta a elas é objetivo e não subjetivo, de modo que, objetivamente, se prostra e se lha beija, mas subjetivamente a veneração destina-se não a ela, mas a quem ela representa — exceto as relíquias, às quais se destina honra direta, porém, comedida e sem qualquer relação com adoração, pois culto de latria se oferta apenas ao Deus Trino.
Em suma: a Deus presta-se culto de adoração, ou seja, de latria — e esse somente a Ele. À Nossa Senhora, e apenas a Ela, destina-se o culto de hiperdulia, o qual é inferior à adoração, porém, de elevadíssimo grau em honra, respeito e admiração. E, por fim, aos Anjos, Santos e Bem-Aventurados oferece-se o culto de dulia, que significa prestação de grande honra, respeito e admiração, todavia, em nível abaixo do que se oferta ao Criador Altíssimo e também à Santíssima Virgem Maria.
E, tratando-se de Nossa Senhora e da serpente (demônio), bem como da serpente de bronze que Deus mandou Moisés fazer, mencionada nas supracitadas passagens bíblicas, faço questão de partilhar dois escritos do Professor Doutor Orlando Fedeli. — Tratam-se de curtas, porém mui elucidativas respostas acerca de ambos os temas. Ei-las, abaixo:
"Em primeiro lugar, devo dizer-lhe que um símbolo, normalmente, é ambíguo. O fogo pode representar o amor de Deus, como também o inferno. O leão representa Cristo, leão de Judá, e representa o demônio, pois São Pedro diz que o diabo ruge entre nós, procurando a quem devorar (1Pd 5,8). A pomba é símbolo da mansidão, pois que Jesus nos recomendou ser mansos como as pombas (Mt 10,16), mas também a pomba pode ser símbolo de estupidez , pois que, no Antigo Testamento, Deus nos diz que a pomba e insensata (Sf 3,1). A serpente é símbolo do diabo, mas Cristo a apresenta também como símbolo da prudência (Mt 10,16), pelo seu modo cauto de atacar e de se defender. No caso da serpente de bronze, Deus mandou Moisés fazer uma serpente de bronze e pendurá-la num madeiro. Quem fosse picado por serpentes venenosas (símbolo do demônio) e olhasse para a serpente de bronze era curado. Isso era uma figura profética de Jesus Cristo, que foi dependurado na Cruz, por nossos pecados. Mas quem, [arrependido de seus pecados], olha para Jesus crucificado, pode alcançar o perdão. Por isso a serpente de bronze é símbolo de Jesus crucificado ['como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho do Homem, para que todo Homem que Nele crer tenha a Vida Eterna.' (Jo 3,14-15)]. E São João profetiza sobre os Judeus, dizendo: 'e eles levantarão os olhos para Aquele que eles transfixaram (Jo 19,37), prevendo a conversão futura dos judeus. In Corde Iesu, semper, Orlando Fedeli (https://www.montfort.org.br/bra/cartas/outros/20040909122127/)
"Quando Deus amaldiçoou a serpente, Ele estabeleceu 'inimizade' entre a serpente — o demônio — e a mulher, isto é, Nossa Senhora; entre a descendência da serpente e a descendência da mulher. O que é interessante é perguntar o que significa 'descendência da serpente'. Pode o demônio ter descendência natural? É claro que não, pois o demônio não tem corpo e, por isso, não pode ter naturalmente filhos. Entretanto, Cristo chamou os fariseus de 'filhos do demônio', negando que eles fossem verdadeiramente filhos de Abraão: 'vós tendes por pai o demônio, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai' (Jo 8,44). Portanto, Cristo afirma que filhos do demônio são aqueles Homens que querem viver fazendo a vontade do diabo, enquanto os filhos de Deus são os que, tendo se tornado filhos adotivos de Deus, pelo Batismo, querem, também, fazer sempre a vontade de Deus, manifestando em sua vida a filiação divina recebida no Batismo. São Luís de Montfort ensina que, como todo Homem tem pai e mãe, ninguém pode ser verdadeiramente filho de Deus se não tiver Maria por Mãe, visto que, na Cruz, Cristo nos deu a Maria como filhos, e nos deu Maria por mãe, ao dizer: 'Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo [João]: 'eis aí a tua mãe' (Jo 19,26-27). Portanto, há filhos do demônio e filhos da Mulher (filhos da Virgem Maria). Foi entre essas duas filiações que Deus colocou inimizade. Na História, há uma contínua luta entre os filhos de Deus e da Virgem contra os filhos do demônio, e vice-versa. Essa luta é que explica toda a História, e não a luta de classes, ou a luta pelo poder, ou pelo dinheiro. Na História, decide-se a salvação ou a perdição das almas. A História é a luta entre a graça de Deus, procurando salvar os Homens, e a tentação do demônio, procurando nos perder. Daí Santo Agostinho ter explicado que, na História, há uma luta contínua entre a Cidade de Deus e a Cidade do Homem, a cidade terrena: 'dois amores construíram duas cidades. O amor de Deus, levado até ao desprezo de si mesmo, construiu a Cidade de Deus [a Igreja Católica e a Civilização Católica]. O amor de si mesmo, levado até ao desprezo de Deus, construiu a cidade terrena' [a cidade do Homem, a anti-igreja, como a denomina São Gregório Magno; ou a Sinagoga de Satanás, como a chama o próprio Cristo, no Apocalipse (Ap 2,9)]. Sejamos, pois, fiéis filhos de Deus, e para isso sejamos fiéis filhos da Virgem Maria, 'aquela que é mais brilhante do que o sol, mais bela do que a lua, e mais terrível que um exército posto em ordem de batalha' (Ct 6,3). In Corde Iesu, semper, Orlando Fedeli (https://www.montfort.org.br/bra/cartas/doutrina/20040728214307/)
Com adequada veneração: prostrar-se diante de uma imagem ou mesmo beijá-la é, primeiramente, sinal de respeito, humildade e submissão em relação a quem ela representa; e, em segundo lugar, convém fazê-lo pelo fato dela ilustrar um ser que é hierarquicamente superior ao cultuador e, por conseguinte, digno da respectiva ofertada deferência.
Por todos esses motivos, quando se cumprimenta um Sacerdote, beija-se lhe a mão; ao saudar um Bispo, beija-se lhe o anel episcopal; ao estar diante de um Papa, prostra-se e beija-se-lhe o anel pontifício.
Ora! Tratam-se de indivíduos cujas mãos são ungidas com os Santos Óleos, as quais têm a prerrogativa de ministrar os Sacramentos do Senhor, de tocar o Sacratíssimo Corpo e Sangue de Jesus Cristo Eucarístico. Por isso são essas mãos, esses Sacerdotes tratados com adequada veneração.
As Sagradas Escrituras, em diversos momentos, ratificam essa verdade.
Abaixo, algumas das numerosíssimas passagens que comprovam tal fato.
"Abrão tinha noventa e nove anos. O Senhor apareceu-lhe e disse-lhe: 'Eu sou o Deus Todo-poderoso. Anda em minha presença e sê íntegro; quero fazer aliança contigo e multiplicarei ao infinito a tua descendência'. Abrão prostrou-se com o rosto por terra. Deus disse-lhe: 'este é o pacto que faço contigo: serás o pai de uma multidão de povos. De agora em diante não te chamarás mais Abrão, e sim Abraão, porque farei de ti o pai de uma multidão de povos.' (Gn 17,1-5)
"O Senhor apareceu a Abraão nos carvalhos de Mambré, quando ele estava assentado à entrada de sua tenda, no maior calor do dia. Abraão levantou os olhos e viu três homens de pé diante dele. Levantou-se no mesmo instante da entrada de sua tenda, veio-lhes ao encontro e prostrou-se por terra." (Gn 18,1-2)
"Pela tarde chegaram os dois anjos a Sodoma. Ló, que estava assentado à porta da cidade, ao vê-los, levantou-se e foi-lhes ao encontro e prostrou-se com o rosto por terra." (Gn 19, 1)
"Ora, Efron achava-se assentado no meio dos filhos de Het. Efron, o hiteu, respondeu a Abraão em presença dos filhos de Het e de todos os que entravam pela porta da cidade: 'de forma alguma, meu Senhor, será assim, mas ouve-me: dou-te a terra, juntamente com a caverna que nela se encontra; e dou-te essa terra em presença dos filhos do meu povo: enterra tua defunta'. Abraão prostrou-se diante do povo daquela terra e, dirigindo-se a Efron, diante de todos, disse: 'rogo-te que me ouças: eu te dou o preço do campo; aceita-o de minhas mãos, e assim enterrarei nele minha defunta.'" (Gn 23,10-13)
"Jacó, levantando os olhos, viu Esaú que avançava com quatrocentos homens. Repartiu então os filhos entre Lia, Raquel e as duas servas. Colocou as servas com seus filhos na frente, depois Lia com os seus e, por último, Raquel com José. E ele, passando adiante, prostrou-se até a terra sete vezes antes de se aproximar do seu irmão. Esaú correu-lhe ao encontro e beijou-o; ele atirou-se ao seu pescoço e beijou-o; e puseram-se a chorar." (Gn 33,1-4)
"Jacó viveu ainda dezessete anos no Egito. A duração de sua vida foi de cento e quarenta e sete anos. E, aproximando-se do seu termo os dias de Israel, chamou o seu filho José e disse-lhe: 'se achei graça diante de teus olhos, põe, rogo-te, tua mão debaixo de minha coxa e promete-me, com toda a bondade e fidelidade, que não me enterrarás no Egito. Quando eu me tiver deitado com meus pais, me levarás para fora do Egito e me enterrarás junto deles em seu túmulo.' José respondeu: 'farei como dizes.' 'Jura-me' — replicou Jacó. José jurou-lhe e Israel prostrou-se sobre a cabeceira de sua cama." (Gn 47,28-31)
"Moisés saiu ao encontro de seu sogro, prostrou-se e beijou-o. Informaram-se mutuamente sobre a sua saúde e entraram na tenda." (Ex 18,7)
“Josué rasgou suas vestes e prostrou-se com a face por terra até a tarde diante da arca do Senhor, tanto ele como os anciãos de Israel, e cobriram de pó as suas cabeças.” (Js 7,6)
“Davi, tendo levantado os olhos, viu o anjo do Senhor que estava entre o céu e a terra, com uma espada desembainhada em sua mão, dirigida contra Jerusalém. Então Davi e os anciãos, cobertos de sacos, prostraram-se com o rosto por terra.” (1Cr 21,16)
“Acordou o carcereiro e, vendo abertas as portas do cárcere, supôs que os presos haviam fugido. Tirou da espada e queria matar-se. Mas Paulo bradou em alta voz: não te faças nenhum mal, pois estamos todos aqui. Então o carcereiro pediu luz, entrou e lançou-se trêmulo aos pés de Paulo e Silas.” (At 16,27-29)
"Falava Ele ainda quando se apresentou um chefe da sinagoga. Prostrou-se diante Dele e lhe disse: 'Senhor, minha filha acaba de morrer. Mas vem, impõe-lhe as mãos e ela viverá'. Jesus levantou-se e o foi seguindo com Seus discípulos." (Mt 9,18-19)
"Como ele não tinha com que pagar, seu senhor ordenou que fosse vendido, ele, sua mulher, seus filhos e todos os seus bens, para pagar a dívida. Este servo, então, prostrou-se por terra diante dele e suplicava-lhe: ‘dá-me um prazo e eu te pagarei tudo!’. Cheio de compaixão, o senhor o deixou ir embora e perdoou-lhe a dívida." (Mt 18,25-27)
† † †
Detenhamo-nos, aqui, no contexto da Arca da Aliança e do Templo de Salomão, respectivamente, mencionados nas supracitadas passagens bíblicas. Porém, antes, reflita-se acerca do que o Santo Livro de Números nos conta:
"Coré, filho de Isaar, filho de Caat, filho de Levi, Datan e Abiron, filhos de Eliab, e também Hon, filho de Felet, da família de Ruben, se levantaram contra Moisés, juntamente com outros duzentos e cinquenta homens dos filhos de Israel, principais da sinagoga, e que, quando (se convocava) o conselho, eram chamados pelos seus nomes. Sublevados contra Moisés e Aarão, disseram: ‘baste-vos que sejais como os outros, neste povo de santos, em que o Senhor está no meio de todos; por que vos elevais, vós, sobre o povo do Senhor?’ Moisés, tendo ouvido isto, lançou-se com o rosto por terra e disse a Coré e a toda aquela multidão: ‘amanhã o Senhor fará conhecer quais são os que lhe pertencem, e aproximará de Si os Santos, e os que escolher se aproximarão Dele. Fazei, pois, isto: cada um tome o seu turíbulo, tu, Coré, e todos os teus sequazes; amanhã, depois de terdes lançado fogo, ponde incenso sobre ele diante do Senhor; todo o que ele escolher será o Santo; vós exaltai-vos muito, ó, filhos de Levi.’ Disse mais a Coré: ‘ouvi, ó, filhos de Levi: acaso é pouco para vós que o Deus de Israel vos tenha separado de todo o povo, e vos tenha unido a Si, para O servirdes no culto do tabernáculo, para assistirdes diante da multidão do povo, e exercerdes o seu ministério? Porventura Ele fez-vos aproximar de Si, a ti e a todos os teus irmãos, filhos de Levi, a fim de usurpardes para vós também o Sacerdócio, e todos os teus sequazes se sublevarem contra o Senhor? Que coisa é Aarão para murmurardes contra Ele? Moisés, pois, mandou chamar Datan e Abiron, filhos de Eliab, e eles responderam: ‘não vamos! Porventura não te basta haver-nos tirado de uma terra, que manava leite e mel, para nos fazerdes morrer no deserto?! (Ainda) queres-te assenhorear de nós? Na verdade, não nos conduziste a uma terra, onde corre o leite e o mel, nem sequer nos deste um pedaço de terra ou uma vinha: queres também tirar-nos os olhos?’ Não vamos!’ Moisés, muito irado, disse ao Senhor: ‘não olhes para os seus sacrifícios; tu sabes que eu nunca recebi deles nem tanto como um jumento e que não afligi nenhum deles.’ Disse a Coré: ‘tu e todos os teus sequazes, apresentai-vos, amanhã, de uma parte diante do Senhor, e Aarão da outra parte. Tomai, cada um, os vossos turíbulos, e ponde-lhes em cima incenso, oferecendo ao Senhor duzentos e cinquenta turíbulos. Aarão tenha também o seu turíbulo.’ Tendo eles feito isto na presença de Moisés e de Aarão, tendo juntado contra eles toda a multidão (dos rebeldes) à entrada do tabernáculo, apareceu a todos a glória do Senhor. O Senhor falou a Moisés e a Aarão, dizendo: ‘separai-vos do meio desta congregação para que Eu, de improviso, os destrua.’ Eles, então, prostraram-se com o rosto por terra, e disseram: ‘ó, Deus fortíssimo, dos espíritos de toda a carne, acaso pelo pecado de um só se acenderá a Tua ira contra todos?’ O Senhor disse a Moisés: ‘manda a todo o povo que se separe das tendas de Coré, de Datan e de Abiron.’ Levantou-se, pois, Moisés, e foi a Datan e Ebiron, seguindo-o os anciãos de Israel, e disse ao povo: ‘afastai-vos das tendas destes homens ímpios e não toqueis coisa que lhes pertença, para que não sejais envolvidos nos seus pecados.’ Afastando-se o povo das suas tendas, Datan e Abiron, [indo para fora], estavam em pé à entrada das suas tendas, com suas mulheres e filhos, e com todos os companheiros. Moisés disse: ‘nisto conhecereis que o Senhor me enviou a fazer tudo o que vedes; é que eu não o fiz por minha cabeça. Se estes morrerem com a morte ordinária dos homens, se a sua sorte [for] como a dos outros homens, o Senhor não me enviou. Mas, se o Senhor fizer por um novo prodígio que a terra, abrindo a sua boca, os engula com tudo o que lhes pertence, e que desçam vivos à morada dos mortos, então sabereis que eles blasfemaram contra o Senhor.’ Logo que ele acabou de falar, fendeu-se a terra debaixo dos seus pés e, abrindo a sua boca, os tragou com as suas tendas e com tudo o que lhes pertencia. Desceram vivos à morada dos mortos: cobriu-os a terra, e pereceram do meio da multidão. Todo o Israel, que estava em volta deles, ao clamor dos que pereciam, fugiu, dizendo: ‘não suceda que a terra nos engula também a nós!’ Ao mesmo tempo, saindo um fogo do Senhor, matou os duzentos e cinquenta homens, que ofereciam o incenso. O Senhor falou a Moisés, dizendo: ‘ordena ao Sacerdote Eleazar, filho de Aarão, que tire os turíbulos que estão no meio do incêndio, e que espalhe o fogo de uma para outra parte, porque foram santificados; que desses turíbulos faça lâminas, e as pregue ao altar, porque neles foi oferecido o incenso ao Senhor, e foram santificados, para que os filhos de Israel os contemplem como um sinal.’ O Sacerdote Eleazar tirou, pois, os turíbulos de bronze, nos quais tinham oferecido (incenso) os (homens) que foram consumidos pelo incêndio, reduziu-os a lâminas, pregando-os ao altar, para que os filhos de Israel tivessem, depois, alguma coisa que os advertisse, a fim de que nenhum estrangeiro, que não seja da linhagem de Aarão, se aproxime para oferecer incenso ao Senhor, e não sofra a mesma pena que sofreu Coré, com todo o seu séquito, conforme o Senhor tinha dito a Moisés. No dia seguinte, toda a multidão dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e Aarão, dizendo: ‘vós matastes o povo do Senhor. Como se formasse sedição e crescesse o tumulto, Moisés e Aarão fugiram para o tabernáculo da reunião. Quando entraram, a nuvem cobriu-o, e apareceu a glória do Senhor. O Senhor disse a Moisés: ‘retirai-vos do meio desta multidão! Imediatamente os destruirei!’ Tendo-se prostrado por terra, Moisés disse a Aarão: ‘toma o turíbulo e, pondo-lhe fogo do altar, deita-lhe incenso em cima e vai depressa ao povo, a fim de rogares por ele, porque já saiu a ira do Senhor, e o castigo começa.’ Aarão tomou o turíbulo e, correndo ao meio da multidão, a quem já abrasava o incêndio, ofereceu o incenso: estando de pé entre os mortos e vivos, rogou pelo povo, e o flagelo cessou. Os que pereceram foram catorze mil e setecentos homens, afora os que tinham perecido na sedição de Coré. Aarão voltou para Moisés para a porta do tabernáculo da reunião, depois que cessou a mortandade." (Nm 16)
"O Senhor falou a Moisés, dizendo: ‘fala aos filhos de Israel, e recebe deles uma vara por cada tribo, doze varas de todos os príncipes das tribos, e escreverás o nome de cada um deles sobre a sua vara. O nome de Aarão estará sobre a vara da tribo de Levi, e o nome do chefe de todas as outras tribos estará escrito separadamente, cada um na sua vara. Pô-las-ás no tabernáculo da reunião, diante do testemunho, onde Eu te falarei. A vara daquele que Eu escolher, dentre eles, florescerá: (deste modo) farei cessar os queixumes dos filhos de Israel contra vós.’ Moisés falou aos filhos de Israel, e todos os príncipes lhe deram as varas, uma por cada tribo. Eram, pois, doze varas, estando no meio a vara de Aarão. Moisés, tendo-as posto diante do Senhor, no tabernáculo do testemunho, voltando no dia seguinte, achou que tinha germinado a vara de Aarão (que era) pela tribo de Levi, e que, aparecendo os botões, tinham saído flores, e haviam amadurecido amêndoas. Moisés levou todas as varas, diante do Senhor, de todos os filhos de Israel, os quais as viram e receberam cada um a sua vara. O Senhor disse a Moisés: ‘torna a levar a vara de Aarão para o tabernáculo do testemunho, para se guardar ali em memória da rebelião dos filhos de Israel, e para que cessem as suas queixas diante de mim, e não morram.’ Moisés fez o que o Senhor lhe tinha ordenado. (Nm 17,1-11)
Em posse dessas informações, meditemos acerca do que é a Arca da Aliança: um objeto feito dos mais preciosos materiais de então. Não é Deus, mas a representação Dele. E os Sacerdotes que A guardavam e a tratavam com honra, bem como o povo de Israel, não A adoravam, mas sim ao Deus que Ela representa; e, ao respeitar aquela representação sagrada, demonstravam respeito ao Deus Trino e O adoravam, rendendo-Lhe graças e ofertando-Lhe orações.
Foi o próprio Criador que mandou que Seus filhos construíssem a Arca da Aliança, de modo que, por meio Dela, ele estivesse presente no meio de Seu povo, por Ela sendo representado. E ordenou que fosse feita com diversas imagens simbólicas, como as citações bíblicas acima testificam.
A Arca da Aliança guarnecia as Tábuas da Lei, dadas a Moisés pelo próprio Deus; a vara florescida de Aarão; e um jarro contendo uma porção do Maná, o pão descido do Céu como alimento para o Povo Escolhido, em sua jornada de 40 anos pelo deserto, até a Terra Prometida (Canaã).
A Arca da Aliança pode ser concebida de duas maneiras:
1) Sendo a representação de Jesus Cristo: A) Continha as Tábuas da Lei, e o Messias é a Lei, pois é Deus com o Pai e o Espírito Santo (Mt 12; Mc 2; Lc 6); B) Continha a vara de Aarão, Sacerdote escolhido pelo Criador, da tribo de Levi (a qual era a única destinada às incumbências sacerdotais e de serviência no Tabernáculo e, posteriormente, no Templo de Salomão). E, assim como o Altíssimo escolhe, entre as doze varas, a de Aarão, e o honra como Sacerdote e Santo entre os seus, também o Pai envia Seu Filho, que escolhe doze como Apóstolos e revela-se o Sacerdote do mundo, que o redime como seu salvador e cumpre a vontade do Pai (Mt 3; Mt 17; Mc 9; Lc 9); C) Continha o Maná, alimento do Céu, enviado ao Povo Escolhido. E o Bom Pastor é o Pão Vivo, descido do Céu, que sacia a fome eternamente dos que recebem a graça da Comunhão Eucarística (Jo 6).
2) Sendo a representação de Santa Maria: pois a Puríssima Virgem guarneceu em seu âmago (tal qual a antiga Arcada da Aliança) a Lei, o Sacerdote Maior e mais Santo, o Pão do Céu: Nosso Senhor Jesus Cristo (Is 7; Mt 1; Lc 2). Por isso é Ela chamada de “Nova Arca da Aliança”; “Sacrário de Deus”, pois, tal qual os sacrários, nas igrejas, abrigam Jesus dentro de si, assim o fez a Santíssima Mãe de Deus, que, por nove meses, o guardou em seu Santo ventre. E diz-se Dela “Mãe de Deus” por ter sido a Rainha do Céu a genitora do Verbo Encarnado, Deus Filho, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, Jesus Cristo — e isso por meio da graça (Mt 1; Lc 1). E não se concebe a expressão "Mãe de Deus" por "Mãe do Criador", uma vez que Ele é eterno e, por conseguinte, não pode ter sido criado, já que sempre existiu; e Santa Maria não é Deus e nem eterna, pois foi gerada a partir de seres humanos (São Joaquim e Santa Ana); porém, é santíssima e a primeira, abaixo da Santíssima Trindade; fora Ela preservada do pecado original, pois não poderia Deus vir ao mundo por meio de um receptáculo com mácula. Destarte: "Nova Arca da Aliança" e “Sacrário de Deus”.
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Peço perdão aos mais argutos, mas as digressões são retórica e didaticamente necessárias, a fim de que os menos versados na matéria compreendam, ao menos minimamente, o que foi a Arca da Aliança e suas significações. E, semelhante a Ela, a incomensurável importância do colossal Templo de Salomão, o primeiro no qual o Povo Escolhido pôde adorar ao Deus Trino, em um local sagrado e fixo, pela primeira vez, em sua árdua história, o que antes só era feito na tenda itinerante que abrigava o Tabernáculo.
E, assim como a Arca da Aliança, o Templo de Salomão fora encomendado pelo próprio Deus, o qual ordenou não apenas suas dimensões, mas cada imagem e escultura que o comporia.
Eis aí algumas provas de que Deus não é, absolutamente, contra imagens de nenhum gênero, desde que feitas em consonância com Suas Leis e em ordem ao que Lhe apraz, bem como com vistas à salvação das almas — quando são essas de cunho religioso.
Nos relatos bíblicos supracitados há imagens e esculturas de seres angelicais, plantas, frutos, animais, etc.: tudo feito por ordem do Criador, a fim de que tais representações servissem de ícone sensível aos sentidos humanos, por pura misericórdia de Deus, para facilitar a compreensão de Seus Mistérios por parte de Seus filhos, intelectual e espiritualmente limitados.
A Bíblia não é como um desses desprezíveis livros de auto-ajuda, que qualquer pré-adolescente consegue ler e depreender deles os conteúdos, sem maiores dificuldades. Ao contrário, trata-se de uma Escritura Sagrada, de contextos diversos, em culturas inúmeras, de idiomas distintos e complexíssimos, entremeados em teologia e filosofia com incomensurável nível de dificuldade, haja vista os muitos Mistérios insondáveis aos Homens, cabidos apenas a Deus. — Por isso só à Santa Igreja pertence o múnus de interpretar os Livros Santos, já que somente Ela tem a graça da condução do Espírito Santo: "antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal." (2Pd 1,20)
Um exemplo: o Primeiro Mandamento diz para amar a Deus sobre todas as coisas e jamais fazer imagens e adorá-las (ícones, esculturas, etc.). A palavra hebraica usada para designar essas representações, nesse primeiro artigo da Lei, é “pesel”, que significa “ídolo”. — Nesse mesmo idioma há outros verbetes que significam imagens, mas nenhum com sentido de idolatria. Portanto, a primeira regra do Decálogo é explícita ao proibir a adoração de imagens, mas não o correto uso delas. —
"Cada vez mais aumentava a multidão dos homens e mulheres que acreditavam no Senhor. De maneira que traziam os doentes para as ruas e punham-nos em leitos e macas, a fim de que, quando Pedro passasse, ao menos a sua sombra cobrisse alguns deles. Também das cidades vizinhas de Jerusalém afluía muita gente, trazendo os enfermos e os atormentados por espíritos imundos, e todos eles eram curados." (At 5,14-16)
"Deus fazia milagres extraordinários por intermédio de Paulo, de modo que lenços e outros panos que tinham tocado o seu corpo eram levados aos enfermos; e afastavam-se deles as doenças e retiravam-se os espíritos malignos." (At 19,11-12)
A sombra de São Pedro e os tecidos tocados por São Paulo eram ídolos adorados por esses supramencionados católicos primitivos, recém-conversos? Evidentemente que não! Sabiam eles que quem realizava os milagres era Deus, por meio de Seus Apóstolos; e os objetos tocados por eles se tornavam santificados e, outrossim, instrumentos pelos quais o Altíssimo concedia graças, na proporção da fé dos que os contatavam. — Sim! Pois Cristo tocava em muitas pessoas, mas nem todas obtinham, por conseguinte, dádivas. Não por que Ele não as pudesse dar, porquanto é Deus e tudo pode, senão por precariedade de fé e méritos da parte de quem os contatava, como se depreende de tal passagem:
"Ora, uma mulher que padecia dum fluxo de sangue havia doze anos, e tinha gasto com médicos todos os seus bens, sem que nenhum a pudesse curar, aproximou-se Dele por detrás e tocou-Lhe a orla do manto; e, no mesmo instante, lhe parou o fluxo de sangue. Jesus perguntou: 'quem foi que Me tocou?' Como todos negassem, Pedro e os que com Ele estavam disseram: 'Mestre, a multidão te aperta de todos os lados...'. Jesus replicou: 'alguém Me tocou, porque percebi sair de Mim uma força.' A mulher viu-se descoberta e foi tremendo e prostrou-se aos Seus pés; e declarou diante de todo o povo o motivo por que o havia tocado, e como logo ficara curada. Jesus disse-lhe: 'Minha filha, tua fé te salvou. Vai em paz!'" (Lc 8,43-48)
Esse fato é tão mavioso e profundo que cabe um tratado, apenas para ele.
Deus nada faz por acaso, sobretudo porque o acaso inexiste. Há sempre, nos atos do Criador, muitos Mistérios, múltiplos ensinamentos, inúmeras interconexões e matérias para meditação contemplativa... Sua Doutrina é inesgotável e colossal. A cada aprofundamento, novas descobertas e possibilidades de aplicações. Uma só é Sua Lei, Sua Igreja, Sua Fé, mas, por ser o Homem limitado, não exaure a absorção e, por isso, há sempre um recém-aprendizado em cada uma das mesmas imutáveis e bi-milenares Verdades de Fé.
Não deter-me-ei, aqui, nos meandros dessa riquíssima passagem, mas é mister refrisar o trecho em que Cristo diz que sentiu alguém tocá-Lo de modo diferente, apesar de uma multidão o espremer enquanto seguia-O. Óbvio que Ele sabia quem era, mas quis ensinar ao povo e aos Apóstolos acerca da fé, bem como da humildade e submissão perante Deus. Então deixou que a hemorroísa apresentasse-se, prostrada diante Dele, para que lhe dissesse: vai em paz, porque tua fé te salvou!
A tal agraciada mulher acreditava que a orla da túnica do Messias era um Deus? Adorara ela a veste de Jesus? Não, absolutamente! Sua crença era a de que, sendo Jesus o Messias, ao menos se conseguisse tocar em sua roupa ficaria curada, não pelo poder da roupa sagrada, mas pela intervenção de quem a usa, o Verbo Encarnado, que tudo sabe e tudo vê, e saberia e veria seu movimento de fé e lha recompensaria com a cura. Foi o que se deu. E esse manto, se fosse encontrado hoje, por sagrado que é, seria certamente venerado com muita honra. E, se tocado por alguém com a fé dessa tal senhora, alguém duvida das possibilidades de obtenção de milagres? Os protestantes, lamentavelmente, sim — por cegos à luz do meio-dia que são (Dt 28,29; Is 59,10)!
Eis a Sã Doutrina, a qual tem sido repetida pela Santa Igreja ao longo de mais de dois milênios, como corrobora seu Catecismo:
“1159. A imagem sagrada, o ‘ícone’ litúrgico, representa principalmente Cristo. Não pode representar o Deus invisível e incompreensível: foi a Encarnação do Filho de Deus que inaugurou uma nova ‘economia’ das imagens: ‘outrora Deus, que não tem nem corpo nem figura, não podia de modo algum ser representado por uma imagem. Mas agora, que Ele se fez ver na carne e viveu no meio dos Homens, eu posso fazer uma imagem daquilo que vi de Deus... (...) Contemplamos a glória do Senhor com o rosto descoberto.’ (São João Damasceno, De Sacris Imaginibus Oratio 1, 16: PTS 17, 89 e 92 [Pág. 94, 1245 e 1248.])
1160. A iconografia cristã transpõe para à imagem a mensagem evangélica que a Sagrada Escritura transmite pela palavra. Imagem e palavra esclarecem-se mutuamente: ‘para dizer brevemente a nossa profissão de fé, nós conservamos todas as Tradições da Igreja, escritas ou não, que nos foram transmitidas intactas. Uma delas é a representação pictórica das imagens, que está de acordo com a pregação da história evangélica, acreditando que, de verdade e não só de modo aparente, o Deus Verbo Se fez homem, o que é tão útil como proveitoso, pois as coisas que mutuamente se esclarecem têm indubitavelmente uma significação recíproca.’ (II Concílio de Niceia, em 787 d.C., Terminus: COD pág. 135.)
1161. Todos os sinais da celebração litúrgica fazem referência a Cristo: também as imagens sagradas da Mãe de Deus e dos Santos. De fato, elas significam Cristo que nelas é glorificado; manifestam ‘a nuvem de testemunhas’ (Hb 12,1) que continuam a participar na salvação do mundo e às quais estamos unidos, sobretudo na Celebração Sacramental. Através dos seus ícones, é o Homem ‘à imagem de Deus’, finalmente transfigurado ‘à Sua semelhança’. (Rm 8,29; 1Jo 3,2.), que se revela à nossa Fé — como ainda os Anjos, também eles recapitulados em Cristo: ‘seguindo a Doutrina divinamente inspirada dos nossos Santos Padres e a Tradição da Igreja Católica, que nós sabemos ser a Tradição do Espírito Santo que Nela habita, definimos com toda a certeza e cuidado que as veneráveis e santas imagens, bem como as representações da Cruz preciosa e vivificante, pintadas, representadas em mosaico ou de qualquer outra matéria apropriada, devem ser colocadas nas santas igrejas de Deus, sobre as alfaias e vestes sagradas, nos muros e em quadros, nas casas e nos caminhos: e tanto a imagem de Nosso Senhor, Deus e Salvador, Jesus Cristo, como a de Nossa Senhora, a Puríssima e Santa Mãe de Deus, a dos Santos Anjos e de todos os Santos e justos.’ (II Concílio de Niceia, Definitio de Sacris Imaginibus: DS 600.)
1162. ‘A beleza e a cor das imagens estimulam a minha oração. É uma festa para os meus olhos, e, tal como o espetáculo do campo, impele o meu coração a dar glória a Deus.’ (São João Damasceno, De Sacris Imaginibus Oratio 1, 47: PTS 17. 151 (Pág. 94, 1268.). A contemplação dos sagrados ícones, unida à meditação da Palavra de Deus e ao canto dos hinos litúrgicos, entra na harmonia dos sinais da celebração, para que o Mistério celebrado se imprima na memória do coração e se exprima depois na vida nova dos fiéis.
1192. As imagens sagradas, presentes nas nossas igrejas e nas nossas casas, destinam-se a despertar e alimentar a nossa fé no Mistério de Cristo. Através do ícone de Cristo e das Suas obras de salvação, é a Ele que adoramos. Através das imagens sagradas da Santa Mãe de Deus, dos Anjos e dos Santos, veneramos as pessoas que nelas vemos representadas.
2129. Esta imposição divina comportava a interdição de qualquer representação de Deus feita pela mão do Homem. O Deuteronômio explica: ‘tomai muito cuidado convosco, pois não vistes imagem alguma no dia em que o Senhor vos falou no Horeb, do meio do fogo. Portanto, não vos deixeis corromper, fabricando para vós imagem esculpida’ do que quer que seja (Dt 4,15-16). Quem Se revelou a Israel foi o Deus absolutamente transcendente. ‘Ele é tudo’, mas, ao mesmo tempo, ‘está acima de todas as Suas obras’. (Sir 43,27-28). Ele é ‘a própria fonte de toda a beleza criada’. (Sb 13,3)
2130. No entanto, já no Antigo Testamento, Deus ordenou ou permitiu a instituição de imagens, que conduziriam simbolicamente à salvação pelo Verbo encarnado: por exemplo, a serpente de bronze (Nm 21,4-9; Sb 16,5-14; Jo 3,14-15.), a Arca da Aliança e os querubins (Ex 25,10-22; 1Rs 6,23-28; 7,23-26.).
2131. Com base no Mistério do Verbo Encarnado, o VII Concílio Ecumênico de Niceia (ano de 787 d.C.) justificou, contra os iconoclastas, o culto dos ícones: dos de Cristo, e também dos da Mãe de Deus, dos Anjos e de todos os Santos. Encarnando, o Filho de Deus inaugurou uma nova ‘economia’ das imagens.
2132. O culto cristão das imagens não é contrário ao Primeiro Mandamento, que proíbe os ídolos. Com efeito, ‘a honra prestada a uma imagem remonta (São Basílio Magno, Liber de Spiritu Sancto, 18, 45: SC 17bis. 406 [Pág. 32, 149.].) ao modelo original’ e ‘quem venera uma imagem venera nela a pessoa representada’ (II Concílio de Niceia, Definitio de Sacris Imaginibus: DS 601; Concílio de Trento, Sess. 25ª, Decretum de Invocatione, Veneratione et Reliquiis Sanctorum, et Sacris Imaginibus: DS 1821-1825.). A honra prestada às santas imagens é uma ‘veneração respeitosa’, e não uma adoração, que só a Deus se deve: ‘o culto da Religião não se dirige às imagens em si mesmas, como realidades, mas olha-as sob o seu aspecto próprio de imagens, que nos conduzem ao Deus encarnado. Ora, o movimento que se dirige à imagem enquanto tal não se detém nela, mas orienta-se para a realidade de que ela é imagem.’ (Santo Tomás de Aquino, Summa Theologiae, 2-2. Q. 81, A. 3, Ad 3: Ed. Leon. 9, 180.)
2141. O culto das imagens sagradas funda-se no Mistério da Encarnação do Verbo de Deus. E não é contrário ao Primeiro Mandamento.” (Catecismo da Igreja Católica)
“Não prestamos o culto de religião às imagens consideradas em si mesmas como coisas, mas enquanto conducentes ao Deus Encarnado. Ora, o culto pela imagem, como tal, não finda nela, mas tende para o ser que ela representa. Logo, prestar o culto de religião às imagens de Cristo não diversifica a ideia de latria nem a virtude de religião.” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, Secunda Secundae, Questão 81, Artigo 3, Resposta 3.)
“Nem no Tabernáculo ou Templo da Lei Antiga, nem atualmente nas igrejas admitem–se imagens para lhes prestarmos o culto de latria, mas pela significação que encerram, isto é, para que, mediante tais imagens, na mente dos Homens se imprima e confirme a fé na excelência dos Anjos e dos Santos. — Salvo a imagem de Cristo, à qual, em razão da divindade, é devido o culto de latria, como se dirá na Terceira parte [ou seja: se adora a imagem de Cristo, o aspecto visual do Deus Filho, mas não o objeto que dá materialização a tal visualização.].” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, Secunda Secundae, Questão 94, Artigo 2, Resposta 1.)
“A idolatria tem dupla causa. Uma, dispositiva, que depende do Homem de três modos. *Primeiro, pelo afeto desordenado, que levou os Homens a atribuírem honras divinas àqueles a quem muito amavam ou veneravam. E esta causa assinala a Escritura quando diz: penetrado um pai de sensível mágoa, fez a imagem de seu filho, que cedo lhe fora arrebatado; e aquele que, então, havia falecido como Homem, começa agora a [ser adorado] como deus. E, no mesmo lugar, acrescenta–se que os Homens, ou pelo afeto ou servindo os soberanos, impuseram às madeiras e às pedras o nome incomunicável, isto é, da divindade. *Segundo, porque o Homem, como diz o filósofo, naturalmente se deleita com os produtos representativos da imaginação. Por isso, os Homens rudes, primitivos, vendo imagens humanas expressivamente feitas por artistas hábeis, prestaram–lhe culto divino. Donde o dizer a Escritura: se algum artífice hábil cortasse do mato algum tronco direito e pela perícia da sua arte lhe desse figura e o afeiçoasse em forma de Homem e, fazendo–lhe votos, o consultasse a respeito da sua fazenda e de seus filhos e de suas bodas... *Terceiro, por desconhecimento do verdadeiro Deus, cuja excelência os Homens não considerando, prestaram culto divino a certas criaturas, levados pela beleza ou virtude delas. E, por isso, diz a Escritura: nem considerando as Suas obras reconheceram quem era o artífice, mas reputaram por [advindas de] deuses governadores do universo ou ao fogo ou ao espírito ou ao ar comovido ou ao giro das estrelas ou à imensidade das águas ou ao sol e à lua. *Quanto à outra causa, a completiva da idolatria, ela está nos demônios, que provocaram para si o culto dos Homens transviados, dando respostas por meio dos ídolos e fazendo outras coisas tidas pelos Homens como miraculosas. Por isso a Escritura diz: todos os deuses das gentes são demônios.” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, Secunda Secundae, Questão 94, Artigo 4, Solução.)
“A honra implica em testemunharmos a excelência de alguém; por isso, quem quer ser honrado busca um testemunho da sua excelência, como está claro no filósofo. Ora, o testemunho é dado na presença de Deus ou dos Homens. *Na presença de Deus, que lê os corações, basta o testemunho da boa consciência. Logo, a honra tributada a Deus pode consistir no só movimento do coração, isto é, em meditarmos na excelência divina ou na de outro Homem em presença de Deus. *Mas, não podemos testemunhar nada em presença dos Homens, senão mediante certos sinais externos ou por atos, como as inclinações, as atenções e outros semelhantes; ou, também, por meios exteriores, como a oferta de dádivas ou de presentes ou expondo-lhes a imagem à veneração pública, ou por semelhante modo. E, assim, a honra consiste em sinais exteriores e corpóreos.” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, Secunda Secundae, Questão 103, Artigo 1, Solução.)
“O movimento para a imagem como tal tem por termo aquilo que ela representa; mas, nem todo movimento para a imagem a tem ela própria como termo. Por onde, o movimento para a imagem, às vezes, difere especificamente do que tem a realidade, como termo. Portanto, a honra ou a sujeição própria da dulia visa, absolutamente falando, uma certa dignidade do Homem. Mas, embora seja, quanto a essa dignidade, à imagem ou semelhança de Deus, o Homem nem sempre — e atualmente — refere a Deus a reverência que tributa a outrem. — Ou devemos dizer que o movimento cujo termo é a imagem recai também sobre a causa; mas o movimento cujo termo é a causa não há de, necessariamente, ter também a imagem como termo. Por onde, a reverência que tributamos a outrem, enquanto imagem de Deus, redunda, de certo modo, para Deus. Mas é diferente a reverência que tributamos a Deus mesmo, que de nenhum modo se lhe refere à imagem.” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, Secunda Secundae, Questão 103, Artigo 3, Resposta 3.)
“Em quem é honrado duas coisas podemos considerar, a saber: a pessoa a quem a honra é tributada; e a causa da honra. Ora, propriamente, a honra é prestada a todo ser por si subsistente. Assim, não dizemos que a mão de um Homem é honrada, mas que esse Homem o é. E se às vezes dissermos que é honrada a mão ou o pé de alguém, isso não significa [que] sejam essas partes, por si mesmas, honradas, mas que, nelas, honramos o todo. De cujo modo, também um Homem pode ser honrado por alguma exterioridade sua, como na sua roupa, na sua imagem ou no seu embaixador. Mas, a causa da honra é princípio em virtude do qual o honrado tem alguma excelência, pois a honra é a reverência prestada a alguém por causa da sua excelência, como se disse na Segunda Parte. Se, pois, num só Homem existirem várias causas de ser honrado, por exemplo, a superioridade, a ciência e a virtude, esse Homem receberá, por certo, uma só honra por parte de quem o honra, mas serão várias as honras pelas suas causas, pois o mesmo Homem é o honrado, tanto pela ciência como pela virtude. Ora, havendo em Cristo uma só pessoa, de natureza divina e humana, e também uma só hipóstase [União Hipostática: Deus e Homem] e um suposto, só uma é a adoração e só uma a honra por parte dos que O adoram; mas, quanto à causa por que é honrado, podemos considerar várias as adorações, de modo que será uma a honra tributada à sabedoria incriada e outra à salvação criada. — Mas, se tivesse Cristo várias pessoas ou hipóstases, seriam também várias as adorações, em sentido absoluto. E tal é o que o Sínodo condena, pois determina o seguinte: quem ousar dizer que devemos coadorar o Homem assumido com o Verbo de Deus, como se fossem duas adorações diferentes, e que, ao contrário, não é a mesma adoração que honra o Emanuel, enquanto Verbo feito carne, esse seja anátema.” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, Tertia Pars, Questão 25, Artigo 1, Solução.)
“Como diz o filósofo, a nossa alma se aplica com duplo movimento: a uma imagem em si mesma, como uma determinada coisa; e enquanto imagem de alguém. E, entre esses dois movimentos, há a diferença seguinte: o primeiro movimento, pelo qual nos aplicamos a uma imagem, enquanto uma determinada coisa, difere daquele pelo qual nos aplicamos ao ser a que ela pertence; ao passo que o segundo movimento, cujo objeto é a imagem como tal, é idêntico ao que tem por objeto o ser ao qual ela pertence. Donde, pois, devemos concluir que, à imagem de Cristo, enquanto uma determinada coisa, por exemplo, madeira esculpida ou pintada, nenhuma reverência é prestada, por que reverência só é devida à natureza racional. E daí resulta que lhe prestamos reverência só enquanto imagem [ou seja: presta-se culto à imagem enquanto visual de Cristo e não à matéria (coisa) que torna possível a visualização]. Donde se segue que a mesma reverência é prestada à imagem de Cristo e ao próprio Cristo. Sendo, portanto, Cristo adorado com adoração de latria, consequentemente a sua imagem deve ser adorada também com adoração de latria [a imagem de Cristo, Seu aspecto, Sua forma humana, mas não o objeto que a representa]. O referido preceito não proíbe fazer qualquer escultura ou imagem, mas fazê-la para adorar, e por isso acrescenta: não as adorarás nem lhes darás culto. Mas, como se disse, o movimento para a imagem é o mesmo que o para a realidade; por isso é proibida a adoração da imagem, do mesmo modo pelo qual o é a adoração do ser a que ela pertence [um ídolo, ou seja, falso deus: demônio]. E por isso se entende a proibição, do lugar aduzido, de adorar as imagens que os gentios faziam para venerar os seus deuses, isto é, os demônios. Donde o acrescentar a Escritura: não terás deuses estrangeiros diante de mim. Pois, do verdadeiro Deus, que é incorpóreo, não se pode fazer nenhuma imagem corpórea, porque, como diz Damasceno, é suma insipiência e impiedade dar figura ao divino. Mas, como no Novo Testamento Deus se fez Homem, pode ser adorado na Sua imagem corpórea. O Apóstolo proíbe tomarmos parte nas obras infrutuosas dos gentios, mas não proíbe que lhes participemos das obras úteis. Ora, a adoração das imagens deve ser contada entre as obras infrutuosas, por duas razões. Primeiro, porque certos gentios adoravam essas imagens como se fossem as realidades, crendo habitar nelas a divindade, por causa das respostas que os demônios, por meio delas, davam, e outros efeitos insólitos semelhantes. Segundo, por causa das realidades que elas manifestavam, pois faziam essas imagens de certas criaturas, veneradas nelas pela veneração de latria, ao passo que nós adoramos por adoração de latria a imagem por causa da realidade que ela representa, como dissemos [repito: entenda “a imagem adorada” enquanto aspecto visual de Deus e não o objeto que a representa.]. À criatura racional é devida [a] reverência [reverência não é adoração, lembre-se], em si mesma. Por onde, se à criatura racional, que é a imagem [e semelhança] de Deus, fosse tributada a adoração de latria, poderia haver ocasião de erro; isto é, poderia o afeto dos adoradores limitar-se ao Homem, como um determinado ser, sem levar-se até Deus, de que ele é a imagem, o que não pode dar-se com a imagem esculpida ou pintada na matéria sensível. Os Apóstolos, por uma inspiração familiar do Espírito Santo, ensinaram certas práticas a serem observadas pelas Igrejas, que não deixaram por escrito, mas na observância da Igreja, através das gerações dos fiéis. Por isso o Apóstolo mesmo diz: estai firmes e conservai as Tradições que aprendestes, ou de palavra, isto é, proferida oralmente, ou de carta nossa, isto é, por um escrito transmitido. E entre essas Tradições está a da adoração das imagens [não dos objetos que as representam] de Cristo. Por isso São Lucas pintou a imagem de Cristo, que, segundo se conta, está em Roma.” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, Tertia Pars, Questão 25, Artigo 3)
“Como dissemos, honra ou reverência não é devida senão à natureza racional; e à criatura insensível não devemos honra nem reverência senão por causa da natureza racional. E isto de dois modos: ou enquanto representa uma natureza racional, ou por estar a esta, de algum modo, unida. Do primeiro modo, costumaram os Homens venerar a imagem do rei; do segundo, as suas vestes. Mas, uma e outra coisa, com a mesma veneração com que veneram o rei. — Se, pois, nos referimos à Cruz mesma onde foi Cristo crucificado, de um e outro modo deve ela ser venerada. Primeiro, porque nos representa a figura de Cristo estendido nela; segundo, por causa do contato dos Seus membros e por ter sido embebida do Seu Sangue. Por onde, de um e outro modo, é adorada pela mesma adoração por que o é Cristo, isto é, pela adoração de latria. E também por isso dirigimos palavras e oração à Cruz como o faríamos ao próprio crucificado. — Se, porém, se trata da efígie da Cruz de Cristo, em qualquer outra matéria, por exemplo, pedra ou madeira, prata ou ouro, então veneramos a cruz somente, como imagem de Cristo, que veneramos com adoração de latria, segundo dissemos.” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, Tertia Pars, Questão 25, Artigo 4, Solução.)
“Pela razão do contato dos membros de Cristo, adoramos não só a Cruz, mas também tudo o que é de Cristo. Donde o dizer Damasceno: é racional adorarmos o Lenho precioso como santificado pelo contato do Seu Santo Corpo e Sangue; e, também, os cravos, as vestes e a lança; e os Seus Santos Tabernáculos. Mas tudo isso não representa a imagem de Cristo, como a Cruz, chamada Sinal do Filho do Homem, que aparecerá no Céu, como diz o Evangelho. E, por isso, às mulheres disse o Anjo: Vós buscais a Jesus Nazareno, que foi crucificado; não disse lanceado, mas crucificado. Donde vem que veneramos a imagem da Cruz de Cristo em qualquer matéria, mas não a imagem dos cravos ou de qualquer outra coisa semelhante.” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, Tertia Pars, Questão 25, Artigo 4, Resposta 3.)
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Os protestantes, por falta (involuntária ou dolosa) de conhecimento — ou, quiçá, por pura malícia —, não lêem as Sagradas Escrituras à luz da verdade, submetendo-se à interpretação única e oficial da Santa Igreja de Deus, a Católica, que a fornece aos Seus filhos por meio da condução do Espírito Santo, como o próprio Cristo o prometeu (Mt 16, 13-19; Mt 18-18; Mt 28,18-20; Jo 20,21-23). Ao contrário, cada qual desses revoltosos despreza a Sã Doutrina, a Hierarquia Clerical, o Magistério Ordinário e Extraordinário, o Papado, e arroga a si o poder de invocar o Paráclito, a fim de obter compreensão daquilo que se almeja, na hora em que se quer, em um delírio de “experiência sobrenatural delivery”, como se o Altíssimo lhes servisse de empregado e se apresentasse à primeira invocação elucubrativa desses. — Quanta soberba! Quanto engano! Quanto pecado! Quanto mal!
Quanto ao gravíssimo pecado de repulsa à Hierarquia da Santa Igreja, partilho trechos de uma resposta do genial Professor Doutor Orlando Fedeli (com quem humilde e respeitosamente divirjo em alguns pormenores, em conjunturas que não cabem no presente escrito mencionar) a um seu consulente:
“...Entretanto, outras frases e dúvidas colocadas, além de uma certa ojeriza contra o Papado que transparece em suas perguntas, me deixam a impressão de que você é protestante — ou, pelo menos, está contaminado pelo espírito protestante. Vamos às suas questões. Inicialmente você me pergunta — baseado numa revista cega de ódio contra a Igreja, a ‘Veja’, que deveria melhor se intitular de ‘Não enxergue’ — se é verdade que o Papa Alexandre VI foi um grande pecador, e, se isso é certo, como poderia ele governar a Igreja, estando nas mãos de Satanás. Noutra mensagem, você me pede que lhe explique como ‘Papas que viviam em prostituição’, ‘servindo satanás’, podem ser chamados de sucessores de São Pedro. Ainda noutra mensagem, me pede que lhe explique se a Igreja de Roma é a "meretriz do Apocalipse’... (...) Parece-me evidente que estas questões escondem uma mentalidade protestante, antipapal. Suas dúvidas, meu caro, se fundam em que você não distingue entre a pessoa que é Papa e o Papa enquanto sucessor de [São] Pedro e Vigário de Cristo na Terra. Quando Cristo deu o poder das chaves ao Apóstolo São Pedro, fazendo dele o chefe da Igreja, a pedra sobre a qual ia fundar a Sua única Igreja, prometeu-lhe que as portas do inferno não prevaleceriam sobre Ela, e que tudo o que [São] Pedro ligasse na Terra, seria ligado no Céu, e o que ele desligasse na Terra, seria desligado no Céu. Isto é, que [São] Pedro, sempre que falasse sobre Fé e moral para toda a Igreja, [pelo] poder que Cristo lhe concedera, seria infalível. Essa promessa dava a [São] Pedro o dom da infalibilidade, nas condições expostas acima. Não se concedeu a [São] Pedro o dom da impecabilidade. Pedro era infalível, mas Simão continuava pecável. Tanto que logo depois de receber o dom da infalibilidade como chefe da Igreja e Vigário de Cristo, Simão errou de tal modo que Cristo o chamou de satanás [Mc 8]. Mais tarde, negou três vezes o Mestre. Nos Papas é preciso distinguir, então, o homem e o Papa. O homem pode ser até criminoso — como [o Papa] Alexandre VI —, mas o Papa continua infalível, porque o dom de Cristo é incontaminável. Por isso um documento dos carbonários disse que um Papa como Alexandre VI, com toda a sua corrupção, não serviria para a maçonaria, pois, apesar de seus crimes, jamais escreveu algo contra a Fé, enquanto Papa. (...) Falei do ódio de certas revistas contra a Igreja Católica. Esse ódio da ‘Veja mas não enxergue’ é tão grande que chega a declarar, como você disse, que [o Papa] Alexandre VI foi ‘pai de Santa Catarina’. De fato, Alexandre VI teve filhos — antes de ser Papa. Mas a filha dele foi Lucrécia Borgia e não Santa Catarina. E a Veja nem se preocupa [em] verificar qual teria sido essa Santa Catarina. Sendo calúnia contra a Igreja Católica, sempre haverá quem acredite, sem verificar se é verdade ou não. Como você engoliu essa besteira devido à ignorância do repórter da Veja e do ódio geral contra o catolicismo? Você deveria se perguntar por que sua prevenção contra o Papado lhe faz aceitar — sem exame maior — calunias e mentiras. Isso indica preconceito e não amor à verdade. E você me pergunta como fica a Igreja ‘ortodoxa’ — a igreja cismática Oriental — sem o Papa. Fica mal; porque quem não está submetido ao Papa não está submetido a Cristo. E os Patriarcas cismáticos — de Constantinopla, Moscou, Atenas, Antioquia, etc. — são cismáticos. Estão fora da unidade da Igreja. E está dito que há um só Deus, uma só Fé e um só Batismo. A Igreja de Cristo é uma só, e quem está fora Dela não terá salvação, como proclamou o IV Concílio de Latrão: ‘extra Ecclesia nulla salus’. Como Lutero e outros hereges, você me pergunta se a ‘meretriz’ de que fala o Apocalipse é a Igreja Católica. É claro que não. A Igreja Católica Apostólica Romana é a única Esposa de Cristo. A Igreja Católica nunca poderá deixar de ser a Esposa de Cristo, porque senão a promessa de Cristo de que as portas do Inferno não prevaleceriam contra ela [Mt 16] teria sido uma promessa mentirosa. E Cristo não pode mentir, porque é Deus. A meretriz de que fala o Apocalipse é a Sinagoga de Satanás, de que fala o mesmo Apocalipse (Ap 2,9). E o que é a Sinagoga de Satanás? A Igreja é o Corpo Místico de Cristo [1Cor 12,12-14; Cl 1,18]. Sua cabeça é o próprio Cristo, e Seus membros são os fiéis batizados, que guardam a Fé integralmente, aceitam todos os Sacramentos e obedecem ao Papa e aos Bispos unidos a Roma. A Meretriz ou Sinagoga de Satanás é constituída por todos os que são filhos do demônio, querendo fazer a vontade de satanás. Haverá tempo em que a Sinagoga de Satanás se instalará como se fosse ele a Igreja de Cristo. Este será o tempo do anticristo, que ninguém sabe quando virá. In Corde Iesu semper, Orlando Fedeli (https://www.montfort.org.br/bra/cartas/papa/20040818102436/)
Destarte, que os revoltosos contra a Santa Igreja e Seu Papado estejam certos de que, factualmente, estão em combate contra o próprio Jesus Cristo, e a favor e em companhia do príncipe do mundo — sob o qual esse Vale de Lágrimas, miseravelmente, jaz (Jo 5,19; Jo 14,30; Jo 16,11). Mas Jesus, que instaurou Sua Santa Igreja e Seu Papa rogou pela vitória da Fé e a prometeu:
“’Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo; mas Eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos.’” (Lc 22,31-32)
Aprendei com os proto-cristãos, os primeiros católicos, Patrísticos, os quais foram incumbidos de manter intacta e passar adiante a Fé, e santamente o fizeram, submetendo-se a Ela, por meio da obediência ao Deus Trino, Sua Santa Igreja e Sua Hierarquia Eclesiástica, Seus Magistérios Ordinário e Extraordinário Infalíveis.
Asseverara Santo Agostinho (354 d.C. – 430 d.C.), Doutor da Igreja e um dos maiores Santos da Patrística: “Roma locuta, causa finita” (“Roma falou, encerrada a questão”).
Acompanhara-o Santo Atanásio (328 d.C. – 373 d.C.), São Basílio (330 d.C. – 379 d.C.) e outros Santos Doutores, ao proclamarem: “ubi Petrus ibi Ecclesia; ubi Ecclesia ibi Christus.” (“Onde está Pedro está a Igreja; onde está a Igreja está Cristo”).
Outrossim, apregoava Santo Inácio (ca. 30-35 d.C. - ca 98-107 d.C.), em uma de suas cartas aos católicos de Esmirna, diretamente de seu cárcere, onde aguardava o martírio perante os leões do Coliseu — um dos maiores baluartes da Fé, terceiro Bispo de Antioquia, sucessor do episcopado de São Pedro nessa região:
“Sigam todos ao Bispo, como Jesus Cristo ao Pai; sigam ao Presbitério como aos Apóstolos. Acatem os Diáconos, como à Lei de Deus. Ninguém faça sem o Bispo coisa alguma que diga respeito à Igreja. Por legítima seja tida tão-somente a Eucaristia feita sob a presidência do Bispo ou por delegado seu. Onde quer que se apresente o Bispo, ali também esteja a comunidade, assim como a presença de Cristo Jesus também nos assegura a presença da Igreja Católica. Sem o Bispo não é permitido nem batizar nem celebrar o ágape. Tudo, porém, o que ele aprovar será também agradável a Deus, para que tudo quanto se fizer seja seguro e legítimo.” (Santo Inácio de Antioquia, Carta aos Esmirnenses, § 8º, Livro Cartas, Editora Livre, 1ª edição, 2018 d.C., Campinas-SP, Pág. 40.)
Que aprendam os inveterados anticatólicos protestantes, bem como que se recordem do que ocorrera aos sublevadores do Antigo Testamento: Coré, Datan, Abiron, seus duzentos e cinquenta sequazes e mais quatorze mil e setecentos apoiadores; porquanto poucos pecados provocam tanto a ira do Deus Trino quanto a revolta contra Ele, Sua Santa Igreja e Seus Sacerdotes. E, na referida conjuntura, foram uns enviados ainda vivos às chamas do inferno, enquanto outros foram queimados enquanto em terra.
Acerca das imagens, quem as combate que se instrua e aja segundo a vontade do Deus Trino. Ora! Não foi o próprio Cristo, Deus com o Pai e o Espírito Santo, que quis imprimir Sua sacrossanta imagem no Santo Sudário? Não foi esse mesmo Deus Filho, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, o qual permitiu que Sua Sagrada Face fosse impressa no Santo Sudário de Verônica, que Lhe enxugara o Preciosíssimo Sangue de Seu Santo Rosto, em meio à Sua Paixão? Não foi a Mãe de Deus, Nossa Senhora, que, ao conceder ao índio Juan Diego, em Guadalupe, no México, a graça de testemunhar Sua aparição, por dádiva, quis que lhe ficasse impressa em sua tilma a Sua Santa imagem?
Permitindo tais milagres, quis Deus induzir Seus amadíssimos filhos ao mortal pecado da idolatria? É lógico que não! O que pretende Deus é que nos submetamos a Ele, à Sua Santa Igreja, aos Seus Santos Dogmas, à Sua Hierarquia, que saibamos adorá-Lo e prestar-Lhe as devidas honras e culto, bem como ofertar o devido respeito e veneração a quem Ele nos envia para Dele dar testemunho, como Nossa Senhora, os Anjos, Santos e Bem-Aventurados.
A imagem tão-somente remete-nos a quem ela representa: e não à ela, mas ao ser representado devemos prestar o devido culto e as devidas reverências.
Refrise-se: a Deus, o culto de adoração (latria); à Santíssima Virgem Maria, o culto de hiperdulia (especial veneração / especial respeito / especial admiração); e aos Anjos, Santos e Beatos, o culto de dulia (veneração / respeito / admiração).
“Nós recebemos o culto das imagens e ferimos de anátema os que procedem de modo contrário. Anátema a todo aquele que aplica às santas imagens os textos da Escritura contra os ídolos. Anátema a todo aquele que as chama 'ídolos'. Anátema àqueles que ousam dizer que a Igreja presta culto a ídolos.” (Anatematização proferida no I Concílio de Nicéia, a 325 d.C., no reinado do Papa São Silvestre, contra os iconoclastas.)
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DEUS CONDENA O MAL USO DAS IMAGENS
Agora, que se observe a taxatividade de Deus quanto à irrevogável proibição de se substituir a adoração a Ele (culto de latria), genuíno Criador, por idolatria, ou seja, adoração de falsos deuses, coisas criadas, etc.:
"Destruiu os lugares altos, quebrou as estelas e cortou os ídolos de pau asserás. Despedaçou a serpente de bronze que Moisés tinha feito, porque os israelitas tinham até então queimado incenso diante dela. Chamavam-na Nehustã. (...) Assim aconteceu porque eles não tinham escutado a voz do Senhor, seu Deus, mas tinham quebrado a sua aliança, recusando-se a ouvir e executar o que ordenara Moisés, servo do Senhor." (2Rs 18,4;12)
"Vendo que Moisés tardava a descer da montanha, o povo agrupou-se em volta de Aarão e disse-lhe: ‘vamos: faze-nos um deus que marche à nossa frente, porque esse Moisés, que nos tirou do Egito, não sabemos o que é feito dele.’ Aarão respondeu-lhes: ‘tirai os brincos de ouro que estão nas orelhas de vossas mulheres, vossos filhos e vossas filhas e trazei-me.’ Tiraram todos os brincos de ouro que tinham nas orelhas e os trouxeram a Aarão, o qual, tomando-os em suas mãos, pôs o ouro em um molde e fez dele um bezerro de metal fundido. Então, exclamaram: ‘eis, ó, Israel, o teu Deus, que te tirou do Egito.’ Aarão, vendo isso, construiu um altar diante dele e exclamou: ‘amanhã haverá uma festa em honra do Senhor.’ No dia seguinte, pela manhã, ofereceram holocaustos e sacrifícios pacíficos. O povo assentou-se para comer e beber, e depois levantaram-se para se divertir. O Senhor disse a Moisés: ‘vai, desce, porque se corrompeu o povo que tiraste do Egito. Desviaram-se depressa do caminho que lhes prescrevi; fizeram para si um bezerro de metal fundido, prostraram-se diante dele e ofereceram-lhe sacrifícios, dizendo: eis, ó, Israel, o teu deus, que te tirou do Egito.’ ‘Vejo’ — continuou o Senhor — ‘que esse povo tem a cabeça dura. Deixa, pois, que se acenda minha cólera contra eles e os reduzirei a nada; mas de ti farei uma grande nação.’ Moisés tentou aplacar o Senhor, seu Deus, dizendo-lhe: ‘por que, Senhor, se inflama a Vossa ira contra o Vosso povo, que tirastes do Egito com o Vosso poder e à força de Vossa mão? Não é bom que digam os egípcios: com um mau desígnio os levou para matá-los nas montanhas e suprimi-los da face da Terra! Aplaque-se Vosso furor, e abandonai Vossa decisão de fazer mal ao Vosso povo. Lembrai-Vos de Abraão, de Isaac e de Israel, Vossos servos, aos quais jurastes por Vós mesmo de tornar sua posteridade tão numerosa como as estrelas do céu e de dar aos seus descendentes essa terra de que falastes, como uma herança eterna.’ E o Senhor se arrependeu das ameaças que tinha proferido contra o Seu povo. Moisés desceu da montanha segurando nas mãos as duas tábuas da Lei, que estavam escritas dos dois lados, sobre uma e outra face. Eram obra de Deus, e a escritura nelas gravada era a escritura de Deus. Ouvindo o barulho que o povo fazia com suas aclamações, Josué disse a Moisés: ‘há gritos de guerra no acampamento!’ ‘Não’ — respondeu Moisés —, ‘não são gritos de vitória, nem gritos de derrota: o que ouço são cantos.’ Aproximando-se do acampamento viu o bezerro e as danças. Sua cólera se inflamou, arrojou de suas mãos as tábuas e quebrou-as ao pé da montanha. Em seguida, tomando o bezerro que tinham feito, queimou-o e esmagou-o até reduzi-lo a pó, que lançou na água e a deu de beber aos israelitas. Moisés disse a Aarão: ‘que te fez este povo para que tenhas atraído sobre ele um tão grande pecado?’ Aarão respondeu: ‘não se irrite o meu senhor. Tu mesmo sabes quanto este povo é inclinado ao mal. Eles disseram-me: ‘faze-nos um deus que marche à nossa frente, porque este Moisés, que nos tirou do Egito, não sabemos o que é feito dele.’ Eu lhes disse: ‘todos aqueles que têm ouro, despojem-se dele!’ E mo entregaram: joguei-o ao fogo e saiu esse bezerro.’ Moisés viu que o povo estava desenfreado, porque Aarão tinha-lhe soltado as rédeas, expondo-o, assim, à zombaria de seus adversários. Pôs-se de pé à entrada do acampamento e exclamou: ‘venham a mim todos aqueles que são pelo Senhor!’ Todos os filhos de Levi se ajuntaram em torno dele. Ele disse-lhes: ‘eis o que diz o Senhor, o Deus de Israel: cada um de vós coloque a espada sobre sua coxa. Passai e repassai através do acampamento, de uma porta à outra, e cada um de vós mate o seu irmão, seu amigo, seu parente!’ Os filhos de Levi fizeram o que ordenou Moisés e cerca de três mil homens morreram naquele dia entre o povo." (Ex 32,1-28)
"Ante a face de Deus, treme, ó Terra, por quem o rochedo se mudou em lençol de água, e a pedra em fonte de água viva. Não a nós, Senhor; não a nós, mas ao Vosso nome dai glória, por amor de Vossa misericórdia e fidelidade. Por que diriam as nações pagãs: ‘onde está o Deus deles?’ Nosso Deus está nos Céus; Ele faz tudo o que Lhe apraz. Quanto a seus ídolos de ouro e prata, são eles simples obras da mão dos homens. Têm boca, mas não falam; olhos e não podem ver; têm ouvidos, mas não ouvem; nariz e não podem cheirar; têm mãos, mas não apalpam; pés e não podem andar; sua garganta não emite som algum. Semelhantes a eles sejam os que os fabricam e quantos neles põem sua confiança." (Sl 113,7-16)
"No sexto ano, no quinto dia do sexto mês, estava eu sentado em minha casa, com os anciãos de Judá, quando a mão do Senhor baixou sobre mim. Olhei: enxerguei algo como uma silhueta humana. Abaixo do que parecia serem seus rins, era fogo e, desde os rins até o alto, havia um clarão vermelho. Estendeu uma espécie de mão e agarrou-me pelos cachos dos cabelos. O espírito levantou-me entre o Céu e a Terra, e levou-me a Jerusalém, em visões divinas, à entrada da porta interior que olha para o norte, lá onde se erige o ídolo que provoca o ciúme do Senhor. Lá se me manifestou a glória do Deus de Israel, tal como a visão que tive no vale. E ele me disse: ‘filho do homem, ergue os olhos para o norte.’ Levantei os olhos para o norte e vi, ao norte da porta do altar, à entrada, o ídolo que provoca o ciúme do Senhor. ‘Filho do homem’ — disse-me —, ‘vês tu a abominação que praticam, como eles procedem na casa de Israel, para que Eu me afaste do Meu santuário? Verás, todavia, coisas muito mais graves.’ Conduziu-me até a entrada do adro e, reparando, vi que havia um rombo no muro. ‘Filho do homem’ — disse-me Ele —, ‘fura a muralha.’ Quando a furei, divisei uma porta. ‘Aproxima-te’ — disse Ele — ‘e contempla as horríveis abominações a que se entregam aqui.’ Fui até ali para olhar: enxerguei aí toda espécie de imagens de répteis e de animais imundos e, pintados em volta da parede, todos os ídolos da casa de Israel. Setenta anciãos da casa de Israel, entre os quais Jazanias, filho de Safã, se achavam de pé diante deles, segurando cada qual o seu turíbulo, do qual se elevava espessa nuvem de fumaça. ‘Filho do homem’ — disse-me Ele —, ‘vês tu o que fazem os anciãos de Israel na obscuridade, cada um deles em sua câmara, guarnecida de ídolos, pensando que o Senhor não os vê, e que Ele abandonou a Terra?’ E ajuntou: ‘verás ainda abominações mais graves que eles estão cometendo.’ Conduziu-me, então, para a entrada da porta setentrional da casa do Senhor: mulheres estavam assentadas, chorando Tamuz. ‘Filho do homem’ — falou-me —, ‘tu viste? Verás ainda abominações piores do que estas.’ Levou-me, então, ao interior do templo. À entrada do santuário do Senhor, entre o vestíbulo e o altar, avistei cerca de vinte e cinco homens, que, de costas para o santuário do Senhor, com a face voltada para o Oriente, se prosternavam diante do sol. ‘Filho do homem’ — disse-me Ele —, ‘vês isto? Não basta à casa de Judá entregar-se a esses ritos abomináveis que aqui se praticam? Haverá ainda ela de encher a Terra de violência, e não cessará de me irritar? Ei-los, que trazem o ramo ao nariz. Está bem! Eu, de Minha parte, procederei com furor, não terei condescendência, serei impiedoso. Inutilmente clamarão a Meus ouvidos. Não os ouvirei.’" (Ez 8)
"Depois ouvi gritar com voz forte: ‘aproximai-vos, vós, os guardas da cidade, trazendo cada um de vós o instrumento de destruição.’ Surgiram, então, do pórtico superior que olha para o norte, seis homens trazendo cada um na mão o instrumento de destruição. Encontrava-se no meio deles um personagem vestido de linho, trazendo à cintura um tinteiro de escriba. Entraram para se colocar de pé ao lado do altar de bronze. Então, a glória do Deus de Israel se elevou de cima do querubim, onde repousava, até a soleira do templo. Chamou o Senhor o homem vestido de linho, que trazia à cintura os instrumentos de escriba, e lhe disse: ‘percorre a cidade, o centro de Jerusalém, e marca com uma cruz na fronte os que gemem e suspiram devido a tantas abominações que na cidade se cometem.’ Depois, dirigindo-se aos outros, em minha presença, disse-lhes: ‘percorrei a cidade, logo em seguida, e feri! Não tenhais consideração nem piedade. Velhos, jovens, moços, moças, crianças e mulheres, matai todos até o total extermínio; precavei-vos, todavia, de tocar em quem estiver assinalado por uma cruz. Começai por meu santuário.’ Começaram pelos anciãos que encontraram defronte ao templo. ‘Manchai o templo’ — disse-lhes — ‘e enchei de cadáveres os adros; em seguida, saí!’ E foram-se eles para prosseguir o morticínio na cidade. Permanecendo só durante esse massacre, prostrei-me de face contra a Terra e gritei: ‘á! Senhor Javé, ides exterminar o que resta de Israel, desencadeando vosso furor contra Jerusalém!’ ‘A falta de Israel e de Judá é grande! Muito grande!’ — Respondeu-me —. ‘A Terra transborda de sangue e a cidade extravasa de perversão, porque dizem entre eles: o Senhor abandonou a Terra! O Senhor não enxerga mais nada! Está bem! Eu, de Minha parte, não terei complacência. Eu Me mostrarei impiedoso, farei recair sobre a sua cabeça o peso de seu proceder.’ Depois disso, reapareceu o personagem vestido de linho, que trazia à cintura os instrumentos de escriba. Vinha prestar contas. ‘Fiz o que me ordenastes.’" (Ez 9)
"Olhei. Na abóbada estendida acima da cabeça dos querubins havia como que uma pedra de safira, uma espécie de trono, que aparecia sobre eles. O Senhor disse, então, ao homem vestido de linho: ‘passa no meio das rodas, debaixo dos querubins; enche a mão de carvões ardentes que tomarás entre os querubins e espalha essas brasas sobre a cidade.’ E ele se foi sob as minhas vistas. Quando o homem acabou de fazer isso, estavam os querubins à direita do templo, e a nuvem enchia o átrio interior. A glória do Senhor elevou-se acima dos querubins até a soleira do templo, e enquanto o esplendor da glória do Senhor enchia o átrio, a nuvem invadia o templo. O ruflar das asas dos querubins fazia-se ouvir até no pátio exterior, e assemelhava-se à voz do Deus onipotente quando fala. Apenas havia ordenado ao homem de linho tomar o fogo no intervalo das rodas entre os querubins, este veio postar-se junto de uma roda, e um dos querubins estendeu a mão para o fogo que se encontrava em meio dos querubins. Daí ele retirou brasas, que colocou na mão do homem vestido de linho, o qual as tomou e saiu. Notei que os querubins pareciam ter mãos humanas sob as asas. Eu olhei ainda. Havia ao lado dos querubins quatro rodas, uma junto a cada um deles. Possuíam o clarão da gema de Társis. Todas as quatro pareciam ter a mesma forma e cada uma parecia estar no meio da outra. Deslocando-se nas quatro direções, avançavam sem se voltarem, porque iam sempre na direção tomada pela que ia à frente, sem se voltar em seu movimento. Todo o seu corpo, suas costas, suas mãos e suas asas, assim como as rodas, achavam-se guarnecidas de olhos em derredor: cada um dos quatro possuía uma roda. Ouvi que se dava a essas rodas o nome de turbilhão. Cada um dos querubins tinha quatro faces: o primeiro, a de um querubim; o segundo, um aspecto humano; o terceiro, o de um touro; e o quarto, o de uma águia. Os querubins se elevaram: eram os seres vivos que eu tinha visto às margens do Cobar. Quando os querubins se deslocavam, as rodas se deslocavam com eles; quando desdobravam as asas para elevar-se da terra, as rodas não se desprendiam deles. Quando paravam, as rodas paravam; se se elevavam no espaço, elas de igual modo se elevavam, porque o espírito desses seres vivos estava também nelas. De repente, a glória do Senhor deixou a soleira do templo e pousou sobre os querubins. Estes desdobraram as asas e eu os vi alçarem-se da terra com as rodas ao lado, para partirem. Eles pararam à entrada da porta oriental do templo, dominados pela glória do Senhor. Estavam lá os seres vivos que eu tinha visto debaixo do Deus de Israel, às margens do Cobar, e reconheci os querubins: cada um tinha quatro figuras e quatro asas, e sob as asas algo parecido com mãos humanas. Suas figuras assemelhavam-se àquelas que eu tinha visto às margens do Cobar. Cada um deles ia para a frente diante de si." (Ez 10)
"Pretendendo-se sábios, tornaram-se estultos. Mudaram a majestade de Deus incorruptível em representações e figuras de homem corruptível, de aves, quadrúpedes e répteis. Por isso, Deus os entregou aos desejos dos seus corações, à imundície, de modo que desonraram entre si os próprios corpos. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura em vez do Criador, que é bendito pelos séculos. Amém!" (Rm 1, 22-25)
Eis aí o que acontece quando as imagens são utilizadas de modo desordenado, ilícito, pecaminoso e postas no lugar de Deus, não para representá-Lo ou para ilustrar Anjos e Santos, mas como falsos deuses, a fim de serem adorados.
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Os protestantes acusam injusta e levianamente os católicos de adorarem imagens, mas provavelmente sequer sabem a diferenciação entre adoração, veneração, latria, hiperdulia, dulia e definições afins.
Quem é católico adora apenas a Deus; venera especialmente Nossa Senhora; e, abaixo Dela, os seres angelicais, Santos e Bem-Aventurados, por dever e obrigação, já que, na Hierarquia, estão acima do Homem e esse lhes deve tal reverência, que é ato de honradez, respeito, admiração e jamais idolatria.
Rezo para que os protestantes obtenham a graça da conversão e, nesse processo, tenham acesso aos escritos dos primeiros cristãos, a fim de comprovarem que, desde o início da Santa Igreja, sempre se adorou apenas a Deus e se venerou a Santíssima Virgem Maria e os Santos. — E quem não o faz, dolosa e empedernidamente, ruma à eterna danação.
Tome-se como exemplo a ojeriza que, de modo geral, sentem os protestantes pela Mãe de Nosso Senhor, Nossa Senhora. Eis, aí, um sinal de maldição, que, se não for quebrado com a plena conversão, pela graça, à genuína Fé, consequenciar na irreversível perdição do inferno.
"E o Senhor Deus chamou por Adão e disse-lhe: ‘onde estás?’ E ele respondeu: ‘ouvi a Tua voz no Paraíso e tive medo, porque estava nu, e escondi-me.’ Disse-lhe Deus: ‘mas quem te fez conhecer que estavas nu? Acaso comeste da árvore de que Eu tinha ordenado que não comesses?’ Adão disse: ‘a mulher, que me deste por companheira, deu-me (do fruto) da árvore, e comi.’ E o Senhor Deus disse para a mulher: ‘por que fizeste isto?’ Ela respondeu: ‘a serpente enganou-me, e comi.’ E o Senhor Deus disse à serpente: ‘pois que fizeste isto, és maldita entre todos os animais e bestas da Terra; andarás de rastos sobre o teu peito, e comerás terra todos os dias da tua vida. Porei inimizades entre ti e a mulher, e entre a tua posteridade e a posteridade dela. Ela te pisará a cabeça e tu armarás traições ao seu calcanhar." (Gn 3,9-15)
Sabei, protestantes, que Nossa Senhora é a Nova Eva; que, se pela descendência dessa última adveio o pecado, pela descendência daquela primeira adveio a salvação, por meio do Messias, Jesus Cristo. E, se Eva ofereceu à humanidade o maldito fruto proibido, a Puríssima Virgem oferta aos seres humanos o Fruto da Vida, do qual quem comer a carne e beber o sangue jamais sentirá fome e sede, pois que é Ele o Pão do Céu; o Maná Eterno; a Eucaristia da Salvação Perene.
"Tendo, pois, visto a multidão que não estava lá nem Jesus nem os Seus discípulos, entrou naquelas barcas e foi a Cafarnaum, em busca de Jesus. Tendo-O encontrado na outra margem do mar, disseram-Lhe: ‘Mestre, quando chegaste aqui?’ Jesus respondeu-lhes: ‘em verdade, em verdade, vos digo: vós buscais-Me não porque vistes os milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes saciados. Trabalhai não pela comida que perece, mas pela que dura até à Vida Eterna, a qual o Filho do Homem vos dará; porque Nele imprimiu Deus Pai o Seu selo.’ Eles, então, disseram-lhe: ‘que devemos nós fazer para praticar obras de Deus?’ Jesus respondeu: "a obra de Deus é esta: que acrediteis naquele que enviou.’ Mas eles disseram-lhe: ‘que milagre fazes Tu, para que o vejamos e acreditemos em Ti? Que fazes Tu? Nossos pais comeram o maná no deserto, segundo está escrito: deu-lhes a comer o pão do Céu. (Sl 77,24).’ Jesus respondeu-lhes: ‘em verdade, em verdade, vos digo: Moisés não vos deu o Pão do Céu, mas Meu Pai é que vos dá o verdadeiro Pão do Céu. Porque o Pão de Deus é o que desceu do Céu e dá a vida ao mundo.’ Então, disseram-lhe: ‘Senhor, dá-nos sempre desse Pão.’ Jesus respondeu-lhes: ‘Eu sou o Pão da Vida; o que vem a Mim não terá jamais fome, e o que crê em Mim não terá jamais sede. Porém, já vos disse que vós Me vistes e que não credes. Tudo o que o Pai Me dá virá a Mim; e aquele que vem a Mim não o lançarei fora; porque desci do Céu não para fazer a Minha vontade, mas a vontade Daquele que Me enviou. Ora, a vontade Daquele que Me enviou é que Eu não perca nada do que Me deu, mas que o ressuscite no último dia. A vontade de Meu Pai, que Me enviou, é que todo o que vê o Filho e crê Nele tenha a Vida Eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia.’ Murmuravam, pois, dele os Judeus, porque dissera: ‘Eu sou o Pão que desceu do Céu.’ Diziam: ‘porventura não é este aquele Jesus, filho de José, cujo pai e mãe nós conhecemos? Como, pois, diz Ele: desci do Céu?’ Jesus, replicando, disse-lhes: ‘não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a Mim se o Pai que Me enviou o não atrair; e Eu o ressuscitarei no último dia. Está escrito nos profetas: e serão todos ensinados por Deus (Is 54,13). Portanto, todo aquele que ouve e aprende do Pai vem a Mim. Não porque alguém tenha visto o Pai, exceto Aquele que vem de Deus; esse viu o Pai. Em verdade, em verdade, vos digo: o que crê em Mim tem a Vida Eterna. Eu sou o Pão da Vida. Vossos pais comeram o maná, no deserto, e morreram. Este é o Pão que desceu do Céu, para que aquele que dele comer não morra. Eu sou o Pão Vivo, descido do Céu. Quem comer deste Pão viverá eternamente; e o pão que Eu darei é a Minha carne (que será sacrificada), para a salvação do mundo.’ Disputavam, então, entre si os judeus: ‘como pode este dar-nos a comer a sua carne?’ Jesus disse-lhes: ‘em verdade, em verdade, vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o Seu sangue, não tereis a vida em vós. O que come a Minha carne e bebe o Meu sangue tem a Vida Eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia; porque a Minha carne é verdadeiramente comida, e o Meu sangue verdadeiramente bebida. O que come a Minha carne e bebe o Meu sangue permanece em Mim e Eu nele. Assim como me enviou o Pai que vive, e Eu vivo pelo Pai, assim o que comer a Minha carne, esse mesmo também viverá por mim. Este é o Pão que desceu do Céu. Não é como o pão que comeram os vossos pais, que morreram. O que come deste Pão viverá eternamente.’" (Jo 6,24-58)
E mais: o próprio Arcanjo Gabriel, na conjuntura da Anunciação da Epifania (Mt 1; Lc 1) saúda em culto de hiperdulia (especial veneração) à Nossa Senhora, prostrando-se diante da Mãe de Nosso Senhor e exclamando: “Ave Maria!”.
Imprescindível saber: "ave" é o exato contrário de "Eva", como o é a Santíssima Maria em relação à companheira de Adão. Essa gerou herança de pecado e Aquela, herança de vida, pois de Seu imaculado ventre quis Deus vir ao mundo para salvar Seus filhos Nele crentes e a Ele submetidos.
O nome latino “Eva” adveio do grego antigo “Εὔα” (“Év̱a”), o qual, por sua vez, é oriundo do hebraico ”חוה” (“Ḥawwāh” / “Chavá”), que tem conexão de raiz com o verbo ”לחיות” (“lichyot” / “viver”) e com palavras como ”חַי” (“chai”) e ”חַיִּים” (“chayim”), as quais comunicam a ideia de “vidas“. — Tem muita coerência, uma vez que foi Eva a matriz de todas as gerações posteriores; a “mãe de todos”, do hebraico “כָּל־חָי” (“kol chai”), como o ratifica o Santo Livro de Gênesis: "Adão pôs à sua mulher o nome de Eva, porque ela era a mãe de todos os viventes." (Gn 3,20)
No Mistério da Anunciação, por exemplo, observe-se como age o Arcanjo Gabriel. É o único relato, em toda a Bíblia, em que um ser angélico se prostra diante de um ser humano. Sim! Ele prostrou-se perante a Rainha do Céu e saudou-a, venerando-A com as devidas honras: “Ave Maria, gratia plena, Dominus Tecum!” (“Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é Convosco!”) (Mt 1; Lc 1); pois é um ser angelical, dotado de elevadíssimo conhecimento do bem e do mal, de capacidade cognitiva e intelectual incalculavelmente superior à humana e, obviamente, sabedor de quem estava à sua frente: a Mãe do Deus Filho, a Mulher da Coroação com 12 estrelas, no Santo Livro do Apocalipse; a Assunta aos Céus e coroada como Rainha pelo próprio Deus, estando Ela abaixo apenas Dele no Reino dos Céus — Ele, o Rei dos Reis e Deus Criador.
Tenha-se em mente, por exemplo, como tratara Ló aos dois Anjos enviados ao seu encontro, pelo Senhor. Prostrou-se com o rosto em terra, diante de ambos. Agora, pondere-se bem o protestante: quão soberbo, orgulhoso e mentecapto tem de ser um indivíduo para recusar-se a prestar a correta veneração a ser tão altivo (hierarquicamente superior aos humanos), feito por Deus e perante o qual devem os Homens prestar a devida reverência? E, pior ainda: qual não é a indolência e estultícia da pessoa que, defronte à Nossa Senhora (perante a qual todas as classes angelicais se prostram) não se curva, em respeito, por ser Ela a Mãe do Salvador, digna de todo respeito e, na Jerusalém Celeste, abaixo apenas do Deus Trino?
Os protestantes, no entanto, atacam a Santíssima Virgem e são veementemente contra toda e qualquer imagem que A represente. Todavia, é mister saberem que desde os primórdios da Santa Igreja venerou-se a Mãe de Cristo como santíssima e virgem.
A oração mais antiga que se conhece, dirigida à Santa Maria é: “sub Tuum praesidium confugimus, Sancta Dei Genetrix. Nostras deprecationes ne despicias, in necessitatibus nostris, sed a periculis cunctis libera nos semper, Virgo Gloriosa et Benedicta! Amen!" Tradução: “à Vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas, em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó, Virgem Gloriosa e Bendita! Amém!” (OSSANNA, Tullio Faustino. A Ave-Maria: História, conteúdo, controvérsias. São Paulo: Loyola, 2006 d.C., p.36.)
Documentos dos anos 200 d.C. (Século III d.C.) são os primeiros registros escritos dessa prece, ratificando-a como antiquíssima e advinda dos primórdios do catolicismo (Patrística), sendo difícil precisar quando, de fato, foi criada e proliferada à toda cristandade. — Antigamente, era comum até mesmo as obras de arte feitas por católicos não serem assinadas, uma vez que a intenção era contribuir à salvação das almas e não a vanglória.
Existe, inclusive, evidências arqueológicas incontestes da devoção mariana, já nos meados do catolicismo.
Pinturas devocionais marianas são encontradas nas catacumbas de Priscila (Século II d.C.), local onde os católicos reuniam-se clandestinamente para celebração da Santa Missa, em razão das perseguições romanas.
Uma delas apresenta a Virgem Santíssima com o Menino Jesus ao colo, ladeados por um Profeta, identificado como Isaías. (LAZAREFF, Victor Nikitich. Studies in the Iconography of the Virgin, The Art Bulletin, London: Pindar Press, págs. 26-65.)
Nas catacumbas de São Pedro e de São Marcelino, também se vê uma pintura do Século III/IV d.C, a qual mostra a Puríssima Mãe entre São Pedro e São Paulo, com as mãos estendidas, em prece.
Quanto à Patrística, seu primeiro registro escrito a mencionar Maria Santíssima vem da pena de um dos maiores baluartes da Fé: Santo Inácio de Antioquia (ca. 30-35 d.C. – ca. 98-107 d.C.), Bispo entre os anos de 68 d.C a 107 d.C., o qual manteve a Santa Tradição apostólica de veneração à Nossa Senhora.
No combate à heresia docetista (que, miseravelmente, defendia ser Jesus um espectro e não fisicamente constituído), Santo Inácio defendera as duas naturezas de Cristo, divina e humana, sendo essa última oriunda da linhagem de Davi e advinda da Sempre Virgem Maria.
Afirmara que Cristo foi "concebido em Maria e nascido de Maria", e que a sua castidade pertence a "um Mistério escondido no Silêncio de Deus."
Em tempos de apostasia, Santo Inácio não se acovardara diante das ameaças de martírio e jamais capitulou. Por isso morreu pela Fé, atirado aos leões.
Um outro bastião do catolicismo, São Justino Mártir (nascido no ano 100 d.C. e decapitado em 165 d.C.), também combateu heresias contra a Rainha do Céu. Defendia, já em sua época, a virgindade perpétua de Santa Maria, o culto de hiperdulia e o paralelismo entre Eva e Nossa Senhora (vide Diálogo com Tristão”): "se por uma mulher, Eva, entrou no mundo o pecado, por uma mulher, Maria, veio ao mundo o Salvador". — Importante mencionar que a primeira palavra do Arcanjo Gabriel à Santa Mãe de Deus foi “ave”, exato contrário de “Eva”, ratificando também, na conjuntura, a Sã Doutrina, a qual assevera que de uma nova Eva virá o novo Adão, para a redenção dos que acreditarem e se submeterem a Ele e à Sua Santa Igreja.
Outrossim, muitíssimos outros Santos patrísticos e importantes figuras católicas defenderam, com notável pujança, a devoção mariana, sempre presente na Santa Tradição. Foi também o caso de Santo Irineu de Lyon (ca. 130 d.C. – ca. 202 d.C.), provavelmente martirizado, entre tantos outros.
Isso é Doutrina Católica, bi-milenar e transmitida pelo próprio Deus, por meio de Seus Profetas; do Antigo Testamento; de Cristo; dos Apóstolos; do Novo Testamento; e da Santa Tradição.
Abaixo, dois textos do Prof. Doutor Orlando Fedeli, que tange as últimas matérias abordadas. — Do primeiro optei por inserir apenas alguns trechos, já que o caro Professor, infelizmente, parece crer na falácia do Big Bang e a cita como sendo fato cientificamente comprovado, o que é um equívoco, pois isso nunca se deu e jamais se dará, haja vista que o mundo foi feito por Deus e não e Ele não o fez por meio de um estouro, como a própria Bíblia o rechaça, ao revelar como realmente o advento de tudo se deu. E refriso o que já registrara: o Sr. Orlando foi um gênio, mas isso não faz dele infalível. Divirjo dele em diversas situações, mas concordo com a maioria, pois as diferenças são acidentais e não essenciais.
"Os hereges modernistas afirmam que os livros da Sagrada Escritura não têm valor histórico e que se deve interpretá-los apenas simbolicamente. Ora, essa maneira de ver foi condenada pela Igreja Católica.
O relato da criação, no Gênesis, tem sido particularmente atacado como sendo apenas um mito. Essa é uma afirmação herética. Não se deve ler o Gênesis como se fosse um livro de astronomia ou de física, mas também não se pode lê-lo como se ele fosse um mito.
O senhor me pergunta, em primeiro lugar, a respeito dos seis dias da criação; se, de fato, foram seis dias de 24 horas. É claro que não foram dias de 24 horas. E o próprio Gênesis nos diz isso.
O senhor veja que foi só no quarto dia que Deus fez o sol aparecer. O que demonstra que a palavra 'dia' não pode ter no Gênesis o sentido atual, porque se o sol só apareceu no quarto dia, os três dias anteriores não poderiam ser contados. Dias, portanto, no Gênesis, significam períodos de tempo e não dias de 24 horas.
Deus criou o Homem [do pó] mesmo e lhe insuflou uma alma imortal. De uma matéria retirada de Adão é que Ele fez Eva. Isso é magnifico!
Se Deus não tivesse feito o Homem [do pó], teríamos a tendência de desprezar as coisas materiais.
De outro lado, como Deus queria enviar seu Filho para se encarnar em um Homem, convinha que o Homem tivesse em Seu ser tudo o que havia na criação: matéria mineral, vida vegetal, animal e alma espiritual. — Assim, encarnando-se, o Verbo de Deus dignificaria toda a criação.
Veja que magnífica foi a criação de Eva. Deus disse: 'não é bom que o Homem esteja só.' (Gn 2,18) E não era bom, porque o Homem é um ser social, dotado de pensamento e linguagem. Se estivesse só, para que teria o dom de falar? Falaria com quem?
O Homem não poderia se reproduzir sem uma esposa. Tendo Deus criado o Homem com sexo masculino, não era bom que ele permanecesse só, pois deveria se reproduzir, e, para isso, precisava de uma esposa.
Foi, então, que Deus fez todos os animais passarem diante de Adão, que lhes deu o nome conveniente. Dar o nome significa duas coisas: 1) Que Adão era sábio, pois definia o que cada animal era. Adão foi constituído, então, como sábio profeta; 2) Que Adão era o senhor de todos os animais, pois quem dá o nome é aquele que tem poder sobre quem ou aquilo que recebe o nome.
Quando os animais passaram diante de Adão ele verificou que 'não se achava para Adão um adjutório semelhante a ele'. (Gn 2,20). Ora, passou por Adão também o macaco, mas Adão não o considerou semelhante a si. O que mostra que a Sagrada Escritura não se coaduna com o evolucionismo: nenhum animal é semelhante ao Homem.
Enviou Deus, então, um profundo sono a Adão [e tirou dele] uma matéria da qual fez Eva.
Veja, agora, senhor, o paralelo entre Adão e Cristo:
Adão foi o primeiro dos Homens, no tempo. Jesus Cristo é o primeiro dos Homens, em valor, por ser Deus e Homem, ao mesmo tempo. Adão teve um profundo sono. Ora, o sono é imagem da morte, e o sono profundo do primeiro Homem representa a morte de Cristo.
Enquanto Adão dormia Deus abriu-lhe o flanco. Enquanto Cristo pendia morto da Cruz o centurião lhe abriu o flanco com a lança.
Do lado de Adão Deus retirou uma matéria. Do lado de Cristo saiu sangue e água. Desta matéria que Deus retirou do flanco de Adão fez sua única esposa, Eva. O sangue e a água que saíram do flanco de Cristo representam a Igreja, única esposa de Cristo — Igreja que é constituída por Sua cabeça, Cristo (Sangue), e pelo corpo, os fiéis (água).
Da união de Adão com Eva nascem os filhos da carne. Da união de Cristo com Sua única esposa, a Igreja; nascem os filhos de Deus. Deus não pode se separar da Igreja. O Homem não pode se separar de sua esposa. Deus só tem uma Igreja. O Homem só pode ter uma esposa.
É curioso ver, hoje, que os Padres que defendem o ecumenismo, como se Deus tivesse várias esposas, muitas vezes são também aqueles que defendem o divórcio, que é uma forma de poligamia por 'rodizio' de esposas.
Deus colocou Adão e Eva no paraíso e ordenou que se multiplicassem. Deu ao Homem o domínio sobre todas as coisas, constituindo-o rei da criação. Permitiu-lhes que comessem de todos os frutos do paraíso, exceto um: o da árvore da ciência do bem e do mal. Desse modo, com a proibição, Deus mostrava que Ele era o Senhor, o dono absoluto de tudo, e Adão reconheceria isso obedecendo à ordem de não comer um só fruto.
Adão, então, deveria sacrificar esse fruto, deixando de comê-lo. Desse modo Adão era 'Sacrificador' e 'Sacerdote'. Esse fruto era o da árvore do conhecimento... (...) E ele representava o conhecimento interdito ao Homem: o do bem e o do mal. Ora, o bem absoluto é Deus. E sendo Deus infinito, o Homem não poderia compreendê-Lo. O mal é aquilo que vai contra a razão, e, por isso, o mal é incompreensível. Se alguma coisa tem alguma razão de ser feita, então já não é mal moral. O pecado é incompreensível. Portanto, Deus havia proibido ao Homem que pretendesse conhecer Deus e o pecado.
A tentação de Adão e Eva foi de querer compreender Deus. Ora, tentar fazer isso é afirmar-se [igual] a Deus. É querer ser Deus. E foi exatamente isso o que a serpente ofereceu a Eva: ''se comerdes esse fruto sereis como deuses'. (Gn 3,5)
A serpente afirmou, ainda, que Deus mentira ao dizer que se comessem o fruto proibido nossos primeiros pais morreriam. Adão e Eva comeram o fruto e pecaram: 1) Por desobediência; 2) Por orgulho, querendo igualar-se a Deus; 3) Por blasfêmia, ao aceitarem a afirmação da serpente, de que Deus lhes mentira ao dizer que eles morreriam se comessem o fruto proibido; 4) Por magia, pois esperavam que com uma causa menor (comer uma fruta) obteriam um efeito maior (tornarem-se deuses); 5) Por satanismo, porque só esperavam esse efeito mágico pela ajuda da serpente, que era próprio demônio.
Os hereges cátaros, e os gnósticos em geral, afirmam que o pecado original foi a união conjugal de Adão e Eva, e que o fruto proibido seria a mulher. Ora, isso é um absurdo, porque Deus criara Adão e Eva com sexos e fez isso para que tivessem filhos.
Deus ordenou que Adão e Eva se multiplicassem. Portanto, o pecado original não poderia ter sido a união conjugal, ordenada pelo próprio Deus.
Aliás, quando Eva comeu o fruto, a Sagrada Escritura diz que ela o deu para 'viro suo', isto é, para seu marido, e não simplesmente para 'o homem'. — Adão já era esposo de Eva, quando comeram o fruto.
E se o pecado original tivesse sido a união conjugal, Cristo não poderia ter instituído o Sacramento do Matrimônio nas Bodas de Caná.
Por tudo isso, a história do pecado original não é, de modo algum, um mito ou metáfora.
Adão fora criado por Deus em estado de inocência e santidade (em estado de graça; Deus habitando em sua alma).
Além disso, recebera de Deus muitas qualidades acima de nossa natureza, como o da ciência infusa, a imortalidade e a impassibilidade: qualidades que ele perdeu ao cometer o pecado original.
Esse pecado danificou nossa natureza. Antes dele, a natureza de Adão era perfeita e ordenada. Depois, não só ele perdeu o dom da ciência infusa, como também a inteligência humana ficou tendente ao erro. A vontade ficou tendente ao mal. A nossa sensibilidade se desregrou e se rebela contra a inteligência e a vontade. Nosso corpo ficou tendente a ser dominado pelas paixões. Tudo, no Homem, se desregrou.
E, como Adão era a fonte original da humanidade, ele nos transmitiu sua natureza decaída.
O pecado original fez com que Adão perdesse sua justiça original. — Os Homens nascem todos com esse pecado original, do qual Cristo nos resgatou ao morrer na Cruz.
Pelo Batismo o pecado original nos é perdoado: ficamos, de novo, em estado de graça; filhos adotivos de Deus; membros da Igreja e herdeiros do Céu.
Recomendamos que o senhor leia o catecismo do Concílio de Trento, que trata bem deste tema.
Recomendamos, ainda, que leia o que São Boaventura explicou sobre isso, no livro Haexameron; e o que São Tomás escreveu na Suma Teológica sobre o mesmo tema.
Aguardando sua novas questões, subscrevemo-nos atenciosamente, in Corde Iesu, semper, Orlando Fedeli. (https://floscarmeliestudos.com.br/914-interpretacao-do-livro-do-genesis/)
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Tratando-se de intercessão, nas próprias Sagradas Escrituras encontra-se passagens acerca dessa indispensável e piedosa prática na Fé. E um exemplo incontestável é o de Nossa Senhora, em favor dos recém-casados, nas bodas de Caná:
"Três dias depois, celebravam-se bodas em Caná da Galileia, e achava-se ali a Mãe de Jesus. Também foram convidados Jesus e os Seus discípulos. Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-Lhe: ‘eles já não têm vinho.’ Respondeu-Lhe Jesus: ‘Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou.’ Disse, então, Sua Mãe aos serventes: ‘fazei o que Ele vos disser.’ Ora, achavam-se ali seis talhas de pedra para as purificações dos judeus, que continham cada qual duas ou três medidas. Jesus ordena-lhes: ‘enchei as talhas de água.’ Eles encheram-nas até em cima. ‘tirai agora’ — disse-lhes Jesus — ‘e levai ao chefe dos serventes.’ E levaram. Logo que o chefe dos serventes provou da água tornada vinho, não sabendo de onde era (se bem que o soubessem os serventes, pois tinham tirado a água), chamou o noivo e disse-lhe: ‘é costume servir primeiro o vinho bom e, depois, quando os convidados já estão quase embriagados, servir o menos bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora.’ Esse foi o primeiro milagre de Jesus; realizou-o em Caná da Galileia. Manifestou a Sua glória, e os Seus discípulos creram Nele." (Jo 2,1-11)
O já mencionado excelente Professor Doutor Orlando Fedeli respondeu a diversos consulentes, acerca da intercessão dos Anjos e Santos, em seu site, de modo brilhante e muito elucidativo. E por isso entendo ser pertinente partilhar duas dessas respostas:
“Em primeiro lugar, convém distinguir entre mortos e mortos. Como existe morte física e morte da alma, os que morrem em pecado mortal estão mortos duas vezes, enquanto os que morrem na graça de Deus estão mortos apenas fisicamente. Por esse motivo é que Nosso Senhor Jesus Cristo diz que Abraão, Isaac e Jacó — mortos há séculos — estavam vivos, quanto à alma: ‘Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó. Ele não é o Deus dos mortos, mas dos vivos.’ (Mc 12,26-27). E se os que morreram na graça de Deus e são Santos permanecem Seus amigos, então é claro que podem interceder pelos Homens, da mesma forma que o faziam quando estavam vivos, na Terra. É o que se lê na Escritura, a respeito da intercessão dos vivos, quando Deus ordena aos amigos de Jó que recorram à intercessão de Jó, para serem atendidos por Ele: ‘ide a Meu servo Jó, e oferecei um holocausto por vós; e Meu servo Jó orará por vós; admitirei propício a sua intercessão, para que se vos não impute esta estultícia..." (Jó 42,8). Então Deus admite a intercessão dos vivos, para que, por suas orações e méritos, outros sejam atendidos. Como vimos, Abraão, Isaac e Jacó, embora mortos fisicamente, estavam vivos pela graça. Portanto, eram capazes de rogar pelos demais homens. É o que se lê na Escritura, quando Moisés recorre aos méritos de Abraão, Isaac e Jacó para obter graça para o povo de Israel. ‘Lembra-te de Abraão, de Isaac e de Israel, Teus servos, a quem por Ti mesmo juraste..." (Ex 32,13). E, no Apocalípse, está escrito que os que estavam mortos clamavam a Deus dizendo ‘até quando?’: ‘aberto o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas dos que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que tinham dado Dele. Clamavam em voz alta, dizendo: até quando, Senhor, santo e verdadeiro, dilatas Tu o fazer justiça e vingar o nosso sangue dos que habitam sobre a Terra?’ (Ap 6,9-10). Logo, os mortos fisicamente, mas vivos pela graça, podem clamar a Deus e interceder pelos Homens. E nós, vivos, também podemos rezar por nossos mortos, como se lê no 2º livro dos Macabeus, em que Judas Macabeu manda oferecer um sacrifício pelos que tinham morrido numa batalha, por terem cometido pecado não-mortal (2Mc 12). (...) In Corde Iesu, Orlando Fedeli.” (https://www.montfort.org.br/bra/cartas/apologetica/20040804234948/)
"Veja, por exemplo, que, no Livro de Jó, Deus recomenda aos amigos desse homem sofredor e imagem de Cristo que recorram a Jó como seu intercessor, e que, se assim o fizerem, Deus os atenderá: 'tomai, pois, sete touros e sete carneiros, ide ao Meu servo Jó e oferecei um holocausto por vós; e o Meu servo Jó orará por vós; admitirei, propício, a sua intercessão, para que não se vos impute essa estultícia, porque vós não falastes de Mim o que era reto, como o Meu servo Jó.' (Jó, 42,8). Portanto, nesse texto da Escritura, se recomenda expressamente que o pecador recorra a um intercessor santo, diante de Deus, como exatamente faz a Igreja Católica. Como você vê, meu prezado, os protestantes não sabem 'ler' a Bíblia. Também no Gênesis se lê que Abraão intercedeu por Sodoma (Gn 18,32) e Ló intercedeu por Segor (Gn 19,21). O próprio Deus afirma de Abraão a Abimelec, que, 'porque (Abraão) é profeta, rogará por ti (Abimelec) e tu viverás' (Gn 20,7). É, também, por causa de Abraão que Deus abençoa Isaac (Gn 26,24). Também Judá intercede por Benjamin, junto ao Intendente do Egito (que ele, então, desconhecia que era seu próprio irmão, José). Dir-me-á você — com razão — que este fato não é com relação a Deus. Mas este fato demonstra que é natural e próprio do Homem buscar intercessores junto aos poderosos. Assim, qualquer protestante, precisando obter algo de algum superior, recorre a um intercessor próximo dele que peça por ele, a fim de alcançar o que precisa. O mesmo fazemos com Deus. Por isso, Moisés intercedia constantemente pelo povo: 'entretanto, levantou-se uma murmuração do povo contra o Senhor, como de quem se queixava de fadiga. O Senhor, tendo ouvido isso, irou-Se. E o fogo do Senhor, aceso contra eles, devorou uma extremidade do acampamento. O povo, tendo chamado Moisés, Moisés orou ao Senhor e o fogo extinguiu-se' (Num 11,1-3). Frequentemente, durante o Êxodo, quando o povo estava em algum perigo, ou sendo punido, Moisés orava a Deus, pedindo perdão dos pecados do povo, pelos méritos de Abraão, Isaac e Jacó. Por exemplo, no episódio do bezerro de ouro, Deus queria punir o povo e abandoná-lo, e Moisés rogou, então, dizendo: 'Senhor, por que se acende o Teu furor contra o Teu povo, que tiraste da terra do Egito com uma grande fortaleza e com uma mão poderosa? (…) Lembra-Te de Abraão, de Isaac e de Israel, Teus servos, a quem, por Ti mesmo, juraste, dizendo: 'multiplicarei a vossa descendência…' (Ex 32,11-13). Ora, Abraão, Isaac e Israel já não estavam neste mundo e, entretanto, os seus méritos, invocados por Moisés, clamavam a Deus pelo povo, porque aquele que é santo, mesmo após a morte, continua amigo de Deus, e continua a rogar pelos pecadores que a ele recorrem como intercessor. E, pouco depois, Moisés intercedeu, de novo, pelo povo, dizendo a Deus: 'se eu, pois, achei graça em Tua presença, mostra-me a Tua face, para eu Te conhecer e achar graça ante os Teus olhos; olha para o Teu povo e para esta nação' (Ex 33,13). No Deuteronômio IX, você encontrará outro exemplo dessa intercessão de Moisés, quando Deus diz a seu grande profeta : 'deixa que Eu o destrua (ao povo) (Dt 9,14). E, pouco adiante, Moisés intercede por Aarão, e, por causa dessa intercessão, Aarão é poupado por Deus (Dt 9,20). E, enquanto Moisés orava pelo povo, Deus não punia os israelitas: 'e quando Moisés tinha as mãos levantadas, Israel vencia, mas, se as abaixava um pouco, Amalec levava vantagem' (Ex 17,11). Por que Deus fez contar isso, na Escritura, senão para que compreendêssemos que, por amor a um intercessor, Ele atende o pecador? E, mesmo depois da morte de um Homem justo, ou santo, — que é a mesma coisa que justo —, Deus continua seu amigo. Os exemplos do Antigo Testamento, comprovando que Deus quer que nós, pecadores, recorramos a Ele por meio de intercessores — Homens que tiveram vida santa e que, mesmo após a morte, continuam seus amigos, pois foram para o 'seio de Abraão', isto é, o Céu — são inúmeros. No Novo Testamento, essa Doutrina não poderia ser mudada, pois que tem base na própria natureza. Assim, nas bodas de Caná, Jesus não pretendia fazer nenhum milagre, pois 'não era chegada a Sua hora'. Mas, a pedido de Nossa Senhora, que intercedeu pelos noivos que não tinham mais vinho, Ele fez o milagre, por causa da oração da Virgem Maria a Seu Filho. (Jo 2). Também Cristo não atendia aos clamores da mulher fenícia, que rogava por sua filhinha. Mas, só quando os Apóstolos intercederam por ela, Cristo respondeu a eles e atendeu depois a oração dela por sua filha (Mt 15,23). E, nos Atos dos Apóstolos, se conta que São Paulo teve que ser curado de sua cegueira por Ananias. Portanto, recebeu a cura milagrosa de sua cegueira pela oração de Ananias. Isto foi para nos mostrar que, se o próprio São Paulo recebeu graça por oração e mérito de outro, também nós devemos recorrer aos Santos que implorem por nós a Deus. Em suas cartas, São Paulo recomenda continuamente a oração dos cristãos e diz que rezará por eles. Quanto a rezar pelos mortos, você encontrará a legitimidade deste ato — que é lógico, até o ponto de ser aprovado explicitamente pela Escritura — no texto do 2º Livro dos Macabeus, que ensina: '(Judas Macabeu) tendo feito uma coleta, mandou duas mil dracmas de prata a Jerusalém, para se oferecer um sacrifício pelo pecado. Obra bela e santa, inspirada pela crença na ressurreição, porque se ele não esperasse que os mortos haviam de ressuscitar, seria uma coisa supérflua e vã orar pelos defuntos. Considerava que, aos que falecerem na piedade, está reservada uma grandíssima recompensa. Santo e salutar pensamento este de orar pelos defuntos' (2Mc 12,43-46). Claro que os protestantes dirão que não aceitam os Livros dos Macabeus como inspirados. Mas, então, quem decide o que é inspirado ou não seria o Homem. Se assim fosse, todos os livros da Bíblia poderiam ser rejeitados. Quem decide que livros pertencem à Sagrada Escritura é a Igreja e não um Homem particular. Quanto à Igreja primitiva, é falso dizer que os primeiros cristãos não cultuavam os Santos como intercessores. Basta ir às catacumbas para constatar o contrário. Os primeiros cristãos recolhiam os restos dos Mártires — as relíquias — e os sepultavam piedosamente nas catacumbas, deixando monumentos indicativos de que rezavam aos Mártires como santos, que estavam no Paraíso, com Deus, e que intercediam pelos vivos. Como também nas catacumbas se acham, ainda hoje, pinturas representando a Cristo, a Santíssima Virgem Maria e os Apóstolos, nos altares que os primeiros cristãos lá faziam, sobre as relíquias dos Mártires. Por tudo isso, como erram os protestantes ao se recusarem a rezar aos Santos como seus intercessores, e como eles lêem mal a Bíblia. Restaria dar as provas — numerosíssimas — dos milagres realizados pelos Santos, após a morte, atendendo a quem a eles recorrem. Leia qualquer vida de Santo para ver que milagres eles faziam em vida, e mesmo após a morte. Por isso, a Bíblia diz do Profeta Eliseu que 'em sua vida ele fez prodígios, e na morte ele operou maravilhas' (Eclo 48,15), referindo-se ao fato de que os ossos de Eliseu ressuscitaram um morto (2Rs 11,21). In Corde Iesu, semper, Orlando Fedeli." (https://floscarmeliestudos.com.br/45-a-intercessao-dos-santos/)
Os primeiros cristãos, nas catacumbas romanas, na época das grandes perseguições, pintavam imagens de Nosso Senhor e Nossa Senhora nos túmulos dos católicos, sobretudo dos Mártires, a fim de lhes prestar homenagem e lembrar aos fiéis por qual motivo eles morreram, sua lealdade à Santa Igreja de Cristo e a genuína Fé a qual professavam, bem como para incentivar que os católicos lhe solicitassem intercessão junto à Sempre Virgem, a Jesus Cristo, ao Criador.
Até hoje os altares católicos contêm relíquias de mártires (Pedra D’ara), a exemplo do tempo das perseguições aos cristãos, por parte do Império Romano dos primeiros séculos depois de Cristo, quando se celebrava o Sacrifício da Santa Missa em oculto, sobre as catacumbas dos Mártires, nos subterrâneos dos cemitérios clandestinos, mantendo viva a Fé, pela condução do Paráclito — e muitos tiveram suas vidas ceifadas pelos soldados, ao serem encontrados em meio à celebração da Eucaristia.
A igreja mais antiga do mundo (de que se tem conhecimento), cujas ruínas foram encontradas na Jordânia, data do Século I d.C. (portanto, do tempo de Jesus) e apresenta internamente um mosaico com dois peixes — um dos principais símbolos do cristianismo, o que comprova novamente o lícito uso de imagens, desde que de modo ordenado a Deus e às Suas Leis.
Importa demasiado saber que o termo "peixe", em grego, "ἰχθύς" ("ichthýs"/"ictys") é também o acrônimo de "Ἰησοῦς Χριστὸς Θεοῦ Ὑιὸς Σωτήρ" ("Iésôus Chrístos Théôu Yiós Sótêr"): "Jesus Cristo Filho de Deus Salvador".
Portanto, imagens e a busca pela intercessão daqueles que elas representam, quando em conjuntura piedosa, em contexto de caridade, à luz da Santa Doutrina, em ordem ao Deus Trino e às Leis de Sua Santa Igreja, são extremamente salutares e positivamente frutíferas à fé do fiel e, por conseguinte, à salvação de sua alma.
Nas igrejas, capelas e oratórios, por exemplo, auxiliam na catequização, na introspecção e reflexão quanto ao sobrenatural, na representação de uma história edificante e evangelizadora, no convite à prática da meditação oracional, etc.
Lamento profundamente que protestantes fechem os olhos para essa verdade e, para além desse gravíssimo pecado, arroguem-se o direito de guiar a outrem ao mesmo abismo. — Quanto a isso, ensinou Jesus Cristo: "propôs-lhes também esta comparação: pode acaso um cego guiar outro cego? Não cairão ambos na cova?" (Lc 6,39)
E, quanto ao termo protestante, repetidamente utilizado nesse escrito, que não somente seja concebido como em referência aos descendentes de Lutero, mas a todo e qualquer indivíduo que, audaciosamente, protesta, revolta-se e põe-se contra a Santíssima Trindade, Sua Santa Igreja, Seus Santos Dogmas e Sua Hierarquia Sacerdotal. — Lembre-se: o primeiro protestante foi lúcifer, o Anjo rebelde, que se amotinara contra Deus. Assim, todo revoltoso contra a Santa Igreja Católica segue esse mesmo exemplo e ladeia o pai do protestantismo. —
O catolicismo é a Religião da Cruz. Se seu criador foi perseguido, preso, torturado e assassinado por obediência ao Pai, à verdade, por conseguinte, obviamente, Sua Santa Igreja também o será, sendo Ela o corpo místico de Jesus Cristo. E Sua história bi-milenar corrobora as constantes perseguições, desde os fariseus, o traidor judas, o Império Romano anterior à conversão, os primeiros hereges e apóstatas, o Grande Cisma do Oriente, as seitas (falsas religiões), o Grande Cisma do Ocidente (Crise de Avignon), o movimento renascentista, o modernismo, a maçonaria, a Revolução Protestante, os perniciosos movimentos filosóficos, a Revolução Francesa, a Revolução Comunista, o Movimento Litúrgico, o Concílio Vaticano II, a Renovação Carismática, a Teologia da Libertação, etc.
Atenção: Cristo padeceu, mas venceu Seus inimigos e, como havia predito, ressuscitou no terceiro dia, subiu aos Céus e está à destra do Pai, como cantam e proclamam os católicos no Credo. Portanto, ainda que haja perseguição ao Seu corpo místico, isto é, Sua Santa Igreja, ela triunfará, como asseverara o próprio Jesus ("as portas do inferno não prevalecerão contra Ela." [Mt 16,18]), confirmado por Sua Santíssima Mãe: “por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará” (Nossa Senhora, em aparição em Fátima, Portugal, a 13 de julho de 1917 d.C., aos três pastorinhos, após lhes mostrar o inferno e as misérias pelas quais o mundo tem de passar).
Que o infinitamente misericordioso Deus Trino — com a intercessão da Santíssima Virgem Maria e todo corpo celeste do Paraíso — conceda a todo incrédulo, herege e inimigo de Deus e de Sua Santa Igreja o pleno arrependimento, a plena conversão à verdade e à Fé, e que obtenham a graça de vivenciarem as riquezas e tesouros do catolicismo, bem como a dádiva do acesso aos Sacramentos que, via de regra, somente ele tem a autoridade de ministrar, de modo a lucrarem, junto à Santíssima Trindade, a santidade e a Salvação Eterna. Amém!
Vivat Sanctissima Trinitas!
Vivat Sanctissima Virgo Maria!
Vivat Sanctissima Traditio!
Per ipsum, et cum ipso, et in ipso,
per omnia saecula saeculorum,
amen!
Rafael Pessoa Sabino
07/06/2022 d.C.
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POST SCRIPTUM
Mui pertinente creio ser a partilha de duas respostas do Professor Doutor Orlando Fedeli, a dois seus consulentes: a primeira destina-se a um líder de seita protestante, que, para além de tal miséria, provou-se demais insolente; a segunda, endereçada a um outro protestante, o qual zombara do papado. Ei-las, abaixo:
“Protestador e contraditório Saul,
‘Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco!’ (Lc I,28)
‘Bendita és Tu entre todas as mulheres!’ (Lc I,43)
Sr. Saul, o senhor começa desejando-me a paz e termina me desafiando e insinuando que não respeito os outros. Como prova de seu respeito "evangélico", o senhor me diz: ‘quando queremos ver toda sorte de animais, dirigimo-nos ao zoológico, e não à Igreja Católica’, etc. E me diz, ainda, no final de sua carta — tendo esquecido o que me escrevera sobre zoológico no meio dela: ‘respeito é bom e nós gostamos.’
Eu também gosto de respeito, mas não consideraria respeito quem, por falso respeito por mim, me deixasse em erro. Eu agradeceria quem me mostrasse algum erro, para me corrigir e para me salvar, porque o respeito pelas pessoas exige que não se respeitem seus erros. É o que faz qualquer professor, ao corrigir as provas de seus alunos queridos.
Aceito, sim, seu desafio, e publicarei sua carta, com prazer. Ela é divertida, e divertirá bem nossos leitores.
Não se queixe das aproximações que farei — em devolução [às suas] — e que serão divertidas também.
Depois de me desejar a paz, o Sr. vem armado contra mim, para me desafiar ao combate, como se eu fosse Golias. Eis, pois, Saul, qual novo e heroico Davi, armado com o ‘pai dos burros’ (o dicionário) e com textos escolhidos e mal lidos da Sagrada Escritura.
E é a primeira vez que Saul imita Davi. Mas, se Saul, que não era nada bom, profetizou entre os profetas (1Reis 19,24), por que o Sr. — que também é Saul —, não poderia me desafiar, heroicamente, qual novo Davi?
Eis, pois, Saul, hoje, entre os ‘guerreiros’... da internet, querendo posar de sábio profeta, dicionarista e teólogo, com [‘bíblia’] protestante e dicionário a tiracolo.
Pois, meu caro Saul, aprenda, em primeiro lugar, que nenhum dicionário é tratado de epistemologia, de hermenêutica ou de exegese. E saiba que qualquer estudo mais sério de sinonímia lhe dirá que não há sinônimo que seja absolutamente equivalente.
Aprenda, ainda, meu caro opositor, que se existem duas palavras distintas para designar algo ou uma ação, é porque cada uma delas dá um matiz diverso da coisa ou da ação designada. Se duas palavras são absolutamente idênticas, a língua tende a eliminar uma delas.
Assim, adorar não é venerar, nem muito menos idolatrar. Cada uma dessas palavras tem sentidos diferentes.
Se o seu ‘pai de burros’ não faz essa distinção é porque é um ‘pai de burros’ muito pouco sábio. E, apesar de o mais famoso ‘pai de burros’, no Brasil, se chamar Aurélio, se o Sr. compará-lo com qualquer ‘Pai de Burros’ estrangeiro verá logo uma diferença... uma diferença... digamos... gigantesca (hesitei na escolha do adjetivo, e coloquei um muito vulgar, só para manter o respeito).
Adorar significa reconhecer como Deus, criador de todas as coisas. Idolatrar, embora seu amigo Aurélio — que não mora aqui em casa — não explique isso, significa, em certo sentido, o oposto, pois designa a ação de adorar uma criatura em vez de adorar o Criador.
Materialmente, a ação de adorar e a ação de idolatrar são idênticas; formalmente são opostas.
O senhor certamente compreende a diferença entre matéria e forma, na consideração de uma ação. Mas, para auxiliar sua recordação e compreensão, dou-lhe um exemplo didático, visto que um especialista em dicionário e em leitura enviesada da Bíblia normalmente anda tão atarefado em decorar e citar a Escritura por ‘centímetros’ e ‘milímetros’ que facilmente pode ter esquecido uma coisa tão primária. Ademais, o ‘pai dos burros’ nacionais, ou mesmo seus equivalentes estrangeiros, não trata disso.
Pois veja lá, seu Saul, o exemplo didático que lhe prometi: um médico que opera o coração de um doente e um assassino, materialmente, agem da mesma forma: abrem o peito de um ser humano com instrumento perfurador e cortante (bisturi ou punhal). Entretanto, formalmente suas ações são opostas, pois um tem por fim curar o Homem de quem abriu o peito — (é o médico, entendeu, seu Saul?) — enquanto o outro visa tirar a vida de quem abriu o peito com o punhal. (É o assassino, está claro, seu Saul?).
Assim, quem adora a Deus e quem adora o ídolo, materialmente, fazem as mesmas coisas, que, formalmente, são opostas. Por isso é que existem as palavras adorar e idolatrar.
O pobre Aurélio diz que adorar, venerar, idolatrar, amar extremamente são sinônimos. O senhor é que me garante isso. E quem o seguisse, e seguisse seu modo enviesado de ler, seu Saul, concluiria que, quando alguém diz: ‘eu adoro chocolate’, estaria considerando que chocolate é o Criador do Céu e da Terra. E quando o senhor mesmo dissesse: ‘amo extremamente meus filhos’, estaria — na opinião do Aurélio — cometendo ato de idolatria, já que para ele, e para o senhor, amar extremamente é o mesmo que adorar.
Que besteira, não é seu Saul?
O senhor vê para que atoleiro o conduziu o ‘pai dos burros’?
Seu Saul, seu Saul... Deixe para lá seu ‘pai dos burros’. Saia do atoleiro.
Quer um conselho? Seja ‘órfão’. Pelo menos, quando discutir religião ou filosofia, não se baseie em dicionários populares. Seja ‘órfão’, repito.
Mas, provavelmente, o senhor não aceitará meus conselhos. Onde já se viu ‘Saul querendo imitar Davi’ aceitar um conselho de alguém que ele considera como Golias, embora eu tenha só 1,61m. de altura?!
Paciência!... O conselho está generosamente dado.
O senhor me diz que é evangélico e não protestante.
Isso é falso, seu Saul. O senhor é protestante mesmo. Não existe a religião ‘evangélica’. Esse adjetivo é falsamente usado pelo senhor, como por muitos hoje em dia.
Qual é a denominação de sua seita, seu Saul? Não esconda o que o senhor é, por trás do adjetivo ‘evangélico’, que é vago demais.
Nele cabem os luteranos que crêem que Cristo é Deus. Nele se escondem também os Testemunhas de Jeová, que não crêem na divindade de Cristo.
Qual é a sua seita, seu Saul? Há milhares de seitas que se dizem ‘evangélicas’; cada uma acreditando ser a única verdadeira igreja. Qual é a sua seita, seu Saul? O senhor não diz; esconde-se atrás do termo ‘evangélico’.
Na verdade, o senhor é filho de Lutero. E não é preciso ser alemão para ser protestante, isto é, para ser filho de Lutero. Há, infelizmente, brasileiros filhos dele (e do dicionário).
E não se queixe da ‘aproximação’, pois foi o senhor que aproximou Igreja Católica e zoológico.
O senhor conhece Camões, seu Saul? Conhece? Lembra-se do que ele escreveu? ‘Pois até entre os portugueses / traidores houve algumas vezes.’
Pois lembrei-me desse verso quando li sua última frase: ‘em tempo, não sou protestante, pois nasci no Brasil.’
Pois até entre brasileiros, protestantes houve muitas vezes, seu Saul.
Quem nasce no Brasil é brasileiro, mas não necessariamente é católico, protestante ou tintureiro.
O senhor não anda bem da lógica, seu Saul. O dicionário e a leitura enviesada da Bíblia andam lhe causando ‘reumatismo na imaginativa’, seu Saul. Quer uma prova?
O senhor me cita o texto do 2º Livro dos Reis (18,3-4) para provar que o Rei Ezequias destruiu a serpente de bronze feita por Moisés. Obrigado pela prova de que tenho razão, pois o que prova esse texto que o senhor cita? Prova:
1) Que Moisés fizera, de fato, uma serpente de bronze;
2) Que essa serpente fora conservada pelos judeus durante longo tempo;
3) Que eles acabaram por adorá-la ou prestar-lhe culto indevido;
4) Que, por isso, Ezequias a quebrou.
Teria agido mal Moisés ao fazer a serpente de bronze? É claro que não, pois foi o próprio Deus quem ordenou fazê-la e olhar para ela para que os judeus se curassem.
Erraram os judeus conservando-a? É evidente que não, porque mostravam gratidão e obediência a Deus. E entre os que conservaram estavam Moisés, Josué, os Juízes, Davi, Salomão... Será que todos eles estavam errados? Será que nenhum deles tinha um ‘Aurélio’ — um dicionário à mão para saber que adorar, venerar, reverenciar, amar extremamente é tudo a mesma coisa —? E nenhum deles contou com um sábio Saul para aconselhá-lo? Por que, durante tantos séculos, Deus e seus enviados permitiram que se guardasse a serpente de bronze?
É evidente que permitiram porque ela não era adorada. Quando a transformaram, abusivamente, em ídolo, Ezequias a destruiu. Mas fique sabendo, caro Saul, que ‘abusus non tolit usum’. E não pense que isso é Lei da Igreja: é um princípio jurídico do Direito Romano. ‘O abuso não tolhe o uso’. Se alguém abusa do culto de dulia a um Santo e de sua imagem, e passa da veneração à idolatria, isso é um abuso condenável que não proíbe nem invalida o culto de dulia — e não de latria — de um Santo e de sua imagem.
Erraram, depois, os judeus, transformando-a em ídolo? Evidente que sim, e, por isso fez bem Ezequias em destruí-la.
Portanto, enquanto não se adora uma imagem como se fosse Deus, é lícito tê-la e mesmo ‘olhar para ela para ser curado’, como Deus mandou.
E nenhum católico de verdade olha para uma imagem de Nossa Senhora e dos Santos julgando que sejam Deus e adorando essas imagens. Nós as veneramos, tal qual o senhor venera o retrato de sua mãe.
E quando rezamos para Nossa Senhora, só repetimos o texto de São Lucas, que lhe citei no começo desta carta, e que o senhor, certamente, recusa repetir.
Em São Lucas se lê, ainda: ‘todas as gerações me chamarão de Bem-Aventurada.’ (Lc I,48)
Todas as gerações chamarão a Virgem Maria de Bem-Aventurada, menos a sua, seu Saul.
Qual é, então, a sua geração, seu Saul?
Está vendo como sua leitura da Bíblia é enviesada?
O senhor me pede para corrigi-lo, mostrando-lhe (pela Palavra) que para chegar a Deus o senhor só pode fazê-lo por meio de Cristo. Pois vou fazê-lo.
Pergunto-lhe, antes de tudo: como é que o senhor soube que Cristo é nosso único mediador? Por acaso Cristo apareceu ao senhor? Não acredito. Cristo não parece para qualquer Saul.
O senhor me dirá que conheceu Cristo lendo os Evangelhos; por meio dos Evangelhos. Mas, então, houve um meio estabelecido pelo próprio Cristo para conhecer a Ele. Nosso Senhor Jesus Cristo escolheu doze Apóstolos para ensinar a todos quem Ele era, e quem não ouve esses mediadores de Cristo, não ouve o próprio Cristo: ‘quem vos ouve, a Mim ouve’ (Lc 10,16). Cristo exigiu que ouvíssemos seus apóstolos e evangelistas como ‘mediadores segundos’, entre Deus e nós.
E a Pedro Ele disse: ‘e tu, depois de convertido, confirma teus irmãos.’ A nenhum outro Ele deu essa missão. E o senhor, seu Saul, recusa — como todo protestante — ser confirmado por Pedro.
Cristo poderia ter vindo ao mundo adulto. Quis vir por meio de Maria Santíssima. Seu Saul não aceita o que Deus estabeleceu, porque seu Saul, especialista em dicionário, acha que entende a Bíblia e só aceita da Bíblia o que ele, Saul, acha certo, e só é certo o que seu Saul acha.
Seu Saul — como todo protestante — diz que crê na Bíblia, mas seleciona o que quer crer na Bíblia. O protestante diz que crê na Bíblia, mas não crê no que Ela diz. O protestante faz da Bíblia um ídolo.
Quer mais uma prova de que o senhor não aceita tudo o que há na Escritura?
Nosso Senhor Jesus Cristo, na hora de sua morte, no Calvário, deixou-nos Maria Santíssima por Mãe, ao dizer a Ela e a São João: ‘Mulher, eis aí Teu filho.(...) Filho, eis aí Tua Mãe.’ (Jo 19,26-27).
Na sua ‘bíblia’, seu Saul, existe esse texto? Claro que existe! Só que esse texto o senhor não aceita, porque não quer aceitar Maria Santíssima como sua Mãe.
Pois fique sabendo, meu caro Saul, que só tem a Deus por Pai quem tem Maria por Mãe. O senhor só se tornará Davi se aceitar Aquela que Deus escolheu como meio para vir até nós; se aceitar que Cristo a estabeleceu como Medianeira entre Ele e nós. Por isso está dito que aos pastores e aos Reis foi indicado que deveriam encontrar o Redentor com Sua Mãe. E o senhor pensa, bem erradamente, que poderá encontrar a Cristo desprezando a Mãe Santíssima Dele. E pensa que poderá haver uma ‘Igreja de Cristo’ fora do fundamento que Ele mesmo estabeleceu: ‘tu és pedra e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja.’ (Mt 16).
Qual a sua ‘igreja’? Quem a fundou? Desde quando ela existe?
Se ela não foi estabelecida sobre Pedro, ela não é a Igreja única de Cristo. É por isso que a Igreja Católica é a única Igreja de Deus; a única verdadeira, fora da qual não há salvação.
Sim! A ‘a verdade vos libertará’, disse-nos Jesus. E, seu Saul... pobre, seu Saul, continua atado em seus preconceitos, que são os óculos que deturpam o que o senhor lê. A verdade nos liberta. E a verdade, só a possui íntegra e perfeitamente a Igreja Católica Apostólica Romana, fora da qual não há salvação.
Esperando tê-lo agradecido, e desejando-lhe a luz da Fé verdadeira, despeço-me, in Corde Iesu et Mariae, semper. Orlando Fedeli” (https://www.montfort.org.br/bra/cartas/apologetica/20040826111704/)
"Muito prezado Sr. Indiscreto, de Formação Incompleta, Salve Maria!
Você me diz que é um jovem de 19 anos, mas, timidamente, mantém o anonimato denominando-se 'Indiscreto'.
Você escolheu mal seu pseudônimo. Devia ter se chamado, digamos… 'O Tímido' (não quis colocar, por respeito a você, "O Medroso").
Tão tímido que, temendo ser descoberto, você escondeu até mesmo o nome de sua cidade, que você diz ser 'Indignado'.
Indignado é nome mal escolhido também, porque quem está indignado explode. E quem explode faz barulho, e não teme mostrar onde está.
Sua indignação não é explosiva, porque você faz questão de nem indicar onde se deu sua explosão de indignação. Sua timidez controla sua explosão.
É pena.
Quem está bem convicto do que escreve não teme assinar nem dizer onde está. Mas vamos ao núcleo de sua carta 'indignadamente tímida'.
Você me pergunta: 'pelo que entendi desse artigo: ler a Bíblia, sem o Papa perto, é ruim.'
Não é necessário ter o Papa perto. É preciso mais. É necessário ter no coração a disposição de crer em tudo o que o representante de Cristo na Terra ensina. É preciso estar pronto a submeter a própria opinião àquele que Cristo deixou para ligar e desligar; para ensinar a Verdade em Nome de Deus. É o que se deduz clarissimamente do texto de São Mateus: 'tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja; e as portas do inferno não prevalecerão contra Ela. E Eu te darei as chaves do Reino dos Céus. Tudo o que ligares na Terra será ligado no Céu. Tudo o desatares na Terra será desatado no Céu.' (Mt 16,18-19)
Portanto, meu caro 'Indiscreto', residente na 'Indignação', é necessário aceitar a palavra de Cristo, que deu a Pedro as chaves do Reino dos Céus.
Não vá ficar indignado por isso, nem pretender indiscretamente pegar você as chaves do Reino dos Céus, que não foram dadas nem a você, nem a nenhum protestante, mas apenas a Pedro e a seus sucessores, os Papas.
Você me diz, ainda: 'a interpretação da Bíblia só pode ser feita pelo Apóstolo Pedro (por favor, ressuscitem-no, para que nos traga a interpretação correta e as seitas reconheçam a Palavra de Deus!).'
Meu caro 'Tímido', não é necessário ressuscitar Pedro. Ele permanece vivo em seus sucessores, porque de nada adiantaria Cristo ter dado a Pedro as chaves do Reino dos Céus sem que as desse a seus sucessores, já que Pedro, como todo Homem, era mortal.
E se Pedro ressuscitasse dos mortos e explicasse a verdade no local chamado 'Indignação', para todos os 'Indiscretos' de todas as seitas, eles não acreditariam, porque eles — filhos da 'Indignação' — não aceitam submeter sua opinião a quem quer que seja. O 'indiscreto' jamais abaixa a cabeça, apesar de ler em sua ['bíblia'] que ela recomenda muitas vezes que, para aprender, é preciso inclinar o ouvido para escutar as palavras de Deus.
Abaixa a cabeça e aprenderás, porque 'a ciência dos 'indiscretos' se reduz a palavras mal digeridas.' (Eclo 21,21). E uma prova de que sua ciência — prezado 'Indiscreto' — é de palavras mal digeridas está no que você me escreve: 'a interpretação das escrituras é genética, ou seja, se você nasceu para ser Papa, só você recebeu o gene papal para poder interpretar a Bíblia corretamente…'
Meu caro, quando Cristo deu o poder das chaves a São Pedro, Ele salientou exatamente que Pedro não recebera esse poder 'geneticamente', isto é, ''nem do sangue, nem da vontade do Homem'. 'Bem-Aventurado és tu, Simão Bar Jonas, porque não foi nem a carne nem o sangue que te revelaram isto, mas Meu Pai, que está no Céu.' (Mt 16,17). Então, ninguém nasce geneticamente Papa, como você 'indiscretamente' escreveu. Digira melhor as palavras, meu caro Indignadense.
Finalmente, você me diz, insolentemente: 'pra interpretar a Bíblia corretamente você deve estudar num seminário, ser ordenado Padre, ser eleito Bispo, Cardeal e, depois de mais uma eleição, feita pelos Cardeais, você passa a ser infalível e, destarte, pode interpretá-La sem medo de errar (afinal, agora você já é 'Deus' mesmo)'.
Quanta besteira junta em três linhas!
A prova de que tudo o que você diz é falso são os maus Padres (Ex-Lutero ou Frei Boff), os maus Bispos, os maus Cardeais e até os maus Papas. Estes, porém, ainda que moralmente maus, sendo sucessores de São Pedro e Vigários de Cristo, gozam do carisma da infalibilidade, dado por Cristo a Pedro e a seus sucessores.
E por que Deus deu a Pedro e aos Papas o dom da infalibilidade, que não se adquire nem por estudos nem por frequentar seminários? Para que os Homens não se julgassem, movidos por orgulho e por indiscrição, cada um deles infalível ao ler a Bíblia, como qualquer protestante se julga possuidor e intérprete infalível da verdade; e [para que], desse modo, quem, indiscretamente, [queira] entender o que não compreende, acabe caindo na 'Cidade da Indignação', que Deus criou para o demônio e seus sequazes. Pois está escrito: 'acautela-te de uma busca exagerada de coisas inúteis, e de uma curiosidade excessiva nas numerosas obras de Deus, pois a ti foram reveladas muitas coisas, que ultrapassam o alcance do espírito humano.'
Lamentando sua indiscrição e o fato de você se confessar um indignense, subscrevo-me, atenciosamente, in Corde Iesu, semper, Orlando Fedeli." (https://floscarmeliestudos.com.br/922-interpretacao-correta-da-biblia/)
Vivat Sanctissima Trinitas!
Vivat Sanctissima Virgo Maria!
Vivat Sanctissima Traditio!
Per ipsum, et cum ipso, et in ipso,
per omnia saecula saeculorum!
Amen!
Rafael Pessoa Sabino
2º semestre de 2022 d.C.
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ALGUMAS IMAGENS CATÓLICAS
DOS PRIMEIROS SÉCULOS
Pintura: uma das mais antigas imagens conhecidas de Santa Maria com o Menino Jesus - Catacumbas de Santa Priscila, Roma-IT - Anos 100 d.C..
Pintura: o Bom Pastor - Catacumba de São Calisto - Roma-IT - Anos 200 d.C..
Pintura: desenho de Jesus curando um paralítico - Galeria de Arte da Universidade de Yale-EUA - c.a. 232 d.C..
Pintura: Jesus Cristo - Catacumba de Commodilla - Roma-IT - Anos 300 d.C..
Pintura: sarcófago católico - Adoração dos três reis magos ao Menino Jesus - Anos 200 d.C..
Pintura: Cristo entre São Pedro e São Paulo - Catacumba dos Santos Marcelino e Pedro - Via Labicana, Roma-IT - Anos 200 d.C..
Pintura: Welleschik - Afresco - Santa Pudenzinana-Roma-IT - Ano 410 d.C..
Acróstico grego, que forma a palavra "peixe", símbolo de Jesus Cristo.
Foto: Rishwanth Jayapaul - Mosaico - Igreja da Multiplicação dos Pães e dos Peixes - Tabgha, Mar da Galiléia - Anos 300 d.C..
Foto: autor desconhecido - Mosaico - Igreja da Multiplicação dos Pães e dos Peixes - Tabgha, Mar da Galiléia - Anos 300 d.C..
Foto: autor desconhecido - Mosaico - Igreja da Multiplicação dos Pães e dos Peixes - Tabgha, Mar da Galiléia - Anos 300 d.C..
Foto: autor desconhecido - Mosaico - Igreja da Multiplicação dos Pães e dos Peixes, onde houve o milagre - Tabgha, Mar da Galiléia - Anos 300 d.C..
Pintura: Domenico Gargiulo (Micco Spadaro) - A transferência da Arca da Aliança pelo Rei Davi, em Jerusalém - Itália - Ano 1640 d.C..
Pintura: autor desconhecido - Escola da Úmbria - Alemanha - Séc. XVI d.C..
Pintura: autor desconhecido - Oza morto, por não ser Sacerdote e ter tocado na Arca da Aliança - Itália - Séc. XVII d.C..